08 janeiro 2023

A PROFISSÃO DO CATADOR É A MAIS IMPORTANTE PARA A RECICLAGEM E MUITOS APROVEITAM DO CATADOR - PROGRAMA PRO CATADOR SERÁ RETOMADO PELO GOVERNO LULA

Catadores recolhem mais lixo para reciclar que prefeituras   

Com carroças e remuneração precária, catadores recolhem mais lixo para reciclar do que concessionárias com contratos bilionários, pagos com dinheiro público dos municípios. Foi isso o que revelou a pesquisa Cataqui, feita em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte pela Plano CDE a pedido do movimento social Pimp My Carroça.

Na capital paulista, por exemplo, as concessionárias Ecourbis e Loga receberam cerca de R$ 10 bilhões para prestar o serviço de coleta seletiva por duas décadas, até outubro de 2024. Em 2020, elas recolheram 94,5 mil toneladas de lixo. No mesmo ano, cerca de 1.875 catadores recolheram 161,2 mil toneladas, 71% a mais que as empresas.

 

A PROFISSÃO DO CATADOR É A MAIS IMPORTANTE PARA A RECICLAGEM E MUITOS APROVEITAM DO CATADOR  - PROGRAMA PRO CATADOR SERÁ RETOMADO PELO GOVERNO LULA
A PROFISSÃO DO CATADOR É A MAIS IMPORTANTE PARA A RECICLAGEM E MUITOS APROVEITAM DO CATADOR  - PROGRAMA PRO CATADOR SERÁ RETOMADO PELO GOVERNO LULA

Em Belo Horizonte, os catadores retiraram das ruas 159% mais de lixo do que as empresas contratadas pela prefeitura. A única cidade analisada em que o número se inverteu foi a capital carioca, em que a administração municipal recolheu 44 mil toneladas e os trabalhadores, na catação, 11,5 mil toneladas.

“Nós somos os preservadores do meio ambiente. Nós que estamos ali, desenvolvendo esse trabalho de coleta seletiva. Então não queremos ser massa de manobra e nem uberizados, no sentido de grandes empresas usarem nossa mão de obra, lá embaixo, para enriquecer”, afirma Roberto da Rocha. “Está na hora de a gente se fortalecer”.

Espaço no Ministério e Programa pró-catador  

Participando de reuniões em Brasília, integrantes do MNRC reivindicam que seja criada uma secretaria dedicada ao tema da reciclagem dentro do Ministério do Meio Ambiente e da Mudança do Clima (MMA), comandado por Marina Silva (Rede).

“Temos uma prioridade do presidente Lula”, afirmou a ministra na última quarta (4). “Ele me disse ‘Marina, eu quero uma atenção especial para o movimento de catadores'”,  durante seu discurso, sem maiores detalhes.

 


Na cerimônia em que assumiu o Palácio do Planalto, entre os despachos assinados por Lula, está a recriação do programa pró-catador, que prevê melhorar as condições de trabalho e fomentar a organização produtiva da categoria. A nova versão do programa está sob responsabilidade da Secretaria Geral da Presidência, chefiada pelo ministro Márcio Macêdo, e ainda em elaboração.

 

A PROFISSÃO DO CATADOR É A MAIS IMPORTANTE PARA A RECICLAGEM E MUITOS APROVEITAM DO CATADOR  - PROGRAMA PRO CATADOR SERÁ RETOMADO PELO GOVERNO LULA
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 Na última quinta-feira (5), foi criado um grupo de trabalho interministerial, com representantes do movimento de catadores e de empresários que aplicam a logística reversa, para definir como será o programa. O grupo tem o prazo de 30 dias para apresentar uma proposta.

Originalmente criado em 2010 e funcionando como uma incubadora de cooperativas com incentivos do governo federal, o programa pró-catador foi extinto pelo governo Bolsonaro em 2020.

“Esse desmonte trouxe falta de investimentos para os catadores de materiais recicláveis e o aumento de concorrentes desleais do ponto de vista do mercado”, relata Rocha. “Temos muitas empresas e start-ups fazendo o mesmo trabalho que os catadores, e nós sem nenhum incentivo para organizar e potencializar um trabalho que nós já fazemos há mais de 80 anos”, descreve. “Por isso, a gente entende que o pró-catadaor vai ser uma política para, nos próximos quatro anos, nos tirar da miséria e nos tratar como protagonistas”.

A atividade de catação de materiais recicláveis se expande com velocidade cada vez maior, articulada com os complexos mecanismos nos quais se encontra engendrada as sociedades contemporâneas, dentre os quais é imprescindível destacar o incentivo e expansão do consumo e a consequente produção de descartáveis, ocasionando uma geração desenfreada de resíduos, que não se faz acompanhar dos necessários mecanismos de gerenciamento da sua produção, tratamento e destinação.

Nas dinâmicas geradas por tais processos, cresce o número de trabalhadores e trabalhadoras que, por perderem seus empregos e ocupações de outrora, ou não conseguirem acessar o mercado formal de trabalho, encontram na atividade de coleta e comercialização uma alternativa de sobrevivência.

Os eventos que acontecem nesse contexto são marcados pela precarização do trabalho e a baixa capacidade de regulação pública sobre os resíduos produzidos, em especial no âmbito dos municípios, refletindo diretamente na ausência de políticas de apoio e proteção aos/as catadores/as.

Apesar de se detectar que 90% do material reintroduzido na cadeia de reciclagem só chegam a esse destino porque os/as catadores/as fazem o trabalho de coleta, dificilmente esses/as ultrapassam o primeiro elo do circuito econômico que gira em torno da reciclagem. Nas ruas ou nos lixões, desenvolvem suas atividades sob o sol e a chuva num ritmo de trabalho que se estende a exaustão física; convivem com o mau cheiro e gases que exalam do lixo acumulado e com a fumaça tóxica produzida pela combustão dos resíduos, com animais que se alimentam do lixo; são expostos/as aos mais variados tipos de resíduos perigosos, como o lixo hospitalar e metais pesados, sob risco de contrair várias doenças, se acidentarem e se contaminarem, situação ainda agravada pelo fato de não fazerem uso de equipamentos de proteção individual.

Fonte:centrac.org.br -  redebrasilatual.com.br

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