Alimentação saudável é fundamental para manter uma boa saúde. No
entanto, escolher os melhores alimentos não tem sido tarefa fácil frente
ao bombardeio de informações oferecidas por rótulos de produtos,
publicidades e tantas novas dietas da moda. Se o cenário parece confuso,
a solução é simples: comer “comida de verdade”. A dica é desembalar
menos e descascar mais. Substituir o consumo de industrializados por
alimentos in natura é o primeiro passo e deve se tornar um hábito para
toda a família. Mas até mesmo a escolha de frutas, verduras e legumes
exige cuidado, já que é preciso fugir dos aditivos químicos que também
prejudicam a saúde.
Neste sentido, os orgânicos são apontados como a melhor opção,
conforme explica a nutricionista associada ao grupo Monte de Gente
Interessada em Cultivo Orgânico (Mogico), Ludmara Zimmermann. “São
alimentos sem contaminantes e que possuem mais nutrientes. As frutas e
os vegetais dos supermercados não são mais ‘originais’, pois foram
geneticamente modificados. Para terem maior tempo de duração nas
prateleiras, recebem muitos aditivos químicos, o que pode desencadear
doenças.”
A especialista destaca que é importante observar a certificação dos
orgânicos. “Assim, o consumidor tem a certeza de que o alimento foi
produzido dentro de uma série de normas, que a produção não prejudica o
meio ambiente e que ele não possui agrotóxico ou aditivos químicos”,
orienta. “É preciso maior conscientização de que o orgânico é um
alimento genuíno e não um produto alimentício, como o que as indústrias
vendem, e que o consumo traz muitos benefícios para a saúde.” (ver
quadro)
Novos hábitos no dia a dia
A rotina corrida e a falta de tempo são os principais fatores que contribuem para que as pessoas escolham os industrializados. Abrir a caixinha de suco leva menos tempo do que prepará-lo com a fruta, desembalar o pacote de biscoitos é mais prático que assar uma versão mais saudável, por exemplo. Mas Ludmara garante que, com um planejamento alimentar simples, é possível criar novos hábitos. “A pessoa pode tirar um dia para pensar na alimentação da semana. Fazer uma quantidade maior de suco que dê para tomar depois e cozinhar mais alimentos no almoço que possam ser usados como lanche são alternativas.”
DESEMBALE MENOS DESCASQUE MAIS |
Segundo ela, é preciso atenção especial aos horários de lanche. “Estudos mostram que o brasileiro está habituado a comer verduras e legumes nas principais refeições, mas os lanches costumam ter alimentos que não saudáveis.” Neste grupo, estão os produtos processados e ultraprocessados, que, para apresentarem sabor mais agradável ou terem maior conservação, recebem adição de sódio, açúcares, gorduras e corantes. É o caso de pães, biscoitos e bolos feitos com farinha de trigo, refrigerantes, nuggets e congelados, como pizza e lasanha.
Para Ludmara, é preciso “desmitificar” hábitos. “Quem impôs que
devemos comer pães na hora do lanche? Podemos criar novos hábitos.
Frutas e legumes cozidos, como mandioca e batata doce, são excelentes
opções, inclusive para a merenda das crianças.” A adoção de hábitos mais
saudáveis deve começar na infância, incentivando os pequenos ao paladar
da “comida de verdade”.
Desafios para o consumo de orgânicos
Na avaliação de Ludmara, um dos principais desafios para aumentar o
consumo de orgânicos é combater a ideia de que os produtos custam mais
caro. “Isto nem sempre procede. Os folhosos, por exemplo, costumam ter o
mesmo preço do supermercado. Outros alimentos podem ser mais caros
porque o processo natural da produção é mais demorado, mas não é uma
regra. É possível comer melhor sem gastar mais.” Ela destaca a
importância de as pessoas entenderem que ao optar pelo orgânico estão
comprando mais sabor, mais nutrientes e, consequentemente, mais saúde.
“Além de contribuir para uma causa em prol do meio ambiente.”
Em contrapartida, o consumo de industrializados faz caminho inverso
com uma produção maior de lixo e a absorção de elementos químicos
prejudiciais ao organismo. Ludmara alerta para as “armadilhas” contidas
em embalagens e rótulos. “Por vezes, a indústria cria um marketing de
que aquele produto é light, sem glúten ou sem lactose, mas na verdade
não é bem assim. A partir de uma leitura minuciosa, percebe-se a
presença de elementos que descaracterizam a proposta saudável, como a
maltodextrina, que, na verdade, é um tipo de açúcar.”
Para a educadora ambiental associada ao grupo Monte de Gente
Interessada em Cultivo Orgânico (Mogico), Rachel Zacarias, disseminar a
informação é uma das maneiras de orientar sobre os mitos e verdades
relativos ao consumo. “Debater questões sobre o cultivo orgânico é uma
forma de fortalecer a cadeia e tornar a produção acessível a um número
maior de pessoas.” O grupo, que conta com cerca de 40 produtores e 20
consumidores associados, tem organizado eventos e feiras na cidade, onde
são comercializados, além de frutas, verduras e legumes, pães, bolos,
geleias, queijos, mel e óleos orgânicos. A maior parte dos produtos já é
certificada, e outra está em processo de certificação.
Outro desafio para ampliar o consumo de orgânicos é aumentar a
produção. “Nos últimos três anos, os consumidores têm se interessado
mais.
Estilo de vida
Para uma das fundadora do Mogico, Marlene Fernandes, o consumo de
orgânicos é mais que a garantia de bem-estar e saúde. “É um estilo de
vida, um sentimento de que todos pertencemos a um só organismo e
precisamos cuidar dele. O cultivo orgânico vai além do plantar e colher,
é acreditar, apoiar uma causa que é benéfica para o mundo, por isso a
nossa proposta de querer tornar os alimentos mais acessíveis a um número
maior de pessoas.”
Fonte: tribunademinas.com.br
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