Risco invisível: o assédio moral nas relações de trabalho
Dados da Organização Internacional do Trabalho apontam
que 42% dos brasileiros já sofreram assédio moral.
Vivemos em uma sociedade que
se transforma a cada dia. Com os avanços tecnológicos,
as pessoas passaram a se
comunicar por meios eletrônicos, minimizando a comunicação pessoal. Para
entender todo esse processo de mudança, um olhar mais atento para as relações
interpessoais é urgente e necessário.
O problema da deterioração
da qualidade das relações humanas muitas vezes aparece
no trabalho. Um ambiente
por vezes opressor, sem respeito, com diálogos ásperos e brincadeiras
humilhantes, ferindo a dignidade e o respeito pelo outro. Está instaurado
nesse
ambiente um grave problema do século XXI: assédio moral. Ele provoca danos
muitas vezes irreversíveis à saúde física e mental dos trabalhadores.
Segundo dados da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), o assédio moral já é considerado um grave
problema para a saúde pública. O levantamento revela, ainda,
que 42% dos
brasileiros disseram ter sofrido algum tipo de assédio moral.
Um estudo de caso publicado
no site da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra
que, na Bulgária, o
assédio moral e sexual é muito comum no local de trabalho.
O principal aspecto
para esse fato baseia-se no papel do homem e da mulher na
sociedade, sendo que,
tradicionalmente, a mulher sempre foi vista como objeto sexual.
No Brasil, na última década
foram registrados avanços a respeito desse tema.
O debate sobre os princípios
éticos no trabalho ganhou destaque nas discussões parlamentares, empresariais e
em diversos sindicatos.
É importante ressaltar que
devem ser tomados cuidados para não se criar um clima de histerismo a respeito
do tema e evitar que situações pontuais no ambiente de trabalho
sejam tabuladas
como assédio moral. Esclarecendo: um ato isolado não é assédio
moral. Para que
uma conduta equivocada no ambiente de trabalho seja entendida
como assédio,
alguns aspectos são importantes, como repetição sistemática, intencionalidade,
direcionalidade, temporalidade e degradação e liberada das condições
de
trabalho.
No entanto, práticas
constantes de violação ao respeito, dignidade humana, cidadania,
imagem,
honradez e autoestima devem ser tratadas como coação moral, pois ferem o
direito à igualdade prevista na Constituição federal. O trabalho não se
restringe à mera dependência econômica subordinada, mas prevê o respeito ao
outro, a cooperação e reconhecimento, autonomia do saber-fazer, justiça e
afetividade ética.
Em um período de constantes
avanços científicos e tecnológicos, temos de voltar a
atenção aos princípios
básicos de convivência humana. As relações de trabalho devem priorizar a
dignidade humana e a ética profissional.
É preciso rever as práticas
e os valores sobre as relações humanas e tentar impedir que
esse risco
invisível no mundo do trabalho prejudique o dia a dia e o desenvolvimento
profissional dos de trabalhadores e trabalhadoras do nosso País.
Fonte do texto: Fabrício Vieira de
Moraes / coordenador pedagógico do Ético Sistema de Ensino, da Editora Saraiva
Fonte: IG Carreiras.