09 março 2014

A PRIMEIRA GLÓRIA É A REPARAÇÃO DOS ERROS - MACHADO DE ASSIS

 A primeira glória é a reparação dos erros.

A PRIMEIRA GLÓRIA É A REPARAÇÃO DOS ERROS - MACHADO DE ASSIS
A PRIMEIRA GLÓRIA É A REPARAÇÃO DOS ERROS.


 A primeira glória é a reparação dos erros.

As ocasiões fazem as revoluções.

O amor é o rei dos moços e o tirano dos velhos.

O amor é o egoísmo duplicado.

Não se perde nada em parecer mau - ganha-se tanto como em sê-lo.

Também a dor tem suas hipocrisias.

O medo é um preconceito dos nervos. E um preconceito, desfaz-se - basta a simples reflexão.

Dormir é um modo interino de morrer.

O tempo é um rato roedor das coisas, que as diminui ou altera no sentido de lhes dar outro aspecto.

Matamos o tempo - o tempo nos enterra.

Amor repelido é amor multiplicado.

De todas as coisas humanas, a única que tem o fim em si mesma é a arte.

O destino, como os dramaturgos, não anuncia as peripécias nem o desfecho.

Não se ama duas vezes a mesma mulher.

A vaidade é um princípio de corrupção.

Não há alegria pública que valha uma boa alegria particular.

Suporta-se com muita paciência a dor no fígado alheio.

A fortuna troca, ás vezes, os cálculos da natureza.

08 março 2014

MANGHETOWN - Chico Science & Nação Zumbi

Manguetown

MANGHETOWN - Chico Science & Nação Zumbi
MANGHETOWN -  CHICO SCIENCE & NAÇÃO ZUMBI

Chico Science & Nação Zumbi




Estou enfiado na lama.
É um bairro sujo.
Onde os urubus têm casas.
E eu não tenho asas.
Mas estou aqui em minha casa,
Onde os urubus têm asas
Vou pintando, segurando as paredes no mangue do meu quintal
Manguetown

Andando por entre os becos
Andando em coletivos.
Ninguém foge ao cheiro sujo
Da lama do Manguetown
Andando por entre os becos,
Andando em coletivos
Ninguém foge a vida suja
nos dias da Manguetown

Esta noite sairei
Vou beber com meus amigos
e com asas que os urubus me derem ao dia
Eu voarei por toda a periferia
Vou sonhando com a mulher
Que talvez eu possa encontrar
Ela também vai andar
Na lama do meu quintal.
Manguetown

Andando por entre os becos,
Andando em coletivos
Ninguém foge ao cheiro sujo
Da lama do Manguetown
Andando por entre os becos,
Andando em coletivos
Ninguém foge a vida suja
nos dias da Manguetown

Fui no mangue catar lixo, pegar caranguejo e conversar com urubu

06 março 2014

ABES – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL 7

ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 7
24º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental


24º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental
Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

De acordo com Pinto (1999) uma vez iniciada a deposição destes resíduos, forma-se um “pacto” local que implica até mesmo a destinação de resíduos domiciliares quando da observação de qualquer falha no sistema de coleta deste tipo de resíduo pela municipalidade, pacto este que encontra sustentação na prática da gestão corretiva.
Estudos de Pinto (Op. cit.) e Azevedo (2006) indicam como alternativa eficiente o estabelecimento de uma rede de coleta de pequenos volumes de RCD para solução da disposição irregular por parte dos pequenos geradores.
De acordo com Nunes, Mahler & Valle (2005) foi verificado que de catorze municípios estudados onde se verificam iniciativas de gestão municipal de RCD, nove apresentam estrutura de coleta de resíduos de pequenas obras, os chamados pontos de entrega voluntária.
Já se pode observar no setor da construção civil o estabelecimento de novas práticas de gerenciamento e destinação de RCD especialmente nos canteiros de obras, motivado pela ação pública baseada no cumprimento pelos empreendedores da resolução CONAMA 307/2002, embora ainda sejam parcas as iniciativas dos poderes públicos municipais em atender a esta resolução no que diz respeito à suas obrigações, especialmente na elaboração de PIGRCC e nos Programas Municipais de Gerenciamento de Resíduos de Construção-PMGRCC.
Particularmente em Aracaju, o ponto de partida foi dado pelos setores organizados da sociedade, capitaneado pelo Sinduscon-SE, através da elaboração de diagnóstico (Daltro Filho, 2005) e implementação de sistema de gerenciamento de resíduos em 15 canteiros de obra, sendo que os instrumentos de implementação da Resolução 307 encontram-se praticamente sem aplicação. O PIGRCC e o PMGRCC não foram elaborados e também não existe regulamentação do manejo de RCD através de lei específica. Todavia, o órgão ambiental estadual exige a elaboração do Projeto de Gerenciamento de Resíduos de Construção – PGRCC no licenciamento do empreendimento, sem realizar a fiscalização de sua aplicação e solicitando os comprovantes da destinação final dos RCD para a emissão da licença de operação.
O fato do município não ter desenvolvido o PIGRCC impacta fortemente na aplicação efetiva das ações previstas pela Resolução. Sendo que os resultados alcançados estão no âmbito dos “grandes geradores” com a exigência de elaboração do PGRCC e sua aplicação, limitada aos empreendimentos que necessitam de licenciamento do órgão ambiental estadual, uma vez que não existe esse órgão na esfera municipal.
Outro aspecto importante é que o local autorizado para disposição de RCD pelo município é o aterro utilizado para resíduos domiciliares, contrapondo-se à proibição explícita prevista na Resolução.
A legislação relativa à gestão de RCD tem sustentação na prática da redução da geração de resíduos, no reaproveitamento dos resíduos e por fim na sua reciclagem, com o objetivo de reduzir os impactos ambientais causados tanto pela disposição irregular quanto pelo crescente consumo de matéria-prima natural. Deve-se destacar que as soluções devem contemplar não só a geração de resíduos pelos grandes geradores, mas também os resíduos gerados em pequenas obras estes em maior volume embora dispersos.
Além disto, outro aspecto a ser observado na busca da redução dos impactos ambientais relativos à construção civil é a gestão racional de recursos no próprio canteiro de obras tendo em vista não só o período de construção como também o período de utilização da edificação, devendo-se considerar o consumo de água e a reutilização de águas pluviais ou servidas, o consumo de energia.
A Resolução CONAMA 307/02 trouxe a discussão sobre as questões ambientais para o âmbito do setor da construção civil, demonstrando a importância do papel indutor de comportamento do poder público.
Conforme descrito neste trabalho, várias ações foram desenvolvidas em consequência de sua publicação, porém a dificuldade de se praticar o princípio da responsabilidade compartilhada tem sido um entrave para a efetiva aplicação de seus instrumentos.
A falta de elaboração e implementação do PIGRCC pela municipalidade tem impacto sobre a gestão compromissada dos RCD dos pequenos e grandes geradores.
Considerando que o PGRCC define as diretrizes do manejo dos RCD dos pequenos geradores e que esses geradores são os responsáveis pela maior parte dos RCD da cidade, a ausência do programa compromete fortemente o alcance dos resultados esperados com a implementação da resolução CONAMA 307/02.
Conclui-se que é necessária a elaboração e implementação do PIGRCC por parte da municipalidade d os municípios para que a comunidade possa ter uma cidade limpa, com menor custo e ambientalmente adequada.

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Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental

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Tabela 1: Composição Média dos RCD de Aracaju, segundo a Resolução 307 . Classificação Componente (%) % por classe
Argamassa 36
Brita 0,23
Concreto 0,35 Cerâmicos 14,42 Mármore 0,4 Pedra 2,04
Solo/Areia 19,96 73,4
Madeira 1,28 Metal 0,06 Papel 0,46 Papelão 0,28 Plásticos 0,34
Vidro 0,04 2,46
Gesso 3,39 C
Restos 19,85 23,24
Latas de tinta e derivados 0,04 D
Restos de telhas de cimento amianto 0,82
Fonte: (Daltro Filho, 2005, p.64)
TOTAL 100 100
OS DESAFIOS DE IMPLEMENTAÇÃO DA 307
Segundo Pinto (1999), há registro de reutilização de RCD para construção de novas edificações especialmente na Europa após a Segunda Guerra Mundial e mesmo no Brasil já existem instalações de produção de agregados a partir de RCD, sendo expressivas as experiências de Belo Horizonte e Ribeirão Preto e as experiências de Salvador e Santo André, embora estas últimas não contemplem a reciclagem mas já prevejam práticas de gestão diferenciada.
Pesquisa de Nunes, Mahler & Valle (2005) sobre as gestões municipais de RCD apresenta que até o final de 2003 apenas em 12 dos 5507 municípios brasileiros, cerca de 0,2%, havia centrais de reciclagem deste tipo de resíduo.
No caso das obras formais há muito se observa uma prática de, no que diz respeito a resíduos que têm um potencial econômico de aproveitamento, especialmente o papelão e plástico de embalagens, e em menor escala metal e vidro, segregação e venda a coletadores que vão buscar este resíduo na própria obra. Nos demais tipos de RCD, a prática observada é a de não segregação, seguida da destinação informal e aleatória, ficando muitas vezes a decisão sobre a localização do destino final a cargo do motorista do veículo transportador, muito embora.
Tal prática tem implicado num custo crescente para a remoção e destinação dos RCD das obras, considerandose que as áreas para deposição esgotam-se rapidamente tendo em vista o volume ali depositado diariamente, exigindo novas áreas que se encontram cada vez mais distantes dos centros urbanos, local onde ocorre a maioria das obras.
Em se tratando das obras informais a situação é ainda mais grave, posto que sendo o volume de RCD pouco significativo como elemento de atração dos coletadores, todos os RCD são agrupados indistintamente e transportados por pequenos transportadores (a maioria carroceiros) sobre os quais recai a responsabilidade de definir o destino final destes resíduos e que o fazem segundo a lógica da sua conveniência, destinando-os na maioria das vezes em locais públicos.

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24º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental dá de maneira fragmentada, fundada sobretudo em Portarias Ministeriais, especialmente a Portaria MINTER no 53, de 1º de março de 1979 que confere aos órgãos estaduais a competência de análise, aprovação e fiscalização da implantação de projetos de tratamento e destinação de resíduos sólidos, e resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA (Braga, Op. cit.).
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Dentre as principais resoluções ligadas aos resíduos sólidos urbanos destacam-se as de no 237/1997 que trata do “tratamento e destinação de resíduos sólidos urbanos” e a de no 307/2002 que define responsabilidades pela geração de resíduos das atividades oriundas da construção civil de forma ampla, incluindo as construções feitas por particulares, estabelecendo “[...] diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão de resíduos da construção civil, disciplinando as ações necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais.” (Brasil, 2002, p. 95).
Não se pode olvidar que o esforço brasileiro na montagem de um conjunto de normas jurídicas que permitam a promoção do desenvolvimento sustentável sofre forte influência da Agenda 21, hoje denominada Programa 21, e que tem como raiz a idéia de que se pode conciliar meio ambiente e desenvolvimento, muito embora ainda não esteja completamente consolidada no país a prática de elaboração e implementação de Agendas 21 locais.
Aprovada durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) que ocorreu no Rio de Janeiro no ano de 1992, e considerada um de seus mais importantes resultados, a Agenda 21 configura-se mais como um plano de ação do que um conjunto de diretrizes para se alcançar o desenvolvimento sustentável, contando inclusive com uma seção (IV), que se refere aos meios para implantar os programas necessários (Barbieri, 2005).
Faz parte da Agenda 21, a chamada Política dos 3 R’s, que representa hierarquicamente as ações de reduzir a quantidade de resíduo gerada, a reutilização destes resíduos e por fim a reciclagem (Op. cit.). Tal princípio está explicitado na resolução CONAMA 307/2002.
A Resolução CONAMA 307 de 05 de julho de 2002 estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, com o objetivo de disciplinar as ações necessárias para a minimização dos impactos ambientais.
Pode-se considerar essa Resolução como o marco regulador da questão dos resíduos da construção civil, baseando-se nos princípios norteadores do “poluidor pagador” e da “responsabilidade compartilhada”.
Sendo assim, a responsabilidade pelos resíduos das atividades de construção, reforma, reparos e demolições é do gerador e, para a efetiva solução da destinação inadequada desses resíduos, prevê-se a participação de todos os atores envolvidos: poder público, geradores, transportadores e destinatários.
É oportuno destacar que a resolução CONAMA 307/2002 incorporando a lógica dos 03 R’s (Reduzir, Reutilizar e Reciclar) classifica os RCD em 04 tipos, sendo os de tipo A aqueles que podem ser reutilizados ou reciclados em canteiro de obras (a exemplo de solo, restos de alvenaria, concreto e argamassa), os do tipo B aqueles que podem ser reutilizados ou reciclados em unidades específicas que não o canteiro de obras (a exemplo de papel, papelão, plástico e metal, dentre outros), os de tipo C para os quais não há tecnologia economicamente viável disponível (cujo exemplo clássico na construção civil é o gesso) e os do tipo D, considerados perigosos.
A legislação referente à gestão de RCD foi ampliada com a publicação em junho de 2004, de normas técnicas específicas para o manejo de RCD, dentre as quais merecem destaque a NBR 15.112 – Resíduos da construção civil e resíduos volumosos. Áreas de Transbordo e Triagem - Diretrizes para projeto, implantação e operação, NBR 15.113 - Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes - Aterros - Diretrizes para projeto, implantação e operação, NBR 15.114 - Resíduos sólidos da construção civil - Áreas de reciclagem - Diretrizes para projeto, implantação e operação, NBR 15.115 - Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos e NBR 15.116 - Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrututral – Requisitos.

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particulares, o que contradiz o senso comum de que o grande volume de resíduos é gerado pelas construtoras
Pinto (1999, p. 178) estabelece no seu estudo o conceito de gestão corretiva, que corresponde ao “conjunto de atividades desenvolvidas para a superação dos problemas provocados por deposições irregulares de resíduos predominantemente não domiciliares e pelo rápido esgotamento das áreas de aterramento; caracteriza-se por ações não preventivas e de elevado custo”, apresentando valores que variam de U$ 5,37 a US$ 14,78/t. De acordo com Daltro Filho (2005) os custos anuais para a municipalidade aracajuana com a gestão corretiva são da ordem de R$ 2.975.918,40, o que representa o valor anual de R$ 6,05/habitante. Daltro Filho (Op. cit.) apresenta que, do total de RCD gerados na cidade, cerca de 60% provêm de depósitos irregulares os quais na sua maioria são oriundos das pequenas obras de construção e reformas
No que diz respeito à qualificação de RCD, tanto a pesquisa de Pinto (1999) quanto à de Daltro Filho (2005) indicam a predominância de resíduos de origem mineral (argamassas, concreto e elementos cerâmicos), provenientes das atividades de produção de fundações, alvenaria e estrutura.
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Segundo Rousseau (2005), o agrupamento humano em sociedades levou à necessidade de serem criados mecanismos de regulação de relações até então inexistentes, um verdadeiro Contrato Social. O estabelecimento de um sistema regulatório e legislador para a prevenção e combate à poluição seguiu esta lógica descrita acima, e está intimamente vinculado à maneira como as sociedades se organizam, sendo influenciado fortemente pelos aspectos econômicos e sociais.
Cunha & Coelho (2003) apresentam aspectos da regulação do uso dos recursos naturais citando o conflito entre os interesses individuais e coletivos e o papel das instituições locais na mediação deste conflito, o papel regulador e centralizador do Estado, as iniciativas de co-manejo, e os mecanismos de mercado (selos verdes e certificações ISO).
Pereira (2000) aponta a existência de instrumentos de comando e controle utilizados no exercício das políticas ambientais, os quais englobam as leis, normas técnicas e regulamentações diversas e cita os mecanismos de auto-regulação, tão afeitos às forças de mercado, apresentando também e sob duas abordagens distintas os instrumentos econômicos de execução de políticas ambientais, onde se destacam os impostos, taxas, subsídios e outras ajudas financeiras, e a criação de mercados (de reciclados, de seguros e de licenças negociáveis de poluição). Ainda neste sub-tema, o autor procura estabelecer uma interface entre macro políticas públicas e os aspectos ambientais, destacando as políticas energética, tecnológica, educacional e regional e urbana.
Estabelecendo uma classificação das políticas ambientais em três categorias (regulatórias, estruturadoras e indutoras), Cunha & Coelho (2003) apontam o século X como o de início efetivo do estabelecimento de políticas ambientais no Brasil, embora registrem a ocorrências de ações pontuais anteriores. Classificam as ações como ocorridas em três períodos, a saber:
da humanidade. Este período teve como marca a “adoção de mecanismos legais na regulação dos usos
dos recursos naturais" (p. 47) e criação dos primeiros parques nacionais.
• 1930 a 1971 – período caracterizado como de construção de uma base de regulação, contextualizado historicamente na transição do Brasil de um país rural para urbano, com concentração de poderes no Estado e no contexto internacional pelos testes nucleares e início da preocupação mundial com o futuro
internacional e sob o contexto nacional de ditadura militar, este período foi marcado pela “criação do
• 1972 a 1987 – neste período foram notados os primeiros sintomas da crise ecológica global (relatórios de estudos publicados e notícias de desastres ecológicos), aliado à crise do petróleo. Sob este contexto arcabouço institucional destinado a cuidar dos problemas ambientais.” (p. 51), onde se observou a criação de diversos parques nacionais, áreas de proteção ambiental, instituição da obrigatoriedade de EIAs e RIMAs, dentre outras ações.
• 1988 aos dias atuais – este período tendo sido fortemente marcado pela introdução do conceito de desenvolvimento sustentável, e as ações internas foram significativamente influenciadas pela visão descentralizadora advinda com a Constituição Federal de 1988. As políticas ambientais de cunho normativo foram as que mais evoluíram, consolidando os aspectos indutores do desenvolvimento sustentável e da gestão participativa.
recursos naturais
Segundo Braga et al. (2005), é assim que, no caso brasileiro, a legislação ambiental obedece aos três níveis hierárquicos de organização política (Federal, Estadual e Municipal), e foi inicialmente desenvolvida sob a ótica da coerção, tendo posteriormente incorporado os conceitos de planejamento e gerenciamento dos
Respeitando esta ordem hierárquica, a legislação ambiental brasileira tem no Art. 255 da Constituição Federal a sua principal referência, uma vez que a partir da sua promulgação em 1988 conferiu-se status constitucional à Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, a qual estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente, esta baseada em princípios entre os quais se destacam a ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico e o planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais (Braga, Op. cit.).

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Disposição dos resíduos por ela gerados

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL
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No que diz respeito à geração de RCD, a construção civil passou a ser uma atividade cujo impacto ambiental tornou-se intenso, não só pela ocupação dos espaços urbanos sem preocupação com a sua preservação necessária ao equilíbrio ecológico, destacando-se em cidades estuarinas como Aracaju o aterro de áreas de mangues, como também pela necessidade cada vez maior de recursos naturais consumidos e de locais para Dados de Souza (Op. cit.) indicam no Brasil um consumo de 1 tonelada de materiais para cada metro quadrado construído, e comparativamente informa que o consumo anual de materiais da indústria automobilística, em massa, equivale a 1% do consumo de matérias da construção civil no país.
O padrão tecnológico do modelo de produção de bens e serviços vigente no setor da construção civil brasileira pode ser entendido a partir de Cassa et al. (2001) que aponta que o construbusiness, conjunto de atividades que envolvem toda a cadeia da construção civil, é responsável por cerca de 40% de todo o resíduo gerado na economia, e segundo John (2000 apud Cassa et al., 2001) somente a indústria cimenteira é responsável por 6% de todo o CO2 gerado no Brasil, contribuindo significativamente para a degradação ambiental.
De acordo com Pinto (1999), uma das principais fontes geradoras de resíduos da construção civil é o desperdício decorrente dos processos produtivos, e Souza et al. (1998 apud Pinto, 1999) apresenta o valor de 27% como o de perdas em massa nas obras estudadas, embora destaque que neste valor estão incluídas as perdas que ficam incorporadas, como por exemplo, aquelas decorrentes de espessura de revestimento maior que o especificado, não gerando resíduo. Ainda assim, a geração de resíduos em canteiros de obra é estimada em 150 quilos por metro quadrado construído.
Se a geração de resíduos representa um fator limitador à capacidade competitiva da empresa pelos prejuízos advindos do desperdício, levando consequentemente ao aumento dos custos de produção, para o meio ambiente representa a extração desnecessária de uma quantidade maior de recursos naturais para a produção de insumos e o fornecimento de matérias-primas, aumentando ainda mais a degradação das áreas exploradas.
Dados levantados por Pinto (Op. cit.) indicam uma taxa de geração de RCD em cidades brasileiras que varia de 0,23 a 0,76 t/habitante/ano. Este mesmo estudo apontou uma participação do RCD na massa total dos resíduos sólidos urbanos variando entre 41% a 70%.
Estudos realizados por Daltro Filho (2005) apontaram uma geração aparente de cerca de 505 t/dia em Aracaju. Saliente-se que esta quantidade representa 65% do total da produção de resíduos sólidos urbanos na cidade, sendo portanto superior ao resíduo domiciliar, ordinariamente centro das maiores preocupações na questão de resíduos sólidos urbanos.
Outro ponto relevante diz respeito ao local onde estão sendo depositados estes RCD, tendo sido relatado que no caso de Aracaju, são dispostos em 295 depósitos irregulares espalhados pela cidade, além da existência de 1307 ‘pontos de entulho’ localizados especialmente nas calçadas “[...]decorrentes de pequenos reparos/reformas residenciais [...]” (Daltro Filho, Op. cit., p.41).
Foi também registrada por Daltro Filho (Op. cit.) a deposição dos RCD oriundos de transportadores e da coleta pública efetuada pela Empresa Municipal de Serviços Urbanos – EMSURB no denominado aterro controlado localizado no Bairro Terra Dura, o qual embora enquadrado dentro da destinação indicada pela EMSURB para este tipo de resíduo, recebe dos transportadores apenas 27t/dia, o que representa cerca de 5% do total, quantidade muito inferior ao coletado diariamente, reforçando a tese da disposição irregular para a destinação do mesmo. Cabe destacar que são levados ao aterro controlado diariamente 72,64% do que é gerado na cidade, o que é explicado pelo fato de a EMSURB contar com um sistema de coleta de resíduos que recolhe parte dos RCD depositados irregularmente e os leva até o aterro controlado (EMSURB, 2005 apud Daltro Filho, 2005).

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De acordo Porto Gonçalves (1989), a partir do fim do séc. XVIII a natureza foi adotada como modelo do que é justo e, com a teoria darwiniana, a evolução passa a ser considerado um processo natural. Há uma “ordem natural” nas coisas, indicando uma evolução lenta, gradual e segura, que é necessária ao progresso.
Esta idéia positivista de progresso vai respaldar conceitos da visão capitalista como “avanço tecnológico”, “aumento de produtividade”, dentre outros como fatos “naturais”, abrindo caminho para uma aceitação da exploração da natureza pelos meios de produção.
Dentro da mesma matriz ideológica e de acordo com Da Matta (1990), a visão portuguesa de colonização, influenciada pelo mercantilismo e focada no enriquecimento rápido orientou a prática extrativista, imediatista e predadora, respaldada numa idéia de natureza passiva, pródiga e endênica. Os ciclos econômicos se sucederam, marcados pela descoberta, exploração e esgotamento de um recurso natural (madeira, açúcar, ouro, café e borracha).
É sabido que o desenvolvimento das atividades industriais, demandantes no seu primeiro estágio de grande volume de mão-de-obra, teve como consequência um crescimento exacerbado das cidades num ritmo maior que a capacidade do poder público de geri-las, especialmente na esfera municipal, fruto especialmente da necessidade de edificações para moradia e trabalho e da infra-estrutura necessária de transporte, saneamento, energia, entre outras.
empregos, provocou uma estrutura social urbana “heterogênea, segmentada e, sobretudo, profundamente
Ferreira (2003, p.103) apresenta o processo de urbanização brasileira com suas características de urbanização acelerada resultando em grandes contingentes populacionais nas cidades. Este processo foi um dos produtos da expansão capitalista, cujo modelo excludente em que pese haver conseguido criar um grande volume de desigual.” Além deste aspecto, destaca-se também a formação de um mercado de padrão consumista.
Esse fenômeno, ocorrido no Brasil a partir dos anos 50, criou uma pressão urbana pela necessidade de acomodar em moradias o contingente trabalhador das indústrias, o que trouxe consigo um incremento na geração de resíduos sólidos urbanos.
esta não possui mobilidade própria
Segundo Braga et al. (2005), diferentemente da poluição rural, a poluição urbana é agravada tanto pela natureza das atividades geradoras (moradias, indústria, comércio e serviços), como pela concentração desta geração em espaços densamente ocupados. Ainda segundo estes autores, embora a poluição se manifeste tanto nas formas gasosa, líquida e sólida, é sob a forma desta última que se verificam os principais problemas devido às grandes quantidades geradas e à sua difícil movimentação, já que diferentemente das outras formas Ferreira (2003) aponta, nas cidades brasileiras, a coexistência de problemas ambientais de cidades modernas com aqueles de cidades subdesenvolvidas, sendo que apenas a partir da década de 1980 a questão ambiental passou a ser considerada nos debates sobre política econômica, cuja busca de desenvolvimento econômico apresenta dificuldades de compatibilização com as políticas ambientais.
Leff (2000) defende que considerar a dimensão ambiental no planejamento do desenvolvimento e o custo ecológico no modelo econômico encontra uma série de obstáculos, interesses opostos, metodologias e dificuldades práticas, uma vez que a racionalidade econômica não incorpora as externalidades ambientais nem os princípios de um desenvolvimento sustentável. Ao mesmo tempo, indica que uma nova racionalidade fundamenta-se no conceito de ambiente como potencial produtivo e não como fonte de recursos e local de depósito de resíduos, sendo princípios ambientais do desenvolvimento a conservação e ampliação da capacidade produtiva dos ecossistemas, a inovação de tecnologias ecologicamente sustentáveis e a conservação dos valores culturais das comunidades locais. Expõe ainda que a dificuldade em encontrar parâmetros que expressem o potencial ambiental e os custos sócio ambientais dificulta a transformação desta racionalidade econômica.
O construbusiness, cadeia produtiva na qual se insere a construção civil brasileira, responde por cerca de 15% do Produto Interno Bruto do país e emprega aproximadamente 4 milhões de pessoas de forma direta e outros 12 milhões de forma indireta (Souza, 2005).

24º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL 1

RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL E OS DESAFIOS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA RESOLUÇÃO CONAMA No. 307/2002: O CASO DE ARACAJU SERGIPE


CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL
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A urbanização e o crescimento populacional das cidades demandam um incremento das atividades de construção de moradias e infra-estrutura, gerando impactos ambientais como maior exploração dos recursos naturais e aumento de resíduos urbanos a serem manejados. Para gerir essa situação, têm-se criado legislações, resoluções e normas que buscam orientar e definir critérios para melhorar a qualidade de vida nas cidades. Com relação à construção civil, a resolução CONAMA 307/2002 pode ser considerada como um marco nas discussões e ações do setor em prol do meio ambiente. Sua implementação tem se tornado um verdadeiro desafio para a municipalidade, principalmente no que tange à elaboração do plano integrado de gerenciamento de resíduos da construção civil – PIGRCC. Dessa forma, pode ser observada a diversidade de ações que surgem de acordo com a realidade de cada município e sua capacidade de articulação. Em Aracaju, através da ação dos setores organizados da sociedade, foi elaborado o diagnóstico dos resíduos sólidos da construção civil, porém o PIGRCC ainda não foi desenvolvido, impactando negativamente para o alcance dos resultados previstos pela referida resolução.
PALAVRAS-CHAVE: Resíduos de Construção e Demolição, Resolução CONAMA 307/2002, Aracaju.
O processo acelerado de urbanização aliado aos modelos de desenvolvimento atualmente impostos às sociedades, tem propiciado um maior descontrole na geração e no descarte dos seus refugos sólidos. Dentre estes refugos sólidos, aqueles resultantes dos processos construtivos; de demolição e de pequenas reformas, têm agravado os panoramas das cidades com a concentração desordenada, degradando a qualidade ambiental dessas cidades além de permitir, em muitos casos, prejuízos de ordem econômica e até na proliferação de doenças. Essa situação se torna mais crucial durante os períodos chuvosos, quando esses são então carreados, entupindo os sistemas de drenagem e provocando enchentes.
Atento a toda essa situação e consoante aos princípios que norteiam o modelo de desenvolvimento sustentável, entra em vigor a resolução No. 307/2002 do CONAMA. Esta resolução define responsabilidades pela geração e manejo dos resíduos sólidos de construção e demolição (RCD), com o objetivo maior de minimizar os impactos ambientais gerados pelo setor.
Ademais, para o alcance dos objetivos da resolução, cada município e o Distrito Federal têm de desenvolver e implantar seu plano integrado de gerenciamento de resíduos sólidos da construção civil - PIGRCC.

05 março 2014

OS RESÍDUOS TEM SUSTENTABILIDADE EM SEU MUNICÍPIO E REGIÃO

O lixo Tem sustentabilidade na sua região

OS RESÍDUOS  TEM SUSTENTABILIDADE EM SEU MUNICÍPIO E REGIÃO
Maquete eletronica de algo que não tem na região de Passos - MG
O lixo tem que ser tratado e avaliados em todos os municípios e assim se ter uma analise do melhor modo a ser tratado e transforma-lo em forma de trabalho e sustentabilidade para profissionais e para o município este tipo de analise já passou da hora de começar em municípios do interior com mais de 100.00 habitantes os moradores de vários municípios Brasileiros estão esperando uma solução para o lixo principalmente o tratamento de entulhos que demonstra o aumento de população  ou  criação de novas obras  da construção civil......estes tratamentos não podem ficar só em normas criadas e não praticadas e sim começar a pratica-las no interior dos  estados não somente em capitais para fazer marketing de Sustentabilidade  o desenho a cima é a representação de uma algo cobrado em lei e não é praticado e criado em vários municípios... a gestão urbana ainda não conseguiu este controle só usa para fazer marketing político, como anda a evolução para isto se tornar realidade........eu faço a minha parte espero que eles virem gente e façam a parte deles.....................

NO RIO GRANDE DO SUL
A Comissão analisará a questão do lixo no Rio Grande do Sul sob os enfoques social, econômico, ambiental e da saúde. A partir da classificação (lixo urbano, domiciliar, comercial, público, especial, industrial, de serviço de saúde, atômico, espacial e radioativo), pretende-se investigar, analisar e apontar soluções para o seu destino.
Aproximadamente sete mil toneladas de resíduos urbanos são produzidas todos os dias no estado, porém, a maior parte não passa por nenhum tipo de seleção ou tratamento. Estimativas apontam que cada pessoa
produz, em média, um quilo de lixo por dia. Em muitas cidades, o acúmulo de resíduos gera problemas de saúde pública e de ordem social. Em Porto Alegre, os catadores autônomos triam cem toneladas de lixo por dia, enquanto a coleta seletiva da prefeitura recolhe 60 toneladas.
O lixo também é um problema de desenvolvimento regional. Em diversas cidades do interior e da região metropolitana, os resíduos de diferentes classificações necessitam ser transportados por longas distâncias até receberem destinação final, onerando o sistema nos aspectos econômico e ambiental.
Uma das finalidades da Comissão é discutir, com técnicos do poder público e entidades envolvidas, a origem e a destinação de todo tipo de resíduos avaliando os danos em relação às pessoas e à natureza. Além disso, deve propor iniciativas de redução da quantidade produzida, bem como sugerir aplicações econômicas para os resíduos. Também é objetivo promover a conscientização da sociedade por meio de atividades culturais e educacionais que despertem mudanças de hábitos e atitudes.
Sob uma visão macro e holística, propõem-se estudar e viabilizar estratégias de desenvolvimento e de adoção de tecnologias novas no trato do lixo, com vistas à geração de vias alternativas de energia no Rio Grande do Sul, uma vez que em muitos países já utilizam com sucesso sistemas de produção de energia a partir do lixo.

Tipos de Lixo:

Lixo urbano: formado por resíduos sólidos em áreas urbanas, inclua-se aos resíduos domésticos, os efluentes industriais domiciliares (pequenas indústrias de fundo de quintal) e resíduos comerciais.

Lixo domiciliar: formado pelos resíduos sólidos de atividades residenciais, contém muita quantidade de matéria orgânica, plástico, lata, vidro.

Lixo comercial: formado pelos resíduos sólidos das áreas comerciais. Composto por matéria orgânica, papéis, plástico de vários grupos.

Lixo público: formado por resíduos sólidos, produto de limpeza pública (areia, papéis, folhagem, poda de árvores).

Lixo especial: formado por resíduos geralmente industriais, merece tratamento, manipulação e transporte especial, são eles, pilhas, baterias, embalagens de agrotóxicos, embalagens de combustíveis, de remédios ou venenos.

Lixo industrial: nem todos os resíduos produzidos por indústria, podem ser designados como lixo industrial. Algumas indústrias do meio urbano produzem resíduos semelhantes ao doméstico, exemplo disto são as padarias; os demais poderão ser enquadrados em lixo especial e ter o mesmo destino.

Lixo de serviço de saúde (RSSS): os serviços hospitalares, ambulatórias, farmácias, são geradores dos mais variados tipos de resíduos sépticos, resultados de curativos, aplicação de medicamentos que em contato com o meio ambiente ou misturado ao lixo doméstico poderão ser patógenos ou vetores de doenças, devem ser destinados à incineração.

Lixo atômico: produto resultante da queima do combustível nuclear, composto de urânio enriquecido com isótopo atômico 235. A elevada radioatividade constitui um grave perigo à saúde da população, por isso deve ser enterrado em local próprio, inacessível.

Lixo espacial: restos provenientes dos objetos lançados pelo homem no espaço, que circulam ao redor da Terra com a velocidade de cerca de 28 mil quilômetros por hora. São estágios completos de foguetes, satélites desativados, tanques de combustível e fragmentos de aparelhos que explodiram normalmente por acidente ou foram destruídos pela ação das armas anti-satélites.

Lixo radioativo: resíduo tóxico e venenoso formado por substâncias radioativas resultantes do funcionamento de reatores nucleares. Como não há um lugar seguro para armazenar esse lixo radioativo, a alternativa recomendada pelos cientistas foi colocá-lo em tambores ou recipientes de concreto impermeáveis e a prova de radiação, e enterrados em terrenos estáveis, no subsolo.

02 março 2014

O GUARDADOR DE REBANHOS - FERNANDO PESSOA

O guardador de rebanhos

O GUARDADOR DE REBANHOS - FERNANDO PESSOA
O GUARDADOR DE REBANHOS - FERNANDO PESSOA
Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol

E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.

Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.

Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.
Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.
Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.

Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.
Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.
Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.
E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita coisa feliz ao mesmo tempo),
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.