06 março 2014

ABES – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL 3

Disposição dos resíduos por ela gerados

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL

No que diz respeito à geração de RCD, a construção civil passou a ser uma atividade cujo impacto ambiental tornou-se intenso, não só pela ocupação dos espaços urbanos sem preocupação com a sua preservação necessária ao equilíbrio ecológico, destacando-se em cidades estuarinas como Aracaju o aterro de áreas de mangues, como também pela necessidade cada vez maior de recursos naturais consumidos e de locais para Dados de Souza (Op. cit.) indicam no Brasil um consumo de 1 tonelada de materiais para cada metro quadrado construído, e comparativamente informa que o consumo anual de materiais da indústria automobilística, em massa, equivale a 1% do consumo de matérias da construção civil no país.
O padrão tecnológico do modelo de produção de bens e serviços vigente no setor da construção civil brasileira pode ser entendido a partir de Cassa et al. (2001) que aponta que o construbusiness, conjunto de atividades que envolvem toda a cadeia da construção civil, é responsável por cerca de 40% de todo o resíduo gerado na economia, e segundo John (2000 apud Cassa et al., 2001) somente a indústria cimenteira é responsável por 6% de todo o CO2 gerado no Brasil, contribuindo significativamente para a degradação ambiental.
De acordo com Pinto (1999), uma das principais fontes geradoras de resíduos da construção civil é o desperdício decorrente dos processos produtivos, e Souza et al. (1998 apud Pinto, 1999) apresenta o valor de 27% como o de perdas em massa nas obras estudadas, embora destaque que neste valor estão incluídas as perdas que ficam incorporadas, como por exemplo, aquelas decorrentes de espessura de revestimento maior que o especificado, não gerando resíduo. Ainda assim, a geração de resíduos em canteiros de obra é estimada em 150 quilos por metro quadrado construído.
Se a geração de resíduos representa um fator limitador à capacidade competitiva da empresa pelos prejuízos advindos do desperdício, levando consequentemente ao aumento dos custos de produção, para o meio ambiente representa a extração desnecessária de uma quantidade maior de recursos naturais para a produção de insumos e o fornecimento de matérias-primas, aumentando ainda mais a degradação das áreas exploradas.
Dados levantados por Pinto (Op. cit.) indicam uma taxa de geração de RCD em cidades brasileiras que varia de 0,23 a 0,76 t/habitante/ano. Este mesmo estudo apontou uma participação do RCD na massa total dos resíduos sólidos urbanos variando entre 41% a 70%.
Estudos realizados por Daltro Filho (2005) apontaram uma geração aparente de cerca de 505 t/dia em Aracaju. Saliente-se que esta quantidade representa 65% do total da produção de resíduos sólidos urbanos na cidade, sendo portanto superior ao resíduo domiciliar, ordinariamente centro das maiores preocupações na questão de resíduos sólidos urbanos.
Outro ponto relevante diz respeito ao local onde estão sendo depositados estes RCD, tendo sido relatado que no caso de Aracaju, são dispostos em 295 depósitos irregulares espalhados pela cidade, além da existência de 1307 ‘pontos de entulho’ localizados especialmente nas calçadas “[...]decorrentes de pequenos reparos/reformas residenciais [...]” (Daltro Filho, Op. cit., p.41).
Foi também registrada por Daltro Filho (Op. cit.) a deposição dos RCD oriundos de transportadores e da coleta pública efetuada pela Empresa Municipal de Serviços Urbanos – EMSURB no denominado aterro controlado localizado no Bairro Terra Dura, o qual embora enquadrado dentro da destinação indicada pela EMSURB para este tipo de resíduo, recebe dos transportadores apenas 27t/dia, o que representa cerca de 5% do total, quantidade muito inferior ao coletado diariamente, reforçando a tese da disposição irregular para a destinação do mesmo. Cabe destacar que são levados ao aterro controlado diariamente 72,64% do que é gerado na cidade, o que é explicado pelo fato de a EMSURB contar com um sistema de coleta de resíduos que recolhe parte dos RCD depositados irregularmente e os leva até o aterro controlado (EMSURB, 2005 apud Daltro Filho, 2005).