16 dezembro 2020

2ªcontinuação da postagem - UTC PARA GERENCIAMENTO DAS UNIDADES DE TRIAGEM E COMPOSTAGEM IMPLANTADAS EM MG

2ªcontinuação da postagem UTC PARA GERENCIAMENTO DAS UNIDADES DE TRIAGEM E COMPOSTAGEM IMPLANTADAS EM MG

  Observa-se que a destinação adequada de resíduos com características especiais é um dos grandes problemas na operação das UTC, visto que os projetos destes empreendimentos, elaborados em meados ano 2000, originalmente não compreendiam o recebimento e processamento de tais tipos de resíduos; no entanto, torna-se impreterível o recebimento deles, visto que nesses pequenos municípios tais UTC ainda são a única alternativa de destinação final para os RSU. Desse modo, toda a responsabilidade pelo manejo dos RSU é transferida para estas unidades.

 

GERENCIAMENTO DAS UNIDADES DE TRIAGEM E COMPOSTAGEM IMPLANTADAS EM MG

                                                                               PMSB
                                               PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO


b) Controle do processo de compostagem


Outra questão operacional que merece destaque se refere à falta de controles do processo de compostagem, problema que compreende aproximadamente ¼ das 60 unidades em estudo (Tabela 1). Muitos são os entraves para que o processo de compostagem nas UTC seja bem sucedido: observa-se que, quando não interrompem suas atividades de compostagem, elas executam muito mal os procedimentos adequados desta técnica.


Do total de 95 unidades fiscalizadas pela FEAM-MG entre 2014 e 2016, foram identificadas 35 UTCs mineiras com as atividades de compostagem paralisadas. São diversos os motivos apresentados por estes municípios, em que pode-se citar, principalmente, a ausência de um funcionário capacitado responsável exclusivamente pelo controle e pelo monitoramento do processo compostagem.


De maneira geral observou-se a incapacidade técnica para realizar o processo e continuar com sua manutenção, como, por exemplo, na montagem das pilhas (ou poderiam ser leiras) de compostagem, em que foi observado que na maioria dos casos elas não tinham tamanho (ou volume) adequado, segundo os critérios recomendados pela FEAM (Figura 3).

UTC PARA GERENCIAMENTO DAS UNIDADES DE TRIAGEM E COMPOSTAGEM IMPLANTADAS EM MG

Figura 3: 1 Pilhas de compostagem com dimensões inadequadas (ano 2016)


Entende-se que seja inadequada a situação em que as pilhas de compostagem tenham menos que 1,6 metros de altura, sendo este valor o recomendado pela FEAM em seus manuais de operação, visando a regularizar o processo de compostagem realizado nestas unidades. Vale lembrar que, à medida que o processo de compostagem avança, há uma compactação natural do material – o que dificulta a aeração -, fazendo com que as leiras tenham suas alturas reduzidas. Apesar disso, nestes municípios vêm sendo adotadas pilhas com altura média de 90 cm, sendo a altura máxima observada de 1,5 m.


As análises de variáveis que atestem a qualidade do composto devem ser frequentes, mas não são efetivamente realizadas. Cita-se como principal motivo o custo destas análises, frente à realidade de carência de recursos existentes para manutenção das unidades. A qualidade do composto produzido nas UTC tem sido um questionamento constante. Para ser considerado um produto de qualidade, o composto deve apresentar características adequadas tais como: teor de matéria orgânica, umidade, concentração de nutrientes, tamanho das partículas, coloração, quantidade de contaminantes e até mesmo inexistência de odor do produto final.


Vale ressaltar que a eficiência do processo de compostagem não depende necessariamente da utilização de tecnologias sofisticadas, mas principalmente do controle do processo e da qualidade dos resíduos que serão processados, como também de seu monitoramento (COMISSÃO EUROPEIA, 2000), pois este composto para ser utilizado de maneira segura e eficiente deve estar corretamente estabilizado.

Visto que muitas das UTCs não realizam o controle adequado do processo de compostagem, constantemente questiona-se a eficiência do processo desenvolvido nestas unidades. Muito em função disso, o órgão ambiental desaconselha seu uso para agricultura, devido à insuficiência de informações das análises da qualidade do composto.


c) Operação das valas de rejeitos


Um terceiro revés percebido diz respeito à disposição final de rejeitos das UTCs, já que as unidades estudadas operam valas para a disposição dos rejeitos do processo de triagem. Nota-se, com base nas visitas e relatórios, que tais dispositivos frequentemente não são operados de maneira a atenderem completamente aos requisitos de ordem sanitária, para redução dos impactos ambientais adversos da deposição do rejeito diretamente no solo.


Neste caso, as estruturas são normalmente construídas no terreno da própria unidade e muitas vezes não são operadas de maneira adequada. É comum encontrar as valas com material espalhado (inclusive apresentando altos teores de recicláveis, portanto indebidamente dispostos) sem compactação e sem recobrimento, valas construídas e localizadas aleatoriamente, sem estudo geotécnico para instalação, sem critérios técnicos e sem planejamento e, ainda, valas executadas sendo encerradas sem cobertura vegetal, drenagem de águas pluviais e sem a devida identificação do local.


De acordo com o constatado por Prado Filho e Sobreira (2007), as valas de rejeitos das UTC já se configuravam em um problema ambiental setorial ainda a ser integralmente resolvido, pois a forma desprovida de técnicas como as mesmas vinham e vêm sendo normalmente operadas permite a contaminação e a poluição do solo.


Ademais, em algumas unidades, o resíduo não beneficiado na esteira (ou mesa), em épocas de maior produção, também acaba sendo lançado diretamente nas valas, uma situação grave, uma vez que estes dispositivos não contam com medidas protetivas para o solo. Outrossim, a disposição de rejeito sem a compactação, compromete a vida útil das valas da UTC, que se esgostam rapidamente.

No caso dos pequenos municípios com UTC, há de se pensar em soluções adaptadas à realidade local para os problemas sanitários envolvendo a disposição final dos rejeitos. Em alternativa ao recobrimento diário das valas com solo, poder-se-ia utilizar lona geotêxtil, uma opção operacionalmente mais simples, ainda que tenha seus custos. Alternativamente, pode-se usar sistemas simplificados para a execução da compactação dos rejeitos, a exemplo de rolos compactadores manuais, evitando onerar as prefeituras com contratação de serviços de hora/máquina.


d) Condições da infraestrutura existente


Foi observado o dimensionamento insuficiente dos galpões para depósitos dos materiais recicláveis, tendo como consequência o armazenamento inapropriado do material já triado e prensado. Ao que tudo indica, as baias de recicláveis são insuficientes para a estocagem dos materiais recicláveis, uma vez que apresentam dimensões que não foram previstas para o armazenamento por longos períodos. Todo o material separado deveria ter sido estocado em local coberto e com piso adequado até que se alcancem volumes vantajosos para a comercialização.


Em contrapartida, nas UTC são destinadas áreas amplas para a compostagem da fração orgânica de RSU, que muitas vezes são subutilizadas. Nesses casos, o armazenamento normalmente é realizado em pátios a céu aberto, ou mesmo, no próprio pátio de compostagem, recobertos com lonas (Figura 4). Por conta disso, obviamente o material a ser comercializado tem sua qualidade prejudicada e o valor de venda comprometido (Figura 4).

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Figura 4: Fardos de recicláveis dispostos em pátio a céu aberto (notar a precariedade das condições de cobertura)

Assim, com mais de 10 anos de instalação destas unidades, verifica-se que parte das UTC em Minas Gerais não atende completamente as necessidades locais. Outra parte delas apresenta alguma estrutura danificada, como trincas, rachaduras, ou ainda, necessidade de pintura. Tudo isso lhes confere uma imagem de descuido, o que nem sempre é verdade, pois muitas vezes a manutenção das estruturas se faz através de improvisos por falta de recursos.

Fonte: www.saneamentobasico.com.br


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