- Realizar levantamento dos
materiais e equipamentos geradores de resíduos na unidade (máquinas foto
copiadoras, impressoras, etc), estimativa das quantidades e dos tipos de
resíduos gerados, da logística do recolhimento e do envolvimento dos catadores
(caso exista);
- Identificar os recursos
gastos na compra de materiais e na destinação dos resíduos pelo órgão;
- Levantar os principais
materiais de consumo potencialmente recicláveis utilizados na unidade: papéis
brancos e formulários diversos, plástico, copos descartáveis, cartuchos,
lâmpadas, CD, disquetes e outros;
- Estimar a quantidade de
geração por tipos de resíduos — recicláveis (escritório e copa: papel, cartucho,
alumínio, vidro, plástico, lâmpadas, CD, disquetes, etc.), orgânicos e rejeitos
(banheiro).
- Identificar as formas e
locais de acondicionamento dos resíduos;
- Levantar o fluxo, horário e
frequência do recolhimento, volume estimado por tipo (recicláveis, rejeitos) e
responsáveis pela coleta interna (é fundamental o envolvimento do setor
responsável pela limpeza da empresa ou instituição);
- Identificar a forma de
destinação — para onde os resíduos são enviados e como é feita a coleta (coleta
convencional da Prefeitura, catadores de rua, cooperativas, compradores de
materiais recicláveis, comercialização pela própria unidade, doação a
prestadores de serviços e outros);
- Identificar as cooperativas
ou associações de catadores que possam se responsabilizar pela coleta dos
recicláveis; se já houver catador coletando, verificar a possibilidade de sua
manutenção no processo da coleta; se já houver destinação dos recicláveis a
outros beneficiários, fazer a transição de forma cuidadosa, para não gerar
conflitos com os catadores;
- Sondar as cooperativas ou
associações sobre o interesse/viabilidade e capacidade de coletar os materiais
selecionados.
O Programa Ambientação orienta
os órgãos estaduais de Minas a realizarem a caracterização dos resíduos. A
metodologia desse trabalho consiste no armazenamento de todos os resíduos gerados
— exceto o lixo dos banheiros e orgânicos — por uma semana, para posterior
separação, análise e pesagem. O relatório final desse processo deve conter os
dados quantitativos e qualitativos, além de orientações pertinentes à melhoria
contínua da coleta seletiva.
Considera-se que esse procedimento
é muito rico e apresenta um grande potencial de mobilização das pessoas que
trabalham no órgão, já que a caracterização é realizada pelas próprias comissões,
que se envolvem muito mais profundamente quando colocam a mão na massa e sentem
de perto o desperdício no lixo. Além disso, outras pessoas da instituição
também acabam se envolvendo, ao verem a triagem que acontece no próprio local
de trabalho. Ainda que o procedimento seja feito em espaço mais reservado, como
a garagem, algumas pessoas acabam passando pelo local. O ideal é que a
caracterização seja feita de forma a permitir a sua observação. Assim, além de
informações importantes, a caracterização dos resíduos possibilita uma
preparação para a implantação da coleta seletiva.
As imagens a seguir ilustram a
caracterização dos resíduos realizada no CETEC em 1999 para balizar a
implantação da gestão dos resíduos no campus do Centro, incluindo a coleta
seletiva dos recicláveis. A mesa para separação dos materiais foi montada no
hall de entrada, em uma área lateral, mas que permitia a quem se interessasse
acompanhar o processo. No CETEC, a caracterização incluiu a matéria orgânica do
restaurante e da cantina, tendo sido excluído apenas o lixo do banheiro. Dessa
forma, a separação foi feita todos os dias, durante cinco dias de uma semana.
Caracterização
dos resíduos
REALIZAÇÃO DE DIAGNÓSTICO (CARACTERIZAÇÃO DOS PROBLEMAS E DO POTENCIAL DE REDUÇÃO, REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM) PARA UMA COLETA SELETIVA |
Foi surpreendente o resultado
da caracterização dos resíduos no CETEC, pela quantidade de matéria orgânica
encontrada. Mesmo com um restaurante e uma cantina relativamente pequenos, a
proporção de mais de 50% de orgânicos chamou a atenção. Embora uma grande parte
fosse composta por cascas de frutas e legumes, também observou-se um grande
desperdício de alimentos, mesmo o restaurante cobrando proporcionalmente ao
peso (comida a quilo).
Foi feita também a estimativa
de geração de resíduos, incluindo a biomassa vegetal oriunda de podas e capinas
do campus, que foi estimada em 100 kg/dia. A matéria orgânica gerada no restaurante
foi estimada em 30 kg/dia, e os papéis para reciclagem foram estimados em 500 kg/mês.
Em função da quantidade de matéria orgânica, optou-se por implantar a
compostagem; parte do composto produzido é usado nas áreas verdes do campus, e
outra parte doada para funcionários e visitantes em embalagens reutilizadas e rotuladas.
PLANEJAMENTO/PROPOSIÇÕES
1
Projeto técnico-operacional / Logística
Consiste em definir
estratégias e adotar providências para a implantação da coleta seletiva na Unidade,
quais sejam:
Identificar os tipos de
materiais recicláveis a serem selecionados, considerando:
1) diagnóstico elaborado;
2) disponibilidade de locais
de armazenamento;
3) logística de coleta
possível;
4) possibilidade de absorção
no mercado local (copinhos plásticos, CDs, disquetes, outros);
5) capacidade da cooperativa
ou associação de catadores para a coleta de determinados materiais, tendo em
vista a especificidade do material ou a sua periculosidade, levando-se em conta
as normas de segurança (é interessante priorizar, no início dos trabalhos, a
separação de papéis);
Definir o fluxo e frequência
do recolhimento dos materiais recicláveis;
Definir a forma de escoamento
do material reciclável;
Estabelecer os locais para
disposição de coletores onde serão recolhidos os materiais: mesas de trabalho,
ilhas de impressão, máquinas fotocopiadoras, recepção e copa, dentre outros
locais geradores de materiais recicláveis e fluxo de pessoas;
Definir os locais para
armazenamento de materiais recicláveis recolhidos, que não devem ser os mesmos
do lixo;
Definir as atribuições e
tarefas específicas e respectivas rotinas: quem vai fazer o quê, quando e como,
nas diversas etapas da operacionalização do projeto — seleção, coleta, pesagem,
controles, entrega dos materiais, medição, etc;
Elaborar o cronograma de
implantação e execução do projeto;
Levantar e solicitar materiais
e equipamentos necessários para operar a coleta seletiva: sacos plásticos ou
coletores em cores diferentes, cestas/caixas de coleta de papel, coletores de copos
descartáveis; fragmentadora de papéis sigilosos, balança para pesagem do
material.
2-
Sensibilização / mobilização
Compreende-se a definição de
estratégias de sensibilização, informação e envolvimento da direção e de toda a
equipe (empregados, estagiários, prestadores de serviços, servidores e funcionários
da limpeza, copeiras, faxineiras, porteiros, telefonistas, recepcionistas,
etc.), com a realização de oficinas, palestras, mostras de vídeo, depoimentos
de catadores e de funcionários de outras unidades com experiência na coleta
seletiva, visitas a cooperativas de catadores e a aterros sanitários/lixões,
apresentações lúdicas, divulgação na intranet e em murais, dentre outros
instrumentos de comunicação interna.
Uma estratégia importante é, desde o
diagnóstico, buscar o envolvimento dos funcionários o mais possível nas atividades
e, principalmente, compartilhar com eles a definição das proposições para a
organização e implantação da coleta seletiva. As pessoas se sentem
corresponsáveis e participam com muito mais empenho quando contribuem para o
planejamento e para as decisões tomadas.
Segue-se uma lista de
atividades de mobilização que podem ser realizadas:
Produzir ou reproduzir
material de comunicação: cartazes, folders, boletins, cartilhas, vídeos, etc.
Planejar evento de lançamento
da coleta seletiva – definir tipo de evento, data, convidados, material
necessário e forma de divulgação do lançamento do projeto para o público
interno e externo. O evento pode ser uma boa oportunidade para apresentar os
resultados do diagnóstico aos funcionários, reforçando a importância da implementação
do projeto na Unidade para reverter as situações negativas, principalmente
relacionadas ao desperdício de materiais.
Avaliar o efeito da coleta
seletiva como economia para o prédio e incentivar medidas relacionadas aos 3Rs.
A coleta seletiva viabilizará o 3º R, da Reciclagem. Mas, antes, é importante estimular
ações de Redução e Reutilização, como:
- Imprimir somente o
necessário, fazer impressões e cópias utilizando a frente e verso do papel;
- Utilizar meios eletrônicos
para comunicação, evitando a utilização desnecessária de papel;
- Estimular o uso de copos ou
canecas duráveis, em substituição aos copos descartáveis (pode-se buscar
patrocínio para confecção de canecas);
- Estimular feira de trocas
(de livros, CDs e outros objetos).
O trabalho de sensibilização
de pessoas deve ser contínuo e criativo, uma vez que implica mudança de valores
e hábitos arraigados culturalmente.
No CETEC, o processo de
sensibilização e mobilização envolveu as seguintes atividades:
Estudo de percepção ambiental
• Reunião com coordenadores e
gerentes
• Evento para lançamento do
Projeto
• Encontros educativos
internos
• Repasse de material
informativo/educativo
• Divulgação de resultados do
projeto
• Outras atividades
educativas, como oficinas para filhos de funcionários.
3
- Contato com Catadores
Realizar contatos com
entidades apoiadoras de catadores para identificar cooperativas ou associações.
Selecionar cooperativa ou
associação de catadores que se responsabilize pela coleta dos materiais recicláveis,
e visitá-la se possível, para conhecer a sua real estrutura e forma de
trabalho
.
Marcar reunião com
organizações de catadores.
No caso de instituições
públicas federais, habilitar formalmente associações e cooperativas, de acordo
com o Termo de Compromisso instituído pelo Decreto 5940/06.
Fonte do texto: crea-mg.org.br
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