03 julho 2020

REALIZAÇÃO DE DIAGNÓSTICO (CARACTERIZAÇÃO DOS PROBLEMAS E DO POTENCIAL DE REDUÇÃO, REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM) PARA UMA COLETA SELETIVA


- Realizar levantamento dos materiais e equipamentos geradores de resíduos na unidade (máquinas foto copiadoras, impressoras, etc), estimativa das quantidades e dos tipos de resíduos gerados, da logística do recolhimento e do envolvimento dos catadores (caso exista);

- Identificar os recursos gastos na compra de materiais e na destinação dos resíduos pelo órgão;

- Levantar os principais materiais de consumo potencialmente recicláveis utilizados na unidade: papéis brancos e formulários diversos, plástico, copos descartáveis, cartuchos, lâmpadas, CD, disquetes e outros;

- Estimar a quantidade de geração por tipos de resíduos — recicláveis (escritório e copa: papel, cartucho, alumínio, vidro, plástico, lâmpadas, CD, disquetes, etc.), orgânicos e rejeitos (banheiro).

- Identificar as formas e locais de acondicionamento dos resíduos;

- Levantar o fluxo, horário e frequência do recolhimento, volume estimado por tipo (recicláveis, rejeitos) e responsáveis pela coleta interna (é fundamental o envolvimento do setor responsável pela limpeza da empresa ou instituição);

- Identificar a forma de destinação — para onde os resíduos são enviados e como é feita a coleta (coleta convencional da Prefeitura, catadores de rua, cooperativas, compradores de materiais recicláveis, comercialização pela própria unidade, doação a prestadores de serviços e outros);

- Identificar as cooperativas ou associações de catadores que possam se responsabilizar pela coleta dos recicláveis; se já houver catador coletando, verificar a possibilidade de sua manutenção no processo da coleta; se já houver destinação dos recicláveis a outros beneficiários, fazer a transição de forma cuidadosa, para não gerar conflitos com os catadores;

- Sondar as cooperativas ou associações sobre o interesse/viabilidade e capacidade de coletar os materiais selecionados.
 
REALIZAÇÃO DE DIAGNÓSTICO (CARACTERIZAÇÃO DOS PROBLEMAS E DO POTENCIAL DE REDUÇÃO, REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM) PARA UMA COLETA SELETIVA
COOPERATIVA DE CATADORES DE RECICLÁVEIS EM PASSOS MG SEM APOIO GOVERNAMENTAL

 O Programa Ambientação orienta os órgãos estaduais de Minas a realizarem a caracterização dos resíduos. A metodologia desse trabalho consiste no armazenamento de todos os resíduos gerados — exceto o lixo dos banheiros e orgânicos — por uma semana, para posterior separação, análise e pesagem. O relatório final desse processo deve conter os dados quantitativos e qualitativos, além de orientações pertinentes à melhoria contínua da coleta seletiva.

Considera-se que esse procedimento é muito rico e apresenta um grande potencial de mobilização das pessoas que trabalham no órgão, já que a caracterização é realizada pelas próprias comissões, que se envolvem muito mais profundamente quando colocam a mão na massa e sentem de perto o desperdício no lixo. Além disso, outras pessoas da instituição também acabam se envolvendo, ao verem a triagem que acontece no próprio local de trabalho. Ainda que o procedimento seja feito em espaço mais reservado, como a garagem, algumas pessoas acabam passando pelo local. O ideal é que a caracterização seja feita de forma a permitir a sua observação. Assim, além de informações importantes, a caracterização dos resíduos possibilita uma preparação para a implantação da coleta seletiva.

As imagens a seguir ilustram a caracterização dos resíduos realizada no CETEC em 1999 para balizar a implantação da gestão dos resíduos no campus do Centro, incluindo a coleta seletiva dos recicláveis. A mesa para separação dos materiais foi montada no hall de entrada, em uma área lateral, mas que permitia a quem se interessasse acompanhar o processo. No CETEC, a caracterização incluiu a matéria orgânica do restaurante e da cantina, tendo sido excluído apenas o lixo do banheiro. Dessa forma, a separação foi feita todos os dias, durante cinco dias de uma semana.

Caracterização dos resíduos

REALIZAÇÃO DE DIAGNÓSTICO (CARACTERIZAÇÃO DOS PROBLEMAS E DO POTENCIAL DE REDUÇÃO, REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM) PARA UMA COLETA SELETIVA
REALIZAÇÃO DE DIAGNÓSTICO (CARACTERIZAÇÃO DOS PROBLEMAS E DO POTENCIAL DE REDUÇÃO, REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM) PARA UMA COLETA SELETIVA

REALIZAÇÃO DE DIAGNÓSTICO (CARACTERIZAÇÃO DOS PROBLEMAS E DO POTENCIAL DE REDUÇÃO, REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM) PARA UMA COLETA SELETIVA


Foi surpreendente o resultado da caracterização dos resíduos no CETEC, pela quantidade de matéria orgânica encontrada. Mesmo com um restaurante e uma cantina relativamente pequenos, a proporção de mais de 50% de orgânicos chamou a atenção. Embora uma grande parte fosse composta por cascas de frutas e legumes, também observou-se um grande desperdício de alimentos, mesmo o restaurante cobrando proporcionalmente ao peso (comida a quilo).

Foi feita também a estimativa de geração de resíduos, incluindo a biomassa vegetal oriunda de podas e capinas do campus, que foi estimada em 100 kg/dia. A matéria orgânica gerada no restaurante foi estimada em 30 kg/dia, e os papéis para reciclagem foram estimados em 500 kg/mês. Em função da quantidade de matéria orgânica, optou-se por implantar a compostagem; parte do composto produzido é usado nas áreas verdes do campus, e outra parte doada para funcionários e visitantes em embalagens reutilizadas e rotuladas.

PLANEJAMENTO/PROPOSIÇÕES

1 Projeto técnico-operacional / Logística

Consiste em definir estratégias e adotar providências para a implantação da coleta seletiva na Unidade, quais sejam:

Identificar os tipos de materiais recicláveis a serem selecionados, considerando:

1) diagnóstico elaborado;

2) disponibilidade de locais de armazenamento;

3) logística de coleta possível;

4) possibilidade de absorção no mercado local (copinhos plásticos, CDs, disquetes, outros);

5) capacidade da cooperativa ou associação de catadores para a coleta de determinados materiais, tendo em vista a especificidade do material ou a sua periculosidade, levando-se em conta as normas de segurança (é interessante priorizar, no início dos trabalhos, a separação de papéis);

Definir o fluxo e frequência do recolhimento dos materiais recicláveis;

Definir a forma de escoamento do material reciclável;

Estabelecer os locais para disposição de coletores onde serão recolhidos os materiais: mesas de trabalho, ilhas de impressão, máquinas fotocopiadoras, recepção e copa, dentre outros locais geradores de materiais recicláveis e fluxo de pessoas;

Definir os locais para armazenamento de materiais recicláveis recolhidos, que não devem ser os mesmos do lixo;

Definir as atribuições e tarefas específicas e respectivas rotinas: quem vai fazer o quê, quando e como, nas diversas etapas da operacionalização do projeto — seleção, coleta, pesagem, controles, entrega dos materiais, medição, etc;

Elaborar o cronograma de implantação e execução do projeto;

Levantar e solicitar materiais e equipamentos necessários para operar a coleta seletiva: sacos plásticos ou coletores em cores diferentes, cestas/caixas de coleta de papel, coletores de copos descartáveis; fragmentadora de papéis sigilosos, balança para pesagem do material.

2- Sensibilização / mobilização

Compreende-se a definição de estratégias de sensibilização, informação e envolvimento da direção e de toda a equipe (empregados, estagiários, prestadores de serviços, servidores e funcionários da limpeza, copeiras, faxineiras, porteiros, telefonistas, recepcionistas, etc.), com a realização de oficinas, palestras, mostras de vídeo, depoimentos de catadores e de funcionários de outras unidades com experiência na coleta seletiva, visitas a cooperativas de catadores e a aterros sanitários/lixões, apresentações lúdicas, divulgação na intranet e em murais, dentre outros instrumentos de comunicação interna.

Uma estratégia importante é, desde o diagnóstico, buscar o envolvimento dos funcionários o mais possível nas atividades e, principalmente, compartilhar com eles a definição das proposições para a organização e implantação da coleta seletiva. As pessoas se sentem corresponsáveis e participam com muito mais empenho quando contribuem para o planejamento e para as decisões tomadas.

Segue-se uma lista de atividades de mobilização que podem ser realizadas:

Produzir ou reproduzir material de comunicação: cartazes, folders, boletins, cartilhas, vídeos, etc.

Planejar evento de lançamento da coleta seletiva – definir tipo de evento, data, convidados, material necessário e forma de divulgação do lançamento do projeto para o público interno e externo. O evento pode ser uma boa oportunidade para apresentar os resultados do diagnóstico aos funcionários, reforçando a importância da implementação do projeto na Unidade para reverter as situações negativas, principalmente relacionadas ao desperdício de materiais.

Avaliar o efeito da coleta seletiva como economia para o prédio e incentivar medidas relacionadas aos 3Rs. A coleta seletiva viabilizará o 3º R, da Reciclagem. Mas, antes, é importante estimular ações de Redução e Reutilização, como:

- Imprimir somente o necessário, fazer impressões e cópias utilizando a frente e verso do papel;

- Utilizar meios eletrônicos para comunicação, evitando a utilização desnecessária de papel;

- Estimular o uso de copos ou canecas duráveis, em substituição aos copos descartáveis (pode-se buscar patrocínio para confecção de canecas);

- Estimular feira de trocas (de livros, CDs e outros objetos).

O trabalho de sensibilização de pessoas deve ser contínuo e criativo, uma vez que implica mudança de valores e hábitos arraigados culturalmente.

No CETEC, o processo de sensibilização e mobilização envolveu as seguintes atividades:

Estudo de percepção ambiental

• Reunião com coordenadores e gerentes
• Evento para lançamento do Projeto
• Encontros educativos internos
• Repasse de material informativo/educativo
• Divulgação de resultados do projeto
• Outras atividades educativas, como oficinas para filhos de funcionários.

3 - Contato com Catadores

Realizar contatos com entidades apoiadoras de catadores para identificar cooperativas ou associações.

Selecionar cooperativa ou associação de catadores que se responsabilize pela coleta dos materiais recicláveis, e visitá-la se possível, para conhecer a sua real estrutura e forma de trabalho
.
Marcar reunião com organizações de catadores.

No caso de instituições públicas federais, habilitar formalmente associações e cooperativas, de acordo com o Termo de Compromisso instituído pelo Decreto 5940/06.

Fonte do texto: crea-mg.org.br

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