03 julho 2020

ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DA COLETA SELETIVA COM INCLUSÃO SOCIAL

Os programas de coleta seletiva devem ser acompanhados e avaliados por indicadores. Bringhenti (2004) desenvolveu trabalho com o objetivo de instituir indicadores de referência para essa finalidade. São eles:

• Cobertura de atendimento do programa (hab);

• Índice de Recuperação de Materiais Recicláveis – IRMR (%);

• Quantidade mensal coletada seletivamente (t/mês);

• Custo de triagem (R$/t);

• Quantidade de itens de materiais recicláveis comercializados (un);

• Custo total do programa (R$/t);

• Quantidade de catadores envolvidos (un);

• Renda média mensal (R$/catador);

• Percentual de rotatividade dos catadores (%).

Segundo BESEN, 2006, pode-se considerar que um programa de coleta seletiva em parceria com catadores organizados é eficiente, quando são alcançados os seguintes resultados:

• criação ou fortalecimento de associações ou cooperativas de catadores;

• integração dos catadores autônomos;

• alta taxa de adesão da população (50 a 70%);

• alto índice de recuperação de materiais recicláveis (10 a 15% do total de resíduos domiciliares e comerciais);

• baixa taxa de rejeitos (5 a 10 %);

• integração das associações ou cooperativas para a venda conjunta e a defesa de interesses comuns;

• setorização da cidade e implementação de um sistema misto e eficiente de coleta;

• apoio logístico às associações e cooperativas de catadores;

• apoio para a consecução de autonomia administrativa e financeira das organizações de catadores.

A autora aponta ainda as correlações entre os aspectos avaliados, ressaltando que o investimento na profissionalização dos catadores promove o aumento da produtividade e da renda.
ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DA COLETA SELETIVA
ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DA COLETA SELETIVA COM INCLUSÃO SOCIAL

A inclusão de catadores autônomos no programa evita a concorrência entre grupos e permite maior controle por parte do poder público. O contato direto do catador com a população na coleta porta a porta resulta na melhoria da qualidade do material coletado, com redução da taxa de rejeitos e consequente aumento no valor de mercado dos materiais. A apresentação dos catadores pelo setor público para a população é fundamental para vencer barreiras de preconceito. A baixa taxa de rejeitos indica maior eficiência na separação dos materiais pela população, que segue as orientações repassadas pelo catador. A comercialização conjunta dos materiais recicláveis eleva os valores de venda dos materiais.

Além disso, destaca o sistema misto de coleta como condição determinante para a redução dos custos da coleta seletiva. Em municípios onde há o sistema misto de coleta já se registrou custo mais baixo do que a coleta convencional. Nesse sistema, o material coletado pelos catadores é acumulado em pontos estratégicos, definidos em conjunto com a prefeitura, que faz o transporte dos materiais acumulados nos pontos de cada setor até a unidade de triagem de cada associação ou cooperativa. A descentralização das unidades de triagem e a coleta pela prefeitura apenas nos pontos de acúmulo de recicláveis contribuem para redução das distâncias percorridas no transporte pelo setor público e consequentemente diminuíram o custo da coleta seletiva.

Assim, é importante acompanhar o desempenho de um programa de coleta seletiva, para garantir a melhoria contínua dos resultados.

COLETA SELETIVA EM EMPRESAS E INSTITUIÇÕES

ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DA COLETA SELETIVA COM INCLUSÃO SOCIAL
ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DA COLETA SELETIVA COM INCLUSÃO SOCIAL

Com o uso cada vez maior da informática como ferramenta de trabalho em empresas e instituições, poderia se esperar que houvesse uma redução do uso (e desperdício) do papel. Entretanto, o que se observa é exatamente o contrário. Há um excesso na impressão de documentos antes de sua revisão e também de cópias em fotocopiadoras, o que tem aumentado o consumo de papel em escritórios. Esse é apenas um exemplo da geração crescente de materiais recicláveis nos locais de trabalho.

A implantação da coleta seletiva em empresas e instituições propicia a revisão de hábitos de desperdício e viabiliza a separação dos recicláveis para os catadores. A doação dos materiais para organizações de catadores por grandes geradores de recicláveis é um fator determinante para a sustentabilidade dessas organizações, dada a garantia do fornecimento dos materiais, possibilitando o aumento da renda auferida pelos trabalhadores a ela associados.

Vale aqui destacar que os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta devem, desde 25 de outubro de 2006, implantar a coleta seletiva em atendimento ao Decreto Federal nº 5.940/06, que institui a separação dos resíduos recicláveis descartados por essas instituições, determinando que sejam destinados para associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis.
De forma análoga, alguns estados também têm legislação específica sobre o tema. Em Minas Gerais, a Lei Estadual 16.689 institui a obrigatoriedade de implantação de programas de coleta seletiva no âmbito da administração pública estadual. A sua implementação vem ocorrendo no âmbito do Programa Ambientação, coordenado pela Secretaria deEstado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SEMAD.

As atividades para a implantação da coleta seletiva em empresas e instituições públicas ou privadas, análogas às atividades para implantação da coleta seletiva em municípios, são resumidamente descritas a seguir, a partir do “passo a passo” definido para orientar as instituições federais no cumprimento do Decreto Federal 5.940/06 (www.coletasolidaria.gov.br).

Fonte do texto: crea-mg.org.br

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