CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS
Conhecer o lixo é o ponto de partida para
planejar a coleta seletiva. É necessário saber a quantidade de lixo gerada na
cidade, quais materiais aparecem em sua composição, em que percentual ocorrem e
em quais setores são significativos.
A partir dessa informação é possível
identificar os setores prioritários para a implantação da coleta seletiva
(regiões com maior geração de recicláveis) e definir as dimensões das instalações
e equipamentos necessários.
As características do lixo
variam em função de aspectos sociais, econômicos, culturais, geográficos e
climáticos. Dependem, portanto, do poder aquisitivo, dos hábitos e do nível
educacional da população. Assim, além de variar de município para município, o
perfil ou a composição dos resíduos também pode variar em diferentes pontos
dentro de um mesmo município. E essas informações são importantes para planejar
a implantação da coleta seletiva dos recicláveis, já que a coleta deve ser
dimensionada em função da quantidade de recicláveis gerados. O processo de
análise dos resíduos para conhecer as suas características é chamado
caracterização dos resíduos.
Para a caracterização dos resíduos, é necessário estudar as condições da
zona urbana e pesquisar dados referentes ao sistema de limpeza pública, como
número de setores de coleta convencional, freqüência da coleta, características
sócio econômica dos setores/ bairros de coleta e quantidade de resíduos gerada.
Não são incluídos, no trabalho
de caracterização, os resíduos provenientes da varrição e da capina de vias
públicas. A caracterização refere-se aos resíduos sólidos domiciliares e
comerciais com características domiciliares.
Em cidades de porte bem
pequeno, a caracterização pode ser feita por meio da análise de todos os
resíduos gerados. Já nas cidades maiores, esse procedimento é quase impossível.
Nesse caso, a alternativa é realizar uma amostragem ou seja, a coleta dos resíduos
em áreas menores que representem regiões com características específicas, como
as principais atividades desenvolvidas, nível social, densidade de ocupação e
outras. Feita a análise dos resíduos, são determinados o índice per capita, que
é a quantidade média de resíduo gerada por habitante em um dia, e a sua
composição gravimétrica (percentual de cada componente do lixo — orgânico, reciclável
e rejeito —, podendo ainda ser subdividido por tipos de recicláveis: papel,
metal, plástico, vidro e outras subdivisões que se fizerem necessárias).
A amostragem deve ser
realizada num período mínimo de uma semana, de forma a abranger as eventuais
flutuações na quantidade e composição do lixo gerado. A semana da amostragem deve
ser considerada típica ou comum, evitando possíveis distorções motivadas pela
realização de eventos (festas, feriados ou comemorações públicas) ou por
oscilações do poder de compra da população de baixa renda no intervalo mensal.
Preferencialmente, as amostras devem ser coletadas de segunda a domingo. Em
cidades turísticas, a coleta de amostras não deve ser feita em períodos de
férias escolares ou de feriados, a não ser que se queira determinar a
influência da sazonalidade sobre a geração de lixo na cidade.
Para a amostragem, os setores
de coleta são agrupados em função da densidade populacional e do poder
aquisitivo, incorporando o conhecimento dos engenheiros e técnicos da
prefeitura e até dos catadores, que muitas vezes sabem diferenciar melhor as
regiões. Geralmente os setores são separados da seguinte forma:
• centro comercial;
• bairros predominantemente
residenciais, de classe média alta e
• bairros de classe baixa.
A coleta das amostras é feita,
de preferência, em caminhão aberto, tipo basculante ou carroceria, que circula
pelos roteiros definidos em função da divisão por setores ou bairros, antes da
passagem do veículo coletor convencional, podendo ser feita pelos próprios
coletores da coleta domiciliar, em turnos alternados, ou ainda pelos catadores.
Cada amostra deverá conter cerca de 6 m3 de resíduos não compactados (lixo
solto).
No trabalho de caracterização,
deve-se incentivar a participação dos diversos representantes do Grupo Gestor,
inclusive dos catadores, com o cuidado de serem explicados todo o processo, as fases
e os objetivos.
Para
a caracterização dos resíduos em cidades de médio porte os procedimentos são
estes:
•. Escolher, de acordo com o
objetivo que se pretende alcançar, a lista dos componentes que se quer
determinar, como por exemplo: matéria orgânica (restos de alimento e restos de
podas), papel/papelão, plásticos (moles, duros e PET), metais (ferrosos, não
ferrosos e alumínio), vidros, trapos etc;
•. Coletar amostras de
aproximadamente 6 m³ de resíduos, a partir de lixo não compactado (lixo solto);
•. Pesar o caminhão vazio
imediatamente antes de se iniciar o recolhimento das amostras, sem qualquer
carga e, inclusive, sem o motorista e os ajudantes.
•. Pesar o caminhão cheio logo
após o recolhimento das amostras, sem o motorista e os ajudantes;
• Descarregar a amostra no
local onde se processará a triagem dos materiais – preferencialmente em galpão,
sobre uma lona plástica “tipo terreiro” evitando o rompimento dos sacos de
lixo;
•. Revolver toda a amostra sem
o rompimento dos sacos de lixo;
•. Quartear a amostra e
selecionar dois quartis opostos (1 e 4 ou 2 e 3), sendo os outros dois descartados;
•. Repetir o procedimento
obtendo-se um volume de, aproximadamente, 1,5m³;
•. Dispor os resíduos
coletados sobre uma lona.
•. Este material constitui a amostra,
a ser utilizada para a análise da composição física dos resíduos.
•. Utilizar esses passos para
cada setor.
•. Separar o lixo por cada um
dos componentes desejados;
•. Classificar como outros
quaisquer materiais encontrados que não se enquadre na listagem de componentes
pré-selecionada;
•. Pesar os materiais
separadamente por tipo de componente;
•. Os resultados devem ser
anotados em um formulário próprio;
•. Dividir o peso de cada
componente pelo peso total da amostra e calcular a composição gravimétrica em
termos percentuais;
•. Dispor os materiais
pesados, bem como os já descartados quando do quarteamento, em caçamba ou no
veículo que deverá levar os mesmos para a destinação final existente no município.
Em cidades de até cerca de 10
mil habitantes, usam-se todos os resíduos da cidade para fazer o quarteamento.
Em cidades de até cerca de 2 mil habitantes, não é necessário fazer o
quarteamento, podendo todos os resíduos ser utilizados para a caracterização
.
Equipamentos, materiais,
mão-de-obra e instalações necessários à caracterização dos resíduos, em cidades
de porte médio (100 mil habitantes), devendo ficar disponíveis por uma semana:
• 01 caminhões aberto e lona
para recobrimento da carga, capacidade volumétrica de 6m3, com motorista;
• 01 veículos leve para
passageiros, com motorista;
• 04 lonas plásticas
resistentes, dimensões mínimas 6 x 6m (36m2);
• 02 pás quadradas, 02 enxadas
largas, 02 gadanhos;
• 06 máscaras tipo filtro,
para nariz e boca; 06 pares de luvas de raspa, cano longo;
• 16 tambores, capacidade de
100 a 200 litros cada, com tara definida e devidamente identificado por tipo de
material;
• balança rodoviária,
capacidade mínima de 30 toneladas, se for possível;
• balança de plataforma,
capacidade de 200 kg, precisão 100 g;
• 01 técnicos de nível médio
(ou encarregado de serviço, com escolaridade mínima equivalente ao primeiro
grau completo), como coordenador da equipe de campo, especialmente treinado;
• 01 técnicos de nível médio
ou superior, para levantamento de dados populacionais e caracterização sócio-econômica
das áreas pesquisadas, especialmente treinado;
• 06 funcionários, para
recolhimento e manejo das amostras, a serem especialmente treinados;
• preferencialmente galpão
coberto, com área livre utilizável > 50 m2;
Características de lixo
jogados na rua de Passos MG – Entulhos junto com resíduos domiciliares
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