30 junho 2020

DIAGNOSTICO GERENCIAL PARA UMA COLETA SELETIVA COM INCLUSÃO SOCIAL – ASPECTOS JURIDICOS, ORGANIZACIONAIS, FINANCEIRO E DE MERCADO



Os aspectos gerenciais dizem respeito a questões jurídicas, financeiras, incluindo o mercado de recicláveis, e administrativas. Abrangem, portanto, o custo da operacionalização do galpão, a disponibilidade ou a captação de recursos financeiros, a legislação existente sobre o tema, as formas como as organizações de catadores estão instituídas, a forma como se relacionam com a prefeitura (convênios, contratos, subsídios), a capacidade de articular parcerias, a existência de entidades de apoio, dentre outros.

Em relação aos aspectos organizacionais dos grupos de catadores, é importante analisar se são constituídos formalmente, com de cooperativa ou de associação, se estão em situação regular, se possuem um estatuto ou regimento interno que estabeleça as regras de convivência e de trabalho e se tiveram capacitação gerencial ou para a prática cooperativista.

A relação entre as organizações de catadores e o poder público é outro ponto que precisa ser analisado, especialmente se há relação formalizada com a prefeitura. Essa relação pode se dar por meio de convênios que estabeleçam algumas diretrizes quanto aos direitos e deveres entre as partes na execução dos programas.

Em geral o embasamento legal das parcerias entre as prefeituras e as organizações de catadores é frágil, o que coloca essas organizações em risco a cada troca de administração.

É necessário levantar as fontes de recursos para a implantação do programa. Se não houver disponibilidade de recursos próprios da prefeitura, devem-se buscar formas de captação de recursos externos. (” ao final desta publicação).





 
Uma informação fundamental a ser levantada refere-se ao mercado dos recicláveis, identificando-se a existência de indústrias de recicláveis no município ou na região, depósitos ou sucateiros locais ou regionais, tipos de materiais comercializados e comercializáveis, valores pagos por tipo de material, etc.

A ampliação do número de itens comercializados favorece a capacidade de comercialização e de geração de renda.

O número de itens comercializados por organizações no estado de São Paulo varia entre 15 e 72, com uma média de 35 itens. No município de São Paulo, observa-se maior homogeneidade, em torno de 32 itens comercializados. (JACOBI et al, 2006). É importante identificar o potencial de venda direta para a indústria, o que representa maiores volumes e melhores preços, mas depende de conseguir escala, o que em geral é possível quando várias organizações se unem em redes de comercialização. Quando a comercialização é feita individualmente, tem prevalecido a venda para depósitos ou sucateiros.

A Cooperativa de Reciclagem e Trabalho dos Catadores da Rede de Economia Solidária da Região Metropolitana de Belo Horizonte – CATAUNIDOS, além de atuar como central de comercialização coletiva, destaca-se também por ter implantado uma Unidade Industrial de Reciclagem de Plástico no município de Belo Horizonte, em funcionamento desde 2007.

A Rede é composta por nove organizações de catadores de recicláveis, sendo liderada pela ASMARE de Belo Horizonte e beneficia mais de 500 catadores na coleta e fornecimento direto da matéria-prima necessária para a operação da fábrica de reciclagem de plástico. Trata-se de uma situação inédita no País o fato de organizações de catadores ascenderem na cadeia produtiva industrial de reciclagem. Usualmente eles estão na base dessa cadeia, coletando os materiais que, em geral, passam por vários intermediários antes de serem comercializados com as indústrias de reciclagem.

A concretização do projeto de uma cooperativa de catadores implantar uma indústria de reciclagem demandou um esforço imenso de articulação de parcerias para a captação de recursos junto a diversas fontes de financiamento nacionais e internacionais, incluindo a prefeitura de Belo Horizonte, que cedeu o terreno para a construção da fábrica. Entretanto, a gestão de uma indústria tem sido muito mais complexa do que se imaginava e os resultados ainda estão longe de corresponderem ao sonho de domínio da cadeia produtiva da reciclagem pelos catadores.

Em 2008, a fábrica opera com sua capacidade mínima, processando 20 t/mês, sendo que sua capacidade total é de 60 t/mês. Emprega poucos trabalhadores e sua produção é suficiente apenas para pagar o custo de seu funcionamento. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES aprovou a liberação de recursos para capital de giro e para implantação de sistema de proteção acústica, o que deverá permitir o funcionamento pleno da fábrica.

A legislação municipal correlata é outro aspecto importante, e deve-se analisá-la cuidadosamente, verificando se há menção quanto à obrigatoriedade de implantação de coleta seletiva em parceria com catadores.

Na experiência de Itajubá – MG, foi sancionada a Lei Municipal n° 2626, de 12 de fevereiro de 2007, que institui, no município, o Projeto Sócio-ambiental de Coleta Seletiva de Produtos Recicláveis. A título de exemplo, o texto dessa lei compõe a publicação deste site com título de 1º PASSO DO ROTEIRO PARA IMPLANTAÇÃO DA COLETA SELETIVA.

Fonte do texto: crea-mg.org.br
Fonte da imagem:sema.df.gov.br 

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