21 maio 2020

GRUPO DE CATADORES ENFRENTA DIFICULDADES E NÃO RECEBE APOIO DA PREFEITURA

PASSOS – Os membros da Cooperativa dos Catadores e Recicladores de Passos (Coocares) sofrem os impactos da atual crise econômica, causada pela pandemia do novo coronavírus. Por conta do isolamento social, as empresas que costumavam comprar os materiais suspenderam suas atividades, o que paralisou o fluxo de vendas.
Além da questão financeira, a estagnação das vendas também ocasionou no acúmulo de resíduos na sede da associação, localizada na travessa Rui Barbosa, 340. O espaço está superlotado e a rede de energia não suporta que as máquinas de processamento e prensa sejam ligadas para iniciar a etapa de reciclagem dos objetos.
GRUPO DE CATADORES ENFRENTA DIFICULDADES E NÃO RECEBE APOIO DA PREFEITURA

GRUPO DE CATADORES ENFRENTA DIFICULDADES E NÃO RECEBE APOIO DA PREFEITURA



O local atende 12 famílias que se encontram em situação de vulnerabilidade econômica e ainda recebe recicláveis de outros catadores locais, sendo que o rendimento financeiro dessas pessoas depende das vendas. O engenheiro civil, Frank Dias Ferreira, auxilia socialmente o trabalho de gestão da Coocares e diz que o grupo precisa de apoio para enfrentar o período de isolamento, tanto para arrecadar recursos, quanto para realizar as vendas e liberar espaço para novas mercadorias.
Ainda, o apoiador da causa pede que a Prefeitura Municipal disponibilize melhores condições de trabalho para os que ajudam na limpeza urbana. “É preciso unir forças para superar essas dificuldades, nossa cidade necessita de uma coleta seletiva pública e de qualidade e os catadores merecem uma assistência para possuir os mesmos direitos que qualquer outro trabalhador”, solicitou.
Quem também apoia a situação da entidade é o promotor de justiça, Antônio José de Oliveira, que reivindica por um espaço maior e gratuito para os recicladores. “Fico pasmo por saber que, até hoje, a prefeitura não oferece nenhum apoio a essa atividade, acho que o mínimo é oferecer um local adequado. O trabalho protege o meio ambiente e diminui o lixo orgânico, e isso é uma economia para o município, por isso é preciso que exista uma sensibilização”, cobrou.
Folha da Manhã entrou em contato com a assessoria de comunicação da prefeitura, que não respondeu sobre o assunto até o fechamento desta edição.
A realidade dos catadores em tempos de pandemia
PASSOS – Em circunstâncias normais, os catadores de resíduos e materiais recicláveis sofrem por conta da exclusão social. Muitas vezes, desassistidos pelos órgãos governamentais, essa população tem sentido intensamente o resultado econômico causado pela pandemia do novo coronavírus.
Na luta diária para conseguir coletar os objetos deixados nas ruas, neste momento, essas pessoas enfrentam algo ainda maior que a exclusão, o medo de acabarem infectadas pela covid-19. Sem assistência da administração municipal e o apoio das empresas que compravam as mercadorias, os catadores não encontram outras formas para conseguir recursos e, muitas vezes, dependem da solidariedade da população.
O presidente da Coocares, Olário Alves Ribeiro, está no comércio de recicláveis há mais de 20 anos e conta que nunca recebeu ajuda do município e, neste momento, tem assumido todos os gastos da associação para ajudar outros trabalhadores. “Uso o dinheiro da minha aposentadoria, que é o meu sustento, para arcar com os gastos do caminhão de coleta, do aluguel, de água e energia; neste período de isolamento, ainda pago a moradia de outros dois catadores e, quando é preciso, compro até remédios”, revelou.
Aos 72 anos, o aposentado declara que não tem mais o que oferecer aos membros da associação e destaca que todos dependem de doações enquanto as vendas estão paralisadas. “Recebemos algumas cestas básicas e já entregamos tudo para as famílias, quando acabar, não temos mais o que oferecer. Tenho medo de que eles acabem passando fome e é por isso que compartilho o meu próprio dinheiro; precisamos de qualquer tipo de contribuição, espero que a população nos ajude”, completou.
Regina Lopes de Lima é a vice-presidente da entidade e trabalha no setor há quase cinco anos, com a coleta e triagem dos materiais. “Nossa renda vem daqui e agora não conseguimos vender mais nada, o auxílio emergencial não foi liberado porque ainda está em análise e então, sobrevivemos com a ajuda de quem tem um bom coração. Em relação a prefeitura, não recebemos nenhum tipo de assistência e, por incrível que pareça, somos cobrados até pelo estacionamento do caminhão de coleta”, enfatizou.
Os que quiserem fazer algum tipo de doação ao grupo, podem ir até o endereço já mencionado na matéria ou entrar em contato pelos telefones  e (35) 9 9713-5196.
Fonte: Clic folha

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