04 agosto 2016

RECICLAGEM NO CANTEIRO DE OBRA

Reciclagem no Canteiro de Obras

A reciclagem no canteiro de obras, com responsabilidade ambiental e redução de custo, é uma alternativa para a minimização de resíduos (PINTO, 2000). Há várias pesquisas brasileiras revelando a perda de materiais em processos construtivos, como cimento, cal, areia, concreto, argamassa, ferro, componentes de vedação e madeira.

RECICLAGEM NO CANTEIRO DE OBRA
RECICLAGEM NO CANTEIRO DE OBRA

Geralmente, os resíduos no canteiro de obra são gerados por quebras de produtos e ruptura de embalagens durante descargas, armazenagem e transporte; quebras durante execução de serviços, por falta de planejamento durante a modulação da obra; quebras em serviços já executados, em função de erros de execução e projeto; e perdas de materiais, por falta de capacitação de mão-de-obra e de gestão na operacionalização das atividades do canteiro de obra.

A composição dos resíduos varia de acordo com a fase e o tipo da obra; normalmente, os resíduos recicláveis são compostos de areias (7,1%), pedras (11,5%), argamassas (29,15%), vítreos (3,34%), cerâmicas (32,14%) e metais (1,76%) (GRIGOLI, 2001a; GRIGOLI, 2001b).

Pinto (1999) chama a atenção sobre a responsabilidade social em relação aos resíduos gerados no ambiente urbano, no qual o setor da construção exerce suas atividades e realiza seus negócios. Propõe a gestão dos RCD nos próprios canteiros de obras, pois seria uma forma adequada para cumprir essa responsabilidade, já que, ao confinar a maioria dos resíduos no seu local de origem, evitaria a remoção dos resíduos para fora do canteiro. O projeto do canteiro de obras deverá ser considerado um instrumento fundamental para o gerenciamento da obra, designando áreas de segregação e processamento que possibilitem a valorização dos resíduos gerados. Elas seriam projetadas utilizando materiais como portões antigos, grades, portas e chapas diversas, com dimensões que permitiriam acumulação e manejo interno para análise de parcelas reutilizáveis. Pinto (2000) apresenta uma sugestão de organização em baias para a valorização de resíduos no canteiro de obras (Tabela 1).

Tabela 1 -  Proposta de organização em baias para valorização de resíduos no canteiro de obra (PINTO, 2000)



Baias de resíduos
Descrição
Destinação
Material e componentes
reutilizáveis
Tijolo, bloco e componentes
diversos
Madeira, metal e plásticos
reutilizáveis
Reutilização em etapas Posteriores
Deslocamento para outros
Canteiros
Argamassa, alvenaria e concreto
Resíduo mineral, incluindo sobras
de areia, pedra e resíduo cerâmico
Trituração e reutilização como
agregado
Madeira
Retalhos inúteis
Classificação por contaminação
e deslocamento para novos
consumidores
Metal
Retalhos inúteis
Classificação e deslocamento
para novos consumidores
(coletor, sucateiro ou
processador)
Plástico, vidro e papel
Embalagens e retalhos inúteis
Classificação e deslocamento
para novos consumidores
(coletor, sucateiro ou
processador)
Solo
Solo limpo
Reutilização do solo orgânico
no paisagismo
Resíduo perigoso
Produto inflamável, químico,
bateria e lâmpada
Remoção adequada
Rejeito
Gesso, gesso acartonado, concreto
celular e solo contaminado
Remoção para bota-fora ou
outro tipo de destinação
Formatação da tabela - FRANK E SUSTENTABILIDADE

RECICLAGEM NO CANTEIRO DE OBRA
RECICLAGEM NO CANTEIRO DE OBRA

Para as frações minerais (argamassas e concreto, componentes de vedação e revestimentos), as baias devem possuir dimensões mais amplas, tanto pela elevada geração desses resíduos como pela necessidade de processá-los. Para a reciclagem dessas frações minerais, é sugerido o uso de equipamentos simples: masseira-moinho, britador de mandíbulas, moinhos de martelos e moedor de caliça. Podem ser utilizados equipamentos maiores, alternando-se as características de produção, até mesmo com a mecanização do transporte dos materiais. As características desses equipamentos e o custo aproximado (Tabela 2) tornam-se viáveis ao considerar-se as questões ambientais e sociais já discutidas.

Para a minimização do resíduo gerado em um canteiro de obra, é preciso que os processos construtivos conduzam as diversas etapas do cronograma físico de forma sincronizada, evitando a ocorrência de desperdício incorporado ou desperdício de materiais pelo manuseio ou quebras, impondo-se que se refaçam serviços já executados (GRIGOLI, 2001a; GRIGOLI, 2001b).

Tabela 2 − Características dos equipamentos para reciclagem em canteiros de obras (PINTO, 2000).
Equipamento
Massadeira-moinho
Britador de
Mandíbulas
Moinho martelos
Moedor de caliça
Funcionamento
Trituração a úmido
por ação de rolos
Trituração por
compressão de
mandíbulas
Trituração por
Impacto de martelos
giratórios
Trituração por
mandíbulas e ação
de rolos
laminadores
Produto gerado
Agregados miúdos
para uso como
argamassa
Agregados miúdos e
graúdos
Agregados miúdos e
graúdos
Agregados miúdos e
graúdos
classificados
Dimensão da boca
180 cm de
diâmetro
30 por 20
33 por 10
180 mm de
diâmetro
Capacidade de
produção
M³/h
2,0
2,0 a 3,0
1,4 a 1,8
0,5 a 1,0
Motorização adotado
CV
7,5
15
15
3,0
Peso do equipamento
(Kg)
2.500
1.850
520
280
Altura de alimentação
(M)
120
120
140
140
Preço aproximado
(U$ 1,00= R$ 1,90)
16.000
11.000
9.000
4.500
 Formatação da tabela - FRANK E SUSTENTABILIDADE

 Entre as possíveis atividades que podem ser executadas com materiais recicláveis de um canteiro de obras, contam-se: aterramento de valetas e reconstituição de terreno; drenos; execução de estacas ou sapatas para muros com pequenas cargas; lastro e contra - piso em áreas comuns externas e passeio público; contra - piso e piso de automóveis, em ambientes internos às unidades habitacionais, em enchimento em casa de máquinas e áreas comuns internas; sistemas de drenagem em estacionamentos, poço de elevadores e floreiras; vergas e pequenas colunas de concreto com baixa solicitação; assentamento de blocos e tijolos; enchimentos em geral em alvenarias, correção de lajes desniveladas e escadarias; chumbamentos de batentes, contra marcos e esquadrias; chumbamentos das instalações elétricas, hidráulicas e de telefonia; e revestimentos internos e externos em alvenaria (GRIGOLI, 2001a; GRIGOLI, 2001b).
Fonte do texto:.ietsp.com.br/ UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS/Nelma Almeida Cunha