26 agosto 2016

PESQUISA REALIZADA EM USINA DE RECICLAGEM DE RCD DA CONSTRUÇÃO CIVIL DENOMINADA USINA DE RECICLAGEM B

Usina de Reciclagem: B

A investigação nessa usina desenvolveu-se em duas etapas, no segundo semestre de 2004.

Na primeira, os dados foram coletados no departamento de limpeza pública do município; na segunda, a coleta de dados foi realizada na usina de reciclagem. As etapas foram cumpridas por meio de entrevistas e complementadas com consultas à legislação e normas técnicas.

USINA DE RECICLAGEM: B
USINA DE RECICLAGEM: B


Primeira Etapa: entrevista no departamento de limpeza pública municipal

A investigação consistiu de uma entrevista concedida pelo engenheiro coordenador do departamento de limpeza, experiente em tratamentos de resíduos sólidos e especialista em RCD, nomeado entrevistado B1. O pesquisador orientou-se pelo roteiro de entrevista (Apêndice A) que permitiu abordar aspectos referentes à gestão dos RCD, possibilitando a construção dos tópicos apresentados a seguir.

a) Política municipal da cidade em relação à gestão de resíduos da construção em 2002, o departamento de limpeza iniciou uma parceria envolvendo o poder público, a prefeitura e a iniciativa privada, com o objetivo de traçar uma nova política pública de gestão sustentável de entulho, visando ao consumo dos agregados reciclados pelo município e à criação de áreas para recebimento e tratamento do RCD. Trata-se de áreas privadas de transbordo e triagem, denominadas ATT, e de áreas públicas para a recepção gratuita de pequenos volumes, denominadas Eco pontos. Segundo o entrevistado, o sucesso dessa nova política está na capacidade de cada agente envolvido assumir sua responsabilidade.

[..] ATT são iniciais de Área de Transbordo e Triagem de entulho, é um equipamento, que pode ser público ou privado, que foi reconhecido e está sendo incentivado através do decreto 42.217 de 2002, então esses transbordos, na verdade são ATTs públicas, mas são ATTs públicas que são oferecidas única e exclusivamente aos caçambeiros cadastrados e gratuitamente. O outro objetivo dessa licitação é acabar com essas ATTs públicas com desenho que hoje existe ao redor dela que é o seguinte:
Se pensa corretamente que é melhor oferecer uma área pública, uma espécie de cenoura para atrair burrico, para esses caçambeiros cadastrados do que tirar o entulho da rua, de fato isso é verdadeiro porque isso é eficiente. Eficiente no sentido que o limite de recebimento, contratual de recebimento dos transbordos que é 1.250 toneladas dias cada um, em meio de uma hora já ta completo, ou seja, até inferior a demanda existente [ENTREVISTADO B1].

Essa política municipal oferece oportunidade de novos negócios, com o aproveitamento dos resíduos das atividades construtivas, e a reciclagem deverá ficar a cargo da iniciativa privada.

Assim, cabe à prefeitura garantir os meios necessários para o desenvolvimento desse novo
mercado, por meio de legislação que regulamente procedimentos técnicos e normas.
Desde 2001, o município vem implantando o Plano de Gestão Sustentável, tendo como meta assumir a gestão sustentável, realizando ações como o descarte correto do RCD, a organização de atores e fluxos e o incentivo da redução de resíduos pela reciclagem. Nesse sentido, foram traçadas as seguintes diretrizes:

  • ·         Facilitar o descarte de resíduos da construção civil e volumosos, por meio de Rede de Estações de Entrega Voluntária de Materiais Inservíveis, existentes em pequenas áreas livres do município. Essas áreas públicas recebem reduzidas quantidades provenientes de RCD de pequenas obras. São pontos de entrega de pequenos volumes (até 1 metro cúbico por dia para cada pessoa) que estão sob a responsabilidade do serviço público de coleta−os Eco pontos. A prefeitura permite os descartes dos resíduos da construção classe A, podas e material reciclável, mas não são aceitos material orgânico domiciliar, resíduos de serviço de saúde e lixo industrial.

  • ·         Disciplinar atores e fluxos de resíduos, utilizando-se de instrumentos legais: leis que obrigam o licenciamento de empresas transportadoras de entulho e a correta utilização de caçambas em vias públicas; leis que dispõem sobre a responsabilidade do gerador e transportador do entulho por sua destinação; e leis sobre procedimentos de licenciamento e operação de áreas privadas de transbordo e triagem de resíduos da construção.

  •  ·         Reaproveitar o entulho pelas ações realizadas pelo município na produção de agregados reciclados. A prefeitura está aplicando esse agregado baseada em normas técnicas para uso do reciclado em pavimentação, utilizando o poder de compra municipal para estimular e fomentar o uso do reciclado.

       Como exemplo de ação municipal que vem sendo praticada, destacam-se dois fatos: o cadastramento obrigatório dos caçambeiros e as providências para incentivo à criação de ATT, por meio de licitação, que tem como objetivo eliminar o formato das ATT públicas atuais.

O problema que, com a existência dessas ATTs públicas, elas não incentivam as ATTs privadas. Existem ATTs privadas hoje em funcionamento, mas como o poder público não cobra nada para receber o entulho, a privada não tem como concorrer. É por essa razão que está previsto na licitação dos três novos aterros que os caçambeiros eles poderão usar também esses novos aterros. Mas, ao contrário do que ocorre hoje, eles vão negociar diretamente com o operador desses aterros.
O operador do aterro que vai receber o entulho proveniente da coleta que foi depositada irregularmente em áreas de domínio público, o operador vai poder receber entulho privado também só que o transportado vai negociar e vai pagar diretamente para seu operador. A prefeitura não será intermediaria, e não vai subsidiar essa atividade. Não tem sentido subsidiar essa atividade, porque já tá provado que existe interesse econômico para se levantar isso daí. [ENTREVISTADO B1].

Apesar de todas as iniciativas realizadas, o município ainda não tem uma política pública consolidada na forma da lei:

[...] já existe um esboço que são 12 volumes de diagnósticos e preposições consolidadas na forma de lei. Afinal foram 12 anos de ausência de Política Pública de Gestão Lixo. Pretende-se que isto seja consolidado em forma de lei, esperando chegar até dezembro com uma política pública. Sabe-se o que fazer, já estamos implantando, queremos fazer um código juntar tudo que estão esparsas ATT, responsabilização de gerador de outro lado, decreto de caçamba [...] [ENTREVISTADO B1].

Existe a preocupação da prefeitura em fazer a integração legal e política da comunidade.

É necessário introduzir na rotina das pessoas, como esclarecer dúvidas sobre os Eco-pontos. É uma cadeia de responsabilidade onde o gerador contrata o caçambeiro este entrega uma via de Comprovação de Transporte de Resíduos, a segunda via fica com transportador e a terceira é encaminhada ao operador da área de destinação do entulho. [ENTREVISTADO B1].

E mais:

[...] o objetivo fundamental é introduzir nas rotinas das pessoas esses conceitos. A prefeitura [...] dá as informações básicas sobre Eco-pontos e ATTs e qual é o papel do cidadão? [...] simplesmente contratar [ENTREVISTADO B1].

De forma geral, no município onde está situada a usina B, podem-se citar duas ações importantes com o intuito de fomentar o mercado da reciclagem: a da Caixa Econômica Federal (CEF) e da empresa Eucatex. Em 2002, a CEF lançou financiamento para municípios e entes privados com interesse em comprar equipamentos para reciclagem de resíduos da construção. A Eucatex desenvolveu um projeto para utilização do resíduo proveniente da madeira usada na construção, aplicando-o na geração de energia, pois a madeira corresponde a um volume de 10% do material que é depositado em uma caçamba, o equivalente a 4.000 m3 /dia no município.

b) Parceiros para implementação da política pública

Podem-se distinguir dois tipos de parcerias: as institucionais e as privadas. As parcerias institucionais são constituídas pelos municípios, Estados e União. Os municípios praticam a parceria quando oferecem à população a deposição regular e adequada do entulho; o Estado, quando identifica o problema de má gestão, pela fiscalização, e toma providências elaborando normas técnicas; a União pratica a parceria ao elaborar uma política nacional para entulho, a exemplo da resolução do Conama.

Os parceiros privados são lojas de materiais de construção, que divulgam o programa do Eco-ponto, já que os geradores de entulho são aqueles que compram material de construção. E os sindicatos ligados ao setor de construção civil divulgam a seus associados a responsabilidade de cada um na cadeia produtiva.

 Segunda etapa: visita à Usina B

No momento da visita à usina, o equipamento de reciclagem estava em manutenção; assim, não foi possível observar a recicladora operando. Estavam em exposição, porém, os estoques de matéria-prima e os reciclados produzidos pela usina, bem como o acesso a toda área da recicladora. Esse fato permitiu a investigação, que foi monitorada por um engenheiro especializado em resíduos sólidos denominado entrevistado B2.

Os tópicos apresentados adiante seguem a estrutura do roteiro das entrevistas das usinas de reciclagem (Apêndice A) e foram elaborados a partir de dados coletados na visita à usina e complementados por dados fornecidos pelo entrevistado B1.

a) Dados gerais

Essa usina de reciclagem está situada em uma zona urbana, como pode ser observado na (Figura); em seu entorno encontram-se as residências populares do bairro. Trata-se de uma antiga pedreira (Figura), pertencente a uma família, cuja área sofre reconformação topográfica pelo preenchimento da cava com resíduos inertes. Foram utilizados estudos ambientais, com monitoramento geotécnico, da qualidade das águas subterrâneas, nos quais concluiu-se que o potencial poluidor é mínimo, ou seja, a possibilidade de causar poluição é mínima. A área funciona como aterro, e nela os RCD são lançados e compactados, ampliando a vida útil do aterro. A Figura mostra a cava da pedreira aterrada com os resíduos classe A das atividades construtivas.

Era uma pedreira antiga. Essa pedreira eles tomam a área e costuma ser reaproveitada. Então tão aterrando a área todinha, enorme, desde 23 de outubro de 99 começou. [ENTREVISTADO B2].

Considerada uma usina de grande porte, suas instalações (equipamentos e maquinários) são móveis, podem ser desmontadas e transportadas para outra localidade (Figura). A área de ocupação é extensa e isso possibilita o uso de vários pátios para estocagem e armazenamento de material, conforme ilustração da (Figura). A usina recebe, diariamente, grande quantidade de RCD, e sua capacidade de recebimento de resíduos está em torno de 900 toneladas por dia.

As Figuras apresentam a disposição dos equipamentos e máquinas da usina B (layout), em que: AS FIGURAS SÃO ADAPTADAS AS DA FONTE ORIGINAL

1. Portaria com segurança: entrada e saídas de veículos

Portaria com segurança: entrada e saídas de veículos
Portaria com segurança: entrada e saídas de veículos

2. Inspeção e identificação da matéria-prima

Inspeção e identificação da matéria-prima
Inspeção e identificação da matéria-prima



3. Administração

Administração
Administração

4. Aterro: RCD encaminhados a cava

Aterro: RCD encaminhados a cava
Aterro: RCD encaminhados a cava

5. Pátio superior: descarga
Pátio superior: descarga
Pátio superior: descarga

6. Acesso coberto para o alimentador

7. Alimentador vibratório
Alimentador vibratório coberto
Alimentador vibratório coberto


8. Britador de impacto
Britador de impacto
Britador de impacto


9. Peneira em manutenção
 9. Peneira em manutenção

Peneira em manutenção

10. Transportadores de correia em manutenção
Transportadores de correia em manutenção
Transportadores de correia em manutenção

11. Estoque dos agregados reciclados
Estoque dos agregados reciclados
Estoque dos agregados reciclados

12. Cabine de comando: monitoramento do conjunto

Cabine de comando: monitoramento do conjunto
Cabine de comando: monitoramento do conjunto





b) Aspectos legais e efeitos da gestão municipal

A usina é administrada pelo município e foi reformada pela gestão atual (2002), a partir da decisão de não mais produzir asfalto, desativar a instalação responsável por esse serviço e terceirizá-lo. O depoimento do departamento de limpeza, a respeito dos equipamentos, apresentado a seguir, ilustra esse importante fato.

A história recente dela dentro da prefeitura é a seguinte: esse equipamento pertencia a uma outra secretaria chamada secretaria da subprefeitura. Dentro dessa secretaria existia uma superintendência que se chamava usina de asfalto, eles originalmente foram responsáveis pela aquisição deste equipamento [...] na gestão passada se tinha o objetivo de usar este material como sub-base de pavimentação, quem produzia os asfaltos eram as usinas de asfalto. Então, nada mais natural que eles operassem esse equipamento. Em 2002 uma nova diretriz foi estabelecida para o asfalto, isso determinou que todo esse processo de fabricação de asfalto ia ser fechado dentro da prefeitura, ia ser terceirizado. Teria que comprar asfalto em vez de produzir o asfalto. Isso significou o abandono desse equipamento por parte dessa superintendência da usina de asfalto. Eles falaram: não queremos mais porque, já que não vamos produzir asfalto, por que agente vai ficar quebrando a cabeça para operar esses equipamentos? [...] (isso na gestão atual).
Como a secretaria de obras, ela já tinha implantado plano de gestão sustentável de entulho, dentro desse plano, a reciclagem, o incentivo a reciclagem de entulho era muito importante. É uma das diretrizes do plano, e como equipamento ele tem que está operando para servir de vitrine e para que a iniciativa privada veja e se interesse, então nós falamos, a secretaria de obras disse: querermos manter esse equipamento funcionando. Até 2002 esse equipamento tinha um suporte contratual, a Nortear, Arthur Bernardo, um dos diretores, ele por meio de uma ata de registro de preços, operavam esse equipamento através da secretaria da subprefeitura. Em dezembro de 2002 acabou esse contrato e não foi renovado porque eles estavam passando esse equipamento para secretaria de obras. Isso significou que em 2003 e até hoje esse equipamento vem sendo operado precariamente pela prefeitura, com mão-de-obra direta sem nenhum suporte contratual, de forma precária, ou seja, quebrou uma bateria tem que comprar a bateria enquanto não compra a bateria, que é um processo demorado, você não tem como fazer esse equipamento funcionar. Acabou graxa tem que pedir emprestado para alguma subprefeitura, pá carregadeira tem que negociar, então durante 2003 e 2004 esse equipamento operou de uma forma muito precária. Inclusive até hoje, com a perspectiva de ter um contrato dando suporte a ele para operar de acordo, esse contrato ele está previsto em uma licitação que está em andamento, ora suspensa, suspensa por questão de contas, mas não cancelada, de contratação de três novos aterros situados na cidade. Um desses aterros ele vai, além de operar o aterro vai operar a recicladora. [ENTREVISTADO B1].

c) Matéria-prima

A cidade onde está situada a usina possui estações de transbordos que recebem os RCD, encaminhados pelos geradores, por meio de caçambas. Esse material passa por segregação e os rejeitos são encaminhados para um aterro sanitário. O material que não for considerado rejeito é transportado até a área da antiga pedreira, onde está localizada a recicladora. Ao chegar a essa área, se tiver potencial para ser reciclado, o material será destinado à usina, caso contrário, será conduzido até a cava.

Existem duas estações de transporte uma na região oeste e outro na região sul. Nestas estações só descarregam caçambinhas de caixas de entulho, não descarregam caminhões. Nestas estações existem uns serviços de separação de material, o que não é entulho chamamos de rejeito. O rejeito da estação ele é encaminhado para aterros sanitários ou Bandeirantes ou São José, dois aterros na cidade. E o entulho vem em caminhões como você acabou de ver, aqueles caminhões grandes trazendo para cá. Este caminhão que a gente está vendo aqui é da regional caminhão coletado da prefeitura.
É o fluxo da caçamba particular, a caçamba pode ir pelas estações de transbordo ou vem para cá direto. Pode ser descarregado aqui e também na caçamba.
A caçamba, se ela tem um material bom, para a recicladora ela não é pesada, o material vai direto para a recicladora, e se o material é ruim ele vai para o aterro, aí é pesado, o material que vem das estações de transbordo, ele pode ser ou não pesado aqui, ou ser pesado na própria estação de transbordo. Aí é criado um protocolo que passa na balança só pra checar o protocolo. Existe também um material, que vem, que é coletado pela prefeitura nos contratos de limpeza pública o entulho limpo. O entulho limpo, entulho da coleta mecanizada vem pra cá, esse também é um deles [ENTREVISTADO B2].

Os caminhões carregados de resíduos, ao chegarem à usina, apresentam documentação e recebem orientação para descarga. Os resíduos são provenientes não só de estações de transbordo, mas também de obras públicas, como demolição de calçadas, sarjetas e praças. Ao serem liberados para a recicladora, os resíduos são despejados no pátio de descarga; em seguida, passam por uma inspeção visual. Depois de limpos, dá-se início ao processo de reciclagem.

Coleta mecanizada de entulho, é despejado na rua a prefeitura tem que limpar, então vai uma máquina [...] mas é uma máquina que pega o entulho, põem dentro do caminhão e é trazido pra cá. Mas é um entulho limpo, o entulho sujo é o da coleta manual esse vai para aterro sanitário, a mecanizada vem pra cá [ENTREVISTADO B2].
estoques da matéria-prima
estoques da matéria-prima

Observou-se nos estoques (Figura) que, na composição da matéria-prima, predomina o concreto, com presença mínima de material cerâmico.
Você vai ver a montanha ali, você vê pouca coloração ou material cerâmico[ENTREVISTADO B2].

d) Processo de reciclagem

As etapas do processo de produção apresentadas nesse tópico foram relatadas pelo entrevistado B2, pois, como já mencionado, a usina estava em manutenção.
Existe um pátio superior onde se localiza o estoque da matéria-prima e a alimentação do britador (Figura)

Era uma pedreira. O material é descarregado no pátio superior, onde é feita a alimentação da máquina. [ENTREVISTADO B2].

A matéria-prima é transportada pela pá carregadeira até o alimentador vibratório, que a deposita na câmara de britagem, transformando-a em fragmentos. Na sequência, esses fragmentos passam por separadores magnéticos e são conduzidos pelos transportadores de correias para a produção de “bica-corrida” ou para a etapa de peneiramento, produzindo agregados reciclados em diversas granulometrias.

[...] E o material, como eu falei para você, é descarregado no pátio superior. É colocado no chão movediço que encaminha o material para dentro do triturador especificamente, que é um triturador de martelo, o material triturado cai naquela peneira [...] Mas acho que estão fazendo só material que nós aqui no Brasil chamamos de bica-corrida é uma material com granulometria variada. Mas a gente procura evitar material mais fraco como alvenaria, bloco de concreto sim, mas alvenaria de cerâmica evita-se colocar. Você vai ver a montanha ali, você vê pouca coloração ou material cerâmico. O material decerto está saindo em granulometria única. Agora essas esteiras elas podem ser desviadas para cá e cair nesse grupo de peneiramento onde você pode ter material maior, equivalente a pedra quatro quase um rachão
 [...] Aquela caçamba tem um eletroímã para separa metal, material de construção. Se você não mexer nada, é o que chamamos de bica corrida, o material misturado, pouco maior, não tem uma granulometria definida, bem misturado é um material bom pra pavimento, para camada final de pavimentação. [...] tem uma tela estocada para carregar [...] Esta última esteira, final aqui, pode ser desviada para o grupo de peneiramento ou não, ela pode ficar como está ali, você tem o material como falei de granulometria variada que é bom pra pavimentar rua de terra, pra você fazer um reforço em cima de uma camada [...] em ruas distantes em zonas quase que rural, ou mesmo até para usar como base de pavimentação. [...] Houve um peneiramento, foi feito peneiramento de material de granulometria maior que é aquele. Aqui você tem material de granulometria menor, mas já definido similar a um pedrisco. [...] É no peneiramento que esse material cerâmico mais fino você consegue separar, no peneiramento. Aquele lá é um material processado sem peneiramento.
[...] A manutenção a prefeitura tem dificuldade pela própria característica da máquina pública, processo de compra é lento etc. Às vezes acontece dessa máquina ficar parada um ou dois meses. [...] O alimentador é aquela esteira maior mesmo [...] que pode usar para fragmentar, aqui é um simples peneiramento, uma série de peneiras que vai separando o material conforme a granulometria, então o material mais pesado sai nessa bica aqui, o mais pesado não o material maior, sai nessa bica, aqui sai o material já mais fino. Conforme o peneiramento que você tem aqui dentro desse conjunto você faz a separação. [ENTREVISTADO B2].

No pátio inferior encontram-se geradores, equipamentos, maquinários e o pilhamento dos agregados, que podem ser observados na (Figura).

equipamentos, maquinários e o pilhamento dos agregados
maquinários e o pilhamento dos agregados
Esse é um grupo gerador, todos os motores das máquinas são motores elétricos, então esse é uma unidade geradora e só mais nada [ENTREVISTADO B2].

O consumo de água para o funcionamento de todo esse conjunto está estimado em 200m3/mês, e o consumo de energia elétrica está em torno de 149,1 kWh para a fabricação de “bica corrida” e 168,5 kWh para a fabricação de agregado peneirado.
O conjunto de equipamentos é um sistema composto basicamente de cinco partes: carreta do conjunto de britagem primária, transportadores de correia, separadores eletromagnéticos de metais, carreta do peneiramento e carreta de força e comando.

Há necessidade de equipamentos complementares, dentre eles: caminhões basculantes com capacidade de 12 metros cúbicos para transportar os reciclados produzidos; pá carregadeira do tipo W20, 1,9 metros cúbicos, para o fornecimento de matéria-prima para o alimentador vibratório (Figura) e para carregamento dos caminhões basculantes com o material reciclado; compressor Atlas Copco XA 120 e rompedor TEX 32; e cabina primária simplificada para 500 KVA.

Os equipamentos mecânicos utilizados na produção de resíduos pela usina encontram-se detalhados no Apêndice B.

Não sou técnico da área, talvez fale até os termos incorretos. Mas é um grande equipamento, capacidade média de 100 toneladas/hora de produção, ele é composto de um grande britador martelo [...] grandes peças de entulhos, são descarregados na parte superior, na alimentação. A pá carregadeira empurra grandes quantidades de materiais para esse britador. Esse material é quebrado em pedaços menores e cai numa esteira rolante e passa por um eletroímã, separando todo material ferroso do que vai vir a ser bica corrida, isso é uma linha de produção. A outra linha é uma outra esteira, aliás, mesma esteira desviada é da bica - corrida ela vai para outro conjunto de peneira que produz mais cinco subprodutos diferentes e que variam de acordo com a granulometria. Um conjunto de peneiras vibratórias, então depois o material cai na mesma esteira e aí separa por tamanho [ENTREVISTADO B1].

e) Produto

Os produtos estão caracterizados em faixas granulométricas: areia (pó de pedra), brita 0, brita 1, brita 2, brita 3, rachão (bica corrida).

Rachão são pedras grandes muito grandes, pedra 4 é uma pedra no Brasil que se usa, é mais ou menos aquilo ali é uma intermediária mais pra pedra 4 que rachão. No Brasil, a gente chama esse material de: pedrisco? nem pedrisco, é um pó de pedra [...] é um material da recicladora também, mas o material virgem a gente chama de pó de pedra [...] Materiais deste tipo chamamos de pedrisco, algo de granulometria próxima a isso, e à medida que vai crescendo chamamos de pedra 1, 2, 3, 4, depois de 4 chamamos de pedra rachão [ENTREVISTADO B2].

A aplicação dos materiais reciclados é, de maneira geral, encaminhada para a prefeitura, que geralmente utiliza como base e sub-base para pavimentação. Não se tem registro de sua utilização com outras finalidades.

A capacidade nominal do equipamento é de 120 toneladas por hora de “bica corrida” e 80 toneladas/hora de material peneirado.

Estima-se a utilização de 85% do tempo do equipamento para a produção de “bica corrida” (102 toneladas/hora de bica corrida) e de 15% do tempo do equipamento para a produção de material peneirado (12 toneladas/hora). A capacidade nominal do equipamento chegaria a 114 toneladas/hora para um fator de produtividade de 80%, e a previsão seria de uma produção horária de 91,2 toneladas. Dessa forma, pode-se admitir uma produção média mensal adotada de 16.200 toneladas por mês.

f) Atores sociais

Durante a visita, observou-se que a recicladora é coordenada por um engenheiro, possui um operador de máquina e auxiliares, mão-de-obra indireta (sem nenhum contrato).

Segundo o departamento de limpeza, a usina está organizada para funcionar com o número de 15 pessoas:

  • ·         8 selecionadores ao longo da esteira;
  • ·         1 encarregado;
  • ·         2 auxiliares de operação;
  • ·         1 operador de britagem (alimentador);
  • ·         2 operadores de pá carregadeira;
  • ·         1 técnico de manutenção.


[...] Vamos lá, nós previmos 2 auxiliares de operação, um operador de britagem, 2 operadores de pá carregadeira, 8 selecionadores para estarem ao longo das esquinas, e 25% do uso de uns técnicos de manutenção, não precisa estar 8 horas por dia, e o encarregado, é isso que nós previmos [ENTREVISTADO B1].

O consumidor dos agregados reciclados produzidos pela usina é a prefeitura, pois o material produzido não está disponível para venda no mercado da construção civil.
Os fornecedores são os caçambeiros cadastrados na prefeitura descarregam gratuitamente o RCD.

Quem usa esse material dentro da prefeitura hoje são as subprefeituras da região leste principalmente. Quando tem material, eles vão lá e buscam principalmente bica-corrida para fazer cascalhamento de ruas. [ENTREVISTADO B1].
Fonte do texto:.ietsp.com.br/ UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS/Nelma Almeida Cunha