Usina
de Reciclagem: B
A investigação nessa usina
desenvolveu-se em duas etapas, no segundo semestre de 2004.
Na primeira, os dados foram
coletados no departamento de limpeza pública do município; na segunda, a coleta
de dados foi realizada na usina de reciclagem. As etapas foram cumpridas por meio
de entrevistas e complementadas com consultas à legislação e normas técnicas.
USINA DE RECICLAGEM: B |
Primeira Etapa:
entrevista no departamento de limpeza pública municipal
A investigação consistiu de
uma entrevista concedida pelo engenheiro coordenador do departamento de
limpeza, experiente em tratamentos de resíduos sólidos e especialista em RCD, nomeado
entrevistado B1. O pesquisador orientou-se pelo roteiro de entrevista (Apêndice
A) que permitiu abordar aspectos referentes à gestão dos RCD, possibilitando a
construção dos tópicos apresentados a seguir.
a) Política municipal da
cidade em relação à gestão de resíduos da construção em 2002, o departamento de
limpeza iniciou uma parceria envolvendo o poder público, a prefeitura e a
iniciativa privada, com o objetivo de traçar uma nova política pública de
gestão sustentável de entulho, visando ao consumo dos agregados reciclados pelo
município e à criação de áreas para recebimento e tratamento do RCD. Trata-se
de áreas privadas de transbordo e triagem, denominadas ATT, e de áreas públicas
para a recepção gratuita de pequenos volumes, denominadas Eco pontos. Segundo o
entrevistado, o sucesso dessa nova política está na capacidade de cada agente
envolvido assumir sua responsabilidade.
[..] ATT são iniciais de Área
de Transbordo e Triagem de entulho, é um equipamento, que pode ser público ou
privado, que foi reconhecido e está sendo incentivado através do decreto 42.217
de 2002, então esses transbordos, na verdade são ATTs públicas, mas são ATTs
públicas que são oferecidas única e exclusivamente aos caçambeiros cadastrados
e gratuitamente. O outro objetivo dessa licitação é acabar com essas ATTs
públicas com desenho que hoje existe ao redor dela que é o seguinte:
Se pensa corretamente que é
melhor oferecer uma área pública, uma espécie de cenoura para atrair burrico, para
esses caçambeiros cadastrados do que tirar o entulho da rua, de fato isso é
verdadeiro porque isso é eficiente. Eficiente no sentido que o limite de
recebimento, contratual de recebimento dos transbordos que é 1.250 toneladas
dias cada um, em meio de uma hora já ta completo, ou seja, até inferior a
demanda existente [ENTREVISTADO B1].
Essa política municipal
oferece oportunidade de novos negócios, com o aproveitamento dos resíduos das
atividades construtivas, e a reciclagem deverá ficar a cargo da iniciativa
privada.
Assim, cabe à prefeitura
garantir os meios necessários para o desenvolvimento desse novo
mercado, por meio de
legislação que regulamente procedimentos técnicos e normas.
Desde 2001, o município vem
implantando o Plano de Gestão Sustentável, tendo como meta assumir a gestão
sustentável, realizando ações como o descarte correto do RCD, a organização de
atores e fluxos e o incentivo da redução de resíduos pela reciclagem. Nesse sentido,
foram traçadas as seguintes diretrizes:
- · Facilitar o descarte de resíduos da construção civil e volumosos, por meio de Rede de Estações de Entrega Voluntária de Materiais Inservíveis, existentes em pequenas áreas livres do município. Essas áreas públicas recebem reduzidas quantidades provenientes de RCD de pequenas obras. São pontos de entrega de pequenos volumes (até 1 metro cúbico por dia para cada pessoa) que estão sob a responsabilidade do serviço público de coleta−os Eco pontos. A prefeitura permite os descartes dos resíduos da construção classe A, podas e material reciclável, mas não são aceitos material orgânico domiciliar, resíduos de serviço de saúde e lixo industrial.
- · Disciplinar atores e fluxos de resíduos, utilizando-se de instrumentos legais: leis que obrigam o licenciamento de empresas transportadoras de entulho e a correta utilização de caçambas em vias públicas; leis que dispõem sobre a responsabilidade do gerador e transportador do entulho por sua destinação; e leis sobre procedimentos de licenciamento e operação de áreas privadas de transbordo e triagem de resíduos da construção.
- · Reaproveitar o entulho pelas ações realizadas pelo município na produção de agregados reciclados. A prefeitura está aplicando esse agregado baseada em normas técnicas para uso do reciclado em pavimentação, utilizando o poder de compra municipal para estimular e fomentar o uso do reciclado.
Como exemplo de ação municipal que vem
sendo praticada, destacam-se dois fatos: o cadastramento obrigatório dos
caçambeiros e as providências para incentivo à criação de ATT, por meio de
licitação, que tem como objetivo eliminar o formato das ATT públicas atuais.
O problema que, com a
existência dessas ATTs públicas, elas não incentivam as ATTs privadas. Existem ATTs
privadas hoje em funcionamento, mas como o poder público não cobra nada para
receber o entulho, a privada não tem como concorrer. É por essa razão que está
previsto na licitação dos três novos aterros que os caçambeiros eles poderão
usar também esses novos aterros. Mas, ao contrário do que ocorre hoje, eles vão
negociar diretamente com o operador desses aterros.
O operador do aterro que vai
receber o entulho proveniente da coleta que foi depositada irregularmente em áreas
de domínio público, o operador vai poder receber entulho privado também só que
o transportado vai negociar e vai pagar diretamente para seu operador. A
prefeitura não será intermediaria, e não vai subsidiar essa atividade. Não tem
sentido subsidiar essa atividade, porque já tá provado que existe interesse econômico
para se levantar isso daí. [ENTREVISTADO B1].
Apesar de todas as iniciativas
realizadas, o município ainda não tem uma política pública consolidada na forma
da lei:
[...] já existe um esboço que
são 12 volumes de diagnósticos e preposições consolidadas na forma de lei. Afinal
foram 12 anos de ausência de Política Pública de Gestão Lixo. Pretende-se que
isto seja consolidado em forma de lei, esperando chegar até dezembro com uma
política pública. Sabe-se o que fazer, já estamos implantando, queremos fazer
um código juntar tudo que estão esparsas ATT, responsabilização de gerador de
outro lado, decreto de caçamba [...] [ENTREVISTADO B1].
Existe a preocupação da
prefeitura em fazer a integração legal e política da comunidade.
É necessário introduzir na
rotina das pessoas, como esclarecer dúvidas sobre os Eco-pontos. É uma cadeia de
responsabilidade onde o gerador contrata o caçambeiro este entrega uma via de
Comprovação de Transporte de Resíduos, a segunda via fica com transportador e a
terceira é encaminhada ao operador da área de destinação do entulho.
[ENTREVISTADO B1].
E mais:
[...] o objetivo fundamental é
introduzir nas rotinas das pessoas esses conceitos. A prefeitura [...] dá as informações
básicas sobre Eco-pontos e ATTs e qual é o papel do cidadão? [...] simplesmente
contratar [ENTREVISTADO B1].
De forma geral, no município
onde está situada a usina B, podem-se citar duas ações importantes com o
intuito de fomentar o mercado da reciclagem: a da Caixa Econômica Federal (CEF)
e da empresa Eucatex. Em 2002, a CEF lançou financiamento para municípios e
entes privados com interesse em comprar equipamentos para reciclagem de
resíduos da construção. A Eucatex desenvolveu um projeto para utilização do
resíduo proveniente da madeira usada na construção, aplicando-o na geração de
energia, pois a madeira corresponde a um volume de 10% do material que é
depositado em uma caçamba, o equivalente a 4.000 m3 /dia no município.
b) Parceiros para
implementação da política pública
Podem-se distinguir dois tipos
de parcerias: as institucionais e as privadas. As parcerias institucionais são
constituídas pelos municípios, Estados e União. Os municípios praticam a parceria
quando oferecem à população a deposição regular e adequada do entulho; o
Estado, quando identifica o problema de má gestão, pela fiscalização, e toma
providências elaborando normas técnicas; a União pratica a parceria ao elaborar
uma política nacional para entulho, a exemplo da resolução do Conama.
Os parceiros privados são
lojas de materiais de construção, que divulgam o programa do Eco-ponto, já que
os geradores de entulho são aqueles que compram material de construção. E os sindicatos
ligados ao setor de construção civil divulgam a seus associados a
responsabilidade de cada um na cadeia produtiva.
Segunda etapa: visita à Usina B
No momento da visita à usina,
o equipamento de reciclagem estava em manutenção; assim, não foi possível
observar a recicladora operando. Estavam em exposição, porém, os estoques de
matéria-prima e os reciclados produzidos pela usina, bem como o acesso a toda
área da recicladora. Esse fato permitiu a investigação, que foi monitorada por
um engenheiro especializado em resíduos sólidos denominado entrevistado B2.
Os tópicos apresentados
adiante seguem a estrutura do roteiro das entrevistas das usinas de reciclagem
(Apêndice A) e foram elaborados a partir de dados coletados na visita à usina e
complementados por dados fornecidos pelo entrevistado B1.
a) Dados gerais
Essa usina de reciclagem está
situada em uma zona urbana, como pode ser observado na (Figura); em seu entorno encontram-se as residências populares do bairro.
Trata-se de uma antiga pedreira (Figura),
pertencente a uma família, cuja área sofre reconformação topográfica pelo
preenchimento da cava com resíduos inertes. Foram utilizados estudos
ambientais, com monitoramento geotécnico, da qualidade das águas subterrâneas,
nos quais concluiu-se que o potencial poluidor é mínimo, ou seja, a
possibilidade de causar poluição é mínima. A área funciona como aterro, e nela
os RCD são lançados e compactados, ampliando a vida útil do aterro. A Figura mostra a cava da pedreira
aterrada com os resíduos classe A das atividades construtivas.
Era uma pedreira antiga. Essa
pedreira eles tomam a área e costuma ser reaproveitada. Então tão aterrando a área
todinha, enorme, desde 23 de outubro de 99 começou. [ENTREVISTADO B2].
Considerada uma usina de
grande porte, suas instalações (equipamentos e maquinários) são móveis, podem
ser desmontadas e transportadas para outra localidade (Figura). A área de ocupação é extensa e isso possibilita o uso de
vários pátios para estocagem e armazenamento de material, conforme ilustração
da (Figura). A usina recebe,
diariamente, grande quantidade de RCD, e sua capacidade de recebimento de
resíduos está em torno de 900 toneladas por dia.
As Figuras apresentam a
disposição dos equipamentos e máquinas da usina B (layout), em que: AS FIGURAS SÃO ADAPTADAS AS DA FONTE ORIGINAL
1. Portaria com segurança:
entrada e saídas de veículos
Portaria com segurança: entrada e saídas de veículos |
2. Inspeção e identificação da
matéria-prima
Inspeção e identificação da matéria-prima |
3. Administração
Administração |
4. Aterro: RCD encaminhados a
cava
Aterro: RCD encaminhados a cava |
5. Pátio superior: descarga
Pátio superior: descarga |
6. Acesso coberto para o
alimentador
7. Alimentador vibratório
Alimentador vibratório coberto |
8. Britador de impacto
Britador de impacto |
9. Peneira em manutenção
Peneira em manutenção |
10. Transportadores de correia
em manutenção
Transportadores de correia em manutenção |
11. Estoque dos agregados
reciclados
Estoque dos agregados reciclados |
12. Cabine de comando:
monitoramento do conjunto
Cabine de comando: monitoramento do conjunto |
b) Aspectos legais e efeitos
da gestão municipal
A usina é administrada pelo
município e foi reformada pela gestão atual (2002), a partir da decisão de não
mais produzir asfalto, desativar a instalação responsável por esse serviço e terceirizá-lo.
O depoimento do departamento de limpeza, a respeito dos equipamentos, apresentado
a seguir, ilustra esse importante fato.
A história recente dela dentro
da prefeitura é a seguinte: esse equipamento pertencia a uma outra secretaria chamada
secretaria da subprefeitura. Dentro dessa secretaria existia uma
superintendência que se chamava usina de asfalto, eles originalmente foram
responsáveis pela aquisição deste equipamento [...] na gestão passada se tinha
o objetivo de usar este material como sub-base de pavimentação, quem produzia
os asfaltos eram as usinas de asfalto. Então, nada mais natural que eles
operassem esse equipamento. Em 2002 uma nova diretriz foi estabelecida para o
asfalto, isso determinou que todo esse processo de fabricação de asfalto ia ser
fechado dentro da prefeitura, ia ser terceirizado. Teria que comprar asfalto em
vez de produzir o asfalto. Isso significou o abandono desse equipamento por
parte dessa superintendência da usina de asfalto. Eles falaram: não queremos
mais porque, já que não vamos produzir asfalto, por que agente vai ficar quebrando
a cabeça para operar esses equipamentos? [...] (isso na gestão atual).
Como a secretaria de obras,
ela já tinha implantado plano de gestão sustentável de entulho, dentro desse plano,
a reciclagem, o incentivo a reciclagem de entulho era muito importante. É uma
das diretrizes do plano, e como equipamento ele tem que está operando para
servir de vitrine e para que a iniciativa privada veja e se interesse, então
nós falamos, a secretaria de obras disse: querermos manter esse equipamento funcionando.
Até 2002 esse equipamento tinha um suporte contratual, a Nortear, Arthur
Bernardo, um dos diretores, ele por meio de uma ata de registro de preços,
operavam esse equipamento através da secretaria da subprefeitura. Em dezembro
de 2002 acabou esse contrato e não foi renovado porque eles estavam passando esse
equipamento para secretaria de obras. Isso significou que em 2003 e até hoje
esse equipamento vem sendo operado precariamente pela prefeitura, com
mão-de-obra direta sem nenhum suporte contratual, de forma precária, ou seja,
quebrou uma bateria tem que comprar a bateria enquanto não compra a bateria,
que é um processo demorado, você não tem como fazer esse equipamento funcionar.
Acabou graxa tem que pedir emprestado para alguma subprefeitura, pá
carregadeira tem que negociar, então durante 2003 e 2004 esse equipamento
operou de uma forma muito precária. Inclusive até hoje, com a perspectiva de
ter um contrato dando suporte a ele para operar de acordo, esse contrato ele
está previsto em uma licitação que está em andamento, ora suspensa, suspensa
por questão de contas, mas não cancelada, de contratação de três novos aterros
situados na cidade. Um desses aterros ele vai, além de operar o aterro vai
operar a recicladora. [ENTREVISTADO B1].
c) Matéria-prima
A cidade onde está situada a
usina possui estações de transbordos que recebem os RCD, encaminhados pelos
geradores, por meio de caçambas. Esse material passa por segregação e os rejeitos
são encaminhados para um aterro sanitário. O material que não for considerado
rejeito é transportado até a área da antiga pedreira, onde está localizada a
recicladora. Ao chegar a essa área, se tiver potencial para ser reciclado, o
material será destinado à usina, caso contrário, será conduzido até a cava.
Existem duas estações de
transporte uma na região oeste e outro na região sul. Nestas estações só descarregam
caçambinhas de caixas de entulho, não descarregam caminhões. Nestas estações
existem uns serviços de separação de material, o que não é entulho chamamos de
rejeito. O rejeito da estação ele é encaminhado para aterros sanitários ou
Bandeirantes ou São José, dois aterros na cidade. E o entulho vem em caminhões
como você acabou de ver, aqueles caminhões grandes trazendo para cá. Este
caminhão que a gente está vendo aqui é da regional caminhão coletado da
prefeitura.
É o fluxo da caçamba
particular, a caçamba pode ir pelas estações de transbordo ou vem para cá direto.
Pode ser descarregado aqui e também na caçamba.
A caçamba, se ela tem um
material bom, para a recicladora ela não é pesada, o material vai direto para a
recicladora, e se o material é ruim ele vai para o aterro, aí é pesado, o
material que vem das estações de transbordo, ele pode ser ou não pesado aqui,
ou ser pesado na própria estação de transbordo. Aí é criado um protocolo que
passa na balança só pra checar o protocolo. Existe também um material, que vem,
que é coletado pela prefeitura nos contratos de limpeza pública o entulho
limpo. O entulho limpo, entulho da coleta mecanizada vem pra cá, esse também é
um deles [ENTREVISTADO B2].
Os caminhões carregados de
resíduos, ao chegarem à usina, apresentam documentação e recebem orientação
para descarga. Os resíduos são provenientes não só de estações de transbordo,
mas também de obras públicas, como demolição de calçadas, sarjetas e praças. Ao
serem liberados para a recicladora, os resíduos são despejados no pátio de
descarga; em seguida, passam por uma inspeção visual. Depois de limpos, dá-se
início ao processo de reciclagem.
Coleta mecanizada de entulho,
é despejado na rua a prefeitura tem que limpar, então vai uma máquina [...] mas
é uma máquina que pega o entulho, põem dentro do caminhão e é trazido pra cá.
Mas é um entulho limpo, o entulho sujo é o da coleta manual esse vai para
aterro sanitário, a mecanizada vem pra cá [ENTREVISTADO B2].
estoques da matéria-prima |
Observou-se nos estoques (Figura) que, na composição da
matéria-prima, predomina o concreto, com presença mínima de material cerâmico.
Você vai ver a montanha ali,
você vê pouca coloração ou material cerâmico[ENTREVISTADO B2].
d) Processo de reciclagem
As
etapas do processo de produção apresentadas nesse tópico foram relatadas pelo entrevistado
B2, pois, como já mencionado, a usina estava em manutenção.
Existe
um pátio superior onde se localiza o estoque da matéria-prima e a alimentação
do britador (Figura)
Era uma pedreira. O material é
descarregado no pátio superior, onde é feita a alimentação da máquina. [ENTREVISTADO
B2].
A matéria-prima é transportada
pela pá carregadeira até o alimentador vibratório, que a deposita na câmara de
britagem, transformando-a em fragmentos. Na sequência, esses fragmentos passam
por separadores magnéticos e são conduzidos pelos transportadores de correias
para a produção de “bica-corrida” ou para a etapa de peneiramento, produzindo
agregados reciclados em diversas granulometrias.
[...] E o material, como eu
falei para você, é descarregado no pátio superior. É colocado no chão movediço que
encaminha o material para dentro do triturador especificamente, que é um
triturador de martelo, o material triturado cai naquela peneira [...] Mas acho
que estão fazendo só material que nós aqui no Brasil chamamos de bica-corrida é
uma material com granulometria variada. Mas a gente procura evitar material mais
fraco como alvenaria, bloco de concreto sim, mas alvenaria de cerâmica evita-se
colocar. Você vai ver a montanha ali, você vê pouca coloração ou material
cerâmico. O material decerto está saindo em granulometria única. Agora essas
esteiras elas podem ser desviadas para cá e cair nesse grupo de peneiramento
onde você pode ter material maior, equivalente a pedra quatro quase um rachão
[...] Aquela caçamba tem um eletroímã para
separa metal, material de construção. Se você não mexer nada, é o que chamamos
de bica corrida, o material misturado, pouco maior, não tem uma granulometria
definida, bem misturado é um material bom pra pavimento, para camada final de
pavimentação. [...] tem uma tela estocada para carregar [...] Esta última
esteira, final aqui, pode ser desviada para o grupo de peneiramento ou não, ela
pode ficar como está ali, você tem o material como falei de granulometria
variada que é bom pra pavimentar rua de terra, pra você fazer um reforço em
cima de uma camada [...] em ruas distantes em zonas quase que rural, ou mesmo
até para usar como base de pavimentação. [...] Houve um peneiramento, foi feito
peneiramento de material de granulometria maior que é aquele. Aqui você tem
material de granulometria menor, mas já definido similar a um pedrisco. [...] É
no peneiramento que esse material cerâmico mais fino você consegue separar, no
peneiramento. Aquele lá é um material processado sem peneiramento.
[...] A manutenção a
prefeitura tem dificuldade pela própria característica da máquina pública,
processo de compra é lento etc. Às vezes acontece dessa máquina ficar parada um
ou dois meses. [...] O alimentador é aquela esteira maior mesmo [...] que pode
usar para fragmentar, aqui é um simples peneiramento, uma série de peneiras que
vai separando o material conforme a granulometria, então o material mais pesado
sai nessa bica aqui, o mais pesado não o material maior, sai nessa bica, aqui
sai o material já mais fino. Conforme o peneiramento que você tem aqui dentro
desse conjunto você faz a separação. [ENTREVISTADO B2].
No pátio inferior encontram-se
geradores, equipamentos, maquinários e o pilhamento dos agregados, que podem
ser observados na (Figura).
maquinários e o pilhamento dos agregados |
Esse é um grupo gerador, todos
os motores das máquinas são motores elétricos, então esse é uma unidade geradora
e só mais nada [ENTREVISTADO B2].
O consumo de água para o
funcionamento de todo esse conjunto está estimado em 200m3/mês, e o consumo de
energia elétrica está em torno de 149,1 kWh para a fabricação de “bica corrida”
e 168,5 kWh para a fabricação de agregado peneirado.
O conjunto de equipamentos é
um sistema composto basicamente de cinco partes: carreta do conjunto de
britagem primária, transportadores de correia, separadores
eletromagnéticos de metais, carreta do peneiramento e carreta de força e
comando.
Há necessidade de equipamentos
complementares, dentre eles: caminhões basculantes com capacidade de 12 metros
cúbicos para transportar os reciclados produzidos; pá carregadeira do tipo W20,
1,9 metros cúbicos, para o fornecimento de matéria-prima para o alimentador vibratório
(Figura) e para carregamento dos
caminhões basculantes com o material reciclado; compressor Atlas Copco XA 120 e
rompedor TEX 32; e cabina primária simplificada para 500 KVA.
Os equipamentos mecânicos
utilizados na produção de resíduos pela usina encontram-se detalhados no
Apêndice B.
Não sou técnico da área,
talvez fale até os termos incorretos. Mas é um grande equipamento, capacidade média
de 100 toneladas/hora de produção, ele é composto de um grande britador martelo
[...] grandes peças de entulhos, são descarregados na parte superior, na
alimentação. A pá carregadeira empurra grandes quantidades de materiais para
esse britador. Esse material é quebrado em pedaços menores e cai numa esteira
rolante e passa por um eletroímã, separando todo material ferroso do que vai
vir a ser bica corrida, isso é uma linha de produção. A outra linha é uma outra
esteira, aliás, mesma esteira desviada é da bica - corrida ela vai para outro
conjunto de peneira que produz mais cinco subprodutos diferentes e que variam
de acordo com a granulometria. Um conjunto de peneiras vibratórias, então
depois o material cai na mesma esteira e aí separa por tamanho [ENTREVISTADO
B1].
e) Produto
Os
produtos estão caracterizados em faixas granulométricas: areia (pó de pedra),
brita 0, brita 1, brita 2, brita 3, rachão (bica corrida).
Rachão são pedras grandes muito
grandes, pedra 4 é uma pedra no Brasil que se usa, é mais ou menos aquilo ali é
uma intermediária mais pra pedra 4 que rachão. No Brasil, a gente chama esse
material de: pedrisco? nem pedrisco, é um pó de pedra [...] é um material da
recicladora também, mas o material virgem a gente chama de pó de pedra [...]
Materiais deste tipo chamamos de pedrisco, algo de granulometria próxima a
isso, e à medida que vai crescendo chamamos de pedra 1, 2, 3, 4, depois de 4
chamamos de pedra rachão [ENTREVISTADO B2].
A aplicação dos materiais
reciclados é, de maneira geral, encaminhada para a prefeitura, que geralmente
utiliza como base e sub-base para pavimentação. Não se tem registro de sua utilização
com outras finalidades.
A capacidade nominal do
equipamento é de 120 toneladas por hora de “bica corrida” e 80 toneladas/hora
de material peneirado.
Estima-se a utilização de 85%
do tempo do equipamento para a produção de “bica corrida” (102 toneladas/hora
de bica corrida) e de 15% do tempo do equipamento para a produção de material
peneirado (12 toneladas/hora). A capacidade nominal do equipamento chegaria a
114 toneladas/hora para um fator de produtividade de 80%, e a previsão seria de
uma produção horária de 91,2 toneladas. Dessa forma, pode-se admitir uma
produção média mensal adotada de 16.200 toneladas por mês.
f) Atores sociais
Durante
a visita, observou-se que a recicladora é coordenada por um engenheiro, possui um
operador de máquina e auxiliares, mão-de-obra indireta (sem nenhum contrato).
Segundo o departamento de
limpeza, a usina está organizada para funcionar com o número de 15 pessoas:
- · 8 selecionadores ao longo da esteira;
- · 1 encarregado;
- · 2 auxiliares de operação;
- · 1 operador de britagem (alimentador);
- · 2 operadores de pá carregadeira;
- · 1 técnico de manutenção.
[...] Vamos lá, nós previmos 2
auxiliares de operação, um operador de britagem, 2 operadores de pá carregadeira,
8 selecionadores para estarem ao longo das esquinas, e 25% do uso de uns
técnicos de manutenção, não precisa estar 8 horas por dia, e o encarregado, é
isso que nós previmos [ENTREVISTADO B1].
O consumidor dos agregados
reciclados produzidos pela usina é a prefeitura, pois o material produzido não
está disponível para venda no mercado da construção civil.
Os fornecedores são os
caçambeiros cadastrados na prefeitura descarregam gratuitamente o RCD.
Quem usa esse material dentro
da prefeitura hoje são as subprefeituras da região leste principalmente. Quando
tem material, eles vão lá e buscam principalmente bica-corrida para fazer
cascalhamento de ruas. [ENTREVISTADO B1].
Fonte do texto:.ietsp.com.br/ UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS/Nelma Almeida Cunha