UMA PESQUISA FEITA EM USINA DE RECICLAGEM DE ENTULHO DESIGNADA POR A E SEUS:
RESULTADOS
A pesquisa teve início no
segundo semestre de 2002, com a visita à primeira usina, aqui designada por A,
retornando em fevereiro de 2005 para verificar sua situação atual.
No segundo semestre de 2004,
dando continuidade ao trabalho experimental, foram realizadas pesquisas nas
usinas B, C, D e E, todas localizadas no Estado de São Paulo.
Os dados coletados durante as
visitas nas usinas de reciclagem serão apresentados e relatados a seguir. Eles
estão delimitados pelos aspectos contidos no roteiro de entrevista e serão analisados
e discutidos em outra postagem − Análise
dos Resultados.
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Entrada de caminhões: acesso aos pátios |
Usina de Reciclagem: A
A investigação nessa usina foi
realizada por meio de visitas técnicas à prefeitura da cidade, à usina de
reciclagem e à comunidade. Na prefeitura, foi entrevistado o responsável pela implantação
da usina, aqui designado por entrevistado A1. Na instalação, foi entrevistado o
coordenador da usina, entrevistado A2, que disponibilizou o acesso aos
consumidores dos reciclados. Dessa forma, foi possível ter contato com os
usuários dos produtos e observar sua aplicação.
Com os dados coletados nas
entrevistas e com as observações in loco, foram elaborados os tópicos
apresentados a seguir.
a) Dados gerais
Em 1997, iniciou-se o
planejamento para implantação dessa usina, com o objetivo de solucionar a
questão dos resíduos sólidos da construção civil da cidade, com o apoio
financeiro da União. Profissionais com experiência em reciclagem de resíduos de
construção e demolição foram contratados para desenvolver estudos, a fim de
coletar dados para a elaboração dos projetos e implantação da usina.
[...] em 97 fizemos uma
reunião com os caçambeiros da cidade tentando ver uma possibilidade de fazer
uma parceria grande, [...] Paralelamente, nós apresentamos um projeto, também,
de financiamento para ser incluído no orçamento da União, e fomos tentando ver
se achavam recursos. Isso aí só foi acontecer no ano de 2000, quando realmente
foi liberado [...] foi assinado um acordo, um contrato com o Governo Federal para
liberar uma verba para implantar esse sistema.
Nós fomos a Belo Horizonte em
97/98, ver a usina funcionando as máquinas funcionando, [...] fez um trabalho
de adaptação [...] a nossa necessidade. E está funcionando.
[...] foi em 2000, mas foi
assinado no final do ano o contrato e nós começamos a implantar no ano de 2001,
foi o ano inteirinho para implantar as máquinas, porque é um processo muito
complicado e porque você tem que deliberar. Você tem que determinar que tipo de
máquina, qual a capacidade, qual o roteiro, de que maneira que ela funciona, a
planta, onde vai ser colocada cada máquina, tudo isso é muito, muito demorado.
E aí o ano de 2000 inteirinho
foi para fazer esse planejamento [ENTREVISTADO A1].
Em 2001, a usina foi
inaugurada, com capacidade de receber por dia 52 metros cúbicos de RCD da
cidade, volume abaixo de sua capacidade máxima de operação.
Bom, nós temos uma estatística
que mostra que é por volta de 90 toneladas por dia. Isso dá por volta de50/52
m3. [...] o problema é que nem todo entulho chega à central de triagem, então
nós temos hoje da capacidade instalada, nós estamos operando com 70% [...] ou
seja, temos ainda 30% com capacidade ociosa, que nós estamos tentando
determinar onde é que está, para onde que está fugindo esse entulho e assim
[...] ser reciclado [ENTREVISTADO A1].
A usina está localizada em um
pequeno município próximo à região metropolitana de São Paulo, que possui um
grande parque industrial, fora da cidade, servido por importantes rodovias. A
cidade possui cerca de 1 500 empresas e está avaliada entre as primeiras a
obter o maior Índice de Desenvolvimento Econômico Social conferido pela Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo.
O parque industrial é muito
grande, a base de arrecadação é o ICMS [...] [...] existem cerca de 1 500
empresas, micro, pequena, média e grande. Existe um parque industrial, um distrito
industrial grande e bem localizado fora da cidade [...] logisticamente bem
localizado, porque está entre duas rodovias, e servida por uma terceira [...]
logisticamente muito bem localizada e fora da cidade, o que é importante
[ENTREVISTADO A1].
A usina ocupa uma área de
pequeno porte, onde está instalada também a central de triagem de coleta
seletiva, realizada por uma cooperativa que acondicionam materiais como garrafas
“pet”, papéis e plásticos em geral para reciclagem, representada no layout (Figura).
O entrevistado A2 explica:
[...] Em conjunto com essa
reciclagem propriamente dita do entulho de construção, a gente também, dentro do
mesmo espaço, tem a coleta seletiva [ENTREVISTADO A2].
AS Figura de 1 a 16 apresenta a disposição dos equipamentos
e máquinas da usina A (layout): AS FIGURAS APRESENTADAS NESTA POSTAGEM É FORAM TROCADAS AOS DA FONTE DA REPORTAGEM
1 - Entrada de caminhões: acesso aos pátios
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1 - Entrada de caminhões: acesso aos pátios |
2 -Descarga dos resíduos e área de triagem e segregação
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2 -Descarga dos resíduos e área de triagem e segregação |
3 - Alimentador do britador
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3 - Alimentador do britador |
4 - Britador de mandíbulas
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6 - Separador magnético |
7 Trasportador de correia para produção de Bica Corrida
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7 - Transportador de correia para produção de “bica corrida |
8 - Empilhamento de BICA CORRIDA
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8 - Empilhamento de bica corrida |
9 - Transportador de correia na posição para peneiramento
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9 - Transportador de correia na posição para peneiramento |
10 - Peneira: classificação granulométrica
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10 - Peneira: classificação granulométrica |
11 -Baias com seus respectivos agregados reciclados
12 - Estocagem dos agregados reciclados
14 - Entrada e saída de veículos
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14. Entrada e saída de veículos |
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15. Administração |
A usina A funciona da seguinte maneira: os caminhões entram na usina (1), estacionam e são recepcionados pelo
responsável que faz a inspeção visual do material transportado, autorizando ou
não a descarga. Se recusado, o caminhão deverá procurar uma destinação correta para
o material; se autorizado, a descarga é realizada (2). Nessa etapa entram em
cena os operários da triagem e segregação, que retiram os materiais como
madeira, plásticos e papéis, entre outros, e encaminham o restante para a
coleta seletiva (16). Após essa etapa, resta a matéria-prima, que é umedecida e
depositada no alimentador do britador (3) pela pá carregadeira. O alimentador
lança a matéria-prima na câmara de britagem (4), sendo ela mastigada por mandíbulas,
gerando fragmentos de agregados com dimensões adequadas. Na saída do britador, os
fragmentos são depositados na correia (5) e, em seguida, passam pelo separador
magnético (6). Ao chegarem à extremidade da correia, os fragmentos são
conduzidos por transportador (posição 7 ou 9), para produção de “bica corrida”
e empilhamento (8) ou para peneira (10), em que é realizada a operação de
classificação granulométrica dos agregados. Esse transportador de correia é
apoiado em pequenas roda, permitindo a locomoção em trajetória circular sobre a
guia em concreto (13). Depois da classificação, os agregados são depositados
nas respectivas baias (11) e estocados (12). Assim, são fornecidos aos
consumidores cadastrados pela administração (15), que coordena a operação de
reciclagem e comercializa os agregados reciclados produzidos. A entrega dos
agregados reciclados aos consumidores é feita pelos caminhões da própria usina.
Na Central de Triagem (16), tem-se o armazenamento e o acondicionamento do
material coletado pela cooperativa e destinado à reciclagem.
b) Aspectos legais e efeitos
da gestão municipal A usina é subsidiada pela prefeitura, que assume as
despesas de transporte, consumo de energia e infraestrutura.
[...] nós hoje estamos
subsidiando, porque hoje a energia elétrica, a Prefeitura paga, a coleta do
material é a Prefeitura que faz e a entrega é a Prefeitura que faz. Porque a
Cooperativa não tem esquema para isso[ENTREVISTADO A1].
Atualmente, existe um Plano
Diretor Municipal que limita as edificações até quatro pavimentos, ou seja, a
cidade está investindo na não-verticalização como qualidade de vida.
Assim, ela privilegia
construções espaçadas com grandes terrenos, variando entre 250, 300, 500 e até
800 metros quadrados, que lembram chácaras e desconcentram a população. No
município, porém, existem os loteamentos populares, que incentivam a
autoconstrução. Para eles, a prefeitura apresenta um programa destinado ao
planejamento da construção de suas casas, sendo oferecidos materiais de
construção reciclados a preços convidativos.
[...] o preço desse material,
aqui, é a metade do preço do mercado. Um exemplo é um caminhão de areia: se você
encontra um caminhão de areia em casa de material de construção em torno de R$
140,00, aqui a gente vende por R$ 70,00.
O pedrisco, a outra pedra, a
gente vende até mais barato ainda, vende a R$ 60,00 um caminhão, e o preço aí fora
é em torno de R$ 120,00. Fica sempre na metade do preço do mercado[ENTREVISTADO
A2].
c) Matéria-prima
Até o segundo semestre de
2002, a usina recebia cinco caçambas diárias, sendo o material descarregado bem
diversificado: concreto, cerâmicas, podas de árvores, madeira e metais. O entrevistado
A1 define o termo “entulho” como a matéria-prima para a produção dos
reciclados.
[...] a palavra “entulho” é
muito ampla. As pessoas acham que entulho é tudo que não serve. Então, tanto pode
ser uma parede quebrada como pode ser um pedaço de lata, uma marmita do
pedreiro com resto de grama, ou uma tábua velha. Um pedaço de ferro, em suma,
não é reciclado, a madeira não dá para picar ela no meio do entulho, então é um
móvel velho, não dá para colocar no meio do entulho, então isso é bagulho.
Então nós estamos tentando
classificar de entulho de construção e bagulho.[...] Com o bagulho a gente não consegue
fazer nada com ele, por enquanto.
[...] O que a gente tem feito:
a madeira a gente tem até separado, o ferro a gente até tem separado para colocar
em caçamba de ferro velho. Agora, muita coisa não dá, que aí vem barro no meio,
por exemplo, [...]
sobra tinta, as pessoas jogam
a tinta dentro da caçamba, isso tudo contamina o material. [ENTREVISTADO A1]
A matéria-prima é fornecida à
usina pelos caçambeiros. Há, no mínimo, oito empresas de caçambas que
geralmente são contratadas pelo gerador ou diretamente pela prefeitura. O entrevistado
A1 define o pequeno gerador e conta um pouco sobre a origem da matéria-prima:
Pequeno gerador é aquele
morador da periferia, provavelmente da periferia, que quebra um pedaço de muro,
que quebra um pedaço da parte da cozinha e que faz um montinho na calçada. A
Prefeitura passa e tira, ela substitui aqueles carroceiros que normalmente tem
em outras cidades, [...] que é o pequeno coletor, vamos dizer assim, coletor de
pequenas quantidades. [ENTREVISTADO A1]
A matéria-prima, ao chegar à
usina, passa por uma inspeção visual, sendo realizada uma triagem manual.
Observou-se que as caçambas com predominância em podas e terra eram rejeitadas,
e os caçambeiros não eram autorizados a descarregar.
[...] o entulho do caçambeiro
já vem mais próximo daquilo que a gente utiliza. Então, com os caçambeiros nós
fizemos um acordo, e até por falta de espaço para que eles depositem [...]
também ela, eles trazem o entulho [...] e depois, se o entulho for um entulho
bom, ele já fica ali, se for um entulho que é um entulho contaminado que não
vai dar para usar a gente já dispensa na hora. Eles já estão pegando a prática
de qual que é o bom, qual que é o ruim.
Mesmo dentro do entulho bom,
às vezes, vêm umas impurezas, vêm coisas que não são recicláveis.
Essas coisas são separadas,
são os descartes, que são feitos ali na hora, na primeira triagem na central, é
colocado numa caçamba e os próprios caçambeiros levam de volta. Então eles
levam de volta o descarte [ENTREVISTADO A1].
Observou-se que a
matéria-prima recebida é dividida em duas composições: concreto e material
cerâmico, observa-se a predominância do concreto na composição dos RCD.
O entulho de construção a
gente divide em duas categorias aqui. A gente tem o resíduo que chega para
gente aqui, proveniente das demolições e das reformas, eles chegam em duas
composições: uma composição é tudo o que é de concreto, uma demolição que a
base é de concreto, seja uma parede de bloco ou uma [...] um contrapiso, uma
calçada que foi arrancada [...] Então é isso, na parte do concreto, o trabalho
é assim. É depois, a outra [...] outra fração de uma demolição é a parte de
tijolo, telha, material cerâmico [...] [ENTREVISTADO A2].
O porte da usina não permite
grandes estoques de matéria-prima, o que pode ser constatado no layout (Figura).
Conforme a afirmação do entrevistado A2: “[...] nossa realidade aqui, o espaço
é pequeno”. À medida que vão chegando as caçambas, realiza-se a etapa de
recebimento; em seguida, a matéria-prima é encaminhada para o processo de
reciclagem.
d) Processo de reciclagem
Os resíduos, ao chegarem à
usina, são descarregados no pátio de descarga e encaminhados para as operações
de reciclagem, gerando produtos que podem ser utilizados na execução de obras
públicas e também em edificações.
Observou-se que o processo de
reciclagem possui as seguintes etapas: descarga, triagem e segregação, britagem
e peneiramento mecânico.
• Descarga
O processo de reciclagem na
usina tem início com a descarga de caminhões poliguindastes, lançando os
resíduos em uma área determinada para esse recebimento.
[...] aqui é a parte da
chegada do material, [...] pelos caçambeiros. São essas caçambas de demolição
que trazem o material para a gente.
Triagem e segregação
Na etapa de triagem e
segregação, são retirados os materiais que não interessam para a reciclagem, como
madeira, plástico, papel e metal. Eles são removidos para contêineres localizados
no pátio de descarga, onde são acondicionados e seguem para a comercialização.
Após essa etapa, obtém-se a
matéria-prima, ou seja, o RCD classe A está pronto para ser fragmentado.
Então, a gente procura dar uma
separada no material, o que é concreto a gente deposita de um lado, o que é tijolo,
é telha do outro.
O material vem com bastante
ferragem, vem um pouco de madeira e tudo isso daí tem que ser tirado, e é tirado
manualmente mesmo, e vai ter uma pessoa que fica encarregado de retirar essa
ferragem, pedaços de madeira. Aí escolhe-se o material, bom hoje vamos
trabalhar só com o material de tijolo e telha.[ENTREVISTADO A2].
Britagem
O resíduo segregado torna-se
matéria-prima do reciclado e será transportado pela pá-carregadeira até o
alimentador vibratório. Ao ser depositada na calha, a matéria-prima, por vibração,
é deslocada em direção à câmara de britagem, e os resíduos finos são retidos
pela grelha existente no equipamento. Um operador posicionado próximo ao equipamento
acompanha o processo, interrompendo-o quando necessário e umedecendo o
material.
Na câmara de britagem, a
matéria-prima é esmagada pelo britador de mandíbulas, que rompe o material por
compressão. Desse modo, os fragmentos da matéria-prima geram o agregado
reciclado, com granulometria variada. Na saída do britador, o agregado é
lançado na correia transportadora, passando por um separador magnético que
remove algum metal ferroso remanescente. Em seguida, o material é direcionado
para o segundo transportador de correia e conduzido até o peneirador ou à pilha
de bica corrida.
Aí tem uma pá carregadeira,
que é um trator. Ele vem aqui no monte assim [...] como aquele monte, por exemplo,
de tijolo e telha, ela carrega ali e vai até o triturador, que é aquela máquina
lá [...] então lá é jogado naquele funil, o material desce e cai numa
mandíbula, onde vai triturar o material [...] o material depois de triturado,
se for esse o caso do tijolo e da telha, só é depositado naquele monte lá, e
dali sai para cobertura de estrada de terra, manutenção das estradas de terra
[ENTREVISTADO A2].
Peneiramento
O agregado com granulometria
variada é depositado na caixa de entrada da peneira. Na peneira, o material é
classificado dentro de quatro faixas granulométricas por meio das vibrações produzidas
pelo equipamento. Então, o agregado reciclado é alocado nas respectivas baias localizadas
abaixo do peneirador; dessa forma, são produzidos areia, brita 0, brita 1 e
rachão (Figura).
Na produção dos agregados em
“bica corrida”, o reciclado não passa pelo peneiramento.
Ao sair do britador, o
reciclado é conduzido e lançado direto na pilha, sem divisão
granulométrica. A (Figura)
mostra o empilhamento do agregado em “bica corrida”.
Quanto aos equipamentos
utilizados para a reciclagem do RCD, podem ser relacionados: alimentador
vibratório apoiado, britador de mandíbulas, transportador de correia móvel, separador
magnético e peneirador. Esses equipamentos foram projetados para atender à
realidade dessa usina e sua manutenção é mínima.
[...] a manutenção é simples,
[...] nem, nem posso te falar de custo, porque é assim baixíssimo. [...] Dá
para nossa realidade [...] Porque o fabricante desse equipamento, ele monta uma
planta específica para sua realidade. Se você [...] chegar para ele e falar: Eu
recebo 30 caçambas por dia – é diferente da nossa realidade que é de 5 caçambas
por dia [...] aí ele vai montar um equipamento de maior porte. Mas nossa realidade,
ele é suficiente [ENTREVISTADO A2].
Alimentador vibratório
Esse equipamento está apoiado
em uma estrutura metálica e é constituído por mesa vibratória e grelha. Sob a
mesa vibratória está posicionado um par de vibradores universais que giram em
sentidos opostos descrevendo um movimento linear a 45 graus. A grelha faz uma
pré-classificação, ou seja, uma separação prévia do material fino. Na vista
frontal da (Figura), pode-se observar o equipamento abastecido com
matéria-prima e a estrutura metálica de apoio.
• Britador
O britador utilizado nessa
usina é do tipo “mandíbulas”: trata-se de um britador primário com um eixo
excêntrico. Esse equipamento é ajustado para produzir agregados com diâmetros
de 1,2 a 1,5 vezes a dimensão máxima característica do agregado natural. Nas (Figuras),
podem ser observados o eixo excêntrico do britador e a correia trapezoidal de acionamento.
• Transportador de correia
O transportador tem a função
de conduzir a matéria-prima já britada. É um equipamento composto por motor
elétrico, conjunto de tambores e correias (Figura). Seu funcionamento ocorre
pelo acionamento do motor elétrico, que transmite a potência necessária para o
tambor, movido por intermédio de correias, fazendo que as rotações produzidas movimentem
a correia continuamente.
Na (Figura), observa-se o
primeiro trecho da correia transportadora, que conduz o material que sai da
boca do britador. Em seguida, o trecho é finalizado com a mudança de direção e
inicia-se o segundo trecho da correia transportadora, conduzindo o material até
a peneira vibratória.
• Separador magnético
O separador magnético está
instalado acima do primeiro trecho da correia (Figura). O ímã trabalha
em regime contínuo, retirando os metais que permanecem nos fragmentos da
matéria-prima depois de britada.
• Peneira vibratória apoiada
Esse equipamento classifica os
agregados reciclados. É constituído por caixa metálica, com telas, motor
elétrico, eixo excêntrico e correias trapezoidais. O agregado é lançado sobre a
caixa de entrada, que transporta o material para a superfície de peneiramento,
onde estão instaladas telas com seções que variam de dimensão. Dessa forma, o
material passante é classificado em faixas granulométricas.
O peneiramento ocorre ao ser
acionado o motor elétrico, que transmite a potência necessária ao eixo
excêntrico, por intermédio de correias, produzindo vibrações que resultam em movimento
linear, que desloca o agregado ao longo do corpo da peneira e o classifica conduzindo-o
às diversas telas e suas respectivas baias.
e) Produto
A usina produz dois tipos de
materiais em função da matéria-prima. Os materiais provenientes de argila,
tijolos e telhas irão gerar um reciclado semelhante ao “cascalho” ou “salmourão”
tecnicamente denominado “bica corrida”. Os provenientes de concreto resultarão
em quatro faixas granulométricas: areia, pedrisco, pedra 1 e “pedra rachão” ou
“pedra maior”, assim denominados pelo entrevistado A1.
[...] o que é proveniente de
argila, é o resto do tijolo de barro, telha de barro, entendeu, terra, todo
esse material ele é triturado, ele é feito uma grande leira, um grande monte de
terra, e isso aí ele serve para substituir o material, o cascalho e o salmourão
que era utilizado para cobertura de estrada [...] material do concreto ele é
triturado, britado e peneirado, um processo de peneiramento e classificação.
Então ele é classificado em quatro grãos: areia, pedrisco, a pedra 1 e a pedra
rachão, a pedra maior, esse material é vendido normalmente, a pedra, a areia,
pedrisco [...] [ENTREVISTADO A1].
Os agregados reciclados
produzidos pela usina são aplicados em pavimentação
e elementos construtivos que solicitem baixas resistências. O “cascalho”, ou “salmourão”,
citado anteriormente, é quase totalmente consumido pelas obras municipais de pavimentação.
Segundo o entrevistado A1, a pedra maior é aplicada na execução de drenos, ao passo
que a areia, o pedrisco e a pedra 1 são utilizados na execução de edificações.
[...] é a pedra maior, ela é
normalmente [...] ela não é usada para construção, que é uma pedra grande, mas ela
pode ser utilizada ou pela Prefeitura ou pelas construtoras que estão fazendo
asfalto na cidade, para também fazer base de asfalto ou fazer drenagem, fazer
drenos.[...] [ENTREVISTADO A1].
A seguir, o entrevistado A2
denomina “bica-corrida” o rachão “salmourão” e explica o tipo de reciclados
produzidos na usina e suas aplicações.
[...] o resíduo de concreto
passa por uma trituração, da trituração joga o resíduo num conjunto de
peneiras, essas peneiras é [...] que vão fazer a separação do material por
granulação.
Então, vou conseguir resgatar
o resíduo do concreto em quatro granulações [...]
Um mais grosso, que é
considerado assim [...] uma pedra 4 [...] uma pedra 1, o pedrisco e a areia.
Isso daí, é o resíduo quando eu tiver triturando o concreto.
Então, essas quatro
granulações, aí depois [...] todo esse material de concreto, a areia, o
pedrisco, as pedras, eles retornam novamente para construção civil.
É para se fazer [...]
contrapiso, calçada [...] nada estrutural. Esse material tem essa ressalva,
porque a gente ainda [...] não tem um laudo técnico, que esteja indicando esse
material para estruturas, então [...] ele volta na forma de contrapiso e calçadas,
é a única indicação que a gente está passando para o cliente.
[...] esse material é vendido,
e [...] a receita volta, vem para a Cooperativa, que aqui é uma Cooperativa, é toda
manipulada pela Prefeitura, organização, tudo, mas eles recebem o salário deles
já dão [...] do resultado da venda desses materiais.
[...] Então é isso, na parte
do concreto, o trabalho é assim. E depois, [...] a outra fração de uma
demolição é a parte de tijolo, telha, material cerâmico.
Esse material cerâmico, ele
entra no mesmo processo de trituração. Só que depois eu elimino essa parte de peneiramento
desse material, para se estar extraindo essas [...] essas granulações, porque
eu não vou encontrar no tijolo, não vou encontrar areia, nem pedrisco, nem
pedra.
Então, o material cerâmico ele
só é triturado e depois ele fica acumulado aqui, na forma assim [...] de uma bica
corrida. Forma-se aí uma grande montanha; esse material, ele tem o destino de
estar sendo utilizado na manutenção de estradas de terra.
Então, nosso município tem
várias estradas de terra que estão sendo feitas a manutenção, como problemas de
erosão. [...] esse material, ele é colocado, na estrada depois ele é compactado
com o rolo compressor. E é um material derivado do tijolo e da telha
basicamente [ENTREVISTADO A2].
A areia, segundo o
entrevistado A2, é considerada pela usina como um material mais nobre devido ao
tempo que leva para ser produzida em quantidade suficiente para a venda. Ela pode
ser utilizada de diversas maneiras, como na confecção de peças não estruturais.
Já se observou uma boa aceitação desse material, principalmente em obras de
autoconstrução, ou seja, seu uso tem sido bem aceito em bairros populares.
Observa-se, contudo, também a utilização desse material em condomínios mais
nobres, que recentemente aproveitaram-no para execução de calçadas e
pavimentos.
A capacidade de produção da
usina é de 50 metros cúbicos por dia de agregados reciclados, mas sua produção
diária está em torno de 15 metros cúbicos, ou seja, 30% de sua capacidade
total.
[...] nós temos uma
estatística que mostra que é por volta de 90 toneladas por dia. Isso dá por
volta de 50/52m3. [...] o problema é que nem todo entulho chega a central de
triagem, então nós temos hoje da capacidade instalada operando com 70% [...],
ou seja, temos ainda 30% com capacidade ociosa, que nós estamos tentando
determinar onde é que está fugindo esse entulho e assim [...] ser reciclado.
[...] Então [...] é aquilo que eu te falei, estamos reciclando 70% daquilo que
nós imaginamos que seja produzido. [ENTREVISTADO A1].
Não existem laudos técnicos
que permitam uma utilização mais ampliada dos materiais dessa usina. O usuário
do produto recebe orientação técnica da usina de que o material deverá ser usado
em obras sem função estrutural.
[...] contrapiso, calçada
[...] nada estrutural. Esse material tem essa ressalva, porque a gente ainda
não tem ainda um laudo técnico, que esteja indicando esse material para
estruturas, né, então [...] ele volta na forma de contrapiso e calçadas, é a
única indicação que a gente está passando para o cliente [ENTREVISTADOA2].
[...] o uso desse material na
obra, por exemplo, esse cidadão que está fazendo a casinha dele lá, se, por exemplo,
está usando uma areia [...] é [...] assim [...] quanto às propriedades
técnicas, se você usou umaareia que ela vem com certo teor de poluição, vamos
falar poluição entre aspas, porque não é uma areia deuma procedência natural
como seria um extraído de alguma [...] fonte [...] E nesse caso ele vai compor
com cimento, água tal, ele tem uma resistência e essa resistência, a princípio,
ela poderia ficar muito abaixo, usualmente seria usada por uma edificação de
dois pavimentos, por exemplo.
[...] Esse material, ele é
utilizado não para obras de sustentação, não para vigas, não para pilares, isso
nós fazemos questão de a pessoa assinar esse compromisso. [...] Porque elas
usam apenas em contrapiso, em assentamento de piso, assentamento de [...] de
ladrilhos etal.
[...] Sem função estrutural.
Por quê? Porque nós não temos é [...] os ensaios que comprovem a durabilidade,
a resistência desse material. Agora, essa questão de impureza, eu acho até que
é um pouco de preconceito da gente. Porque o material virgem, às vezes, é mais
impuro que esse material. O material virgem normalmente, na nossa região, ele é
tirado da beira do rio e nós sabemos como estão nossos rios [...]
[...] Enquanto esse material,
[...] já foi feito o processo de mistura, na primeira vez, ele já teve um
processo de cura, tá certo, então as impurezas, entre aspas, que existiam ali
deixaram de existir nesse processo de cura.
[...] É [...] é a reação
química do cimento, é o cimento no momento que ele reage, que ele reage para endurecer,
para enrijecer. Aquela peça, ela tem uma reação química e aquilo lá, a
temperatura daquilo [...] supera a resistência de qualquer bactéria, então tem
uma reação química que esquenta por dentro e petrifica.
Depois quando você brita, você
volta para o pó, ele é tranquilamente uma areia com menos impureza do que
[...] isso estamos falando sem ter feito um
estudo técnico tal, mas isso com certeza [...] se pode ver [...]
[...] Como é, de onde que vem
essa areia que eu trituro? Ela vem já de um local, onde já foi usada essa
areia, ou para assentar um bloco ou para fabricar um bloco ou para assentar um
tijolo [...]
[...] Quando ela fez esse processo, lá no
começo, já passou por um processo de cura quando foi feito o primeiro bloco com
aquela areia que saiu do rio. Lá já foi feito um processo de cura. O que eu
pego agora?
Pego pedaço de bloco e
reciclo.
Só que aquele pedaço de bloco
é proveniente de uma areia, de pedra e de um cimento que já passou por um processo
de cura.
[...] então, eu não faço nada,
só trituro, mas ele já passou por um processo de cura [ENTREVISTADO A1]
f) Atores sociais
Existe uma cooperativa que
divide o mesmo espaço com a usina de reciclagem. Essa cooperativa realiza
tarefas de triagem, segregação e acondicionamento do material arrecadado na coleta
seletiva e o encaminha para as empresas recicladoras.
[...] aqui é uma Cooperativa,
é toda manipulada pela Prefeitura, tal, né, organização [...]
[...] Em conjunto com essa
reciclagem propriamente dita do entulho de construção, a gente também, dentro do
mesmo espaço, tem a coleta seletiva.
[...] o material que vem dentro da gaiola, ele
é reciclado. É, mas aqui a gente só faz a separação, a gente não recicla nada
aqui, nem de plástico, nem vidro, papelão, latas, né. A gente só acondiciona
aqui, tudo separado, e vende para as indústrias recicladoras.
[...] não atrapalha no nosso
trabalho aqui, porque a gente já é uma central de triagem mesmo [ENTREVISTADO
A2].
Até o momento somam-se dez
pessoas trabalhando nesse espaço: seis pertencem à cooperativa e quatro são
funcionários da prefeitura. A cooperativa, em seu processo de desenvolvimento,
gera empregos e se aproxima de sua auto-suficiência, informa o entrevistado A2
no texto a seguir.
Hoje tem seis da Cooperativa e
mais quatro da Prefeitura lá [...] não tinha nenhum da Prefeitura, então hoje tem
três da Prefeitura, mais o coordenador, o encarregado, são dez pessoas
trabalhando lá.
E esse pessoal da Prefeitura,
[...] vamos falar assim [...] ele é a grosso modo [...] o pagamento desses
[...] da Prefeitura [...] então eles estariam emprestados para a Cooperativa
para ajudá-la. Porque eles fazem a coleta e a entrega. E ajudam também na
separação [...] faz de tudo. Então,
dão uma força, tipo assim [...] são dez pessoas, na verdade nove. Porque não se
conta o encarregado. O encarregado lá é para resolver outras coisas. Mas são nove
para pagar o salário de seis.
Que hoje está dando, tá sobrando. Então você
consegue [...] a partir deste mês devemos ter mais um sétimo trabalhador,
depois o oitavo, então [...] e aí com certeza, quando estiver perto dos quinze
trabalhadores, aí ela vai estar auto-suficiente, porque aí se avolumam os
recursos [ENTREVISTADO A2].
A renda gerada da venda de
todo o segregado e reciclado é destinado à cooperativa.
[...] esse material é vendido,
e [...] a receita, volta, vem para a Cooperativa, que aqui é uma Cooperativa, é
toda manipulada pela Prefeitura, organização, tudo, mas eles recebem o salário
deles [...] do resultado da venda desses materiais [ENTREVISTADO A2].
A seguir, o entrevistado A2
enfatiza as vantagens sociais e ambientais e esclarece como teve início a
cooperativa.
[...] Vantagens sociais são,
primeiro lá [...] lá na ponta, que é o barateamento do custo do material de construção,
é [...] aqui no começo, que é a geração de emprego com a Cooperativa de
trabalhadores. Então, você tem duas vantagens sociais. Tanto no barateamento da
[...] moradia como geração de renda. Também tem duas vantagens ambientais no mínimo,
que é você diminuir a extração de material virgem do meio ambiente, da natureza
e você evitar que esse material, já uma vez utilizado, seja jogado nas valetas
e venham assim assorear córregos, nascentes e matas.
Nós começamos a trabalhar
desde 97 com uma entidade, trabalhando na geração de renda. Mas aí, ela fica muito
[...] as pessoas [...] geração de renda [...] começa virar meio emprego, e a
gente não quer trabalhar com essa questão de emprego, porque se você botar
funcionário público ali para fazer [...] funcionalismo público ganha um pouco
melhor do que na região, então, isso [...] o custo inviabilizaria o projeto. [...]
sem contar que as pessoas que estão hoje marginalizadas, dificilmente passariam
num concurso público para entrar na Prefeitura.
[...] Então a Prefeitura, essa
questão de concurso público é importante, é democrático tal, mas ela meio que utiliza
o funcionalismo, até aquele de serviços gerais. Meio que utiliza [...] o cara
tem que ter 8ª série para poder fazer
uma boa prova. E não necessariamente será o melhor trabalhador lá, para essa
obra. Então, nós procuramos o quê? Temo que dar um jeito de fazer com que essa
pessoa que está marginalizada lá, que não consegue emprego numa indústria, que
está é [...] vendendo, vendendo cachorro quente ou vendendo pipoca na praça,
essa pessoa possa ter uma renda [...] Entendeu? Então, foi pensando nisso que a
gente chegou na formulação da Cooperativa de trabalhadores. E o quê que é, a
Prefeitura organizou todo o espaço e cedeu para Cooperativa, dali tirar a sua
renda, desde que ela, faça o trabalho de acordo com as políticas é [...] definidas
pela administração. Então eles estão hoje, ainda é pequena, hoje está com seis
trabalhadores, a Cooperativa, ele tem vinte, mas tem seis trabalhando. É [...]
cada mês a gente coloca mais um pelo menos, está. Só que não é só no [...] no
entulho, a reciclagem tudo, também tem a Central de triagem de material reciclável,
de coleta seletiva, está [...] tudo junto. Você viu lá. Lá tem todo um sistema
junto. [...] Então sobra aqui,o pessoal trabalha ali, sobra ali [...] falta
aqui [...] Ah! Então a área da Usina, ela funciona não só especificamente para
entulho. Ela é uma central de triagem de resíduo sólido, então ali entra também
o [...] a coleta seletiva, então hoje se você falar quantos empregos dá o
entulho, vou te dizer três empregos. Hoje, se você falar – três empregos - oito
horas/dia. [...] mas ele pode dobrar ou triplicar dependendo do volume e da
condição que agente venha, só que eu não tenho esse problema porque sobrou aqui
eu uso ali [ENTREVISTADO A2].
A Secretaria de Habitação da
cidade desenvolveu um programa que favorece e incentiva a autoconstrução e que
disponibiliza o material reciclado à comunidade.
Então nós temos o cadastro na
Secretaria da Habitação de pessoas que estão em loteamentos urbanizados, construindo
sua própria casa. Essas pessoas se cadastram para comprar esse material. Então
é feito de uma forma social, não é vendido para quem quiser, é vendido de uma
forma social. Essas pessoas fazem uma fila, se colocam eu quero [...] quero
tantos metros de areia, tantos metros de areia, tantos metros de pedra, então
vai botando numa fila e as pessoas vão comprando a um preço menos da metade do
preço da praça do preço do material virgem. [...] é o movimento de moradia, o
quê que é esse movimento de moradia, não é o marajá, não é o magnata. O
movimento de moradia não entra pessoa que não tem casa, são os sem casas, sem-teto.
Essas pessoas fizeram um cadastro na Secretaria de Habitação que os acompanha
em implantação de lotes urbanizados. A Prefeitura entra com lotes urbanizados
num sistema de parceria com o proprietário, e eles estão construindo a sua
própria casa, é a autoconstrução, ou antigamente se chamava de mutirão, mutirão
familiar. Então as pessoas entram e aí ela tem que economizar, então [...] uma
forma de ajudar na economia dessas pessoas é está fornecendo esse material a
baixo custo. [...] o mercado você pega por volta de R$ 28,00 o metro de areia,
nós vendemos a R$ 15,00. O mercado cobra R$26,00/R$ 27,00 o metro de pedra, nós
vendemos a R$ 12,00 [ENTREVISTADO A2].
Segundo esse último
entrevistado, o material reciclado tem uma boa aceitação no mercado e existe um
grande interesse da comunidade em adquiri-lo. No ato da compra, o consumidor assina
um documento de compromisso quanto ao uso e aplicação desse material.
[...] Esse material, ele é
utilizado não para obras de sustentação, não para vigas, não para pilares, isso
nós fazemos questão da pessoa assinar esse compromisso. Porque elas usam apenas
em contra piso, em assentamento de piso, assentamento de [...] de ladrilhos.
Sem função estrutural. Ele é funcional desde que ele seja [...] a pessoa
planeja a hora que ela vai precisar, por exemplo, não adianta ela pedir areia
na hora que ela está fazendo as lajes, as vigas e os pilares, que ela vai deixar,
ela vai ficar [...] o material lá parado sem usar. Ela não vai usar aquele
material, ela tem que pedir na hora que ela estiver fazendo o contra piso, na
hora que ela estiver fazendo o assentamento de determinada [...] de tijolos ou
algo parecido, entendeu então, a hora que estiver fazendo baldrame, por
exemplo, dá para usar com pedra tal, ela tem que usar na hora que ela tem que
pedir na hora que ele então por isso ela [...] O problema é o seguinte, tem uma
fila de pessoas, então as pessoas já se preparam, vou precisar desse produto
mês que vem, então a gente já [...] já programa mês que vem. [...] Já tem gente
na frente comprando, então, a gente vai programando, a hora que outra pessoa
falar que precisa para o mês que vem para tal dia, fala, não posso [...] só
posso para tal dia, porque o dia que você pediu já tem gente na frente
[ENTREVISTADO A2].
Além das autoconstruções,
foram observados e identificados outros consumidores que utilizam os
reciclados, dentre eles:
- · Lojas comerciais, como floricultura, que utiliza em seus pátios ;
- · Proprietários de sítios e chácaras que os utilizam nos acessos;
- · Condomínios;
- · A municipalidade.
[...] esse material é vendido
normalmente, a pedra, a areia, pedrisco, é para o construtor: pequeno
construtor, que é aquela pessoa que está construindo a própria casa. [...] a
pedra maior, ela é normalmente [...] ela não é usada para construção, que é uma
pedra grande, mas ela pode ser utilizada ou pela Prefeitura ou pelas construtoras
que tão fazendo asfalto na cidade, também fazer base de asfalto ou fazer
drenagem, fazer drenos [ENTREVISTADO A1].
Os operadores da usina
representam um número pequeno de trabalhadores. Em 2002, ela contava com três
homens: um operador do triturador, um operador da pá carregadeira e um operador
que seleciona material. Existe também um coordenador, que é responsável pelas questões
administrativas da usina.
Com a usina, eliminou-se a
possibilidade de surgirem bota-foras na cidade, como relata o entrevistado A1,
a seguir. Existem oito caçambeiros que fornecem a matéria-prima à usina, estando
dois deles se capacitando, com o objetivo de se instalarem em um Centro de
Triagem, que possibilitaria outra fonte de geração de emprego.
[...] acho que a gente
melhorou muito de 97 pra cá, a gente conseguiu fechar muito bota-fora
irregular, conseguiu apertar bem a [...] a correia aí, dos caçambeiros. [...]
Ah! Mas existia para todo lado. [...] Qualquer beira de estrada tinha um
bota-fora. [...] Fomos cortando [...] fomos cortando, fomos multando, fomos
pegando, fomos regulamentando, fomos chegando junto [...] e fomos fechando,
fechando junto com a Polícia Florestal, e aí o último que tinha aqui que era
uma cerâmica, fechou [ENTREVISTADO A1].
Fonte do texto:.ietsp.com.br/ UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS/Nelma Almeida Cunha