27 agosto 2016

PESQUISA REALIZADA EM USINA DE RECICLAGEM DE RCD DA CONSTRUÇÃO CIVIL DENOMINADA USINA DE RECICLAGEM C

Usina de Reciclagem: C

Nessa usina, foram realizadas duas visitas; na primeira delas, o pesquisador foi recepcionado pelo proprietário − que será identificado por entrevistado C1. Durante a visita, a usina operava apenas como transbordo, pois os equipamentos destinados ao processo de reciclagem estavam em manutenção. Na segunda visita, a usina estava funcionando normalmente e o entrevistado foi o responsável técnico, aqui designado como entrevistado C2.

As visitas possibilitaram o registro de dois momentos diferentes no cotidiano da usina. O primeiro refere-se ao equipamento em manutenção; nessa circunstância, a dinâmica da usina é outra, as atenções são voltadas para o recebimento transitório dos resíduos, que tinham uma destinação final nos acessos internos de outros transbordos ou em aterros. O segundo momento diz respeito à usina em plena operação, reciclando os RCD.

As entrevistas e observações in loco forneceram dados registrados nos tópicos a seguir.

a) Dados gerais:

A usina de reciclagem C é uma empresa privada e está localizada em zona urbana, sendo cercada por uma vizinhança industrial. A usina possui via de acesso fácil, pois se encontra a poucos metros de rodovias importantes. A área de ocupação é de pequeno porte e em seu entorno encontram-se, além de indústrias, torre de transmissão de energia e um rio poluído.

Além disso, a usina possui instalações móveis; no momento, encontra-se organizada de forma lógica, sendo os materiais estocados em áreas preestabelecidas. O abastecimento de água vem direto da rua (água de rede), não existem grandes reservatórios e o abastecimento de energia é de regime trifásico.

As áreas de estocagem servem para armazenar diversos tipos de resíduos recebidos e vários tipos de agregados produzidos. Essas áreas ficam a céu aberto (Figuras) − sendo necessário cobrir esses materiais com capa plástica quando chove − e apresentam drenagem natural em razão da declividade do terreno. Assim, a usina possui uma infra-estrutura simples e está organizada em áreas de estocagem, triagem e segregação e equipamentos; todos esses elementos estão delimitados naturalmente.

Quanto ao impacto ambiental e às instalações para a proteção acústica da área, não houve necessidade de tanto rigor, pois a usina está localizada em uma zona industrial com atividades que produzem ruídos de natureza semelhante.

As Figuras da postagem são alteradas a da fonte  original da pesquisa da usina C.

1. Entrada e saída de veículos.
Entrada e saída de veículos.
Entrada e saída de veículos.

2. Descarga dos RCD.
Descarga dos RCD.
Descarga dos RCD.


3. Área de transbordo e triagem.
Área de transbordo e triagem.
Área de transbordo e triagem.


4. Calha metálica: alimentação do britador.
Calha metálica: alimentação do britador.
Calha metálica: alimentação do britador.


5. Britador de mandíbulas.
Britador de mandíbulas.
Britador de mandíbulas.


6. Transportador de correia.
Transportador de correia.
Transportador de correia.


7. Caixa de distribuição.
Caixa de distribuição
Caixa de distribuição


8. Peneiras: classificação granulométrica dos agregados reciclados.
Peneiras: classificação granulométrica dos agregados reciclados.
Peneiras: classificação granulométrica dos agregados reciclados.


9. Baias: os agregados saem da peneira e são depositados nas baias.
Baias: os agregados saem da peneira e são depositados nas baias.
Baias: os agregados saem da peneira e são depositados nas baias.

10. Estocagem dos agregados reciclados.
Estocagem dos agregados reciclados.
Estocagem dos agregados reciclados.


11. Administração e controle de entrada e saída de veículos.
Administração e controle de entrada e saída de veículos
Administração e controle de entrada e saída de veículos


12. Depósito dos materiais segregados e acondicionados destinados a comercialização.
Depósito dos materiais segregados e acondicionados destinados a comercialização
Depósito dos materiais segregados e acondicionados destinados a comercialização


13. Contêineres para depósito dos materiais não utilizados na reciclagem.
depósito dos materiais não utilizados na reciclagem
depósito dos materiais não utilizados na reciclagem


A usina C funciona da seguinte forma: os caminhões carregados com os resíduos das atividades construtivas entram na usina (1) e estacionam em frente à administração (11) para identificação e autorização de descarga no pátio. Ao descarregarem, formam vários montes de resíduos (3), que são inspecionados e destinados à reciclagem ou ao aterro. Posteriormente, os trabalhadores iniciam a etapa de triagem e segregação, depositando madeira, papéis, plásticos, vidros, entre outros materiais, em contêineres (13). Esses materiais são devidamente acondicionados e estocados no depósito (12). O material destinado ao aterro fica estocado por pouco tempo, aguardando os caminhões que o transportam para o aterro municipal. Nesse caso, a operação realizada se caracteriza como área de transbordo e triagem (ATT) e armazena temporariamente os materiais segregados para posterior remoção, dando adequada destinação sem prejudicar o meio ambiente e a saúde pública.

Os resíduos destinados à reciclagem, após a etapa de triagem e segregação, passam a ser a matéria-prima (2), que é conduzida pela pá carregadeira e lançada na calha metálica (4). Inicia-se a operação de britagem: a matéria-prima na calha metálica inclinada, por gravidade, deposita-se na câmara de britagem onde será triturada por mandíbulas (5) e transformada em fragmentos de várias dimensões.

Os fragmentos são transportados por correias (6) à altura de dois metros e transferidos para uma caixa metálica de distribuição (7), que os lança na peneira (8). Esta, em movimento circular e uniforme, realiza a classificação granulométrica dos agregados reciclados em suas respectivas baias (9). Posteriormente, os agregados são retirados das baias e estocados (10), para serem comercializados.

b) Aspectos legais e efeitos da gestão municipal

 A usina foi inaugurada em 1999 e a motivação para sua implantação veio das dificuldades enfrentadas por seu proprietário, incentivado pelas questões ambientais.

[...] Eu comecei aqui em 99. Eu gerenciei uma empresa 23 anos, e aí me aposentei e achei que era novo e para manter a família [...] Comprei um caminhão e um dia estava com meu filho e fui jogar uma caçamba no bota-fora, uma beirada de rio. Cheguei lá vi aquele absurdo [...] Sou uma pessoa que tem uma mente com uma preservação ambiental. Cheguei na minha casa e fiz uma reunião com meus próprios filhos: olha isso que agente faz não pode fazer. Aí comecei a fazer reunião com o grupo de caçambeiros [...] fazer primeiro uma conscientização e hoje, graças a Deus, São Paulo já está bem evoluído através destas idéias [ENTREVISTADO C1].

A usina não recebe subsídios nem benefícios de programas governamentais, mas, mesmo assim, contribui com a comunidade por meio de ações, como: incentivos a implantação de Ecopontos, palestras em canteiro de obras, em diversas faculdades e instituições como SINDUSCON.

[...] Trabalho parecido com esses daqui são chamados os Eco-pontos que foram [...] iniciados após esse trabalho. Assim nesse trabalho que faz a britagem e a reciclagem nós somos os pioneiros, desde do início das atividades nós somos os pioneiros. A primeira empresa particular a britar o entulho no país. Particular mesmo [...] com recursos próprios [...] sem subsídios [...] Por que, o que acontece? A gente ajudou a montar algumas empresas desta em áreas públicas, prefeitura do interior, mas as prefeituras utilizam a mão-de-obra do próprio empregado, e parece que não vêm colhendo resultados satisfatórios. E, eu peguei [...] fiz tudo privado mesmo, busquei alternativas, apertava aqui, apertava ali [...]
[...] Sozinho, sozinho [...] eu e minha família [...] Aí, a gente foi, o pessoal começou a procurar, e aí começamos a formar grupos [...] depois disto o que aconteceu também? A gente [...] ajudei a formar em São Paulo os chamados Eco-pontos, aí foi onde Tarcísio nos deu uma assessoria [...] uma orientação [...] nós deu umas 2 assessorias gratuitas, para gente nesse sentido. E hoje nós estamos até nos grupos que dá aula em canteiro de obra. Estamos fazendo este estudo para que os materiais saiam da obra com tudo separado é [...] por que esse estudo? Porque o pessoal que trabalha na obra é um pessoal de pouca cultura, e a pouca cultura deles fazem com que eles joguem restos de comidas nas caçambas, misturam materiais que não devem e com isso aí foi mudando, mudando, e hoje nós temos várias pessoas, vários grupos de Eco-ponto que dá educação ambiental no próprio canteiro. E com isso nós estamos ganhando qualidade de vida e protegendo a natureza [...]
[...] daí aconteceu o que? Eu fiz duas matérias para a revista Politécnica. Eles vieram pedir para a gente, e aí a gente virou alvo do grupo que foram lá. Por quê? Por exemplo Belo Horizonte que é bem mais velho e maior, eu participei desde o início, com a engenheira Siumara lá, ela esteve lá, então ela falou, olha o que a gente faz lá [...] é público com recursos públicos agora você consegue fazer com a própria, o grupo, formar grupo [...] essa idéia aí é muito avançada por nosso nível [...] no nível que você trabalha [...] não no nível de engenharia, então, graças a Deus, fui bem [...] aí após aquilo teve um seminário no SINDUSCON [...] [ETREVISTADO C1].

Como divulgação de seus produtos, existe a propaganda “boca a boca”, tanto para vendas de pequeno quanto de maior vulto.

fundamento de uma bacia dessa? Veja bem, você tem um caminhãozinho, você tem as caçambinhas que você loca, então você chega lá você vai divulgando, vai passando, os parceiros: você está comprando, esta pedra nós temos ela lá pela metade do preço e com a mesma capacidade, tem o engenheiro que dá orientação como usar e assim vai divulgando [...] [ENTREVISTADO C1]
[...] esteve um negócio de 2 ou 3 meses atrás no SPTV que eles gravaram a parte do britador [...] eles gravaram, o rapaz, o repórter [...] passou na edição da noite no SPTV. Eles vieram gravar a parte dos britadores [...] Faz dois a três meses. Às vezes a gente sai nestas revistas de condomínio [ENTREVISTADO C2].
[...] Eu tenho no material comigo que eu trouxe para mostrar para o Aldo que eu tinha falado [...] eu mostrei para ele que tinha algumas coisas na revista, tenho foto do Sr Gentil em cima de uma caçamba explicando o trabalho [...] de vez em quando aparece uma modinha, muita gente vem [...] pessoal procurando para fazer alguma matéria [...] [ENTREVISTADO C2].

O entrevistado define sua planta como área de transbordo e triagem (ATT); a designação de triagem refere-se à etapa de recebimento dos resíduos e a de transbordo refere-se ao que não é reutilizado na usina, sendo encaminhado para o aterro.

[...] já tem o cadastro dele na LIMPURB e aqui também ele é cadastrado, por quê? Porque a gente só recebe aquela determinada quantia que dá para transportar de área. Por isso que a gente deu nome de área de aterro, quando chega, e transbordo, quando transporta já o material e a gente procura não deixar o material mais que dois dias aqui na bacia. [ENTREVISTADO C1]

Segundo os entrevistados, o departamento municipal de limpeza urbana apóia e incentiva a usina, dando informações e facilitando o processo burocrático para seu licenciamento.

[...] prefeitura está dando apoio moral [...] Incentivando. Criou [...] está dando prioridade a esse trabalho aqui fazendo logo o licenciamento e assim por diante [...] [ENTREVISTADO C1]

Quanto às parcerias, o proprietário relata que no início convidou os profissionais do ramo para fazer um trabalho em conjunto, mas não obteve sucesso. A partir dessa iniciativa, decidiu realizar o empreendimento com seus próprios recursos; procurou isoladamente criar parcerias entre poder público e privado, parcerias entre municípios conurbados e recursos para locação dos equipamentos. Seu empenho em criar e fortalecer seu negócio fez que ele chegasse ao meio acadêmico, sendo reconhecido pelo trabalho realizado com os RCD.

[...] Quando eu comecei a fazer isso aqui sozinho, os colegas falaram, você [...] vai fazer sopa [...] daí fundamos sindicato dos caçambeiros, comecei organizar o grupo fazendo reuniões, reuniões. Há 5 anos atrás, você tinha uma facilidade para descargas de entulho [...] você não jogava entulho no morro, você jogava dentro das valas, e essas valas, justamente, aonde? próximas aos rios, eu falava, ora daqui a uns tempos, vai acabar, além de está incorretamente trabalhando com isso, vai chegar um tempo que essas valas vão acabar, nós vamos ficar mais vulnerável a fiscalização, tudo isso vai acontecer. O pessoal não acreditava, não demorou um ano já começou, o colega “oh, meu caminhão foi preso pela policia florestal, como é que nós fazemos, eu quero um documento que eu jogo ali pelo menos, e que eu hoje me perdi eu jogo aqui”, eu falei olha para você jogar aqui você tem que participar das reuniões, ser consciente que você vai montar uma empresa para ser empresário, você tem uma empresa, se você tem uma empresa para jogar errado, jogar em lugar indeterminado que não é determinado por norma da prefeitura, vai acontecer isso. E foi indo. Hoje já está acontecendo tudo isso [...] eu falo que vai chegar um tempo, isso na primeira reunião do sindicato, vai chegar o tempo que a gente vai ter que alugar para uma construtora uma caçamba para entulho, uma caçamba para madeira e uma caçamba para plástico, já está acontecendo, tudo que a gente achava que era absurdo está acontecendo [...] daí eu fui fazer uma palestra numa faculdade no Tatuapé, me convidavam, mas eu não sou formado em nada, dai fui lá falei algumas coisas, daí foi interessante por que todo mundo queria saber alguma coisa a mais. Sabe, na realidade é um processo, então, [...] isso aí aconteceu lá no seminário em 2000, você veja bem o eu que não sou nada falo em um seminário,é difícil [...] [ENTREVISTADO C1].
[...] Então, e eu fui [...] que até o professor Tarcísio que organizou o seminário, e eu fui lá participar. Daí tinha um engenheiro da Holanda [...] e ele fez questão de visitar, aí veio de Uberaba, veio de Joinville, e toda semana tem um grupo que gosta, que quer vir vê o trabalho. A gente já foi convidado para implantar em Guarulhos, abriram um lá em Guarulhos. [ENTREVISTADO C1]
[...] lá não é municipal [...] é particular, mas, foi com a ajuda deles, não tem documento, fizeram lá e a prefeitura facilitou para eles porque precisavam ter pelo menos um início, a gente ajudou também. Eles querem uma dessa daqui que reutiliza o material, eles dependem desse material com menor custo. Guarulhos é um município grande e abrange área muito carente, então, vai indo assim [...] [ENTREVISTADO C1]

Atualmente, a usina negocia a venda de agregado reciclado com empresas terceirizadas, contratadas pelas empresas que ganham as licitações municipais. Ela recebe consultoria de uma empresa ambiental, que realiza um apoio administrativo para melhor manuseio dos resíduos, possibilitando inclusive o contato com construtoras e feiras.

A prefeitura [...] utiliza em praças, para reconstrução de praças. E o fundamento nosso hoje, mesmo, com a prefeitura, seria assim não a prefeitura como parceira, mas as empresas que trabalham com a prefeitura como parceira. Porque elas tiram o material e em vez de jogar, vem o material para cá que é o concreto, revestimento de calçada que eles tiram tudo, e volta como material de reutilização. Então, já tem algumas empresas que recondicionam praças, revitalizam praças [...] [ENTREVISTADO C1]

O proprietário, na busca de ampliar o seu negócio, se vincula a empresas conceituadas no setor da construção que se interessam pelo reaproveitamento da madeira encontradas nos resíduos.

O programa da recuperação da madeira e a reutilização da madeira moída, então agora nós temos uma reunião com a diretora do Eucatex que vai tentar fazer a requisição de toda esta madeira que sai, a madeira que dá para fazer cavaco. Então ela vai para lá, vai reutilizar pra deixar de usar o Eucalipto e economizar um pouco mais [...] [ENTREVISTADO C1].

Os procedimentos para recebimento dos RCD, a matéria-prima, baseiam-se na chegada de caminhões  cadastrados, quando acontece a inspeção visual para classificação dos resíduos. Quanto a sua procedência e composição, eles são armazenados individualmente:

·         Resíduos provenientes de demolição de calçadas, sarjetas e praças;

·         Resíduos com predominância de material cerâmico (Figura);

Resíduos com predominância de material cerâmico
Resíduos com predominância de material cerâmico



·         Resíduos com predominância de material misto − terra, argila −; normalmente é destinado para pavimentação;

·         Resíduos com predominância de concreto estrutural, considerado material nobre –este já é separado para britagem (Figura);

 Resíduos com predominância de concreto estrutural
 Resíduos com predominância de concreto estrutural


·         Resíduos com predominância de material misto: terra, barro e com presença de quantidade visivelmente significativa de contaminantes (podas, papel, papelão, madeira, matéria orgânica, plásticos, solos e metais, entre outros).

O proprietário da usina fez um estudo sobre a quantidade de RCD recebida durante o primeiro ano e chegou a valores estimados em 4.000 toneladas/mês. Observou a composição dos resíduos recebidos e quantificou os componentes encontrados: metais.

[...] quando eu fiz o projeto aqui após o primeiro ano de estudo, então o projeto aqui era para receber 4.200 toneladas ou seriam 4.200 metros cúbicos.
[...] aí eu tirei a conclusão que nestes 4.200 metros cúbicos recebidos geram 11.000 kg de metal, geram 7.000 kg de papel, papelão, 4.000 kg de plástico, de pvc, 1.800 kg de material nobre. O que você fala de material nobre? Material nobre é o alumínio, é o cobre [...], então e aí por diante e mais ou menos aí 200 kg de materiais como acrílico, trilho também geram 2.000 kg a 3.000 kg [...] então foi um projeto bem estudado. [ENTREVISTADO C1].

d) Processo de Reciclagem *(está faltando a letra c)

Uma vez classificados, os RCD passam pelas etapas de triagem e segregação, extração de materiais indesejáveis, operação de britagem e estocagem para expedição. Dessa forma, o processo de beneficiamento dos resíduos e produção dos agregados atende as etapas a seguir.

  •  Avaliação visual da qualidade do entulho: na chegada do caminhão, há uma pré-seleção baseada na inspeção visual, com predominância de pedaços de concreto, aparentemente em bom estado. O concreto é considerado material nobre, e será destinado à britagem.

·
[...] na verdade eu tinha falado para você a seleção visual na hora que entra, depois descarregou o pessoal vai para poder limpar, entendeu, madeira tira aqui, plástico, quando é plástico joga na caçamba de papel, sucata, vidro, separa tudo, entendeu? [ENTREVISTADO C2].

  • ·Triagem e segregação: separação manual dos materiais não britáveis, como madeira, plásticos, papel e aço. Esses materiais voltam ao mercado com valor agregado e são comercializados em olarias e sucatas, entre outros locais (Figura).

Triagem e segregação
Triagem e segregação



[...] quando o caminhão chega, ele vai, é colocado, vai o material [...].
É ele é colocado aqui até a mão de obra vem e limpar. Como você está vendo, aquele material, ele vai para olaria, então [...] tem hora que esse material é depositado em aterro. A olaria utilizava eucalipto. Hoje estamos deixando de utilizar eucalipto e utilizando a própria madeira que é até uma madeira contaminada, é uma madeira que tenha alguma contaminação de cimento, pode ser até reutilizada [...] e até as cerâmicas também já estão utilizando. [ENTREVISTADO C1].

  •   Alimentação do equipamento: a matéria-prima, após segregação, é transportada pela pá carregadeira até o alimentador, onde é umidificada por uma mangueira, pois não existe sistema nebulizador para contenção de material particulado (Figura).
transportada pela pá carregadeira até o alimentador
transportada pela pá carregadeira até o alimentador




É o processo. Nós falamos bica, [...] bica com deslize. Então a gente joga com a maca, coloca ela na bica e com uma enxadada e vai puxando ela com o britador [...]. [ENTREVISTADO C1].

  •  Britagem: o alimentador possui uma inclinação que permite, por gravidade, a chegada da matéria-prima na câmara de britagem, onde é literalmente mastigada pelo britador de mandíbulas. O material britado é conduzido pela correia transportadora até a  peneira, que mecanicamente distribui o agregado reciclado em suas respectivas baias (Figura).

·
mecanicamente distribui o agregado reciclado em suas respectivas baias
mecanicamente distribui o agregado reciclado em suas respectivas baias



E depois da britagem o material é peneirado, então, é colocado em estoque e conforme a necessidade do material o caminhão sai e vai carregado, e vai indo, direto para obra de acordo com o material que é pedido. [ENTREVISTADO C2].

  • Empilhamento: os agregados reciclados são estocados nas proximidades e destinados aos consumidores. O sistema de estocagem dos agregados é provisório, pois o material produzido já tem destino certo e o tempo de estocagem é mínimo.

  • Armazenamento, no depósito, dos rejeitos resultantes da etapa de triagem e segregação.

Todo o material é armazenado aqui. É um estoque porque você tem que formar a carga deles, por exemplo, aqui você já está dando quase um caminhão de 18 metros cúbicos, então, [...] você vende [...] pvc vende [...]pouco uso reconstitui [...] telha, mangueira de bombeiro [...], tudo é reutilizado [...] tudo é jogado, está entendendo? [ENTREVISTADO C1]

Os equipamentos utilizados foram adaptados, pois são improvisados e procedentes de sucatas. São maquinário de pedreiras em que a vida útil já foi ultrapassada, mas ainda funcionam para britagem de material menos duro − a matéria-prima agora já não é mais natural.

[,,,] materiais sucateados. Sucateados, recondicionados e fazem o trabalho com a mesma é [...] performance que o novo. Você está entendendo? Vê a importância da utilização do entulho [...] [ENTREVISTADOC1].
Os britadores vão para pedreira e lá eles tem uma vida útil, após aquela vida útil ele vai para a sucata, então aqueles que vão para a sucata são recondicionados, como [...] não oferece resistência não muito forte dá para ser reutilizado com a mesma performace do outro. As correias tudo correia já utilizadas [...] de pedreira de bastante uso, está sendo reutilizada. Peneira é simples, são materiais comprados em ferro velho, e tudo aí você pode ver que é material já corroído, corroído e recuperado que volta a ter a mesma resistência do material novo [...] [ENTREVISTADO C1]

Os principais equipamentos encontrados na usina foram:

  •   Pá carregadeira: a Figura acima  mostra a pá carregadeira depositando a matéria-prima na calha metálica.
  •    Alimentador do britador: trata-se de uma calha metálica com inclinação, para facilitar o escoamento da matéria-prima 

[...] é que hoje a gente não tem este alimentador vibratório, então á concha da máquina vem descarregada, em uma estrutura metálica, e o menino puxa com a enxada o material para vim para o britador e o alimentador vibratório. [ENTREVISTADO C2]

  •     Britador de mandíbula com capacidade de britagem de 8 metros cúbicos por hora 


[...] é o britador de mandíbula com correia de 15 metros e peneira [...] a mandíbula 42 e 30, com potência de 8metros cúbicos por hora de brita.[ENTREVISTADO C1]
A especificação dele e que o pessoal fala é de 42 e 30, se você olhar a boca dele e 42 cm por 30. Então, conforme você vai aumentando essa boca mais capacidade de vazão você tem, mais o material você consegue está britado, quando o britador é muito grande costuma-se colocar rebritador, porque você consegue britar peça muito grande, só que ela não fica do tamanho de uma pedra 1 ou pedrisco, então você dá uma quebrada ela já diminui aí você rebrita de novo para fazer o pó, o pedrisco [...] [ENTREVISTADOC2

  •    Transportador de correia fixada em estrutura metálica (Figura acima)
  •      Peneira rotativa, com formato cilíndrico (Figura).
Peneira rotativa, com formato cilíndrico
Peneira rotativa, com formato cilíndrico 



O proprietário da usina está planejando melhorias para a planta, entre elas a aquisição de equipamentos, como nebulizador e alimentador vibratório. Hoje, ele utiliza mangueira para minimizar o pó e uma calha metálica inclinada para alimentar o britador.

[...] vai puxando com a enxada, vai deslizando dentro do britador. [ENTREVISTADO C1]
É molhado, puxo a mangueira aqui, mas estamos trabalhando já um reservatório para fazer com nebulizador. O nebulizador vai ser muito mais [...] equivalente [...]
O nebulizador, ele vai encaixado aqui, na hora que está caindo aqui dentro, então não sobe pó, o nebulizador vai lá. Na saída o material vai pulvorizado com água para que não saia pó no terminal da esteira.
[...]. Ele não volta por quê? Porque já tem um estudo do grau de inclinação que ele não volta [...] eu vou fazer funcionar [...]. Improvisando até que chegue o real da situação. [ENTREVISTADO C1]
Isso, esse que a gente vai fazer a troca, se você vier daqui a um mês mais ou menos já vai estar funcionando, é uma espécie que o operador só fica com o controle na mão, então um vai e descarrega o material e o outro aciona o vibratório, o material já vai caindo tudo dentro do britador, então o britador fica constantemente alimentado, [...] o britador está virando em falso aí começa a esmagar e até você puxar lá do fundo de novo, você aciona ali [...]. [ENTREVISTADO C2].

A seguir, o entrevistado fala sobre os equipamentos mínimos necessários para que uma usina de pequeno porte funciona.

[...] se você já tiver o terreno você já tem uma vantagem, porque você não precisa depender de locações, aquelas coisas. Agora se você não tiver o terreno, você vai depender do proprietário consentir o trabalho, após o consentimento uma declaração que você vai fazer esse tipo de trabalho, você tem que fazer um contrato esse contrato gera gasto e depois, você tem que fazer o que? Ter uma pá carregadeira de nível médio, que é assim em torno de concha 1,5 m3 por concha e ter um caminhão pelo menos para transportar aquele rejeito em locais adequados. [ENTREVISTADO C1]
Então, [...] quando eu montei, comecei apenas com uma locação de máquinas. Locava uma máquina e depois fui comprando, fazendo dívida, pagava uma outra, chegamos aí [...] a gente já está bem, não há necessidade de substituição. Esse equipamento aqui [...] não apostula lucro nenhum. Então, a gente tem que substituir, mas, para isso [...] a gente fez um trabalho aí [...] a pedido do professor, eu fiz um trabalho para ele sobre um perfil das empresas que trabalham com entulho, as necessidades da empresa. Então, eu tirei um perfil mais ou menos pra ele [...] para vê se junto com a Caixa Econômica Federal este trabalho para que esse trabalho passe a ser visto com algumas prioridades de financiamento para facilitar [ENTREVISTADOC1].
Eu tenho um caminhão só, os outros são alugados.
Para funcionar quantos caminhões o senhor precisa ter? [Pesquisador]
Quatro caminhões, depois, duas pás carregadeira. [ENTREVISTADO C1]

A usina tem capacidade de produzir 10 toneladas por hora e recebe, em média, 50 caçambas por dia, todas cadastradas na prefeitura, seguindo a legislação municipal. Tem capacidade para britar 65% do material recebido, o que corresponde a 30 metros cúbicos por dia de material britado.

A produção nossa seria 70 m3/hora para moer e hoje nós estamos aí em torno de 16 [...] 17 metros mais ou menos, porque nós estamos alimentando no manual, não temos recursos para comprar peneira, o britador [...]. [ENTREVISTADO C1]
É, ele vai passando por aí e vai estocando [...] hoje estamos com 1,5% de rejeito. Que vai em aterro como São Paulo ou Queluz, lá eles recebem esse rejeito. Já é uma grande coisa porque economicamente para prefeitura, economicamente para o meio ambiente, então, a vida útil das bacias [...]. [ENTREVISTADO C1]
O que volta bastante está sendo o pedrisco e areia [...] Porque uma ATT hoje para ser completa mesmo, ainda vai muito, sabe, teria que ter o britador. Tem caçamba que vem com algumas podas, então, teria que fazer um terreno com uma compostagem, uma pequena compostagem, teríamos que ter, por exemplo, essas guias de sarjeta que são feitas com concreto usinado, então, a gente teria que ter uma pequena concreteira aí, pra fazer o quê? levar o concreto pronto para que seja feito, e as vezes, elas não reutilizam muito porque nós não temos como usinar. Deu para entender como é? O ganho alto [...] é isso aí [...] estamos indo lá. [ENTREVISTADO C1].

e) Produto

Os produtos estão classificados em faixas granulométricas; dessa forma, são produzidos (Figura): areia, brita 0, brita 1, brita 2, brita 3 e bica corrida.



[...] então a peneira faz a classificação. Então sai a pedra 1, aquela lá é uma pedra 2, sai o pedrisco, que a gente utiliza [...] vamos utilizar pra fazer blocos e outras coisas mais. Então, nós temos hoje de rejeito do entulho é o cerâmico, que é o azulejo, ele não brita, então é o que temos de rejeito. Esse equipamento aqui nós estamos tirando pedra 1, pedra 2, pedrisco, a areia e uma pedra 3 são cinco produtos. [ENTREVISTADO C1].
[...] É uma pedra 2, a pedra 3 está do lado de cá do equipamento [...]. Aqui sai a pedra 3, [...] a gente está voltando a rebritar ela novamente então, você vê sai areia e pedrisco são dois produtos, a pedra 1 são três produtos, a pedra 2 são quatro produtos, e esse que é um produto aí, pra cascalho de rua que é importante isso aí, e a areia que nós já estamos utilizando em vários [...] utiliza tudo [...] Hoje nós não estamos jogando material fora praticamente reutilizamos [...] é que hoje você pegou uma fase que a máquina está quebrada. Mas, eu teria muita coisa boa para mostrar mais para você [...] [ENTREVISTADO C1].

Como exemplos de aplicação dos reciclados produzidos nessa usina recicladora, têm-se:

·         Piso de galpão comercial localizado próximo à usina;
·         Lastro para assentamento de tanque de combustível em posto de gasolina em Barueri;
·         Lastro para assentamento de tubulações de infra-estrutura (Figura);

Lastro para assentamento de tubulações de infra-estrutura
Lastro para assentamento de tubulações de infra-estrutura


·      Via interna no transbordo de municípios conurbados, nivelamento de terreno, cascalhamento de vias.
·

Esse material aqui, [...] concreto, cerâmico tem muito pouquinho, esse material dá uma qualidade que você pode fazer até estrutura [...] estrutural [...] laje a gente não recomenda porque ainda não tem uma especificação muito determinada pelo IPT (mas está em teste), para alvenaria, piso, estacionamento, é um material que oferece a mesma resistência do natural. Consideramos este material aqui como nobre, isso aqui não temos produção pelo pedido que temos. [ENTREVISTADO C1].

f) Atores sociais

Durante a investigação, foi possível identificar as pessoas que interagem direta ou indiretamente, possibilitando o funcionamento da ATT. Elas foram agrupadas em:

  •    Mão-de-obra: trabalhadores envolvidos com as atividades operacionais, como segregação, reciclagem e transporte.
  •   Fornecedores da matéria-prima: caçambeiros e geradores de resíduos.
  •  Consumidores: construtoras, autoconstruções, comunidades religiosas e, de forma indireta, o município.

Segundo levantamento feito na usina pelo proprietário, em quatro anos observou-se que 400 metros cúbicos por mês geraram 1 (um) emprego; dessa forma, 4.000 metros cúbicos por mês vão gerar 10 empregos diretos. Atualmente, a usina conta com 27 empregados – com salários mensais variando entre R$ 420,00 e R$ 1.050,00 −, sendo 10 empregos diretos (que trabalham diariamente no espaço físico da usina) e 17 indiretos (caminhoneiros e caçambeiros colaborando com o transporte do material reciclado).

Isso, o quê que a gente conseguiu aqui? A gente conseguiu que cada 400 metros cúbicos de entulho ele gera um emprego. Agora você veja bem, aqui nós recebemos em torno de [...] 4.000 metros cúbicos, estamos gerando dez, praticamente dez empregos diretos e geram sem dúvida, o caminhão vai carregar para algum lugar gera mais emprego, dá um total de [...] geram 27 empregos direto e indiretos [...] como esse levantamento eu fiz com auxilio de recaptação do volume que a LIMPURB nos passa [...] São Paulo gera 430.000 toneladas de entulho mês [...] é eu fiz um levantamento em Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro então só aí dava para gerar um tremendo emprego, inclusive a renda superior, a renda inferior é R$ 450,00, mas tem grupos, tem pessoas aqui que chegam a tirar R$ 1.050,00 mês [ENTREVISTADO C1].
[...] Como é que eles são remunerados, eles tem carteira de trabalho registrada? [Pesquisador] Olha, nós temos quatro [...] nós temos registrado um grupo de oito [...] um ganha quatrocentos e outros, é que uns ganham por produtividade de separação de metal, formar cooperativa, nós já estamos lapidando eles, você produz mais, você ganha mais, entende? Então nós estamos lapidando toda essa é um caminho para desenvolvimento. [ENTREVISTADO C1].

Há integração entre a comunidade e a usina por meio de participação e colaboração mútua:
  •    Vizinhos nas proximidades: a usina atende, nas redondezas, a uma comunidade com baixa condição social, que compra um carrinho de areia por R$ 10,00 para uso como contra piso em suas residências − situação observada, durante a visita, pelo pesquisador.
  •    Construtoras: utilizam os agregados reciclados no próprio canteiro.
  •    Igrejas: usam os agregados reciclados na execução de pátios e contra pisos.

Na obra. Então, nós temos uma igreja aí chama-se igreja Jesus Cristo dos Últimos Dias, então elas fazem aquelas construções em terrenos acima de 8.000, 9.000 a 10.000 metros, então [...] os pátios deles só utilizam o material reciclado [...] na realidade não é nada mais nada menos que o novo concreto remoído, ele volta a ter a mesma capacidade estrutural que o outro talvez seria um pouco a menos mas, dentro do ensaio que já houve na faculdade Mauá constatou-se que não existe problema nenhum na reutilização dele no estrutural. [ENTREVISTADO C1].

  •     Autoconstrução: na construção de um galpão comercial localizado próximo à usina foram utilizadas areia e brita no piso do pátio.


Foram registradas outras experiências interessantes na aplicação dos reciclados, como em postos de gasolina, com a utilização de piso industrial demolido e a interação com municípios conurbados, apresentadas a seguir.

  • ·  Construtoras: em uma obra, o terreno tinha um uso industrial e houve necessidade de demolir o piso da fábrica. Isso favoreceu a reciclagem desse piso, que teria de ser demolido. Assim, foram utilizados o próprio reciclado na obra e o reciclado da usina.

É daí eles constataram o material reciclável [...] melhor desempenho [...] e aí eles fizeram todos os blocos eles visitaram a obra e utilizaram o próprio material, a pedra e também eles peneiraram o pó, pedra 1, pedrisco, todas essas pedras também eles empregaram para fazer todas lajes pré-moldadas, que utilizaram todo esse material que tinham um sistema de abastecimento [...] uma espécie que a máquina carregava o alimentador que jogava o material direto no caminhão betoneira; então, eles viravam o concreto dentro da próprio obra com o caminhão betoneira, fazendo o concreto ali para eles mesmos poderem utilizar, entendeu? [...] depois, então, quando acabou o material deles e eles ligaram a gente, então, estamos fornecendo material para eles [...] se você quiser depois nós damos um pulo lá. [ENTREVISTADO C2].

Municipalidades: a prefeitura de outro município, no Centro de Triagem de Resíduos Sólidos, recebe material da usina para manutenção de suas ruas internas.

Hoje os nossos clientes: a própria construção civil, os construtores, que eles utilizam para fazer os pátios das construtoras, utilizam para fazer a parte de enchimento das valas. E essas empresas especializadas em fazer tubulações são clientes que vêm procurar bastante. [ENTREVISTADO C1].
Não. Eles vêm, fazem a compra do material e a gente [...] eles pagam o frete e a gente entrega na obra deles [ENTREVISTADO C1]

E mais:

Temos clientes aqui que são os pequenos construtores da chamada casa popular. Ele já está utilizando areia do material reciclado e fazendo o lastro com o material reciclado. [ENTREVISTADO C1]
Também esse material reciclável tem uma ótima utilização, principalmente a areia, areia grossa de concreto para o aceitamento de tanque de gasolina, sabe tanque de posto? Porque ele é cheio, então, tem que fazer um determinado comportamento pra que ele não haja deslocamento [...] meu posto foi em Barueri, foi a primeira experiência, depois foi mais uns, mas não tinha volume pra atender, então há um interesse nosso agora de fazer modificações na produção. [ENTREVISTADO C1]
Nós agora estamos fornecendo o material para uma obra do PAR, Plano de Arrendamento Residencial acho que é, é lá do Belém, de manhã o caminhão acabou de sair de lá, também para carregar o mesmo pó de pedra para eles fazerem o contra piso do material, [...] vão fazer contra piso com o material [...] e o caminhão daqui ele vai para lá carregado de pó de pedra e volta carregado de entulho, para a gente poder britar ele também [...] vai com um material e volta com outro [...] Obra em Belém, lá eles compraram o pó de pedra. Só pó de pedra [...] Para fazer bloco, lá eles compraram se eu não me engano uma porção, muito parecida com esta daí, entendeu, para fazer enchimento e contra piso [...] [ENTREVISTADO C2] 
Fonte do texto:.ietsp.com.br/ UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS/Nelma Almeida Cunha