ANÁLISE DOS RESULTADOS
Esta PUBLICAÇÃO começa a apresentar
a análise dos resultados NAS PESQUISAS REALIZADAS NAS USINAS DE RECICLAGEM A,
B, C D, E JÁ POSTADAS, descrevendo os aspectos relevantes para a avaliação da
destinação dos resíduos de construção e demolição, desde sua chegada à usina
até a produção do reciclado, atendendo o objetivo desta pesquisa.
ANÁLISE DOS RESULTADOS REALIZADAS NAS USINAS DE RECICLAGEM A, B, C D, E |
A partir dos dados
apresentados nas entrevistas e observação in loco, foi realizada a análise do
conteúdo das entrevistas, identificando-se os assuntos relatados pelos
entrevistados de cada usina; em seguida, os resultados foram agrupados e
organizados em categorias e subcategorias, para interpretação.
As categorias e
subcategorias foram definidas com base no roteiro de entrevista, nos relatos
dos entrevistados e nas observações in loco e são resultantes da análise de
todos os dados coletados.
A Tabela abaixo facilita o entendimento dessas
categorias e subcategorias.
CATEGORIAS
|
SUBCATEGORIAS
|
INSTALAÇÕES
DAS USINAS
|
LOCALIZAÇÃO
GEOGRÁFICA
|
LAYOUT
|
|
PROCESSO DE
IMPLANTAÇÃO
|
|
RELAÇÃO COM A
MUNICIPALIDADE
|
|
ORIGEM DA
MATÉRIA-PRIMA
|
|
PROCESSO DE
RECICLAGEM
|
ETAPAS DE PRODUÇÃO
|
EQUIPAMENTOS
|
|
PRODUTOS GERADOS
|
|
ATORES SOCIAIS
ENVOLVIDOS
|
AGENTES DIRETOS
|
AGENTES INDIRETOS
|
Representação das categorias e subcategorias
Categoria − Instalações das
Usinas
A análise dessa categoria foi
baseada mais na observação do que nos relatos dos entrevistados, em razão da
própria natureza da categoria.
Associadas às instalações das
usinas têm-se as subcategorias, intituladas de localização geográfica, layout e
processo de implantação. Serão analisados, a seguir, os aspectos pertinentes.
Localização geográfica
Foi constatado que as usinas
estão instaladas próximas aos centros urbanos − consequentemente, próximas às
fontes geradoras dos RCD − estão adequadas às distâncias convenientes aos
usuários. Conta-se com boas condições de tráfego, contribuindo para a melhoria do
fluxo de transporte.
As áreas ocupadas pelas usinas
permitem classificá-las em pequeno e grande porte; trata-se, em várias delas,
de áreas com vocação de recebimento de resíduos. A usina B está instalada em
uma antiga pedreira, em área superior a 150.000 metros quadrados; antes
degradada, a área foi recuperada pela utilização dos RCD no aterramento da
cava. A usina D possui área aproximada de 100.000 metros quadrados e está
localizada ao lado de um aterro sanitário. As usinas A, C e E possuem áreas
inferiores a 4.000 metros quadrados inseridas em bairros com população de baixa
renda (A e E) e com indústrias instaladas (C). Dessa forma, pode-se afirmar que
o uso do solo é compatível com os empreendimentos: antiga pedreira (B), em área
no entorno da qual encontram-se rodovia e empresas de sucatas (C), em área
vizinha ao aterro sanitário (D) e em região de “bota-fora” (E). A
característica de localização da usina A sugere que tenha sido usada como área
de deposição irregular, mas na investigação esse fato não foi confirmado.
Layout (Nos Layouts postado neste blogger as fotografias são
baseadas de uma usina de reciclagem não são as mesmas das pesquisas realizadas).
A pesquisa constatou que as
usinas foram preliminarmente estudadas e planejadas, atendendo as questões
logísticas de acessos e as questões operacionais. A distribuição dos equipamentos
apresentados nos layouts mostra os elementos básicos, comuns ao porte para as usinas:
pátios de descarga, pátios de estocagem, localização dos equipamentos de
produção e administração.
Nos relatos encontram-se fatos
que registraram o interesse dos responsáveis pelas usinas, ao visitar e
conhecer o processo de reciclagem de outras usinas. A usina A inspirou-se na experiência
de Belo Horizonte, ao passo que os interessados em instalar a usina E
investigaram a usina A, que já estava em operação. A usina C é frequentemente
visitada por público diverso: municípios conurbados, pesquisadores nacionais e
internacionais. As usinas B e D também recebem visitas de pesquisadores e
demais interessados. A usina D é equipada com sala de eventos, para diversas
finalidades. Esses fatos demonstram a importância das usinas como modelo e
motivação para geração de outras novas usinas.
Processo de implantação
As usinas podem ser
consideradas como instalações móveis, pois foram projetadas para serem
transferidas para outras áreas, se necessário. Como exemplo disso, tem-se a
usina B, implantada originariamente na zona sul da cidade, em 1991, e que
atualmente encontra-se em outra região (zona leste). Com exceção da usina D, as
outras podem ser removidas sem prejuízo aos equipamentos.
Nota-se que as datas de
implantação das usinas são recentes: 1999, 2000, 2002 e 2004, respectivamente
usinas C, A, E e D, sugerindo interesse e preocupação crescentes com as questões
referentes aos resíduos das atividades construtivas, sua destinação e
reciclagem.
A 1ª Tabela sintetiza
características encontradas entre as usinas, interpretadas pelos relatos
apresentados nas pesquisas. Na 2ª, encontram-se trechos de relatos a respeito dessa
categoria.
Instalações
das usinas.
Usinas
|
A
|
B
|
C
|
D
|
E
|
Localização
|
Cidade
interior
|
Grande
centro
Urbano
|
Grande
centro
Urbano
|
Grande
centro
Urbano
|
Cidade
interior
|
Área
|
3.500
m2
|
150.000m2
|
3.500 m2
|
100.000m2
|
3.500m2 a
7.000 m2
|
Porte
|
Pequeno
|
Grande
|
Pequeno
|
Grande
|
Médio
|
Data
Implantação
|
2000
|
1991
|
1999
|
2004
|
2002
|
Entorno
|
Bairro
popular
|
Bairro
popular
|
Bairro
industrial
|
Aterro
sanitário
|
Bairro
popular
|
Área
de
Vocação
|
“Bota-fora”
|
Pedreira
|
Indústria
|
Área ociosa
|
Matadouro
“Bota-fora”
|
Instalações das usinas: relatos
Usinas
|
Relatos
|
A
|
[...] Nós fomos em Belo Horizonte em 97/98,
ver ela funcionando as máquinas funcionando, [...] fez um trabalho de adaptar
[...] a nossa necessidade. E está funcionando. Porque [...] foi 2000, mais
foi assinado no finalzinho do ano o contrato, e nós começamos a implantar no
ano de 2001, foi o ano inteirinho para implantar, tal, para máquinas, para implantar
porque é um processo muito complicado e porque você tem que deliberar, você tem
que determinar que tipo de máquina, qual a capacidade, qual o roteiro, de que
maneira que ela funciona, a planta, onde vai ser colocado cada máquina, tudo
isso é muito, muito demorado. E aí o ano de 2000 inteirinho foi pra fazer esse
planejamento [ENTREVISTADO A1].
|
B
|
Era
uma pedreira antiga, né. Essa pedreira eles tomam a área e costuma ser
reaproveitada. Então tão aterrando a área todinha, enorme desde 23 de outubro
de 99 começou [...] Não é uma área particular [ENTREVISTADO B2].
|
C
|
[...] Eu comecei aqui em [...] 99, eu
gerenciei uma empresa 23 anos, e aí me aposentei e achei que era novo e para
manter a família...Comprei um caminhão e fui jogar um dia, estava com meu
filho, fui jogar um dia uma caçamba no bota-fora, uma beirada de rio. Cheguei
lá vi aquele absurdo [...] madeira [...] uma pessoa que tem [...] uma mente
com uma preservação ambiental, cheguei na minha casa e fiz uma reunião com
meus próprios filhos: olha isso que agente faz não pode fazer. Aí comecei a
fazer reunião com o grupo [...] caçamba fazer primeiro uma conscientização e
hoje Graças a Deus São Paulo já está bem evoluído através destas idéias
[ENTREVISTADO C1].
|
D
|
[...]
temos licença da Cetesb [...] para instalar numa área adequada, faz parte do
Complexo Delta (aterro sanitário) aqui é uma área industrial própria como se
foi feito licenciamento certinho pela Cetesb e nós temos nove exigências para
estar atendendo, que é a contenção
da
poeira, contenção do ruído, tenho o projeto de drenagem que toda água que cai
dentro da usina [ENTREVISTADO D2].
|
E
|
O projeto foi desenvolvido, e como uma das
áreas de concentração de deposição onde um de nós está instalado, que fica
mais entre a região norte e oeste da cidade, havia uma grande concentração de
local irregular muito grande, próximo à rodovia que liga a cidade, então,
nós nos deslumbramos de estarmos instalados
aqui [ENTREVISTADO E1]
|
Fonte do texto:.ietsp.com.br/ UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS/Nelma Almeida Cunha