07 fevereiro 2015

PROPRIEDADES DO CONCRETO COM RDC - TRABALHABILIDADE

PROPRIEDADES DO CONCRETO COM RDC

Quando se é feita a substituição parcial ou total dos agregados naturais pelos agregados reciclados, é pertinente uma análise do comportamento desses concretos com relação a algumas propriedades.

Trabalhabilidade

A trabalhabilidade pode ser considerada dentre outras, uma das propriedades mais importantes, tendo em vista que ela tem grande influência no concreto no estado endurecido.

PROPRIEDADES DO CONCRETO COM RDC - TRABALHABILIDADE
PROPRIEDADES DO CONCRETO COM RDC - TRABALHABILIDADE
É uma verdade absoluta afirmar que concretos com agregados reciclados apresentam menor índice de consistência que as dosagens realizadas com agregados naturais de mesmo traço. Este fato ocorre por causa da maior porosidade característica do agregado reciclado, o que aumenta a absorção de água e diminui a quantidade de água livre das misturas (LEVY, 1997; TOPÇU e GUNÇAN, 1995; HENDRICKS e PIETERSEN, 1998, citados por LEITE, 2001). Uma outra razão da menor trabalhabilidade seria que, devido ao processo de britagem e moagem, os agregados reciclados tornam-se mais angulares, com uma razão superfície/volume maior que a dos conhecidos agregados naturais, que são mais esféricos e de superfície mais lisa. Como resultado disso, a fricção interna dos concretos. No trabalho de SCHULZ e HENDRICKS (1992, apud CABRAL, 2007), os autores defendem que concretos de alvenaria britada podem ser produzidos com todo tipo de consistência, desde os muito rijos até os mais plásticos, desde que os tijolos ou blocos provenientes da alvenaria apresentem maior densidade, ou seja, tenham menor porosidade, e por consequência uma taxa de absorção de água um pouco menor. Os autores relatam ainda
trabalhos nos quais alguns concretos utilizando agregado graúdo de material cerâmico e agregado miúdo de resíduo misto, apresentaram maior trabalhabilidade que as mesmas misturas feitas com agregados miúdos naturais (CHARSIUS et. al., citado por LEITE, 2001).
Porém, o que se pode notar é que quando se utiliza materiais cerâmicos na composição do resíduo de construção e demolição, a trabalhabilidade é ainda mais reduzida (LEITE, 2001).

 A alta taxa de absorção de água dos agregados reciclados é um fator crítico para balizar a heterogeneidade dos valores de índice de abatimento medido nos concretos reciclados (QUEBAUD e BUYLE-BODIN, 1999, apud LEITE, 2001). Entretanto, os autores afirmam que a pre-umidificação dos agregados antes da mistura para produção do concreto apresenta-se como boa alternativa para limitação deste problema. Além disso, pode-se lançar mão do uso de aditivos plastificantes, ou superplastificantes. Todavia, o uso de tais produtos incidirá diretamente no custo final do concreto produzido e este fato pode reduzir qualquer
vantagem econômica oferecida pelo concreto reciclado (LEITE, 2001).

No entanto, RASHWAN e ABOURIKZ (1997, apud LEITE, 2001) defendem que a trabalhabilidade de concretos com RCD’s não dependem principalmente da quantidade de água existente na mistura como é o caso do concreto de agregado natural, e sim da forma e textura do agregado reciclado utilizado. Essas propriedades possibilitam, principalmente, um maior “travamento” das misturas de concreto, dificultando a mobilidade das partículas que necessitarão de maior quantidade de pasta para vencer esta barreira.

A utilização de agregados miúdos reciclados parece reduzir ainda mais a trabalhabilidade do concreto. Quando somente agregado graúdo de concreto é usado existe apenas uma pequena diferença na trabalhabilidade do concreto reciclado e do concreto convencional (HANSEN, 1992).

No trabalho de ZAKARIA e CABRERA (1996, apud CABRAL, 2007), foi evidenciado uma perda de trabalhabilidade nos concretos com agregado de resíduo de cerâmica vermelha. Em seus experimentos, foram encontradas reduções de 25% no abatimento do tronco de cone com agregado graúdo em cerâmica vermelha.

No trabalho de Mukai et al. (1978, citados por Hansen 1992), os autores afirmam que a substituição do agregado graúdo pelo reciclado, exigira aproximadamente 10 l/m3 ou 5% a mais de agua, em relação ao mesmo traço com agregado natural para poder alcançar a mesma trabalhabilidade do traço referência. Quando é realizada a substituição conjunta dos agregados graúdos e miúdos pelos respectivos reciclados, deve-se utilizar aproximadamente 25 l/m3 ou 15% a mais de água, entretanto, deverá ser adicionado à mistura mais cimento, afim de que não ocorra mudança na relação água cimento.

Isso demonstra que a idéia do autor apesar de prática, tende a inviabilizar a produção de concretos, visto que, a adição de mais cimento, altera significativamente o custo do concreto.
Fonte do texto:UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA / DAVID DOMINGUES /CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DE DOSAGEM DO CONCRETO COM AGREGADO / DE RCD / BELÉM / 2013