05 fevereiro 2015

ABSORÇÃO DE ÁGUA EM AGREGADOS RECICLADOS

Absorção de água em agregados reciclados


Quando falamos em agregados naturais, a taxa de absorção exerce muito pouca influência nas misturas de concreto, pois, nestes materiais, quase não existe porosidade.
Entretanto, quando se trata de agregados reciclados, há uma grande preocupação da influência da taxa de absorção nestes materiais, pois, os valores encontrados são bem mais elevados do que os valores apresentados pelos agregados naturais convencionalmente utilizados.
A quantidade de água que o material reciclado pode absorver depende de fatores como a condição inicial de umidade do agregado, o tempo de permanência de contato do material com a água, se o agregado entra em contato primeiro somente com a água, ou com a pasta de cimento, entre outros (BARRA, 1996).

ABSORÇÃO DE ÁGUA EM AGREGADOS RECICLADOS
ABSORÇÃO DE ÁGUA EM AGREGADOS RECICLADOS

Machado Jr. e Agnesini (2000, apud Leite, 2001) consideram que a alta absorção dos agregados reciclados promovem um efeito de “cura úmida interna”, sendo esta uma propriedade inerente aos agregados leves de alto poder de absorção como, por exemplo, a argila expandida (NEVILLE, 1995, citado por CABRAL, 2007). 


Quando se trata de agregados reciclados de tijolo cerâmico, quanto maior for a porosidade, maior será a absorção de água do agregado. Em levantamentos bibliográficos realizados por Schulz e Hendricks (1992, citados por Cabral, 2007), foram encontrados situações onde a taxa de absorção variou de 22 a 25% da massa do material seco. O CUR/VB, citado na pesquisa de Schulz e Hendricks (1992, citados por Cabral, 2007), apresentou resultados de testes em tijolos cerâmicos onde apontam saturação completa deste agregado após 30 minutos, e que, após 24 horas imergido, não há variação maior que 2%. Em sua pesquisa, Devenny e Khalaf (1999, citados por Leite, 2001), obtiveram valores de taxa de absorção e agregados cerâmicos britados com variação de 5 a 15% em relação a massa do agregado no estado seco. Os pesquisadores avaliaram quatro tipos de tijolos diferentes na resistência à compressão. Concluíram que seria necessária a imersão do agregado reciclado por 30 minutos, a fim de compensar a taxa de absorção do material. Chegaram a este consenso mediante análise, que mostrou que a diferença de absorção do
material imergido entre os 30 minutos até às 24 horas era de apenas 2%.


A caracterização de agregados graúdos reciclados de cerâmica vermelha realizada por Mansur et. al. (1999, apud Leite, 2001) mostrou que este material tem uma taxa de absorção de 6,1% em relação a massa do material seco. No trabalho realizado por Topçu e Gunçan (1995 citado por Cabral, 2007), foi apontado uma taxa de absorção de 7% com o material imergido por 30 minutos.


Bazuco (1999) utilizando agregados reciclados de concreto encontrou uma taxa de absorção de 8,45% em 24 horas. Porém, percebeu que, praticamente toda a absorção ocorreu nos primeiros 30 minutos do material em contato com a água.
 Em sua pesquisa, Barra (1996) encontrou os valores de taxa de absorção abaixo representados. Pode-se observar na tabela 4 que quanto menor o diâmetro do agregado e maior a porosidade do material, maior é a taxa de absorção do agregado.


 Taxa de absorção de agregados reciclados em função do tipo de componentes e granulometria.

Componente Reciclado

Frações

Absorção1 (%)

Concreto

12 – 20 mm

6,85

 

6 – 12 mm

7,49

Material Cerâmico

12 – 20 mm

14,5

 

6 – 12 mm

14,4

1 Capacidade de absorção  do material calculada através da massa do material seco em estufa

 

 




  Fonte: BARRA (1996)

 Devido à maior absorção dos reciclados, vários autores recomendam seu uso na condição saturada, para evitar que o agregado retire água da pasta, necessária para a hidratação e ganho de resistência (HANSEN, 1992; SCHULZ & HENDRICKS, 1992; ANDRADE, 1998; FONSECA, 1998; I&T, 1995; CUR, 1984, citados por LEITE, 2001).

Alguns pesquisadores, no entanto, estudam a influência do grau de saturação nas propriedades de concretos com agregados reciclados (BARRA, 1997).

 Knights (1998, citado por Leite, 2001) chegou à conclusão em seu estudo com agregado reciclado que nem toda água necessária era absorvida durante a pré - umidificação dos agregados antes das misturas de concreto. Sendo assim o autor indica que apenas a absorção do agregado reciclado relativa a 10 minutos de imersão em água é que deve ser compensada no teor de água total colocado nas misturas de concreto reciclado, ao invés da taxa de absorção relativa as 24 horas de ensaio, isto porque este foi considerado tempo suficiente para apenas reduzir a alta absorção dos agregados reciclados.

A absorção de água dos reciclados de blocos cerâmicos é maior que a de reciclados de concreto, devido a maior porosidade dos materiais que o compõem. Podendo apresentar mais  variações na composição que o reciclado de concreto, é de se esperar que as taxas de absorção variem mais intensamente de uma amostra pra outra, neste material. Quando se produz concreto reciclado existe a necessidade de acrescentar mais água a mistura, comparando com um mesmo traço feito com agregado natural. A depender da quantidade de água a mais a ser incorporada na mistura. Assim, para manter a resistência haverá a necessidade do aumento do consumo de cimento, o que aumenta o custo do concreto produzido. Compensar apenas
parcialmente a taxa de absorção dos agregados reciclados é uma boa alternativa para minimizar os problemas com a trabalhabilidade das misturas e ao mesmo tempo para que não haja excesso de água no concreto com consequente redução da resistência mecânica. (LEITE, 2001).
Fonte:UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA / DAVID DOMINGUES /CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DE DOSAGEM DO CONCRETO COM AGREGADO / DE RCD / BELÉM / 2013