04 fevereiro 2015

MASSA ESPECIFICA E UNITÁRIA DE AGREGADOS RECICLADOS

Massa específica e unitária

É de se esperar que tanto a massa específica quanto a massa unitária dos agregados reciclados, apresentem valores menores, quando comparados aos agregados naturais, normalmente usados na produção de concretos.
MASSA ESPECIFICA E UNITÁRIA DE AGREGADOS RECICLADOS
MASSA ESPECIFICA E UNITÁRIA DE AGREGADOS

 Observa-se que os valores de massa específica dos agregados reciclados são de 5% a 10% menores que os valores apresentados pelos agregados naturais, podendo os números variar um pouco, de acordo com a origem e a granulometria do material. (BAZUCO, 1999).
A massa específica dos agregados de materiais cerâmicos estudados por Charisius et al., (citado por Leite 2001), dependeu do tipo de material utilizado, tijolos maciços, ou blocos estruturais, blocos de segunda linha, entre outros, e da quantidade de argamassa utilizada no assentamento. O valor da massa específica esteve em média acima de 2,2 kg/dm3.
Mansur et. al. (1999, citados por Leite, 2001) em seu trabalho, caracterizaram agregados reciclados de blocos cerâmicos de alta resistência, largamente utilizados para produção de concreto na Índia, e encontraram massa específica de 2,55 kg/dm³.
No trabalho de Barra (1996), foi realizado estudo com agregados reciclados de concreto e de material cerâmico, onde os valores estão representados na tabela.

Massa específica de agregados reciclados em função do componente e da faixa granulométrica utilizada.

 
 Fonte: A partir de BARRA (1996).
 Machado Jr. et al. (1998, citados por Cabral, 2007) afirmam que o agregado graúdo reciclado pode ser considerado aproximadamente como um agregado leve. Segundo Leite (2001), esta seria uma afirmação incorreta quando se considera que o limite superior do valor de massa específica para que um agregado seja considerado leve é de 2,00 kg/dm3. Pelo fato do agregado reciclado ser menos denso que o agregado natural, porém, com resultados que ultrapassam valores de massa de 2,00 kg/DM. Banthia e Chan (2000, apud Leite, 2001) consideram que em virtude da menor massa específica apresentada pelos agregados
reciclados, em algumas situações eles podem ser usados como agregados semi-leves.
Em seu trabalho, Latterza (1998, apud Leite 2001), realizou ensaios de massa específica e massa unitária no estado solto e no estado compactado de agregados graúdos reciclados com diâmetro máximo de 9,5 mm e encontrou os seguintes resultados: 1,10 kg/dm3 e 1,27 kg/dm3 para a massa unitária do agregado no estado solto e no estado compactado, respectivamente. E encontrou o resultado de 2,45kg/dm3 para a massa específica do agregado graúdo reciclado.
Os resultados encontrados na revisão bibliográfica em relação a massa específica e massa unitária são muito variáveis, mesmo sendo materiais reciclados com composição próxima. Em sua pesquisa, Leite (2001) diz que este fato pode ser explicado em dois aspectos.
Primeiro a própria composição do material, o tipo de beneficiamento realizado, a granulometria, entre outros fatores, que são capazes de interferir na densidade dos agregados reciclados.
Além disso, outro ponto que pode ser considerado muito importante é o método utilizado na determinação destas propriedades. Por exemplo, para a determinação da massa do material no estado saturado superfície seca, necessário para o cálculo da massa específica dos agregados, é necessária a secagem da amostra superficialmente e este procedimento pode ter variabilidade, visto que devido à alta porosidade do material, não somente a película de água da superfície pode ser retirada, mas também a água dos poros um pouco mais internos. Ou ainda, pode ocorrer desagregação do material durante o seu manuseio, ou até durante a sua secagem, devido a menor resistência do material reciclado, principalmente no estado saturado (LEITE, 2001).
No método de ensaio do frasco de Chapman também podem ocorrer erros na determinação da massa específica do material, se não houver o cuidado de retirar a maior parte do ar desprendido pelo material poroso quando o mesmo entra em contato com a água, e o espaço que deveria estar ocupado por material e água, estaria ocupado também por bolhas de ar aprisionado (LEITE, 2001).
Deste modo, deve haver muito cuidado durante a execução dos ensaios de caracterização de novos  materiais, inclusive devem ser levadas em consideração certas limitações no uso de normas e procedimentos de ensaio. É preciso, às vezes, considerar a utilização, ou mesmo, o desenvolvimento de outros métodos de quantificação para determinadas propriedades dos materiais reciclados (LEITE, 2001).
Ainda é necessário, ter conhecimento das massas específicas e unitárias dos agregados, para realização do estudo de dosagem dos concretos. Existe também, a necessidade de uma compensação da quantidade de material reciclado a ser utilizada nas misturas de concreto (LEITE, 2001).
Fonte:UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA / DAVID DOMINGUES /CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DE DOSAGEM DO CONCRETO COM AGREGADO / DE RCD / BELÉM / 2013