As Bifenilas Policloradas (PCBs)
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AS BIFENILAS POLICLORADAS (PCBs) |
As
Bifenilas Policloradas (PCBs) são compostos aromáticos clorados cuja família é
constituída por cerca de 709 compostos diferentes. Os produtos comerciais
fabricados à base de PCBs, utilizavam misturas de compostos nas quais
predominam desde as tricloro-bifenilas até as heptacloro-bifenilas. Cada Bifenila
Policlorada apresenta um número de isômeros que irá variar de acordo com a PCB
específica.
Ascaréis
são líquidos isolantes elétricos constituídos por uma mistura de 60 a 40% de
Triclorobenzeno (TCB) e igual proporção de Bifenilas Policloradas (PCBs).
Líquidos isolantes assim formulados apresentam boas características dielétricas
e grande estabilidade térmica e química, motivo pelo qual constituíram a maior
aplicação das PCBs. Em função da larga difusão desta utilização, o termo
“Ascarel”, originalmente a marca registrada da Monsanto para seus produtos à
base de PCBs, passou a ser utilizado no Brasil como sinônimo de Bifenila
Policlorada.
Os
Ascaréis foram desenvolvidos no final da década de 30 nos EUA, com o objetivo
de serem utilizados em transformadores e capacitores instalados em áreas onde
os riscos de incêndio e explosão devem ser minimizados, isto é, subestações
elétricas localizadas no interior de prédios, veículos como trens e navios, ou
em locais com transito frequente de pessoas.
Devido à
grande estabilidade do produto, que é incombustível à temperaturas de até 600º
C, apresentou grande eficácia para esta finalidade e foi largamente utilizado o
até o final da década de 70 quando foi incluído entre as substâncias
classificadas como poluentes orgânicos persistentes.
PRINCIPAIS
APLICAÇÕES:
Devido às
suas características de grande estabilidade térmica e química e também às suas
propriedades bacteriostáticas, formulações à base de PCBs foram largamente
aplicadas para outras finalidades além do isolamento elétrico. Seus usos podem
ser divididos em dispersivos e não dispersivos.
Os usos
não dispersivos são aqueles em que o produto encontra-se em dispositivos ou
equipamentos totalmente selados, sem contato direto com o meio ambiente e os
usos dispersivos são aqueles em que o produto é usado em contato direto com o
ambiente.
Os
principais usos não dispersivos das formulações à base de PCBs foram para
isolamento elétrico, e como fluidos de troca térmica
em trocadores de calor. Este tipo de aplicação possibilitou que, após cessada a
utilização do produto, os estoques existentes pudessem ser controlados.
Os
principais usos dispersivos das PCBs estavam baseados nas suas propriedades
bacteriostáticas. Foram empregados com intensidade em produtos de limpeza e
desinfecção hospitalar como sabonetes cirúrgicos, produtos de limpeza de salas
de cirurgia e outras instalações hospitalares.
Na área
agrícola, apesar de não ter propriedades herbicidas ou pesticidas, foi utilizado
como diluente para pulverização destes produtos. Foi também largamente
utilizado na preservação de madeiras como proteção contra cupins.
Na área
industrial, foi utilizado como estabilizante de diversas formulações de plásticos
e borrachas especiais, principalmente PVC e Borracha Clorada.
As
utilizações agrícolas e industriais foram facilitadas pela disponibilidade do produto
no mercado de sucata, pois mesmo após estar inutilizado para o uso elétrico,
suas propriedades são ainda satisfatórias para aquelas aplicações.
CARACTERÍSTICAS
FÍSICAS e QUÍMICAS:
As PCBs
são substâncias de peso molecular elevado e, portanto, alta densidade e
viscosidade, motivo pelo qual é misturado o TCB com a finalidade de obter
viscosidade adequada ao uso em equipamentos elétricos.
A
densidade das formulações Ascarel mais comuns encontra-se na faixa de 1,3 a 1,5 e a
viscosidade a 25 Celsius, na ordem de 10 a 20 CST.
Do ponto
de vista químico são extremamente estáveis, não reagindo em condições normais
com ácidos, bases, agentes oxidantes e redutores. Sua reação característica é
com o Sódio metálico dando Bifenil e Cloreto de Sódio.
Esta
reação, no entanto, é extremamente exotérmica e de difícil aplicação prática.
PCB + → Na Bifenila + NaCl
A
temperatura da ordem de 400 C a 1000 C em presença de oxigênio, as PCBs
oxidam-se de forma parcial, gerando compostos da classe das Dibenzo-dioxinas-policloradas
(PCDDs) e Dibenzo-furanos-policlorados (PCDFs), que apresentam elevada toxidez.
Portanto, deve-se sempre avaliar os riscos de envolvimento das PCBs em processos de
temperatura elevada como incêndios e outros.
É ainda
muito importante observar que quando nos referimos aos líquidos isolantes
Ascarel, estamos considerando uma mistura de PCBs que contém compostos com 3 a
7 átomos de cloro por molécula. Assim, nos Ascaréis formulados para
equipamentos elétricos, iremos encontrar desde triclorobifenilas até
heptaclorobifenilas, incluindo todos os seus isômeros de
posição,
totalizando centenas de compostos diferentes.
Estes
diferentes compostos irão apresentar diferenças em suas propriedades químicas,
físicas e biológicas, de acordo com a PCB predominante numa dada formulação.
ASPECTOS BIOLÓGICOS:
Do ponto
de vista Biológico, as PCBs apresentam como principais características, a não
biodegradabilidade, a bacteriostaticidade, e a bioacumulação em tecidos animais
e vegetais. Foram feitos vários estudos no sentido de determinar suas
características de carcinogenicidade e mutagenicidade sem, no entanto, obter-se
comprovação de acordo com os padrões da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Do ponto
de vista toxicológico as PCBs são classificadas como não tóxicas a levemente
tóxicas, segundo a classificação da ACGIH (American Conference of Government
Industrial Hygienists).
Caracterizam-se,
portanto, como substâncias perigosas do ponto de vista da exposição a longo
prazo e de forma contínua. A seguir, os valores de TLV (Threshold Limit Values)
estabelecidos pela ACGIH:
Aroclor
1242: 1 mg/m³
Aroclor
1254: 0,5 mg/m³
Obs:
1) Aroclor 1242: PCB com 42% de cloração
Aroclor 1254: PCB com 54% de cloração
2) Valores de concentração máxima no ar seco para 8
horas diárias de trabalho
Do ponto
de vista do ser humano, sua principal característica é a acumulação nas células
renais, hepáticas, adiposas e piteliais, podendo provocar disfunções nestes
órgãos após longos períodos de exposição. Sua interferência nos tecidos
nervosos e células reprodutoras é ainda objeto de estudo.
Alguns
dos resultados de estudos realizados para o National Institute of Occupational
Safety and Health (NIOSH) em 1985:
TOXICIDADE AGUDA DAS PCBS, EFEITOS DAS PCBS NO SISTEMA DE DEFESA IMUNOLÓGICA
As PCBs
apresentam ainda características alergenas acentuadas podendo provocar reações
significativas nos sistemas respiratório e epitelial.
É muito
importante observar ainda que o óleo isolante ASCAREL, contém o TCB como
constituinte da mistura. Os TCBs são substâncias classificadas como tóxicas
(classe 6.1 ONU), cujo TLV é de 5 ppm (partes por milhão) pico máximo de
exposição.
Assim,
quando são avaliadas as características biológicas dos “Ascaréis”,devem-se
levar em conta os dois componentes da mistura.
ASPECTOS AMBIENTAIS:
Devido às
suas características de não biodegradabilidade, bacteriostaticidade e bioacumulação,
as PCBs são classificadas internacionalmente como “Poluentes Orgânicos
Persistentes” (POPs).
a) A sua
não biodegradabilidade, significa que as PCBs não são processadas por nenhum
microrganismo da natureza e, como possuem também elevada estabilidade química,
permanecem no meio ambiente por períodos de tempo extremamente longos. Por
serem substâncias bio acumulativas, tendem a acumular-se nas células dos seres
vivos, constituindo sério risco para a estabilidade do ecossistema terrestre e
para a saúde dos seres humanos.
b) A
bioacumulação do produto atinge a cadeia alimentar humana. Em termos práticos,
isto significa que ao se contaminar o meio ambiente, cada ser vivo em contacto
com o meio irá concentrar as PCBs sucessivamente em seu organismo, fazendo com
que o grau de contaminação seja maior nos organismos em posição superior na
cadeia alimentar.
A
presença das PCBs já foi detectada em espécies da fauna marinha dispersa por todo
o globo terrestre, em aves migratórias e na flora das regiões de maior contaminação.
Fonte:http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_prorisc_upml/_arquivosestudo_sobre_as_bifenilas_policloradas_82.pdf