COMPACTAÇÃO
A
compactação expressa no ambiente urbano transmite a ideia da proximidade dos
componentes que formam a Cidade, ou seja, a reunião num espaço mais ou menos
limitado dos usos e funções urbanas. A compactação, facilita portanto, o
intercâmbio da comunicação que é a essência de uma Cidade e potencia a
probabilidade de relação dos elementos urbanos.
COMPACTAÇÃO SUSTENTABILIDADE URBANA |
Compactação e Dispersão
Os
condicionantes que impõem a proximidade física formal são de especial relevância
pois aproximam-nos dos objetivos de sustentabilidade:
As
soluções formais adaptadas numa cidade compacta, tanto do espaço público como
da edificação, permitem estabelecer uma separação entre o que é Cidade e o que
é o Campo, ao contrário de uma cidade difusa que se confunde com os subúrbios.
As Cidades mediterrâneas (compactas) são
caracterizadas pelo espaço público, que é o local onde toma sentido a vida do
cidadão. As funções que toma vão
para além das relacionadas com a mobilidade e abarca muitas outras como as
lúdicas, de serviços ou culturais.
O espaço
público é caracterizado pela via pública que é o que configura, em grande
parte, a paisagem urbana e se estende aos equipamentos públicos: mercados,
bibliotecas, instalações desportivas equipamentos culturais, centros cívicos,
escolas, praças, parques e jardins entre outros. Então, a via pública e os
equipamentos formam uma unidade, um mosaico interconectado que diariamente
revitaliza a vida do cidadão.
O espaço
público numa Cidade difusa está compartimentado, podendo ter em cada lugar uma
função ou mono funções, como por exemplo, as auto-estradas que têm papel de
ruas principais onde somente se admite a função de mobilidade. (as zonas
residenciais periféricas, centros comerciais defasados do pequeno comércio,
vias de comunicação que só servem um propósito) Na cidade compacta pode-se
pensar em construir no subsolo, onde as maiorias das fricções urbanas sofridas
na superfície estariam diminuídas (trânsito, cargas e descargas,
estacionamento).
Obviamente
que na cidade difusa tal não é possível.
A solução
dos conflitos de transporte gerados pela cidade difusa passaria pelo aumento
das infra-estruturas viárias para restituir a velocidade perdida ou para
resolver a saturação do tráfego. Este processo, que é dinâmico, é complementar
e geralmente percursor de novos centros urbanos dispersos que se encarregarão
de tornar insuficiente qualquer ampliação da rede pois desencadeariam novos
problemas de congestionamento e das variáveis
que os acompanham (contaminação atmosférica, solo, da paisagem, maior consumo
de energia e tempo). Se se aumenta a rede viária, só é possível aumentar os
números de contatos e relações físicas na cidade difusa, com a tecnologia
atual.
A
proximidade dos usos e funções urbanas numa cidade compacta permite ao
transporte público atingir o público-alvo e manter uma oferta de serviço
regular, cômodo e próximo. Permite um aumento do uso da bicicleta e de maior
número de peões que tem acesso a toda a cidade e seus serviços, sem depender de
ninguém, nomeadamente no caso dos idosos, crianças e pessoas sem carta de
condução (que são 70% dos cidadãos que não têm autonomia e que portanto acendem
à Cidade quando habitam em urbanizações dispersas).
O número
de contatos potenciais por unidade de energia e tempo gasto em transporte é
muito maior numa cidade compacta do que numa cidade difusa, originando menor
emissão de contaminantes na cidade compacta.
A
separação entre as pessoas com rendimentos diferentes é menor na cidade
compacta do que na difusa. O espaço público das cidades é ocupado por qualquer
cidadão, não importando a sua condição social. Por outro lado, a mistura de
rendimentos no tecido construído, supõe um elemento de coesão social e
convivência. As urbanizações da cidade dispersa estão distribuídas segundo os
rendimentos, o que provoca segregações sociais que se ampliam com o uso quase
exclusivo do espaço público, pelo que, os que residem naquela urbanização,
consideram estranhos todos aqueles que aparecem e utilizam aquele espaço
público.
Compactação corrigida
Um dos
perigos enfrentados por muitas cidades é o desenvolvimento de uma compactação
excessiva, fruto de manobras especulativas ou de políticas mal interpretadas ao
respectivo conceito.
A
tendência atual de produzir cidades, não termina com a ocupação dispersa do
território, pois (seguindo o mesmo modelo) continua a existir um crescimento em
altura de áreas mais ou menos centrais, que se ocupam de atividades
eminentemente terciárias e que em alguns casos afugentam os habitantes
residentes. Estas áreas de negócios são as que controlam o desenvolvimento.
As
proporções entre a edificação e o espaço público que resultem no equilíbrio da
vida do cidadão, são aquelas relacionadas com a qualidade do ambiente urbano e
a qualidade de vida.
Então, a
ideia de regular ou corrigir a compactação é necessária para evitar excessos
que podem gerar más disfunções e soluções desvirtuando a lógica da
sustentabilidade. Mas quais são as regras para a correção da compactação? E
quais os pontos de equilíbrio do fundamento teórico para abordá-las?
Vamos
analisar um exemplo em que a dicotomia da relação/isolamento divide 50% para a
edificação e 50% para os espaços verdes e livres.
A vida do
cidadão que se desenvolve num espaço público apresenta para os habitantes de um
centro urbano uma dicotomia básica e similar à sua vida pessoal. De fato a vida
de um indivíduo é essencialmente duas coisas: vida interior e relação. A vida
do cidadão também é, por um lado, interação e comunicação, por outra
tranquilidade, silêncio, contato relaxante com a natureza, isto é, isolamento.
A
compactação dos distintos tecidos urbanos reflete o déficit dos espaços verdes
de proximidade, que são aqueles que se encontram a menos de 200 metros do espaço
de residência. Por outro lado, os veículos privados estacionam e realizam
cargas e descargas ocupando entre 65% e 70% do total do espaço público. A esta
presença maciça de veículos que funcionam como dissipadores de energia,
emissores de ruído e contaminação atmosférica e geradores de acidentes,
adicionam-se a pressão do excesso de edificação e o pouco visível espaço
público traduz-nos a imagem de muitas cidades mediterrâneas.
Portanto,
a especulação encarrega-se de reduzir os espaços de relação com o ambiente, o
verde e a tranquilidade, substituindo-os pela edificação. Os carros inundam a
maior parte do espaço urbano, constrangendo os usos e as funções do espaço
público. A cidade necessita de restituir parte do seu equilíbrio relação –
isolamento, através do modelo de cidade futura, que se fará em parte repensando
os usos que se fazem à superfície e no subsolo da cidade.
Indicadores de compactação
A formula
da Compactação Absoluta: C = volume edificado/unidade superfície verde (formula)...
etc, dá-nos a ideia de densidade edificatória, mas também de eficiência
edificatória em relação ao consumo do solo.
Para
uma determinada unidade de superfície urbana, o indicador Compactação corrigida Cc = volume
edificado / espaços públicos e de lazer..(formula).
Este
indicador formula Cc corrige o valor da compactação C, entendendo que esta não
é consubstancialmente boa, posto que, uma sobre compactação pode ter efeitos
perversos para os interesses da cidade. A substituição da superfície urbanizada
pela superfície em espaços verdes e de convivência ou de lazer, permite
conhecer para uma determinada área urbana, o equilíbrio entre o construído e os
espaços livres e de relação.
Relaciona-se
a densidade edificatória com a superfície que caracteriza o alinhamento da vida
citadina: espaços verdes, praças e passeios de largura mínima.
Fonte: http://www.cm-braganca.pt/document/448112/520891.pdf