12 setembro 2014

COMPACTAÇÃO SUSTENTABILIDADE URBANA


COMPACTAÇÃO

A compactação expressa no ambiente urbano transmite a ideia da proximidade dos componentes que formam a Cidade, ou seja, a reunião num espaço mais ou menos limitado dos usos e funções urbanas. A compactação, facilita portanto, o intercâmbio da comunicação que é a essência de uma Cidade e potencia a probabilidade de relação dos elementos urbanos. 

COMPACTAÇÃO SUSTENTABILIDADE URBANA
COMPACTAÇÃO SUSTENTABILIDADE URBANA
Compactação e Dispersão

Os condicionantes que impõem a proximidade física formal são de especial relevância pois aproximam-nos dos objetivos de sustentabilidade: 
As soluções formais adaptadas numa cidade compacta, tanto do espaço público como da edificação, permitem estabelecer uma separação entre o que é Cidade e o que é o Campo, ao contrário de uma cidade difusa que se confunde com os subúrbios. 
As Cidades mediterrâneas (compactas) são caracterizadas pelo espaço público, que é o local onde toma sentido a vida do cidadão. As funções que toma vão para além das relacionadas com a mobilidade e abarca muitas outras como as lúdicas, de serviços ou culturais.


O espaço público é caracterizado pela via pública que é o que configura, em grande parte, a paisagem urbana e se estende aos equipamentos públicos: mercados, bibliotecas, instalações desportivas equipamentos culturais, centros cívicos, escolas, praças, parques e jardins entre outros. Então, a via pública e os equipamentos formam uma unidade, um mosaico interconectado que diariamente revitaliza a vida do cidadão. 
O espaço público numa Cidade difusa está compartimentado, podendo ter em cada lugar uma função ou mono funções, como por exemplo, as auto-estradas que têm papel de ruas principais onde somente se admite a função de mobilidade. (as zonas residenciais periféricas, centros comerciais defasados do pequeno comércio, vias de comunicação que só servem um propósito) Na cidade compacta pode-se pensar em construir no subsolo, onde as maiorias das fricções urbanas sofridas na superfície estariam diminuídas (trânsito, cargas e descargas, estacionamento). 

 
COMPACTAÇÃO SUSTENTABILIDADE URBANA
COMPACTAÇÃO SUSTENTABILIDADE URBANA


Obviamente que na cidade difusa tal não é possível. 
A solução dos conflitos de transporte gerados pela cidade difusa passaria pelo aumento das infra-estruturas viárias para restituir a velocidade perdida ou para resolver a saturação do tráfego. Este processo, que é dinâmico, é complementar e geralmente percursor de novos centros urbanos dispersos que se encarregarão de tornar insuficiente qualquer ampliação da rede pois desencadeariam novos problemas de congestionamento e das variáveis que os acompanham (contaminação atmosférica, solo, da paisagem, maior consumo de energia e tempo). Se se aumenta a rede viária, só é possível aumentar os números de contatos e relações físicas na cidade difusa, com a tecnologia atual. 
A proximidade dos usos e funções urbanas numa cidade compacta permite ao transporte público atingir o público-alvo e manter uma oferta de serviço regular, cômodo e próximo. Permite um aumento do uso da bicicleta e de maior número de peões que tem acesso a toda a cidade e seus serviços, sem depender de ninguém, nomeadamente no caso dos idosos, crianças e pessoas sem carta de condução (que são 70% dos cidadãos que não têm autonomia e que portanto acendem à Cidade quando habitam em urbanizações dispersas). 
O número de contatos potenciais por unidade de energia e tempo gasto em transporte é muito maior numa cidade compacta do que numa cidade difusa, originando menor emissão de contaminantes na cidade compacta. 
A separação entre as pessoas com rendimentos diferentes é menor na cidade compacta do que na difusa. O espaço público das cidades é ocupado por qualquer cidadão, não importando a sua condição social. Por outro lado, a mistura de rendimentos no tecido construído, supõe um elemento de coesão social e convivência. As urbanizações da cidade dispersa estão distribuídas segundo os rendimentos, o que provoca segregações sociais que se ampliam com o uso quase exclusivo do espaço público, pelo que, os que residem naquela urbanização, consideram estranhos todos aqueles que aparecem e utilizam aquele espaço público.

Compactação corrigida 


Um dos perigos enfrentados por muitas cidades é o desenvolvimento de uma compactação excessiva, fruto de manobras especulativas ou de políticas mal interpretadas ao respectivo conceito. 
A tendência atual de produzir cidades, não termina com a ocupação dispersa do território, pois (seguindo o mesmo modelo) continua a existir um crescimento em altura de áreas mais ou menos centrais, que se ocupam de atividades eminentemente terciárias e que em alguns casos afugentam os habitantes residentes. Estas áreas de negócios são as que controlam o desenvolvimento.
As proporções entre a edificação e o espaço público que resultem no equilíbrio da vida do cidadão, são aquelas relacionadas com a qualidade do ambiente urbano e a qualidade de vida. 
Então, a ideia de regular ou corrigir a compactação é necessária para evitar excessos que podem gerar más disfunções e soluções desvirtuando a lógica da sustentabilidade. Mas quais são as regras para a correção da compactação? E quais os pontos de equilíbrio do fundamento teórico para abordá-las? 
Vamos analisar um exemplo em que a dicotomia da relação/isolamento divide 50% para a edificação e 50% para os espaços verdes e livres.
A vida do cidadão que se desenvolve num espaço público apresenta para os habitantes de um centro urbano uma dicotomia básica e similar à sua vida pessoal. De fato a vida de um indivíduo é essencialmente duas coisas: vida interior e relação. A vida do cidadão também é, por um lado, interação e comunicação, por outra tranquilidade, silêncio, contato relaxante com a natureza, isto é, isolamento. 
A compactação dos distintos tecidos urbanos reflete o déficit dos espaços verdes de proximidade, que são aqueles que se encontram a menos de 200 metros do espaço de residência. Por outro lado, os veículos privados estacionam e realizam cargas e descargas ocupando entre 65% e 70% do total do espaço público. A esta presença maciça de veículos que funcionam como dissipadores de energia, emissores de ruído e contaminação atmosférica e geradores de acidentes, adicionam-se a pressão do excesso de edificação e o pouco visível espaço público traduz-nos a imagem de muitas cidades mediterrâneas. 
Portanto, a especulação encarrega-se de reduzir os espaços de relação com o ambiente, o verde e a tranquilidade, substituindo-os pela edificação. Os carros inundam a maior parte do espaço urbano, constrangendo os usos e as funções do espaço público. A cidade necessita de restituir parte do seu equilíbrio relação – isolamento, através do modelo de cidade futura, que se fará em parte repensando os usos que se fazem à superfície e no subsolo da cidade.

Indicadores de compactação

A formula da Compactação Absoluta: C = volume edificado/unidade superfície verde (formula)... etc, dá-nos a ideia de densidade edificatória, mas também de eficiência edificatória em relação ao consumo do solo.
 
COMPACTAÇÃO SUSTENTABILIDADE URBANA
COMPACTAÇÃO SUSTENTABILIDADE URBANA
Para uma determinada unidade de superfície urbana, o indicador Compactação corrigida Cc = volume edificado / espaços públicos e de lazer..(formula).

Este indicador formula Cc corrige o valor da compactação C, entendendo que esta não é consubstancialmente boa, posto que, uma sobre compactação pode ter efeitos perversos para os interesses da cidade. A substituição da superfície urbanizada pela superfície em espaços verdes e de convivência ou de lazer, permite conhecer para uma determinada área urbana, o equilíbrio entre o construído e os espaços livres e de relação. 
Relaciona-se a densidade edificatória com a superfície que caracteriza o alinhamento da vida citadina: espaços verdes, praças e passeios de largura mínima. 
 Fonte: http://www.cm-braganca.pt/document/448112/520891.pdf