11 setembro 2014

A SUSTENTABILIDADE URBANA

AS BASES TEÓRICAS DO MODELO



A vida humana e suas organizações mais complexas (as cidades) veem-se ameaçadas pelo aumento das incertezas da resposta da Terra aos impactos do Homem e das suas atividades. Estas respostas manifestam-se de diversas formas como as prováveis alterações climáticas, movimento de milhões de pessoas por causas ambientais, sobre exploração dos bancos de pesca de todo o mundo, esgotamento das energias fósseis e minerais básicas entre outras, que põem em evidência a nossa reduzida capacidade de antecipação dos problemas à escala global e que têm a sua origem nos comportamentos e nos modelos de organização e gestão da realidade à escala local. 

LIXO SEM ESPAÇO E CONTROLE DE DESCARTE
LIXO SEM ESPAÇO E CONTROLE DE DESCARTE



Os sistemas que maior impacte provocam aos ecossistemas da Terra são, sem dúvida, as Cidades e é necessário saber que a batalha da sustentabilidade será ganha ou não dentro das próprias Cidades. A redução das incertezas, anteriormente citadas, depende essencialmente da aplicação de modelos de organização urbana dirigidos à redução do impacto sobre os sistemas que nos suportam (uma vez que nos fornecem recursos e aguentam os nossos resíduos). 

AS BASES TEORICAS DO MODELO QUE TEM QUE VIRAR PRATICAS PARA SUSTENTAR O FUTURO PROXIMO
SUSTENTABILIDADE PARA A RECICLAGEM DE RESÍDUOS


Por outro lado, não obstante, os sistemas urbanos e as regiões competem entre elas para posicionarem-se no ranking das cidades nacionais e internacionais. As estratégias urbanas utilizadas para obter posições de vantagem estão baseadas, infelizmente, num aumento crescente de recursos e, portanto num aumento do impacte sobre os sistemas de suporte, provocando assim um aumento das incertezas nos sistemas da Terra.
Este processo atual, baseado nesta estratégia já globalizada, é simplesmente insustentável.
Há que procurar uma estratégia que não se baseie num consumo de recursos e cujo modelo de organização urbana reduza o impacte produzido sobre os sistemas terrestres.


A pressão exercida sobre os sistemas urbanos e sobre os sistemas de suporte. 

As relações que os sistemas urbanos estabelecem com outros territórios mais ou menos distantes podem ser caracterizados por fluxos de materiais, água, energia e informação. Para poder manter a organização de uma cidade há que obter elevadas quantidades de recursos em forma de matérias-primas, objetos e artefatos assim como informação. Tudo isto alimenta o sistema e mantém a cidade organizada e ainda pode aumentar a sua complexidade organizativa. 

Por outro lado, fruto da própria organização urbana que transformará e consumirá de diferentes formas os recursos que lhe vão chegando, gerar-se-ão grandes quantidades de resíduos que não poderão manter-se na cidade (pois intoxicariam o sistema) e serão projetados para outros locais (outros sistemas) provocando um novo impacto.

A binômia exploração – impacte é cada vez maior fazendo com que a pressão exercida sobre os sistemas de suporte ultrapassem a capacidade de carga de alguns sistemas. É necessária uma exploração razoável dos sistemas de suporte, permitindo a renovação dos recursos. 

O impacto sobre os sistemas também se repercute em grupos de humanos que têm, ao longo dos tempos, vindo a desfrutar dos recursos do seu território, provocando, em áreas cada vez mais amplas, migrações por causas ecológicas. 

A redução da pressão sobre o ambiente depende, sobretudo, dos modelos de gestão e de organização urbana e estes, como é evidente, dependem da vontade de atingir objetivos de redução.

A organização urbana e a sua complexidade e estabilidade. 


Reduzir a pressão sobre o ambiente não supõe, em princípio, uma redução da complexidade urbana, ou seja, não tem que supor uma simplificação da cidade e comprometer o seu futuro.
Já se sabe que o que se perde em primeiro lugar com um corte nos materiais básicos como a água e a energia é a organização. Também se sabe que os sistemas mais simples dependem fortemente dos nichos energéticos e à medida que os sistemas são mais complexos, a energia tem um papel mais secundário.


Nos sistemas mais evoluídos e mais complexos, as suas componentes veiculam a informação. À medida que os sistemas vão evoluindo, a informação passa a ser o vínculo organizador do sistema e a energia é unicamente um meio complementar para este. 

Aumentar a informação organizada é a estratégia urbana para competir e que poderia substituir a estratégia atual baseada no consumo de recursos. Uma maior complexidade urbana proporciona uma posição de vantagem sobre outros sistemas mais simplificados, já que a informação se multiplica. Um aumento da complexidade supõe também um aumento das funções urbanas que lhe proporcionam estabilidade. 

Esta nova estratégia baseada na informação, terá que permitir a compatibilidade das palavras “desenvolvimento” e “sustentável”. De fato, com a estratégia atual para competir baseada no consumo de recursos que é a que dá sentido à palavra “desenvolvimento”, a pressão sobre os sistemas de suporte aumenta, traduzindo-se numa insustentabilidade crescente. Com esta estratégia “desenvolvimento” e “sustentável” são opostos, uma vez que a palavra sustentável está ligada à ideia de reduzir a pressão sobre os sistemas de suporte. Neste sentido, ou alteramos a estratégia de competição ou não poderemos falar de desenvolvimento sustentável, uma vez que a estratégia atual é contraditória.

Conseguir que um modelo urbano incorpore um aumento da organização urbana e na sua vez, uma redução da pressão sobre o ambiente, supõe solucionar a equação da sustentabilidade. As propostas que se expõem procuram, de forma coerente e integrada, aproximar a citada equação. Desenvolver estas propostas supõe alterações importantes no entendimento e procedimento dos assuntos urbanos. 
Fonte: http://www.cm-braganca.pt/document/448112/520891.pdf