AS BASES TEÓRICAS DO MODELO
A vida
humana e suas organizações mais complexas (as cidades) veem-se ameaçadas pelo
aumento das incertezas da resposta da Terra aos impactos do Homem e das suas
atividades. Estas respostas manifestam-se de diversas formas como as prováveis
alterações climáticas, movimento de milhões de pessoas por causas ambientais,
sobre exploração dos bancos de pesca de todo o mundo, esgotamento das energias
fósseis e minerais básicas entre outras, que põem em evidência a nossa reduzida
capacidade de antecipação dos problemas à escala global e que têm a sua origem
nos comportamentos e nos modelos de organização e gestão da realidade à escala
local.
Os sistemas que maior impacte provocam aos
ecossistemas da Terra são, sem dúvida, as Cidades e é necessário saber que a
batalha da sustentabilidade será ganha ou não dentro das próprias Cidades. A
redução das incertezas, anteriormente
citadas, depende essencialmente da aplicação de modelos de organização urbana
dirigidos à redução do impacto sobre os sistemas que nos suportam (uma vez que
nos fornecem recursos e aguentam os nossos resíduos).
Por outro
lado, não obstante, os sistemas urbanos e as regiões competem entre elas para posicionarem-se
no ranking das cidades nacionais e internacionais. As estratégias urbanas
utilizadas para obter posições de vantagem estão baseadas, infelizmente, num
aumento crescente de recursos e, portanto num aumento do impacte sobre os
sistemas de suporte, provocando assim um aumento das incertezas nos sistemas da
Terra.
Este
processo atual, baseado nesta estratégia já globalizada, é simplesmente
insustentável.
Há que
procurar uma estratégia que não se baseie num consumo de recursos e cujo modelo
de organização urbana reduza o impacte produzido sobre os sistemas terrestres.
A pressão exercida sobre os
sistemas urbanos e sobre os sistemas de suporte.
As
relações que os sistemas urbanos estabelecem com outros territórios mais ou
menos distantes podem ser caracterizados por fluxos de materiais, água, energia
e informação. Para poder manter a organização de uma cidade há que obter
elevadas quantidades de recursos em forma de matérias-primas, objetos e
artefatos assim como informação. Tudo isto alimenta o sistema e mantém a cidade
organizada e ainda pode aumentar a sua complexidade organizativa.
Por outro
lado, fruto da própria organização urbana que transformará e consumirá de
diferentes formas os recursos que lhe vão chegando, gerar-se-ão grandes
quantidades de resíduos que não poderão manter-se na cidade (pois intoxicariam
o sistema) e serão projetados para outros locais (outros sistemas) provocando
um novo impacto.
A binômia
exploração – impacte é cada vez maior fazendo com que a pressão exercida sobre
os sistemas de suporte ultrapassem a capacidade de carga de alguns sistemas. É
necessária uma exploração razoável dos sistemas de suporte, permitindo a
renovação dos recursos.
O impacto
sobre os sistemas também se repercute em grupos de humanos que têm, ao longo
dos tempos, vindo a desfrutar dos recursos do seu território, provocando, em
áreas cada vez mais amplas, migrações por causas ecológicas.
A redução
da pressão sobre o ambiente depende, sobretudo, dos modelos de gestão e de
organização urbana e estes, como é evidente, dependem da vontade de atingir
objetivos de redução.
A organização urbana e a sua
complexidade e estabilidade.
Reduzir a
pressão sobre o ambiente não supõe, em princípio, uma redução da complexidade
urbana, ou seja, não tem que supor uma simplificação da cidade e comprometer o
seu futuro.
Já se sabe que o que se perde em primeiro lugar com um
corte nos materiais básicos como a água e a energia é a organização. Também se
sabe que os sistemas
mais simples dependem fortemente dos nichos energéticos e à medida que os
sistemas são mais complexos, a energia tem um papel mais secundário.
Nos
sistemas mais evoluídos e mais complexos, as suas componentes veiculam a
informação. À medida que os sistemas vão evoluindo, a informação passa a ser o
vínculo organizador do sistema e a energia é unicamente um meio complementar
para este.
Aumentar
a informação organizada é a estratégia urbana para competir e que poderia
substituir a estratégia atual baseada no consumo de recursos. Uma maior
complexidade urbana proporciona uma posição de vantagem sobre outros sistemas
mais simplificados, já que a informação se multiplica. Um aumento da
complexidade supõe também um aumento das funções urbanas que lhe proporcionam estabilidade.
Esta nova
estratégia baseada na informação, terá que permitir a compatibilidade das
palavras “desenvolvimento” e “sustentável”. De fato, com a estratégia atual
para competir baseada no consumo de recursos que é a que dá sentido à palavra
“desenvolvimento”, a pressão sobre os sistemas de suporte aumenta,
traduzindo-se numa insustentabilidade crescente. Com esta estratégia “desenvolvimento”
e “sustentável” são opostos, uma vez que a palavra sustentável está ligada à
ideia de reduzir a pressão sobre os sistemas de suporte. Neste sentido, ou
alteramos a estratégia de competição ou não poderemos falar de desenvolvimento sustentável,
uma vez que a estratégia atual é contraditória.
Conseguir
que um modelo urbano incorpore um aumento da organização urbana e na sua vez,
uma redução da pressão sobre o ambiente, supõe solucionar a equação da sustentabilidade.
As propostas que se expõem procuram, de forma coerente e integrada, aproximar a
citada equação. Desenvolver estas propostas supõe alterações importantes no
entendimento e procedimento dos assuntos urbanos.
Fonte: http://www.cm-braganca.pt/document/448112/520891.pdf
Fonte: http://www.cm-braganca.pt/document/448112/520891.pdf