COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA COMUNITÁRIO DE COLETA SELETIVA DE LIXO
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COLETA SELETIVA DE LIXO AJUDANDO O MEIO AMBIENTE |
COLETA SELETIVA E AGENDA 21
A preocupação com a degradação ambiental que vem ocorrendo no planeta nos últimos tempos, fez com que, em 1992, 170 países se reunissem na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano, a RIO 92, para discutir a situação do planeta.
Esse encontro gerou um documento chamado “Agenda para o século XXI” - Agenda 21, que propõe ações para garantir um futuro melhor. Este documento é tão importante que muitas cidades planejaram suas prioridades baseando-se nele, e elaboraram a “Agenda 21 Local” tendo como meta a melhoria da qualidade de vida para esta e as próximas gerações.
Um dos assuntos tratados na Agenda 21 se refere à grande quantidade de resíduos sólidos gerados diariamente e sua destinação final.
Reduzir a quantidade de lixo gerada, consumindo menos e melhor, diminuindo os desperdícios, Reaproveitar o que é possível e Reciclar o que enfim, se considera lixo, transformando-o em novo produto, são desafios que temos que enfrentar através de uma mudança de hábito.
O desejo de implantar coleta seletiva é a demonstração de que estamos caminhando na direção certa.
As indústrias de embalagem gastam uma fabulosa quantidade de energia. O processamento de 1 ton de alumínio consome 17600 Kw/h; 1 ton de aço 5750 Kw/h; 1 ton de plástico, 1140 Kw/h; 1 ton de papel, 600 Kw/h e 1 ton de vidro, 150 Kw/h. O lixo, portanto, é um produto caríssimo!!
VANTAGENS DA COLETA SELETIVA
Independentemente do retorno financeiro que um programa de coleta seletiva possa dar, deve-se sempre ter em mente que as maiores vantagens são de ordem social e ambiental, tais como:
Economia dos recursos naturais.
Como exemplo podemos citar a produção de papel virgem. Na sua fabricação gasta-se 100 mil litros de água por tonelada de papel, enquanto na reciclagem, utiliza-se apenas 2 mil litros. Além disso deixa-se de cortar aproximadamente 20 árvores adultas e economiza-se 70 % de energia durante o processo produtivo.
No caso do alumínio encontrado nas latinhas de cervejas, refrigerantes e outros produtos, cada tonelada reciclada, representa 5 toneladas de bauxita que deixam de ser retiradas da natureza.
Aumento da vida útil dos aterros sanitários:
De tudo o que descartamos no lixo diariamente, aproximadamente 30% são materiais recicláveis e aproximadamente 50% é matéria orgânica que pode ser transformada em adubo. A pequena porcentagem restante, não aproveitada, é o rejeito a ser destinados aos aterros sanitários.
Geração de empregos:
Implementando a coleta seletiva surgem novas frentes de trabalho que se iniciam com os catadores organizados em cooperativas ou trabalhando de forma autônoma. O transporte e beneficiamento deste material também necessitam de mão de obra.
Além disso a crescente demanda de recicláveis incentiva o surgimento de novos segmentos da indústria.
Os 60 milhões de brasileiros que formam a população economicamente ativa do país, consomem 70 kg de embalagem por habitante por ano. A indústria de embalagens é consumidora de 60% do plástico produzido no país, 46% do papel, 15% do aço, 56% do vidro 12% do alumínio.
COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA COMUNITÁRIO DE COLETA SELETIVA DE LIXO
Para implantar um programa de coleta seletiva de lixo num escritório, condomínio ou na comunidade, é necessário atentar para alguns aspectos fundamentais que precisam ser verificados e definidos antes do seu início.
É importante organizar uma equipe de trabalho que deve contar com um coordenador geral auxiliado por um grupo que discuta e decida as ações. A equipe da limpeza é muito importante dentro do projeto pois irá tratar diariamente com o material reciclável por isso é interessante que seja freqüentemente estimulada.
Para auxiliar o desenvolvimento do programa, listamos os passos a serem dados dentro de uma ordem de ações. Tudo deve estar em sintonia para que os objetivos sejam atendidos. Assim, cada etapa cumprida é a garantia da etapa seguinte.
ETAPA 1:
Conhecendo o potencial da região e da comunidade da qual se faz parte.
1- Acompanhe o fluxo do lixo desde a sua produção até o destino final. Isto permitirá identificar possíveis pontos de estrangulamento do projeto.
2- Procure identificar na sua região, projetos de coleta seletiva realizados por Ongs, escolas, cooperativas de catadores, associações, sociedade amigos de bairro, etc, para troca de experiências e/ou possíveis parcerias.
3- A formação de uma equipe responsável para que a idéia da coleta seletiva se consolide é fundamental, pois a mobilização deste grupo é que dará início ao processo de conscientização em torno da sua importância.
4- Verifique se na sua região existem compradores ou instituições que recebam o material que será coletado e procure saber qual o volume mínimo exigido.
ETAPA 2:
Planejando as ações
1- Venda ou doação
Os materiais recicláveis poderão ser vendidos ou doados de acordo com a finalidade e com as diretrizes do programa.
Se a opção for pela venda: as ações deverão ser direcionadas aos sucateiros, cooperativas, empresas, etc.
Coleta Seletiva sem mercado é enterrar separado.
Um cadastro de sucateiros pode ser encontrado no site do CEMPRE. – Compromisso Empresarial para Reciclagem: wwwcempre.org.br.
Observe qual a quantidade mínima de material necessário para que o comprador venha coletar. Caso contrário, considere a possibilidade de transporte próprio para levar o material até o comprador.
Se a opção for pela doação, o material poderá ser encaminhado para instituições filantrópicas, cooperativas de catadores, postos de entrega voluntária., escolas. etc.
Em qualquer um dos casos, é fundamental que os funcionários de limpeza envolvidos com a coleta seletiva tenham um retorno financeiro ou outro benefício pelo trabalho como forma de estímulo para manutenção do programa.
Se a opção for pela doação, permita que esses funcionários fiquem com um tipo de material para venda (jornal, latas de alumínio, etc).
2- Transporte
A melhor opção de transporte sempre dependerá da distancia e da quantidade dos materiais.
Garantir: QUEM RETIRA OS MATERIAIS,
QUEM TRANSPORTA,
QUANTIDADE DOS MATERIAIS (QUANTO MAIS MELHOR) São fatores fundamentais do programa!
3- Seleção dos materiais
Separação por tipo de material:
Podem ser separados plásticos, papéis, vidros e metais ou somente um tipo de material que predomina e/ou que tenha mercado. Neste caso há necessidade de contêineres, ou latões devidamente identificados, cada qual destinado a receber um tipo de material.
Existe um código de cores para identificar os materiais recicláveis conforme o padrão:
Amarelo: identifica metais como alumínio, latas de conservas e sucatas em geral
Azul: identifica papéis, incluindo todas as modalidades de papel e de papelão, cartolinas, jornais, revistas e embalagens.
Vermelho: para identificar plásticos, como os plásticos duros, potes, sacos, garrafas de refrigerante, etc.
Verde: para identificar os vidros como garrafas, frascos, potes, cacos e recipientes em geral.
Os contêineres devem estar em local de fácil acesso e protegidos da chuva.
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Verifique a possibilidade de um local para estocar o material até que atinja uma quantidade interessante para a venda
Geralmente os sucateiros trabalham por tipo de material, o que faz com que se comercialize com vários sucateiros. Em alguns casos o mesmo sucateiro compra todos os materiais. Não esqueça de fazer uma pesquisa de preços antes da venda.
Atenção: os materiais não recicláveis devem ser destinados à coleta domiciliar regular.
*A lista de materiais recicláveis e não recicláveis se encontra no final deste guia.
Separação entre lixo úmido (orgânico) e seco (inorgânico):
Este modelo de programa de coleta seletiva é mais adequado à administração pública pois exige um infra estrutura mais complexa.
A seleção é feita em dois sacos. Em um saco o morador colocará o lixo úmido: restos de alimento, cascas de frutas e legumes, papéis engordurados, papéis higiênicos, fraldas descartáveis, etc. No outro saco será colocado todo material reciclável ( papel, plástico, vidro, metal) que deverá estar limpo e seco.
O lixo úmido ou orgânico também é reciclado, seguindo para usinas de compostagem e transforma-se em adubo orgânico considerado excelente condicionador do solo que pode ser comercializado. O lixo seco é enviado a centrais de triagem onde é separado e vendido.
4- Educação e divulgação
Esta é uma etapa importante que deve estar presente em todas as fases do programa.
Através de uma educação e divulgação permanente junto aos participantes é que se chegará a uma efetiva mudança de hábitos e atitudes.
Este trabalho poderá ser enriquecido através de convites à ONGs, empresas, prefeitura e outras instituições que trabalham com coleta seletiva e/ou educação ambiental para promover a troca de experiências.
Panfletos, cartazes, reuniões e palestras devem fazer parte da rotina dos participantes. Incluir aí crianças e adolescentes que são parceiros naturais do programa. Basta que sejam motivadas com criatividade.
Neste processo os funcionários de limpeza devem ser sempre envolvidos, porque na maioria das vezes, são eles os principais agentes da organização dos materiais.
ETAPA 3:
Implantando o programa
1- Periodicidade da coleta:
O material deverá ser retirado de acordo com a necessidade local. Será preciso um trabalho de observação para constatar o volume de cada material e apuração da frequencia com que os mesmo serão retirados
2- Armazenamento:
O local de armazenamento deve atender as condições necessárias de tamanho, higiene e segurança.
3- Divulgação
A divulgação da coleta seletiva deverá expor o formato do programa considerando o que foi definido nas etapas anteriores.
ETAPA 4:
Monitoramento
A avaliação do programa deve ser feita considerando os erros e os acertos, visando a melhoria permanente.
No monitoramento devem ser verificados os seguintes aspectos:
Quantidade coletada
Receita gerada pela venda
Benefícios da doação
Divulgação dos resultados
Motivação contínua junto aos participantes como garantia de seu envolvimento.
ETAPA 5:
Intercâmbio entre a Prefeitura de São Paulo
A sua iniciativa é muito importante para a P.M.S.P. , no sentido de estabelecermos parcerias e criarmos uma rede de informações para troca de experiências entre os vários programas de coleta seletiva na Cidade de São Paulo, portanto:
1- Informe:
O Limpurb, através da Divisão Técnica de Educação e Divulgação – Coleta Seletiva, que o seu programa foi implantado.
A partir da implantação você receberá um Certificado de Participação, que representa a concretização desta parceria.
2- Comunique:Para que possamos criar uma rede de intercâmbio, é fundamental que nos sejam encaminhados mensalmente os resultados quantitativos da coleta seletiva realizada.
3- Divulgue:Garanta a divulgação do seu programa, através da sua inclusão no cadastro de Programas de Coletas Seletivas Espontâneas.
ENFIM...
Sua iniciativa de multiplicar esta idéia é muito importante e com certeza trará mudanças na forma de olhar a cidade e demonstrará a possibilidade de mudança de hábito de cada um de nós .
A mobilização da população em torno da iniciativa de se implantar a coleta seletiva e o desejo de sua ampliação no bairro, na cidade, vai ao encontro de uma preocupação de todos os povos do mundo no sentido de manter o planeta ambientalmente saudável.
A reciclagem das embalagens de alumínio no Brasil alcança índices superiores a 60%, valor maior que a média mundial.
Fonte: CEMPRE – Compromisso Empresarial para Reciclagem
RECICLÁVEL
NÃO-RECICLÁVEL
PAPEL
- jornais e revistas
- folhas de caderno
- formulário de computador
- caixas em geral
- aparas de papel
- fotocópias
- envelopes provas
- rascunhos
- cartazes velhos
- papel de fax etiqueta adesiva
- papel carbono
- fita crepe
- papéis sanitários
- papéis metalizados*
- papéis parafinados
- papéis plastificados*
- papéis sujos
- guardanapos
- tocos de cigarros
- fotografias
METAL
- latas de folha de flandres, clips**
- (lata de óleo, salsicha, leite em pó
- lata de alumínio (refrigerante)
- outras sucatas de reformas grampos (quando misturados
- com papel)
- esponjas de aço
- canos
- VIDRO
- recipientes em geral
- garrafas de vários formatos
- copos
- vidros planos espelhos
- lâmpadas
- cerâmica
- porcelana
- tubos de TV
PLÁSTICO
- embalagens de refrigerante
- embalagem de mat. de limpeza
- copinho de café/água
- embalagem de margarina
- canos e tubos
- sacos plásticos em geral
- cabo de panela
- tomadas
- embalagem de biscoito
- mistura de papel, plástico e
- metais
* Embalagens cartonadas, para produtos como leite Longa vida e sucos, são recicláveis desde que separados em quantidades grandes.
** Somente em grandes quantidades
Fonte: CEMPRE – Compromisso Empresarial para Reciclagem – Caderno 3 – 1998