29 julho 2021

CARROCEIROS COBRAM REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO EM PASSOS MG

Por Ézio Joele - Especial

PASSOS – Trabalhadores que atuam no transporte de carga por meio de carroças movidas a tração animal em Passos reivindicam que o poder público faça a regulamentação da atividade. Segundo eles, a atuação não conta com apoio e é marginalizada por parte da população, o que tem gerado dificuldades para a manutenção dos profissionais no mercado. Os carroceiros cobram a regulamentação dos serviços por meio de lei para que possam se organizar melhor.

O carroceiro Anderson Marinho Borges, de 34 anos, trabalha desde os sete anos e reclama da falta de apoio por parte da prefeitura. “Há anos, tinha o João da Reza, que era o fiscal da prefeitura e prestava relevantes serviços à classe. Fiscalizava o horário de trabalho, se havia maus tratos dos animais, dava assistência em alguns casos. Depois que ele faleceu, é cada um para si e Deus para todos. Aqui na praça Patriarca tinha até água encanada, mas por causa da politicagem, tirou o relógio. Já passou da hora de termos uma lei para passar a peneira e ficar só quem exerce a profissão e exclua os que não sabem trabalhar”, disse.

Anderson também afirma que é a favor de pagar impostos, ter a profissão reconhecida oficialmente pela prefeitura e, consequentemente, trazer melhorias para a classe. Segundo ele, a categoria é desunida porque não há lei que regularize a atividade no município.

 


Um dos incentivadores do movimento é o engenheiro civil Frank Dias Ferreira, que tem especialidade em desenvolvimento sustentável. “O carroceiro é uma profissão milenar que ajuda as pessoas de baixa renda a limpar certas áreas urbanas por não terem condições de contratar uma caçamba. O pior é que não existe, em Passos, ao menos uma associação como suporte para eles e seus animais. Até hoje, nenhum vereador na história recente do município se interessou pela causa, o que acho mais revoltante”, afirma.

Para o engenheiro, a categoria sempre foi importante para a sociedade, mas é discriminada. “Muitas pessoas taxam os carroceiros de emporcalhar as ruas, atrapalhar o trânsito, praticar maus tratos aos animais e outras coisas. Pelo contrário, eles realizam pequenos fretes, transportam lixo, entulho, galhos de árvores por um preço bem mais baixo que outros profissionais, mas, como em qualquer área trabalhista, há bons e maus patrões e funcionários. Todos trabalham para sustentar a família e necessitam do apoio da prefeitura, porque são consumidores e pagam impostos como cidadãos”, ressaltou.

Frank também afirma que Passos devia implantar uma Unidade Receptora de Pequenos Volumes (URPV) ou ecoponto. “É o local onde os carroceiros têm telefone para atender chamadas, sanitários, dependências para alimentação, hidratação dos animais e até um veterinário que zele pela saúde dos cavalos e eguas. Lá, recebem entulhos de construção, podas e móveis velhos que são triados e levados para a reciclagem ou para um lugar que não degrade o meio ambiente. Hoje, os carroceiros desovam tudo nos bota-fora localizados na periferia. É o mínimo a fazer, enquanto a possível lei municipal não seja elaborada, aprovada e colocada em prática”, disse.

Atualmente, em Passos, são cerca de 100 carroceiros que exercem a profissão sem regulamentação. De acordo com Frank, há apenas dois pontos fixos de carroceiros na cidade. Um na praça Patriarca e outro ao lado do ginásio da Barrinha, que juntos não reúnem mais que dez transportadores. “O restante fica em casa aguardando ser chamado para o carreto, ou sai pelas ruas do bairro onde mora à procura de clientes”, afirma.

Fonte: https://clicfolha.com.br/

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