Por
que coleta seletiva com inclusão social?
Muitas vezes um programa de
coleta seletiva é iniciado com a expectativa de gerar recursos para a própria
entidade que a conduz. Essa expectativa em geral é frustrada, porque não compensa
financeiramente implantar uma estrutura de triagem, armazenamento e
comercialização de resíduos em uma entidade que não é apropriada para essa
atividade. Além disso, é importante pensar que, na grande maioria das cidades,
há pessoas que trabalham catando resíduos para garantir sua sobrevivência. A
implantação de coleta seletiva com a venda dos materiais é uma forma de
competição com o trabalho dessas pessoas, que só têm o lixo como fonte de
sobrevivência.
Os catadores
nos lixões e
também nas ruas,
debaixo das marquises
e viadutos das
cidades brasileiras, separam
materiais recicláveis para
a comercialização e frequentemente também
encontram no lixo o seu alimento. Em sua maioria são miseráveis e
trabalham em condições extremamente adversas e de alto
risco, lidando com
materiais contaminados ou
cortantes, morando nas ruas ou
nos próprios lixões.
A desigualdade social e a miséria no Brasil
constituem um problema estrutural que o lixo apenas reproduz. Entretanto, a
forma de lidar com o lixo pode piorar — ou contribuir para reverter — a
situação indigna de trabalho dos catadores nos lixões e nas ruas.
A coleta
seletiva deve, assim,
promover a sensibilização da
sociedade, geradora de
desperdício, para uma mudança de padrão de produção e consumo e para
viabilizar alternativas que melhorem
as condições de
trabalho dos catadores
e que propiciem
o melhor aproveitamento dos
resíduos. Como resultados, há benefícios econômicos, ambientais e sociais e a
perspectiva de construção de uma sociedade mais solidária, no lugar de
uma sociedade de
consumo e de
exclusão.
Em
cidades onde não
há catadores, o
que não é muito comum, a coleta
seletiva pode beneficiar outros grupos
em situação de
vulnerabilidade social. O
componente de inclusão
social nos programas
de coleta seletiva, além de contribuir para reduzir as
desigualdades sociais, também
é um fator
importante de mobilização social. A relação direta com
o catador propicia
o desenvolvimento de
um vínculo de
solidariedade, ampliando significativamente a participação da
população no programa.
Fonte: crea-mg.org.br