A Terraplanagens (alterações de nível em terrenos) são frequentemente necessárias enquanto os locais de construção estão sendo
preparados para construção. Muitas vezes, o canteiro de obras foi escolhido por
causa da presença de árvores adultas. No entanto, qualquer mudança no nível do
terreno em torno das árvores existentes pode ter um impacto significativo na
sua sobrevivência e crescimento futuro.
A menos que medidas corretivas sejam tomadas imediatamente, a
redução do nível do terreno expõe o sistema radicular existente ao ar e reduz o
suprimento de nutrientes e umidade disponíveis para as raízes.
Por outro lado, aumentar o nível do solo sobre as raízes
existentes pode ter um efeito ainda maior sobre o crescimento futuro e a
sobrevivência das árvores existentes. Quando o solo ou qualquer tipo de aterro
é colocado sobre o sistema radicular existente, provoca uma redução no
suprimento de oxigênio para as raízes das árvores e diminui a taxa de troca
gasosa entre as raízes e o ar no espaço poroso do solo.
Tanto o oxigênio quanto a água são essenciais para o
crescimento, desenvolvimento e absorção de nutrientes pelas raízes. Muitos dos
organismos do solo também utilizam a água e o oxigênio em seus processos
normais de crescimento. A falta de oxigênio no solo pode resultar em acúmulo de
gases nocivos e produtos químicos prejudiciais ao bom crescimento. Quando isso
ocorre, as raízes não se desenvolvem, o sistema radicular e a
parte aérea da árvore começam a declinar. Muitos fatores
(incluindo espécies de árvores, profundidade e tipo de preenchimento do solo,
drenagem, estrutura do solo abaixo do aterro e o vigor geral da árvore
existente) têm uma influência determinante no tempo que leva para os sintomas
acima do solo aparecerem. Assim, pode levar de vários meses até 3 a 5 anos para
que ocorra a morte das árvores.
Determinando
a Viabilidade de Prevenir Prejuízos
Quando o nível em torno de uma árvore estabelecida está sendo
cotado, deve-se considerar cuidadosamente os métodos de prevenção de danos à
árvore antes do aterramento ou da remoção de terra, em vez de tentar tomar
medidas corretivas após a terraplanagem. Embora o custo inicial possa ser alto,
evitar danos antes é sempre mais barato e mais eficaz do que tentar corrigir a
situação depois.
Vários fatores importantes devem ser considerados, na
tentativa de determinar se os custos para salvar a árvore e para fazer as
instalações necessárias, para prevenir ou reduzir a extensão do prejuízo, valem
o esforço.
Densidade da População
de Árvores. Onde as árvores são escassas, qualquer tentativa de salvar uma
ou duas árvores sadias geralmente vale a pena. Se houver inúmeras árvores na
propriedade, o proprietário do imóvel pode não aceitar que o custo seja
justificado, para salvar um ou dois exemplares no canteiro de obras.
Espécie e Variedade.
Algumas árvores de rápido crescimento e vida curta podem não valer o custo de
tentar salvá-las. Mas uma boa árvore saudável, madura ou adaptada à área, com
uma longa expectativa de vida, é difícil de substituir. Para tais árvores, a
despesa necessária para a preservação pode freqüentemente ser justificada.
Idade e vigor das
árvores existentes. A condição da árvore é um fator importante para
determinar seu valor. Se possuir buracos ou ferimentos grandes, tiver sido
severamente danificada por raios ou tempestades, ou estiver no final de sua
vida útil, é difícil justificar a despesa e o trabalho necessário para
salvá-la. Isto é especialmente verdadeiro se houver perigo de perdê-la por
outras causas. Mas uma árvore jovem e vigorosa, se atraente e bem colocada,
seria valiosa o suficiente para preservar.
Aterramento
profundo em torno das árvores existentes
Toda a vegetação deve ser removida, incluindo grama e
vegetação rasteira sob a copa da árvore. A matéria orgânica, como se decompõe
sob um aterro, pode criar gases nocivos, prejudiciais às raízes das árvores.
Os 7 a 15 centímetros superiores do solo devem ser arados ou
quebrados com cuidado, de modo a perturbar a menor quantidade possível de
raízes. Este tratamento permite um melhor contacto com o solo de enchimento e
evita uma linha de demarcação bem definida entre a superfície do solo existente
e o aterro.
A contenção para o tronco deve ser construída em alvenaria,
pedras ou tijolos, de forma circular, distante 30 a 60 cm do tronco. A parede deve ser tão alta quanto o novo
nível do terreno. Esta estrutura
chama-se "poço da árvore".
Um
sistema de aeração pode ser construído usando tubos plásticos perfurados de 10
cm de diâmetro, dispostos em 5 a 6 linhas horizontais que irradiam da árvore,
como raios de uma roda até um ponto além da extensão da copa. A linha radial
deve ser instalada de forma que ela se incline para baixo a partir do tronco da
árvore, permitindo que o excesso de umidade seja drenado. As extremidades do
sistema radiante devem ser conectadas com um anel de tubos plásticos
perfurados, conforme mostrado na Figura 1.
Para auxiliar a ventilação, tubos plásticos de 10 ou 15 cm de
diâmetro podem ser colocados na vertical, sobre a junção das linhas radiais com
o anel. Essas chaminés devem se estender até a superfície do nível planejado e
podem ser mantidas no lugar com cascalho grosso ou pedras. A extremidade
inferior do sistema de aeração deve ser estendida para um meio-fio, dreno de
águas pluviais ou fossa, para remover o excesso de umidade.
O solo exposto e o sistema de aeração devem ser cobertos com
rocha ou cascalho grosso a uma profundidade de 15 a 50 cm, dependendo da quantidade
de aterramento, seguido por uma camada de cobertura de cascalho. Para evitar
que a terra se infiltre no cascalho e na pedra, uma camada fina de palha seca,
malha plástica trançada, feltro, manta bidim ou outro material poroso pode ser
colocada sobre o cascalho e, em seguida, preenchida com terra boa, até o nível
desejado.
Colocar cascalho grosso
suficiente na árvore para cobrir as extremidades das linhas que se abrem no
poço irá desencorajar os roedores a comerem o sistema. O cascalho grosso também
pode ser colocado nas chaminés, cobertas com tela, para evitar que os roedores
façam ninhos no sistema de aeração. Uma seção vertical do aterro concluído pode
ser vista na Figura 2
ser coberto com um deck de madeira ou uma grelha metálica. O
poço também pode ser preenchido com uma mistura de areia grossa e carvão (50%
cada, em volume), vários O poço da árvore poderá ser deixado aberto. No
entanto, por motivos de segurança, pode centímetros abaixo do topo. Esta
mistura pode ser coberta com pedras roladas, casca decorativa ou outro material
atraente, para permitir um bom movimento do ar na estrutura do poço.
Um
método alternativo pode ser usado se o aterro for inferior a 60 cm e o solo for
bem drenado. Nesta abordagem, nenhum tubo perfurado é usado, apenas cascalho.
Novamente, todos os gramados e arbustos devem ser removidos, a superfície do
solo arada acima das raízes e qualquer fertilizante necessário aplicado.
Começando na extremidade da copa, aplique de 8 a 15 cm de cascalho grosso ou
brita. A profundidade em direção ao tronco da árvore deve ser aumentada
gradualmente, até que seja de 20 a 30 cm ou mais profunda, a 60 cm do tronco. O
cascalho pode alcançar a superfície do aterro na área que se estende por 60 cm
ao redor do tronco da árvore (veja a Figura 3). O cascalho pode ser coberto com
uma fina camada de palha, feltro, manta bidim, malha plástica ou outro material
poroso para evitar a infiltração do solo no cascalho grosso e a vedação dos
espaços aéreos. Espalhar solo de boa qualidade para nivelar a superfície (veja
a Figura 3).
Para rebaixar o nível existente
É provável que ocorram menos danos a uma árvore quando o nível
é rebaixado na vizinhança das raízes, a menos que grandes quantidades de raízes
sejam expostas ou removidas. A remoção de 2 a 5 cm de solo normalmente não
afetará o crescimento da árvore, especialmente se forem tomadas medidas para
evitar danos causados pela perda de raízes. Terraços ou muros de contenção (ver
Figura 4) podem ser usados para evitar excessiva perda de solo na área de maior
crescimento radicular. Podas corretivas
da copa, para compensar a perda de raízes, geralmente serão necessárias.
Em vez de protegida, grande parte da copa deve ser desbastada,
bem como os ramos laterais, cortando os galhos secos ou cruzados com os
bons (veja a Figura 5). Dessa forma, é mantida a aparência normal da
árvore, enquanto que a copa fica reduzida a um terço ou pelo menos à metade do
tamanho original.
Se possível, uma cobertura morta
de qualquer tipo deve ser espalhada sobre a área exposta do chão, para ajudar a
evitar a erosão, reduzir a perda de umidade e manter a temperatura do solo mais
moderada. Providências também devem ser tomadas para a irrigação adequada, no caso
de uma seca prolongada.
Etapas corretivas a serem tomadas após o aterramento
Se for feito um aterramento alto
o bastante para que ocorram sintomas visíveis de deterioração da árvore, pouco
poderá ser feito para salvá-la. Nos casos em que o preenchimento foi feito
recentemente ou onde nenhum dano sério ocorreu, algumas ações corretivas podem
ser tomadas.
Se o aumento for menor do que 30
cm, é possível remover o solo ao redor do tronco da árvore, até o nível
original do solo, num raio de 60 cm do tronco. Um poço seco deve ser instalado
neste entorno, para manter o aterro em seu lugar. Começando radialmente cerca
de 60 cm após o poço seco, buracos devem ser perfurados ou cavados a cada 60
cm, sempre debaixo da copa. Em cada um deles, um tubo plástico com diâmetro de
15 cm deve ser inserido e depois preenchido com cascalho grosso, para permitir
a troca de ar na zona da raiz. Isso geralmente é suficiente para um aterramento
raso.
Quando forem aterros mais
profundos, será necessário instalar um sistema de aeração de tubulação e
cascalho, conforme descrito anteriormente. O solo ao redor do tronco da árvore
deve ser escavado até o nível anterior, com trincheiras radiais que se estendem
até o limite externo da copa. Um poço seco deve ser construído ao redor do tronco,
para isolar o solo em volta. As trincheiras radiais devem ser unidas com uma
trincheira circular localizada na linha de gotejamento. A profundidade das
trincheiras deve ser cavada até o nível do solo anterior e o sistema deve ser
inclinado o suficiente para proporcionar uma boa drenagem, para longe do tronco
da árvore. Para levar a umidade excedente, pode ser necessário estender a linha
radial no lado descendente até um dreno natural, um poço ou cisterna. Um
sistema de aeração de tubo plástico perfurado de 10 cm deve ser instalado e
coberto com cascalho, antes de recolocar o solo no novo nível. A instalação
será idêntica à descrita anteriormente, exceto que a instalação terá sido feita
após o aterramento.
Como não pode haver garantia de
que uma árvore se recuperará do dano já feito, deve ser cuidadosamente
considerado o valor da árvore na paisagem, antes que medidas corretivas
dispendiosas sejam tomadas. A árvore teria que ser extremamente atraente,
valiosa ou ter um valor histórico significativo para justificar os custos
dessas medidas corretivas, já que o sucesso não é garantido.
As medidas preventivas descritas
nesta publicação garantirão, na maioria dos casos, a continuidade da vida e a
utilidade da árvore (Figura 6). A decisão que o dono da propriedade deve tomar
depois de avaliar o valor estético ou paisagístico da árvore e o custo da
instalação é se a árvore vale o custo e o esforço envolvidos.
Douglas F. Welsh, Professor e Horticultor de Extensão
Everett E. Janne, Horticultor de
paisagem de extensão (in memorian)
Publicação original revisada em
novembro de 2008, tradução em outubro de 2018.
Artigo original acessado em agosto de
2018 em: Texas A&M AgriLife Extension – Douglas F. Welsch, Everett E. Janne
– Protecting existing landscape trees
from construction damage due to grade changes – https://aggie-
Gostei
ResponderExcluir