16 março 2017

CLASSIFICAÇÃO, ORIGEM, CONTEÚDO E DISPOSIÇÃO FINAL DE TODOS TIPOS DE RESÍDUOS

PERICULOSIDADE

"Estima-se que 900 milhões de unidades de pilhas e baterias (de carros, celulares e calculadoras,
entre outras) sejam jogadas por ano no lixo. Elas liberam mercúrio, cádmio e
chumbo nos rios e solos, contaminando plantações e matando peixes.
Resultado: podem causar problemas hepáticos e câncer."
(Os Caminhos da Terra, junho 1999)

A disposição de resíduos diretamente nos solos foi por muito anos considerada uma prática aceitável, pois, acreditava-se que os produtos gerados pelos resíduos, denominados de percolados, eram completamente dissolvidos no solo, não apresentando uma ameaça de contaminação (Bernades Jr., Sabagg & Ferrari, 1999).
 
CLASSIFICAÇÃO, ORIGEM, CONTEUDO E DISPOSIÇÃO FINAL DE TODOS TIPOS DE RESÍDUOS
CLASSIFICAÇÃO, ORIGEM, CONTEÚDO E DISPOSIÇÃO FINAL DE TODOS TIPOS DE RESÍDUOS
A partir dos anos 50, alguns países começaram a dar mais importância para a contaminação da água subterrânea, e consequentemente estudos foram desenvolvidos nesse campo. Como resultado, os resíduos foram classificados em duas categorias: perigosos e não perigosos (Bernades Jr., Sabagg & Ferrari, 1999).

A necessidade de caracterizar os resíduos para determinar seu destino final tornou-se essencial, principalmente para evitar sua disposição em locais inadequados, que possam causar contaminação do meio ambiente.

Nesse contexto, os resíduos são caracterizados para determinar sua periculosidade.

A Norma Técnica Brasileira (NBR 10.004) conceitua a periculosidade de um resíduo como uma "característica apresentada por um resíduo, que, em função de suas propriedades físicas, químicas ou infecto - contagiosas, pode apresentar:

a)  risco à saúde pública, provocando ou acentuando, de forma significativa, um aumento de mortalidade por incidência de doenças, e ou;

b)  riscos ao meio ambiente, quando o resíduo é manuseado ou destinado de forma inadequada".

A periculosidade dos resíduos depende, em geral, dos seguintes fatores (Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999):
  • Natureza (inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade)
  • Concentração
  • Mobilidade
  • Persistência e bio acumulação
  • Degradação
No Brasil, os resíduos são classificados quanto à periculosidade, segundo a Norma Técnica NBR 10.004, da seguinte maneira:

CLASSIFICAÇÃO QUANTO À PERICULOSIDADE (NBR 10.004)                                 
Resíduos Classe I
(Perigosos)
Apresentam risco à saúde pública ou ao ambiente, caracterizando-se por terem uma ou mais das seguintes propriedades: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade.
Resíduos Classe II
(Não-inertes)
Podem ter propriedades como combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade, porém não se enquadram como resíduo I ou III.
Resíduos Classe III
(Inertes)
Não têm nenhum dos seus constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade de águas.
 
CLASSIFICAÇÃO QUANTO À COMPOSIÇÃO QUÍMICA


Uma das formas mais simples de classificação de resíduos é quanto à composição química, classificando-os como:
  • ORGÂNICOS: restos de alimentos, de animais mortos, de podas de árvores e matos, entre outros.
  • INORGÂNICOS: vidro, plástico, papel, metal, entulho, entre outros.
 CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ORIGEM

1.DOMICILIAR
 ORIGEM: originados da vida diária nas residências.

CONTEÚDO: restos de comida, cascas de alimentos, produtos deteriorados, verduras, jornais e revistas, garrafas, embalagens em geral, papel higiênico, fraldas descartáveis e, ainda, grande diversidade de outros itens. Contém, ainda, alguns resíduos que podem ser tóxicos.

DISPOSIÇÃO FINAL: disposição em aterro sanitário (coleta pelo poder público).
  
2.COMERCIAL
ORIGEM: originados nos diversos estabelecimentos comerciais e de serviços, tais como supermercados, bancos, sapatarias, bares, etc.

CONTEÚDO: tem forte componente de papel, plásticos, embalagens diversas, e resíduos de asseio dos funcionários, tais como papéis - toalha, papel higiênico, etc.

3.VARRIÇÃO E FEIRAS - LIVRES
ORIGEM: aqueles originados nos diversos serviços de limpeza pública urbana, incluindo os resíduos de varrição das vias públicas, limpeza de praias, limpeza de galerias, de córregos e de terrenos, restos de podas de árvores, corpos de animais, etc; e os de limpeza de áreas de feiras - livres.

CONTEÚDO: constituídos por restos vegetais diversos, embalagens, etc.

DISPOSIÇÃO FINAL: disposição em aterro sanitário (coleta pelo poder público).

4.SERVIÇOS DE SAÚDE E HOSPITALARES
 
ORIGEM: resíduos sépticos produzidos em serviços de saúde, tais como hospitais, clínicas, laboratórios, farmácias, etc.

CONTEÚDO: resíduos sépticos: aqueles que contém ou potencialmente podem conter germes patogênicos. Constituídos de seringas, gazes, órgãos removidos, meios de culturas e cobaias, remédios com validade vencida, filmes fotográficos de raio x, etc. Os resíduos não-sépticos destes locais (papéis, restos da preparação de alimentos, pós de varrição, etc.) que não entraram em contato direto com os pacientes ou com os resíduos sépticos, são considerados como domiciliares.

DISPOSIÇÃO FINAL: disposição em aterros de resíduos perigosos (preferencialmente devem sofrer tratamento por incineração).

5. PORTOS, AEROPORTOS E TERMINAIS RODOVIÁRIOS

CONTEÚDO: constituem-se de materiais de higiene e asseio pessoal, que podem veicular doenças provenientes de outros países. Os resíduos não-sépticos destes locais, são considerados como domiciliares.

6. INDUSTRIAIS
ORIGEM: originados nas atividades dos diversos ramos da indústria, nessa categoria incluem-se grande maioria do lixo considerado tóxico.

CONTEÚDO: cinzas, lodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal, escórias, vidros e cerâmicas, etc.

DISPOSIÇÃO FINAL: disposição em aterro de resíduos industriais (resíduos classe I e II).

- RELAÇÃO RESÍDUOS X SUBPRODUTOS DEPENDE:

 Valor Comercial                                                        Custo da Disposição Final   
 Custo dos Tratamentos                                                    Pressões Ambientalistas

- TENDÊNCIAS PARA RESÍDUOS INDUSTRIAIS:

Terceirização do tratamento de resíduos               Monitoramento em tempo real
Tratamento em unidades centralizadas                Resíduo último
 Uso intensivo de tecnologias                              Ampliação do conceito de resíduos

 7. AGRÍCOLAS 

ORIGEM: resíduos sólidos das atividades agrícolas e da pecuária. Apresentam tipologia diversificada.

CONTEÚDO: embalagens de defensivos agrícolas, restos de criatórios intensivos (produtos veterinários, restos de processamento, estrume, etc.), bagaço de cana, laranja, etc.

8. ENTULHOS

ORIGEM: São os resíduos da construção civil.

CONTEÚDO: Constituem-se de demolições e restos de obras, solos de escavações diversas, etc. Trata-se, geralmente, de materiais inertes, passíveis de reaproveitamento.
 
DISPOSIÇÃO FINAL: disposição em aterros de inertes (classe III).

IMPACTOS:
  • Rouba lugar nos aterros
  • Lançamentos clandestinos provocam assoreamento de rios e córregos
  • Desperdício de matéria-prima
EXEMPLOS: 
  • São Paulo: 2.000 t/dia
  • Belo Horizonte: 900 t/dia
  • Campinas: 800 t/dia
9.REJEITOS DE MINERAÇÃO
 
ORIGEM: resíduos resultantes dos processos de mineração em geral (lavra, pré-processamento, etc).

DISPOSIÇÃO FINAL:
  • disposição em aterros de inertes (classe III).
  • disposição em aterro de resíduos industriais (classe I e II).

    Fonte: http://www.rc.unesp.br