05 setembro 2016

ANÁLISE DOS RESULTADOS REALIZADAS NAS USINAS DE RECICLAGEM A, B, C D, E - Categoria Atores sociais envolvidos

Categoria - Atores sociais envolvidos

A pesquisa nas usinas permitiu identificar as pessoas que participam, de forma direta ou indireta, de todo o processo produtivo e de aplicação dos agregados reciclados; a partir da entrada dos RCD nas usinas, passando por seu beneficiamento até sua utilização pelo consumidor final.

Nas usinas B e D, o pesquisador não teve acesso às obras e aos consumidores dos reciclados produzidos, mas foi possível sua identificação. Portanto, essa categoria ficou dividida em duas subcategorias, apresentadas a seguir.

As pessoas que estão envolvidas diretamente com os empreendimentos podem ser enumeradas a partir do proprietário que administra a usina, dos responsáveis técnicos e dos trabalhadores envolvidos em todas as operações. E, de forma indireta, encontram-se os fornecedores (usinas B e E), aqueles que entregam a matéria-prima, chamados de caçambeiros, e os consumidores, que são a própria comunidade.
Atores sociais envolvidos


1 Agentes diretos


Entre as pessoas que participam de forma direta no processo produtivo encontram-se os administradores, os responsáveis técnicos (coordenadores) e os trabalhadores envolvidos nas operações de triagem, britagem, peneiramento, empilhamento e estoques; enfim, toda a mão-de obra necessária para a produção dos reciclados. Parte desses trabalhadores é registrada pela usina, possui carteira assinada; outra parte trabalha como autônomo, não tem vínculo empregatício − entre eles existem ainda os que pertencem às cooperativas. Os cooperados representam um papel importante, como mostram os relatos, e são reconhecidamente experientes profissionais das atividades de triagem e segregação de resíduos, gerindo o “próprio negócio” e contribuindo com o desenvolvimento sustentável da construção. A Tabela1 refere-se à distribuição da mão-de obra por usinas pesquisadas.

Tabela 1 – Atores sociais e mão-de-obra.
Usinas
Mão-de-obra
Relatos











A







Empregados da prefeitura e
Cooperativa
Hoje tem seis da Cooperativa e mais quatro da Prefeitura lá [...] não tinha nenhum da Prefeitura, então hoje tem três da Prefeitura, mais o coordenador, o encarregado, são dez pessoas trabalhando lá. E esse pessoal da Prefeitura, ele é [...] vamos falar assim [...] ele é a grosso modo [...] o pagamento desses [...] da Prefeitura [...] então eles estariam emprestado para a Cooperativa para ajudá-la. Porque eles fazem a coleta e a entrega. E ajudam também na separação [...] ajudam [...] faz de tudo. Então, dão uma força, tipo assim [...] são dez pessoas, na verdade nove. Porque não se conta o encarregado. O encarregado lá
é pra resolver outras coisas. Mas são nove para pagar o salário de seis
[ENTREVISTADO A2]
B
Empregados da prefeitura
-




C




Empregados e autônomos.
[...] estamos gerando dez, praticamente dez empregos diretos e gera sem dúvida, o caminhão vai carregar para algum lugar gera mais
emprego, dá um total de [...] gera 27 empregos direto e indiretos.
Olha, nos temos quatro [...] nós temos registrado um grupo de oito [...]
um ganha quatrocentos e outros, é que uns ganha por produtividade de separação de metal formar cooperativa nós já estamos lapidando eles, se você produzir mais, você ganha mais, entende? [...] [ENTREVISTADO C1].



D


Empregados da prefeitura e
Cooperativa

[...] tudo que sai daqui então [...] é da prefeitura [...] eles perguntam o
que eu tenho de estoque [...] eu preciso deste material, eu pré-agendo
por telefone e chega o caminhão aqui com o memorando falando o material que precisa a quantia e a onde vai aplicar [...] vai só para obras públicas [ENTREVISTADO D2]


E


Empregados da prefeitura
Hoje estou trabalhando com dois pra fazer a triagem, lá na frente, umedecer. Eu tenho um operador de cima, tenho um na esteira e 1 embaixo. Cinco pessoas mais o operador da retroescavadeira. [ENTREVISTADO E2]

2 Agentes indiretos

As pessoas que atuam no processo de forma indireta podem ser categorizadas em fornecedoras e consumidoras.

Os fornecedores, aqui considerados, são os que transportam resíduos até a usina: os caçambeiros que trazem resíduos gerados pela construção de novas edificações, obras de reformas e manutenções. Destacam-se as usinas B e C, que recebem os resíduos diretamente de ATT.

Os consumidores dos agregados reciclados apresentam dois aspectos interessantes, ilustrados na Tabela 2, como constatado nos relatos dos entrevistados. O primeiro aspecto, já esperado, foi a constatação do consumo desse material pelo município, em suas obras públicas, registrado nas usinas B, D e E. O outro aspecto diz respeito à sociedade, pois foi verificada, na usina C, a utilização dos reciclados em atividades comerciais, sociais e particulares; mais especificamente: obras em igreja, galpão comercial, posto de gasolina, conjuntos residenciais de médio padrão e conjuntos habitacionais populares. Na usina A, caracterizou-se o uso dos reciclados pela comunidade em obras de autoconstrução − o cidadão se dirige à usina e escolhe o agregado que quer comprar. Nessa usina, o pesquisador teve contato direto com consumidores e constatou a utilização do material no piso externo de obras e no contra piso de condomínios residenciais de médio e baixo padrão.
Atores sociais envolvidos
Atores sociais envolvidos

Os fornecedores cadastrados são identificados e localizados facilmente, desenvolvendo a responsabilidade pelos resíduos transportados desde a fonte geradora até a correta destinação. O consumidor final aparece fechando o sistema da cadeia produtiva de reciclagem, retroalimentando o sistema, uma vez que irá utilizar os produtos reciclados em atividades construtivas gerando novos resíduos.

Tabela 2 – Atores sociais consumidores. 
Usinas
Consumidores
Relatos




A



Pequenos construtores,
floricultura e prefeitura
[...] esse material é vendido normalmente, a pedra, a areia, pedrisco, é para o construtor: pequeno construtor, que é aquela pessoa que está construindo a própria casa.
[...] a pedra maior, ela é normalmente [...] ela não é usada para construção, que é uma pedra grande, mas ela pode ser utilizada ou pela Prefeitura ou pelas construtoras que tão fazendo asfalto na cidade, também fazer base de asfalto ou fazer drenagem, fazer drenos [...] [ENTREVISTADO A1].

B

Prefeitura
[...] Quem usa esse material dentro da prefeitura hoje são as subprefeituras da região leste [ENTREVISTADO B2].







C





Construtoras, pequenos
construtores, igrejas, galpões comerciais, posto de gasolina, municípios conurbados
Hoje os nossos clientes a própria construção civil, os construtores,
[ENTREVISTADO C1]. Temos clientes aqui que são os pequenos construtores da chamada casa popular. Ele já está utilizando areia do material reciclado e fazendo o lastro com o material reciclado [ENTREVISTADO C1]. [...] posto foi em Barueri, foi a primeira experiência [...] [ENTREVISTADO C1].
[...] estamos fornecendo o material para uma obra do PAR, Plano de
Arrendamento Residencial acho que é, é lá do Belém [...] [ENTREVISTADO C2]. [...] nós temos uma igreja aí chama-se igreja Jesus Cristo dos Últimos Dias, então elas fazem aquelas construções em terrenos acima de 8.000, 9.000 a 10.000 metros, então [...] os pátios deles só utilizam o material reciclado [...] [ENTREVISTADO C1].



D



Prefeitura
[...] tudo que sai daqui então [...] é da prefeitura [...] eles perguntam o
que eu tenho de estoque [...] eu preciso deste material, eu pré-agendo
por telefone e chega o caminhão aqui com o memorando falando o
material que precisa a quantia e a onde vai aplicar [...] vai só para
obras públicas [ENTREVISTADO D2]












E













Prefeitura

Fizemos aqui a recuperação do matadouro e agora já é a nossa sede.
Todo projeto, na entrada ali nós utilizamos [...] um trecho de mais ou
menos 70 metros que é a sub-base, que é feita com reciclável.[ ENTREVISTADO E1]. [...] Hoje nossa fábrica tá parada em função de levar esse pessoal para uma outra unidade onde está construindo [...] nós temos já alguns, quantidade razoável de bloco armazenado, o suficiente até o final do ano, e depois nós vamos retomar essa produção, mas tudo dentro com material reciclável, cerca de 42% ou 45% de material reciclável [...] [ENTREVISTADO E2].
[...] nós estamos fazendo a regularização em dois bairros, dois núcleos que eram favelas. Hoje na realidade, hoje ainda são bairros que ainda falta infra-estrutura. Então nós vamos fazer, estamos fazendo drenagem e pavimentação, o material que será utilizado de base será o
resíduo sólido [...] utilizá-lo no mobiliário urbano, que é aquele projeto
urbanístico onde você tem uma pracinha, o paisagismo a gente quer
usar o pedrisco que é muito bonito, ele fica muito bonito, ele tem também a questão térmica, ele é mais frio, então ele ajuda a manter a umidade. Enfim, tem toda essa utilização aí, e falta pesquisa que pode ser feita em cima disso aí, é um campo muito vasto [ENTREVISTADO E1].
Fonte do texto:.ietsp.com.br/ UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS/Nelma Almeida Cunha