Marco Histórico das Usinas
No final de 1995 começaram a
operar, em escala industrial, as primeiras usinas de reciclagem das atividades
construtivas. Como marco inicial, porém, tem-se a implantação em 1991, no
município de São Paulo, da primeira usina de reciclagem do hemisfério Sul, com capacidade
de produção de 100 toneladas por hora (ZORDAN, 1997). Localizada na zona sul,
no bairro de Santo Amaro, sofreu várias interrupções de operação, tornando-se
inviável pela distância até os geradores da matéria-prima (RCD). A instalação
da usina consumiu mais de US$ 1 milhão. Atualmente, a usina está instalada na
antiga Pedreira de Itaquera, situada na zona leste no município de São Paulo,
em zona urbana rodeada por uma população de 300.000 pessoas.
Marco Histórico das Usinas de Reciclagem de Entulhos |
Trata-se de uma antiga
pedreira (Pedreira Itaquera), cuja área sofreu reconformação topográfica pelo
preenchimento da cava, com volume aproximado de 6.500.000 metros cúbicos e profundidade
de 120 metros em relação à superfície. Anexa à região da cava encontra-se implantada
a recicladora (DEPARTAMENTO DE LIMPEZA PÚBLICA E URBANA DE SÃO PAULO, 2004).
Em 1994, em Londrina (PR), foi
instalada em uma antiga pedreira, pela Autarquia do Meio Ambiente (AMA), a
Central de Moagem de Entulhos. O material moído era utilizado para produzir
tijolos, com uma produção superior a 1.000 tijolos por dia, destinados à
construção de casas populares. Na época, existiam 4.000 pontos irregulares de
despejos, que foram extintos. Até 2002, a central recebia 100 caminhões de
entulho por dia, o que correspondia a 75% (média de 300 toneladas) do RCD
produzido diariamente na cidade (cerca de 400 toneladas); 85% dos reciclados
eram aplicados em pavimentação e praças, e o restante, utilizado como
agregados.
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Assim como em São Paulo, Londrina
não conseguiu operar com o máximo de sua capacidade pela ausência de
fornecimento de matéria-prima. O material era disposto em um único local, tornando-se
economicamente inviável a locomoção até a usina (CENTRO DE INFORMAÇÕES SOBRE
RECICLAGEM E MEIO AMBIENTE, 2002).
Em dezembro de 1995,
inaugurou-se, em Belo Horizonte, a primeira central de reciclagem da capital
mineira, processando cerca de 120 toneladas por dia. A usina caracterizou-se
como um sistema inédito pela forma descentralizadora que ligava a iniciativa de
reciclagem à captação ordenada de resíduos. Ela teve origem no Programa de
Correção Ambiental e Reciclagem do RCD, de 1993, que elaborou ações específicas
para captação e reciclagem dos resíduos, fazendo parte do Modelo de Gestão de
Resíduos Sólidos de Belo Horizonte, que definiu a necessidade de quatro
centrais de reciclagem no município (PINTO, 1999). A segunda usina foi
inaugurada em 1996, no bairro da Pampulha, com capacidade de processamento em
torno de 240 toneladas por dia. Entre janeiro e novembro de 2004 foram
produzidas, nas duas estações, cerca de 91.177 toneladas de material britado,
uma média de 275 toneladas por dia (Prefeitura de Belo Horizonte, 2005).
Em Ribeirão Preto, em setembro
de 1996, foi inaugurada a primeira usina no interior do estado de São Paulo,
com produção média de 240 toneladas por dia. Seu projeto fez parte do Programa
para Correção Ambiental e Reciclagem do RCD, elaborado nos moldes do programa de
Belo Horizonte, que previa a necessidade de 14 pontos de captação de resíduos e
duas centrais de reciclagem. Até 1999, foi registrada uma produção média diária
de 45 metros cúbicos (PINTO, 1999).
Também em 1996 foi implantada
uma usina de reciclagem em São José dos Campos (SP), sendo desativada em junho
de 1998. Durante esse período, recebeu, no máximo, 10 caminhões por dia, e
processou 30% de sua capacidade (PINTO, 1999).
Até 2004 não existia
documentação técnica que desse respaldo à implantação de usinas de reciclagem
dos resíduos da construção. Então, a partir desse ano, entrou em vigor, no
hemisfério Sul, a primeira norma técnica, que trata das diretrizes para
projeto, implantação e operação de usinas de reciclagem dos resíduos sólidos da
construção civil: a NBR 15114.
A implantação de uma usina de
reciclagem requer investimentos em equipamentos, obras civis e montagem de
equipe operacional. Avaliações básicas devem ser desenvolvidas, como volume
gerado de entulho, características principais dos resíduos, áreas disponíveis e
possibilidades de industrialização. A partir disso, efetua-se o planejamento
econômico do trabalho de reciclagem (TÉCHNE, 1995).
Fonte do texto:.ietsp.com.br/ UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS/Nelma Almeida Cunha