10 agosto 2016

A HISTÓRIA DAS IMPLANTAÇÕES DAS USINAS DE RECICLAGEM DE ENTULHOS E AS LEIS QUE SEGUEM

Marco Histórico das Usinas

No final de 1995 começaram a operar, em escala industrial, as primeiras usinas de reciclagem das atividades construtivas. Como marco inicial, porém, tem-se a implantação em 1991, no município de São Paulo, da primeira usina de reciclagem do hemisfério Sul, com capacidade de produção de 100 toneladas por hora (ZORDAN, 1997). Localizada na zona sul, no bairro de Santo Amaro, sofreu várias interrupções de operação, tornando-se inviável pela distância até os geradores da matéria-prima (RCD). A instalação da usina consumiu mais de US$ 1 milhão. Atualmente, a usina está instalada na antiga Pedreira de Itaquera, situada na zona leste no município de São Paulo, em zona urbana rodeada por uma população de 300.000 pessoas.

A HISTÓRIA DA IMPLANTAÇÕES DAS USINAS DE RECICLAGEM DE ENTULHOS E AS LEIS QUE SEGUEM
Marco Histórico das Usinas de Reciclagem de Entulhos

Trata-se de uma antiga pedreira (Pedreira Itaquera), cuja área sofreu reconformação topográfica pelo preenchimento da cava, com volume aproximado de 6.500.000 metros cúbicos e profundidade de 120 metros em relação à superfície. Anexa à região da cava encontra-se implantada a recicladora (DEPARTAMENTO DE LIMPEZA PÚBLICA E URBANA DE SÃO PAULO, 2004).

Em 1994, em Londrina (PR), foi instalada em uma antiga pedreira, pela Autarquia do Meio Ambiente (AMA), a Central de Moagem de Entulhos. O material moído era utilizado para produzir tijolos, com uma produção superior a 1.000 tijolos por dia, destinados à construção de casas populares. Na época, existiam 4.000 pontos irregulares de despejos, que foram extintos. Até 2002, a central recebia 100 caminhões de entulho por dia, o que correspondia a 75% (média de 300 toneladas) do RCD produzido diariamente na cidade (cerca de 400 toneladas); 85% dos reciclados eram aplicados em pavimentação e praças, e o restante, utilizado como agregados.


A HISTÓRIA DA IMPLANTAÇÕES DAS USINAS DE RECICLAGEM DE ENTULHOS E AS LEIS QUE SEGUEM
Marco Histórico das Usinas de Reciclagem de Entulhos
Assim como em São Paulo, Londrina não conseguiu operar com o máximo de sua capacidade pela ausência de fornecimento de matéria-prima. O material era disposto em um único local, tornando-se economicamente inviável a locomoção até a usina (CENTRO DE INFORMAÇÕES SOBRE RECICLAGEM E MEIO AMBIENTE, 2002).

Em dezembro de 1995, inaugurou-se, em Belo Horizonte, a primeira central de reciclagem da capital mineira, processando cerca de 120 toneladas por dia. A usina caracterizou-se como um sistema inédito pela forma descentralizadora que ligava a iniciativa de reciclagem à captação ordenada de resíduos. Ela teve origem no Programa de Correção Ambiental e Reciclagem do RCD, de 1993, que elaborou ações específicas para captação e reciclagem dos resíduos, fazendo parte do Modelo de Gestão de Resíduos Sólidos de Belo Horizonte, que definiu a necessidade de quatro centrais de reciclagem no município (PINTO, 1999). A segunda usina foi inaugurada em 1996, no bairro da Pampulha, com capacidade de processamento em torno de 240 toneladas por dia. Entre janeiro e novembro de 2004 foram produzidas, nas duas estações, cerca de 91.177 toneladas de material britado, uma média de 275 toneladas por dia (Prefeitura de Belo Horizonte, 2005).  

Em Ribeirão Preto, em setembro de 1996, foi inaugurada a primeira usina no interior do estado de São Paulo, com produção média de 240 toneladas por dia. Seu projeto fez parte do Programa para Correção Ambiental e Reciclagem do RCD, elaborado nos moldes do programa de Belo Horizonte, que previa a necessidade de 14 pontos de captação de resíduos e duas centrais de reciclagem. Até 1999, foi registrada uma produção média diária de 45 metros cúbicos (PINTO, 1999).

Também em 1996 foi implantada uma usina de reciclagem em São José dos Campos (SP), sendo desativada em junho de 1998. Durante esse período, recebeu, no máximo, 10 caminhões por dia, e processou 30% de sua capacidade (PINTO, 1999).

Até 2004 não existia documentação técnica que desse respaldo à implantação de usinas de reciclagem dos resíduos da construção. Então, a partir desse ano, entrou em vigor, no hemisfério Sul, a primeira norma técnica, que trata das diretrizes para projeto, implantação e operação de usinas de reciclagem dos resíduos sólidos da construção civil: a NBR 15114.
A implantação de uma usina de reciclagem requer investimentos em equipamentos, obras civis e montagem de equipe operacional. Avaliações básicas devem ser desenvolvidas, como volume gerado de entulho, características principais dos resíduos, áreas disponíveis e possibilidades de industrialização. A partir disso, efetua-se o planejamento econômico do trabalho de reciclagem (TÉCHNE, 1995).
Fonte do texto:.ietsp.com.br/ UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS/Nelma Almeida Cunha