Mercado para Agregados
Reciclados
Ações governamentais são
essenciais para incrementar
o mercado de
reciclagem, por meio de
formulação de metas
políticas, como percentagens
obrigatórias de reciclagem, implementação de
legislação e sistema
de fiscalização apropriado;
intervenção nos preços,
por meio das taxas
ambientais para o
poluidor e subsídios
para o reciclador;
elaboração de normas técnicas sobre atividades produtoras e
recicladoras; implementação de um sistema de controle de qualidade sobre as
atividades recicladoras.
Os instrumentos legais
possibilitam a abertura de mercados para os produtos reciclados, a exemplo dos
países do Norte.
Na década de
1990, os Estados
Unidos criaram leis
para regulamentar a disposição correta dos RCD. Mineradoras investiram
no mercado de reciclagem, adicionando aos agregados porcentagens de agregados
reciclados. Segundo empresários do setor, apesar de
o investimento inicial
ser alto o
negócio teve um
retorno rápido e o marketing dos sistemas
de reciclagem aumentou
1.000% durante a década de
1980. O resultado
positivo do mercado de
reciclagem nos países
do Norte está
diretamente relacionado às
legislações, fiscalizações e Poder Judiciário eficientes (ZORDAN, 1997).
No Brasil, o consumo de
agregados está relacionado à qualidade de vida da população por meio de obras
residenciais, viárias, hospitais, escolas etc. Dados da Associação Nacional das
Entidades Produtoras de Agregados para Construção Civil (ANEPAC) mostram a
distribuição de consumo da pedra britada e sua aplicação (Tabela).
Consumo
nacional de pedra britada (ANEPAC, 2003).
Pedra
britada (%)
|
Aplicação
|
50
|
Produção
de concreto
|
30
|
Pavimentação
asfáltica
|
13
|
Artefatos
de cimento e pré-moldados
|
7
|
Lastro
de ferrovia e contenção de taludes
|
O consumo
de pedra britada
no Estado de
São Paulo, em
2002, foi de
51,6 milhões de toneladas;
em 2003, de
46 milhões de
toneladas, o que
pode ser justificado
pela retração da demanda dos insumos básicos em obras. Na
região metropolitana, os dados são de 28,8 milhões de toneladas ao ano (ANEPAC,
2003).
A
pedra britada é o insumo básico para a produção de concreto e asfalto. O
mercado dos reciclados poderia competir com 30% da pavimentação asfáltica, ou
seja, 8,6 milhões toneladas ano na região metropolitana de São Paulo, assim como
o de concreto e artefatos (ANGULO et.al, 2002; ANGULO et. al, 2004).
A produção
de concreto e
argamassa é o
maior mercado consumidor
de agregados naturais. No mercado
de pavimentação e obras públicas, não predomina o consumo de agregados naturais, e
esse mercado não
seria capaz de
consumir totalmente RCD
reciclado como base
de pavimento. Assim, restaria o uso do agregado reciclado na produção de
concreto não estrutural, por meio da
substituição de 20%
de agregado natural
pelo reciclado, estabelecido
por normas técnicas. A
região metropolitana de São Paulo
gera em torno de
8,5 milhões t/ano
de RCD, e pode-se
simular um consumo
total desses resíduos
(ANGULO et.al, 2002; ANGULO
et. al, 2004):
- · Consumo em pavimentação: com 8,64 milhões t/ano de agregados naturais, utilizando-se metade em reciclados, tem-se um consumo de 4,32 milhões t/ano de agregados reciclados;
- · Consumo em concreto e argamassa: 14,40 milhões t/ano, utilizando-se 20% (substituição) destinados reciclados − 2,88 milhões t/ano;
- · Consumo em artefatos e pré-moldados: 2,88 milhões t/ano, utilizando-se 20% (substituição) destinados reciclados − 0,75 milhões t/ano;
- · Consumo em lastros de ferrovias e taludes: 2,02 milhões t/ano, utilizando-se 25% destinados reciclados − 0,55 milhões t/ano.
Pela analogia
apresentada acima, o
mercado dos reciclados
na região metropolitana
de São Paulo conseguiria, em tese, absorver 8,5 milhões t/ano de
agregados reciclados, um potencial a
ser desenvolvido por
meio da substituição
parcial dos agregados
naturais convencionais sem prejuízo do desempenho desses novos
materiais. O consumo de agregados pelos municípios é de 45% da
massa de RCD
gerada. Dessa forma,
sobram 55% de
RCD para o
mercado privado produzir materiais
reciclados. Para o
mercado privado, é
necessário um custo
competitivo. O material reciclado
deverá apresentar desempenho,
no mínimo, similar
que os tradicionais (ANGULO & JOHN, 2002).
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MERCADO PARA AGREGADOS RECICLADOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL |
A experiência
na Prefeitura Municipal
de Salvador (2000)
comparou os custos
de obras executadas com
materiais convencionais com os de obras executadas
por materiais reciclados, demonstrando uma redução
aproximada de 50% dos custos (CARNEIRO et. al, 2001):
Agregado
reciclado R$ 11,00/m³
Brita
graduada R$ 26,00/m³
A
simplificação do processo de produção pela redução de etapas de britagem e a
redução de custos com transporte, coleta, despejos e manutenção são fatores
levados em consideração, e que
certamente contribuem para
a redução de
custos, favorecendo o
interesse econômico pelas atividades recicladoras.
A
maioria das nações desenvolvidas percebeu a necessidade de reciclar e de ter
uma visão padronizada dos procedimentos a serem adotados para produção de
agregados, atendendo a um padrão mínimo de qualidade (LEVY, 1997).
Fonte do texto:.ietsp.com.br/ UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS/Nelma Almeida Cunha