30 junho 2016

MERCADO PARA AGREGADOS RECICLADOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL



Mercado para Agregados Reciclados

Ações  governamentais  são  essenciais  para  incrementar  o  mercado  de  reciclagem,  por meio  de  formulação  de  metas  políticas,  como  percentagens  obrigatórias  de  reciclagem, implementação  de  legislação  e  sistema  de  fiscalização  apropriado;  intervenção  nos  preços,  por meio  das  taxas  ambientais  para  o  poluidor  e  subsídios  para  o  reciclador;  elaboração  de  normas técnicas sobre atividades produtoras e recicladoras; implementação de um sistema de controle de qualidade sobre as atividades recicladoras.
 
MERCADO PARA AGREGADOS RECICLADOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL
MERCADO PARA AGREGADOS RECICLADOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Os instrumentos legais possibilitam a abertura de mercados para os produtos reciclados, a exemplo  dos  países  do  Norte.  Na  década  de  1990,  os  Estados  Unidos  criaram  leis  para regulamentar a disposição correta dos RCD. Mineradoras investiram no mercado de reciclagem, adicionando aos agregados porcentagens de agregados reciclados. Segundo empresários do setor, apesar  de  o  investimento  inicial  ser  alto  o  negócio  teve  um  retorno  rápido  e  o marketing  dos sistemas  de  reciclagem  aumentou  1.000%  durante  a  década  de  1980.  O  resultado  positivo  do mercado  de  reciclagem  nos  países  do  Norte  está  diretamente  relacionado  às  legislações, fiscalizações e Poder Judiciário eficientes (ZORDAN, 1997).

No Brasil, o consumo de agregados está relacionado à qualidade de vida da população por meio de obras residenciais, viárias, hospitais, escolas etc. Dados da Associação Nacional das Entidades Produtoras de Agregados para Construção Civil (ANEPAC) mostram a distribuição de consumo da pedra britada e sua aplicação (Tabela).

Consumo nacional de pedra britada (ANEPAC, 2003).
Pedra britada (%)
Aplicação
50
Produção de concreto
30
Pavimentação asfáltica
13
Artefatos de cimento e pré-moldados
7
Lastro de ferrovia e contenção de taludes
 



O  consumo  de  pedra  britada  no  Estado  de  São  Paulo,  em  2002,  foi  de  51,6  milhões  de toneladas;  em  2003,  de  46  milhões  de  toneladas,  o  que  pode  ser  justificado  pela  retração  da demanda dos insumos básicos em obras. Na região metropolitana, os dados são de 28,8 milhões de toneladas ao ano (ANEPAC, 2003).

A pedra britada é o insumo básico para a produção de concreto e asfalto. O mercado dos reciclados poderia competir com 30% da pavimentação asfáltica, ou seja, 8,6 milhões toneladas ano na região metropolitana de São Paulo, assim como o de concreto e artefatos (ANGULO et.al, 2002; ANGULO et. al, 2004).

A  produção  de  concreto  e  argamassa  é  o  maior  mercado  consumidor  de  agregados naturais. No mercado de pavimentação e obras públicas, não predomina o consumo de agregados naturais,  e  esse  mercado  não  seria  capaz  de  consumir  totalmente  RCD  reciclado  como  base  de pavimento. Assim, restaria o uso do agregado reciclado na produção de concreto não estrutural, por  meio  da  substituição  de  20%  de  agregado  natural  pelo  reciclado,  estabelecido  por  normas técnicas.  A  região  metropolitana  de  São  Paulo  gera em  torno  de  8,5  milhões  t/ano  de  RCD,  e pode-se  simular  um  consumo  total  desses  resíduos  (ANGULO  et.al,  2002; ANGULO  et.  al, 2004):





  • ·         Consumo em pavimentação: com 8,64 milhões t/ano de agregados naturais, utilizando-se metade em reciclados, tem-se um consumo de 4,32 milhões t/ano de agregados reciclados; 
 
  • ·         Consumo em concreto e argamassa: 14,40 milhões t/ano, utilizando-se 20% (substituição) destinados reciclados − 2,88 milhões t/ano;

  • ·         Consumo   em   artefatos   e   pré-moldados:   2,88   milhões   t/ano,   utilizando-se   20% (substituição) destinados reciclados − 0,75 milhões t/ano;
  •  ·         Consumo  em  lastros  de  ferrovias  e  taludes:  2,02  milhões  t/ano,  utilizando-se  25% destinados reciclados − 0,55 milhões t/ano.
 
Pela  analogia  apresentada  acima,  o  mercado  dos  reciclados  na  região  metropolitana  de São Paulo conseguiria, em tese, absorver 8,5 milhões t/ano de agregados reciclados, um potencial a  ser  desenvolvido  por  meio  da  substituição  parcial  dos  agregados  naturais  convencionais  sem prejuízo do desempenho desses novos materiais. O consumo de agregados pelos municípios é de 45%  da  massa  de  RCD  gerada.  Dessa  forma,  sobram  55%  de  RCD  para  o  mercado  privado produzir  materiais  reciclados.  Para  o  mercado  privado,  é  necessário  um  custo  competitivo.  O material  reciclado  deverá  apresentar  desempenho,  no  mínimo,  similar  que  os  tradicionais (ANGULO & JOHN, 2002).

MERCADO PARA AGREGADOS RECICLADOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL
MERCADO PARA AGREGADOS RECICLADOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL


A  experiência  na  Prefeitura  Municipal  de  Salvador  (2000)  comparou  os  custos  de  obras executadas  com  materiais  convencionais  com  os  de  obras  executadas  por  materiais  reciclados, demonstrando uma redução aproximada de 50% dos custos (CARNEIRO et. al, 2001):

Agregado reciclado   R$ 11,00/m³

Brita graduada          R$ 26,00/m³

A simplificação do processo de produção pela redução de etapas de britagem e a redução de custos com transporte, coleta, despejos e manutenção são fatores levados em consideração, e que  certamente  contribuem  para  a  redução  de  custos,  favorecendo  o  interesse  econômico  pelas atividades recicladoras.

A maioria das nações desenvolvidas percebeu a necessidade de reciclar e de ter uma visão padronizada dos procedimentos a serem adotados para produção de agregados, atendendo a um padrão mínimo de qualidade (LEVY, 1997).
Fonte do texto:.ietsp.com.br/ UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS/Nelma Almeida Cunha