31 maio 2016

2ª Parte - TÉCNICAS DE ANÁLISE MULTIVARIADA ANÁLISE DISCRIMINANTE E DE CLUSTERS - implantação de programas de reciclagem



AS TÉCNICAS DE ANÁLISE MULTIVARIADA UTILIZADAS 

Nesta  seção  inicialmente  aborda-se  o  procedimento  de  coleta  de  dados  e  a  descrição  das  variáveis  explicativas a serem usadas no modelo multivariado proposto. Em seguida, descreve-se as técnicas de análise multivariada denominadas de análise discriminante e análise de clusters.


TÉCNICAS DE ANÁLISE MULTIVARIADA ANÁLISE DISCRIMINANTE E DE CLUSTERS - implantação de programas de reciclagem
TÉCNICAS DE ANÁLISE MULTIVARIADA ANÁLISE DISCRIMINANTE E DE CLUSTERS


Coleta de dados 

A população-alvo da pesquisa foi formada por todos os municípios brasileiros presentes no censo de 2000 e encontrados no site do IBGE, em julho de 2003. Com base na população-alvo acima, escolheu-se uma amostra constituída por municípios com mais de 300 mil habitantes, ou seja, 64 municípios. 

O  motivo  da  escolha  acima  foi  devido  a  que  a  maioria  dos  municípios  que    implementaram  um sistema  de  reciclagem  de  RCD  é  de  médio  e  grande  porte.  Além  disso,  o  método  multivariado utilizado    análise  discriminante      proporciona  resultados  mais  significativos  do  ponto  de  vista  estatístico quando os grupos são de mesmo tamanho, ou de tamanhos não muito díspares.  Do total das 64  cidades  selecionadas,  observou-se  que  52  não  implantaram  programas  de  reciclagem  de  RCD (grupo 1), e 12 que os implementaram (grupo 2). De maneira a deixar a amostra mais qualificada para a  análise  discriminante,  foi  realizado,  conforme  sugerido  por  Hair  et  al.  (1998),  uma  diminuição  do grupo maior através de um procedimento de sorteio aleatório. Assim, o maior e o menor grupo ficaram constituídos por 36 e 12 municípios, respectivamente. 

As  variáveis  socioeconômicas,  administrativas  e  técnicas  usadas  para  caracterizar  as  cidades  foram  escolhidas  em  função  de  sua  disponibilidade  nas  páginas  do  IBGE  e  de  outras  fontes  disponíveis  na internet “As outras fontes consultadas foram o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e o CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem).”, e, principalmente, em função de serem consideradas importantes para o estudo da reciclagem em uma série de trabalhos científicos e técnicos, tais como em  Langell (2001), Lauritzen  e Hansen (1997), entre outros.  

Desta maneira, a situação econômica das cidades foi representada pelo número de empresas presentes na  região  e  renda  per  capita.  O  aspecto  social  foi  avaliado  por  nível  educacional,  domicílios  com coleta  de  lixo,  esgoto,  água  e  habitantes  por  domicílios.  Em  nível  demográfico  consideraram-se  densidade e crescimento populacional. 
Além  dos  aspectos  acima,  considerou-se  conveniente  analisar  a  situação  da  administração  municipal  no  que  se  refere  à  legislação  básica,  descentralização,  nível  educacional  dos  funcionários  da  administração direta do município e uso de consórcios. 

Outras  variáveis  relacionadas  foram  área  de  recepção  de  entulhos,  idade  da  cidade,  área,  população,  número  de  empresas  de  construção  civil  e  existência  de  programas  de  coleta  seletiva.  É  claro  que existe  um  sem-número  de  outras  variáveis  relevantes  para  o  presente  estudo,  no  entanto,  como  salientado anteriormente, este se restringiu àquelas variáveis mais facilmente disponíveis em termos de tempo de coleta de dados e custo de obtenção dos dados.  A seguir, apresentam-se o Quadro 1, com a composição final de cada grupo de cidades, e o Quadro 2, com as 23 variáveis explicativas inicialmente escolhidas.

Quadro 1 – amostra cidades classificadas nos grupos 1 e 2



Grupo 1 – cidades sem reciclagem de RCD
Grupo 2 – cidades com
Reciclagem de RCD
Aracaju/SE
Montes Claros/MG
Belo Horizonte/MG
Bauru/SP
Natal/RN
Brasília/DF
Belém/PA
Niterói/RJ
Campinas/SP
Betim/MG
Osasco/SP
Guarulhos/SP
Boa Vista/RR
Palmas/TO
Londrina/PR
Campina Grande/PB
Pelotas/RS
Piracicaba/SP
Canoas/RS
Petrópolis/RJ
Ribeirão Preto/SP
Contagem/MG
Porto Alegre/RS
Rio de Janeiro/RJ
Cuiabá/MT
Porto Velho/RO
São José dos Campos/SP
Feira de Santana/BA
Recife/PE
São José do Rio Preto/SP
Florianópolis/SC
Rio Branco/AC
Salvador/BA
Fortaleza/CE
São Bernardo do Campo/SP
São Paulo/SP
Juiz de Fora/MG
Santo André/SP

Macapá/AP
Santos/SP

Maceió/AL
Sorocaba/SP

Manaus/AM
Teresina/PI

Maringá/PR
Uberlândia/MG

Mauá/SP


Mogi das Cruzes/SP


Tabela formatada por Frank e Sustentabilidade com dados da fonte

Observações:  (1)  Considerou-se  cidades  pertencentes  ao  grupo  2,  as  que possuem  unidades  de  reciclagem  implantadas,  mesmo  que  não  estejam plenamente funcionando. Estas informações foram fornecidas por Tarcísio de Paula Pinto (I&T), transmitidas via e-mail em setembro de 2003. Fonte: Censo 2000, IBGE

Quadro 2 – variáveis explicativas iniciais


Reciclagem de resíduo de construção e  demolição 
demolição rcd
Categórica
Áreas de recepção de entulho
área_rec
Categórica
Idade da cidade
idade
Numérica
Área
área
Numérica
População
popul
Numérica
Taxa de crescimento populacional
txcresc
Numérica
Habitantes/domicílio
hab_dom
Numérica
Número de Empresas/mil habitantes
demp_mhab
Numérica
Densidade populacional
densidad
Numérica
Educação (%analfabetos com mais de 15 anos )
educ
Numérica
Renda média anual
renda_me
Numérica
% Funcionário da administração central nível auxiliar
fun_aux
Numérica
% Funcionário da administração central nível médio
fun_méd
Numérica
% Funcionário da administração central nível superior
fun_sup
Numérica
Consórcios (número)
Consorc
Categórica
Instrumentos de legislação municipal
legisla
Categórica
Programa de geração de trabalho e renda
incentiv
Categórica
Descentralização administrativa (conselho paritário do meio ambiente, fundo municipal do meio ambiente e conselho na área de política urbana)
conselho
Categórica
Empresas de construção/empresas totais 
empr_com
Numérica
Programa de coleta seletiva
prog_col
Categórica
% de domicílios com água
dom_agua
Numérica
% de domicílios com esgoto
dom_esg
Numérica
% de domicílios com lixo
dom_lixo
Numérica
























































 Quadro montado por Frank e Sustentabilidade com dados da fonte
 
Análise discriminante 

Com  o  objetivo  de  analisar  os  fatores  regionais  ou  macroambientais  que  influenciam  a  reciclagem  utilizou-se   a   metodologia   de   análise   multivariada   conhecida   como   análise   discriminante.   Esta ferramenta é utilizada em situações onde é possível encontrar grupos de indivíduos e conhecer quais as características que os distinguem uns dos outros.

No  presente  trabalho  aplica-se  esta  ferramenta  para  estimar  uma  função  linear,  chamada  de  função  discriminante,  que  permite  a  melhor  separação  de  um  conjunto  de  cidades  em  dois  grupos  distintos, aquelas que já implantaram um sistema de reciclagem de RCD e aquelas que não implantaram. E que também  permita  estabelecer  uma  classificação  para  novas  cidades  (fora  da  amostra)  para  aqueles  grupos  previamente definidos.  

A discriminação é obtida determinando-se o conjunto ótimo de pesos para as variáveis independentes de  tal  maneira  que  se  maximize  a  variância  entre  os  grupos  relativamente  à  variância  dentro  dos  grupos. Esta combinação linear de variáveis é chamada de função discriminante (HAIR et al, 1998). 


Análise de Clusters

A  análise  de  clusters,  segundo  Hair  et  al.  (1998),  designa  um  conjunto  de  técnicas  que  têm  por  objetivo  principal  o  agrupamento  de  objetos  (casos  ou  observações)  baseado  nas  características  que  eles possuem. A análise de clusters classifica objetos de tal maneira que cada objeto seja muito similar aos  outros  do  seu  grupo  ou  cluster,  com  respeito  a  algum  critério  predeterminado  de  seleção.  Os  grupos  resultantes  devem  apresentar  uma  grande  homogeneidade  interna  (dentro  do  grupo)  e,  ao  mesmo tempo, uma grande heterogeneidade externa (entre os grupos).  

Assim,  se  a  classificação  for  bem-sucedida,  os  objetos  dentro  de  um  mesmo  grupo  estarão  bastante  próximos  quando  representados  geometricamente,  e  grupos  diferentes  estarão  bastante  distanciados um dos outros.
 Fonte do texto:I CONFERÊNCIA LATINO-AMERICANA DE CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL - X ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO18-21 julho 2004, São Paulo. ISBN 85-89478-08-4.Nébel A. A. da Costa; Newton C. A. da Costa Jr;Mônica M. L. Detoni;Paulo Maurício Selig; Janaíde Cavalcante Rocha