09 fevereiro 2015

TRABALHABILIDADE COM A RESISTÊNCIA A COMPRESSÃO DOS AGREGADOS DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Trabalhabilidade com a  Resistência à compressão de agregados do resíduos de construção civil

Esta propriedade do concreto reciclado pode ser considerada uma das mais discordantes entre as pesquisas citadas no trabalho. Isso acontece devido às várias variáveis intervenientes, como por exemplo, o tipo de britador utilizado na produção do agregado.

Segundo Cabral (2007), o tipo de britador influencia na forma do agregado reciclado e consequentemente no teor de vazios do concreto produzido, o tipo de cimento utilizado, a composição do resíduo utilizado, a metodologia de substituição utilizada, a taxa de absorção, dentre outros fatores.

 Todos os materiais dos quais o concreto é composto afetam diretamente a sua resistência e o seu desempenho final. Assim, os agregados também são extremamente importantes para análise criteriosa das propriedades do concreto. Qualquer variação dos materiais componentes do concreto merece um estudo sistemático e isso também se aplica ao agregado reciclado, principalmente quando se pensa que eles correspondem até 80% de toda a mistura (LEITE, 2001).

TRABALHABILIDADE COM A RESISTÊNCIA A COMPRESSÃO DOS AGREGADOS DR RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL
TRABALHABILIDADE COM A RESISTÊNCIA A COMPRESSÃO DOS AGREGADOS DR RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Várias pesquisas (HANSEN, 1992; BAIRAGI et al., 1993; RAVINDRAJARAH e TAM, 1985, 1987a; AJDUKIEWICZ e KLISZCZEWICS, 2002; GOMEZ-SOBERON, 2002, 2003; KATZ, 2003; ZAHARIEVA et al., 2003; TOPCU e SENGEL, 2004; XIAO et al., 2005; RAKSHVIR e BARAI, 2006; TU et al., 2006; RAHAL, 2007; XIAO e FALKNER, 2007, citados por CABRAL, 2007) defendem que a resistência à compressão de concretos produzidos com agregados reciclados normalmente é menor que a de concretos produzidos com agregados naturais, para um mesmo consumo de cimento. Segundo os autores, as devidas reduções podem atingir até a ordem de 45% da resistência dos concretos de referência.

No entanto, alguns autores (HANSEN, 1992; LEITE, 2001; AJDUKIEWICS e KLISZCZEWICS, 2002; VIEIRA, 2003; KHATIB, 2005, citados por CABRAL 2007) encontraram em suas pesquisas aumentos na resistência dos concretos de ate 33% quando substituíram os agregados naturais pelos reciclados.

Segundo Coutinho (1997, citado por Leite, 2001), a resistência só não é influenciada pela resistência do agregado graúdo quando seu valores soam muito superiores aos valores de resistência do concreto, como no caso de rochas com valores de resistência acima de 60 MPA.
No contrário disso, a resistência dos agregados deve ser levada em consideração na análise dos fatores que influenciam a resistência final dos concretos.

 Pesquisadores citados por Hansen (1992) chegaram a resultados de resistência à compressão de concreto com agregado graúdo reciclado de 5 a 20% menores que a resistência dos concretos de referência. No Japão, a taxa de redução da resistência à compressão dos concretos gira entre 14 e 32% (TOPÇU, citado por BAZUCO, 1999).

 No trabalho de Dolara et al. (1998, citados por Leite, 2001), foi avaliada a resistência à compressão de concretos com 50 e 100% do teor de substituição do agregado natural pelo reciclado e a influência do tipo de cura realizado sobre os resultados obtidos. Os autores concluíram que a cura úmida dos concretos leva a um aumento de 10% nos resultados de resistência comparados aos concretos curados no ar.

 A utilização de concreto reciclado parece afetar ainda mais a resistência à compressão. Concretos elaborados com agregado graúdo e miúdo reciclado apresentam uma redução nas taxas de resistência de até 20% quando comparados às mesmas misturas utilizando apenasagregado graúdo reciclado e agregado miúdo natural (WAINWRIGHT et al., 1993, apud LEITE, 2001).

Quando se analisa resistência à compressão, fatores como as propriedades dos agregados reciclados utilizados, o teor de substituição e os níveis de resistência em que se está trabalhando devem ser levados em consideração. Para níveis inferiores de resistência, as diferenças tendem a ser menores (BAZUCO, 1999).

Devenny e Khalaf (1999, apud Leite, 2001) fizeram um estudo utilizando 4 tipos diferentes de tijolos cerâmicos para a produção de concretos. A variação foi feita com base nas mudanças da relação água/cimento de 0,55 e a segunda com a relação água/cimento de 0,40. Os resultados levaram a conclusão de que a resistência à compressão crescia à medida que crescia a resistência à compressão do tipo de tijolo usado em qualquer das duas misturas. Os autores também chegaram a conclusão de que é possível produzir concretos com resistências de até 67 MPA para relação a/c 0,40, utilizando tijolos cerâmicos britados como
agregado graúdo. O tipo de ruptura produzida levou-os a concluir que existe uma boa aderência entre a pasta do concreto e o agregado, visto que a ruptura também ocorria no agregado, ao invés de ocorrer na interface pasta/agregado como é mais comum no concreto convencional. Isso pôde ser explicado através da maior angulosidade apresentada pelo material reciclado que, segundo os autores, significa que o mesmo possui maior área de superfície de contato que o agregado natural para que haja a aderência da pasta com o
agregado.

Os agregados reciclados apresentam grande porosidade e alto teor de absorção, características que podem propiciar uma boa aderência à matriz do concreto e um ganho de resistência entre as primeiras idades e os 28 dias (MACHADO Jr. e AGNESINI, 1999, citados por CABRAL, 2007). Segundo os autores, é sugestivo também que exista um efeito de cura interna do concreto, esta sendo uma propriedade inerente aos agregados leves que possuem alto teor de absorção.

Dessy et al. (1998) produziram concretos com mistura que substituía 100% dos agregados naturais por agregados naturais por agregados reciclados, uma mistura que substituía apenas o agregado graúdo natural por reciclado e uma mistura de referencia sem substituição, com relações a/c 0,77; 0,69 e 0,66, respectivamente. Concluíram que existe uma redução de cerca de 23% da resistência à compressão para o concreto com 100% de agregado reciclado e de 13% para o concreto que substitui apenas o agregado graúdo.

No trabalho de Sagoe-Crentsil et al. (1998) encontraram perdas de resistência à compressão de cerca de 13% em concretos produzidos com agregado graúdo reciclado e miúdo natural e valores até 32% inferiores para concretos produzidos somente com agregados reciclados. Os autores atribuíram esta redução a maior demanda de água apresentada pelo concreto com agregado reciclado em relação ao concreto convencional.

DI NIRO et al. (1998, citados por Levy, 2001) Realizaram misturas de concretos com agregado reciclado utilizando teores de 0, 30, 50, 70 e 100% de substituição do agregado graúdo natural pelo reciclado e concluíram que quanto maior o teor de substituição utilizado, menor era a resistência à compressão do concreto reciclado. Para o traço com 100% de agregado reciclado a redução foi de cerca de 20%, enquanto que para a mistura com apenas 30% de substituição a redução foi de apenas 4%.

Concretos produzidos com agregado graúdo reciclado de blocos cerâmicos, com relação a/c variando de 0,3 a 0,6, apresentam resistência à compressão cerca de 10% maior que as perspectivas misturas de referência. No traço com relação a/c 0,3 o concreto reciclado apresentou resistência de 72 Mpa, contra 64 Mpa do traço de referência com brita granítica (MANSUR et al., 1999, apud LEITE, 2001).

HANSEN e MARGA (1989), citado por HANSEN (1992), encontraram uma redução de aproximadamente 30% e 23,3%, respectivamente, no concreto produzido com 100% de agregados miúdos e graúdos reciclados de concreto, quando comparados com o concreto de referência.

Na pesquisa de SANI et al. (2005, citados por Cabral, 2007), os concretos confeccionados com agregados miúdos e graúdos, compostos de' 25 a 32% de cerâmica e de 35 a 45% de concreto, apresentaram uma resistência à compressão 40% menor que a dos concretos com agregados naturais.

Frente aos vários resultados encontrados dos mais diferentes tipos de pesquisa desenvolvidos, conclui-se que há uma dificuldade em apontar qual comportamento observado para os concretos produzidos com agregado reciclado é o mais correto. Segundo Leite (2001), isto se dá pela dificuldade de avaliar quais parâmetros foram tratados como constante em cada estudo para fazer as devidas comparações. Ou seja, a falta de um procedimento padrão para as pesquisas torna difícil a adoção, deste ou daquele resultado como parâmetro que sirva como orientador do comportamento do material, ou que ajude a ratificar os resultados já existentes.
FONTE DO TEXTO:UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA / DAVID DOMINGUES /CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DE DOSAGEM DO CONCRETO COM AGREGADO / DE RCD / BELÉM / 2013
FONTE DA IMAGEM: SLIDESHARE