19 janeiro 2015

1ª PARTE - INTRODUÇÃO DE TRABALHO FEITO COM ESTUDO DE DOSAGEM DO CONCRETO COM AGREGADO EM RCD

A indústria da construção civil ao longo dos últimos anos vem sofrendo grandes transformações em relação às técnicas de construção, seguindo as fortes tendências de outros setores em migrar para novas tecnologias (automação). O consumo de recursos naturais e energia têm crescido na mesma proporção do crescimento e desenvolvimento tecnológico da população mundial, o que acarreta um excessivo e descontrolado consumo de recursos naturais. Com base nesse fato, novas posturas estão sendo adotadas em relação ao meio ambiente nas últimas duas décadas.

 
INTRODUÇÃO DE TRABALHO FEITO  COM ESTUDO DE DOSAGEM DO CONCRETO COM AGREGADO EM RCD
TRABALHO FEITO  COM ESTUDO DE DOSAGEM DO CONCRETO COM AGREGADO EM RCD

Segundo Sjöstrom (2000, apud Leite 2001), a construção civil representa um dos setores
de maior vulto na sociedade, chegando a contribuir com cerca de 25 % do PIB (no Brasil, este valor corresponde a 14,5%, segundo FIESP, citado por John (2000), na Comunidade Europeia chega a envolver 30 milhões de operários, sendo o maior setor econômico (SJÖSTRÖM, 2000, citado por LEITE 2001)). Apesar de sua contribuição no produto interno bruto, o ramo da construção civil é considerado um dos maiores agentes de degradação do meio ambiente.

 A quantidade de energia, recursos naturais consumidos e o volume de resíduos gerados pelo setor são bastante significativos, indo desde a obtenção da matéria prima até sua utilização e demolição.

Desde o início do século 20, houve um crescimento da população urbana de 15 % para 50
%. E isso se reflete no aumento da necessidade do consumo e produção de bens por parte dos centros urbanos. No Brasil, por exemplo, o déficit habitacional é um dos principais propulsores para construção de novas habitações, e assim, aumenta a extração de recursos e a geração de resíduos (CARNEIRO et al., 2000, apud Leite 2001). Além do crescimento desordenado, ainda sofremos constantes mudanças em relação a novos conceitos arquitetônicos e novos elementos, que causam assim, grandes mudanças dentro dos espaços, sejam eles residenciais ou comerciais. Os comercias sofrem essas mutações mais fortemente, pelo fato de sempre haver concorrência entre estabelecimentos, o que traz constantemente necessidade de mudanças, sejam elas visuais ou comportamentais, necessitando assim, de reformas grandes em espaços que já existem há alguns anos.

Adicionalmente, num passado ainda não muito distante, muitas estruturas de concreto foram concebidas sem o conhecimento necessário sobre a sua durabilidade. Isto levou, e leva, ainda hoje, à redução da vida útil das estruturas, causando sério aumento no volume dos resíduos gerados (LEVY e HELENE, 2000, apud Leite, 2001). Com o objetivo de aumentar a  vida útil destas estruturas são necessárias algumas modificações, por simples necessidade de manutenção ou por questões arquitetônicas, ocasionando a geração de resíduos. Nas reformas e demolições, a falta da cultura de reutilização e reciclagem é a principal causa da geração dos resíduos (ZORDAN, 2000, apud Leite 2001).

Segundo Donaire (1996), a sobrevivência e consolidação de empresas e oportunidade de
bons negócios no mercado, estão cada vez mais atrelado a posturas e medidas para redução parcial ou total de agressões ao meio ambiente. Isso demonstra a importância e interesse de empresas em ascensão, e empresas consolidadas no mercado, em se readaptar as políticas que possam evitar parcial ou totalmente agressões ao meio ambiente.

Os resíduos de construção e demolição (RCC) representam 50% da massa dos resíduos
sólidos urbanos (RSU). Uma estimativa aponta para um montante de 68,5 milhões de
toneladas por ano, visto que 137 milhões de pessoas vivem no meio urbano. (ÂNGULO,
2005).

A tabela 1 mostra o volume de resíduos retirados mensalmente em uma obra próxima ao
centro de Belém.

Tabela 1 – Indicadores ambientais da obra Torres Liberto.
INTRODUÇÃO DE TRABALHO FEITO  COM ESTUDO DE DOSAGEM DO CONCRETO COM AGREGADO EM RCD
 Fonte: Acervo do autor, (2013)

O desenvolvimento sustentável é baseado na conservação ambiental, ou seja, é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro (VALLE, 2004).

O meio da construção civil mostra-se uma ótima alternativa para o consumo de materiais
reciclados, isso se dá, pelo fato da atividade de construção ser realizada em qualquer região, reduzindo assim, o custo no fator transporte (JOHN, 1996). Na maioria das vezes, o agregado natural necessita de transporte de mais de 200 quilômetros de distância até chegar ao seu destino final, que podem ser betoneiras de pequenas obras, até usinas de concreto. O uso do material reciclado reduz significativamente este valor do transporte, que já vem embutido no valor do agregado natural. Além do que, reduz o excessivo gasto de combustível no transporte do material, reduzindo assim, a poluição do meio ambiente.
Estudos já realizados indicam que a substituição de até 30 % dos agregados graúdos naturais por agregado reciclado de resíduo de construção não altera significativamente as propriedades dos concretos produzidos, sendo esta, então, a forma mais simples e econômica de utilizar estes agregados (KIKUCHI et al.; KASHINO e TAKAHASHI; e YAMAMOTO, citados por LEVY, 1997). Estudos como este, provam a viabilidade do uso do agregado reciclado quando utilizado dentro dos padrões corretos de substituição, taxa de absorção do agregado graúdo, dentre outros.

Levando em consideração a grande quantidade do produto de demolições e resíduos das
construções, fez-se este trabalho no intuito de contribuir no ganho de conhecimento relacionado ao uso dos materiais reutilizados de construções e demolições, analisando assim, suas características quando submetidos a beneficiamentos, desgastes por absorção entre outros. E assim, finalmente chegar às dosagens necessárias para substituição parcial do agregado natural.
Fonte: UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA / DAVID DOMINGUES /CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DE DOSAGEM DO CONCRETO COM AGREGADO / DE RCD / BELÉM / 2013