13 fevereiro 2014

CONSTRUÇÃO, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DE ATERRO SANITÁRIO


CONSTRUÇÃO, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO

operação e manutenção aterro controlado
MANUTENÇÃO DE UM ATERRO SANITÁRIO



1.1 Construção

Existem três métodos distintos para se construir um aterro sanitário:

• Método de rampa;

• Método de trincheira;

• Método de área.

Segundo José Dantas de Lima, o método de rampa utiliza terrenos com declive, onde os resíduos vão sendo depositados e compactados, seguindo a declividade existente, com o recobrimento necessário no final de cada etapa de trabalho prosseguindo até que as células em construção atinjam o topo do declive da parte superior e lateral. Esta construção continua até que os diversos patamares ocupem toda a área projetada. As rampas aos poucos preenchem as células e as mesmas 6 Guia para Elaboração de Projetos de Aterros Sanitários para Resíduos Sólidos Urbanos 
– VOLUME III7 Guia para Elaboração de Projetos de Aterros Sanitários para Resíduos Sólidos Urbanos
 – VOLUME III complementam os patamares, os quais por sua vez consolidam o maciço projetado sobre a área do aterro.

Os patamares superpostos, construídos em áreas planas, consolida um aterro tipo pirâmide.

No método de trincheira as mesmas, são colocadas com dois a três metros de profundidade, chegando em alguns casos até cinco metros, dependendo da profundidade do lençol freático. O material escavado serve para cobertura do próprio aterro. Os resíduos precisam ser compactados para que seja aumentada a vida útil do aterro.

A construção de um aterro sanitário requer a participação de uma equipe de pessoas que devem estar bem treinadas e compenetradas de suas funções específicas. O estabelecimento de tarefas e funções de cada um dos componentes das equipes encarregadas da construção, operação e manutenção do aterro é de fundamental importância, tendo em vista a preservação ambiental da área onde o aterro será implantado. A condução técnica deverá estar sob a orientação de um profissional da área da Engenharia Civil, Sanitária ou Ambiental, com experiência adequada para dirigir e supervisionar todas as tarefas inerentes à obra. Dependendo do corte do aterro, auxiliares técnicos:

topógrafo, desenhista, projetista, cadista e laboratorista para estudo de solos, deverão dar suporte técnico ao Engenheiro responsável. Supervisores, capatazes, operadores de equipamento e pessoal devidamente capacitado deverão compor a equipe.

 1.2 Operação

Ao operar um aterro sanitário será necessário contar com uma frota adequada para poder cumprir a totalidade das tarefas. Com tal finalidade, dever-se-á dispor do equipamento que realize as operações necessárias de forma econômica e apropriada.
Também deverá estabelecer-se uma dotação multifuncional para substituições que possam produzir-se por diferentes razões, durante a operação do aterro, a fim de assegurar a continuidade de seu funcionamento. O equipamento dependerá do tipo e quantidade de resíduos recebidos, do material de cobertura e dos métodos de operação do aterro.
Os resíduos necessitarão ser espalhados e compactados, mas raras vezes necessitarão ser transladados pelo equipamento de aterro a distâncias superiores a trinta metros. O material de cobertura pode necessitar ser transportado a distâncias maiores, no entanto, ambos deverão ser compactados adequadamente, durante e depois de serem colocados.
A necessidade de equipamentos deve atender o manejo dos resíduos, em compactação, cobertura, obras de terraplanagem e o acondicionamento de células.
Para garantir a continuidade dos trabalhos aconselha-se incrementar em 30% o equipamento básico a fim de melhorar sua vida útil. Uma maneira de compensar o custo do equipamento extra é recorrer ao emprego de máquinas multifuncionais como pode ser o caso de um compactador que também deve ser usado para acertos de terraplanagens.
A título de orientação apresenta-se os diferentes equipamentos a utilizar, sem esquecer que o estudo da seleção do equipamento deve realizar-se de forma local para cada aterro

Equipamentos de Apoio

• Caminhões pipa de dupla tração para movimento de água (pó, infraestrutura).

• Tanque de combustível.

• Carreta (movimento de equipamento).

• Caminhões para o movimento de terra.

• Hidro lavadoras.

• Grupos geradores.

• Torres de iluminação
.
• Bombas diversas.

1.3 Manutenção

A Lei 9.605/1998 – de Crimes Ambientais e o Código Florestal – Lei 4.771/1965 e as Instruções Normativas do IBAMA 146/2007 e 154/2007, em seu conjunto estabelecem a necessidade da supervisão ambiental do empreendimento e em especial o monitoramento e o acompanhamento das condições ambientais afetadas direta ou indiretamente pelo aterro em operação.

Para o monitoramento adequado do aterro deverão ser observadas:

• a qualidade do ar;

• a poluição sonora;

• a qualidade das águas:

– superficiais;

– subterrâneas.

• o controle do solo;

• a recuperação vegetal;

• a preservação da fauna terrestre;

• a preservação dos ecossistemas aquáticos;

• o controle do efluente tratado.

Especificamente são recomendados os seguintes programas detalhados no Plano Básico Ambiental, quando solicitado pelo órgão ambiental responsável.

Qualidade do ar

• Restauração, recuperação e adensamento de áreas comprometidas pelo empreendimento, pela utilização de espécies nativas.
• Captação dos gases (biogás) drenados pelas chaminés para queima ou aproveitamento em projetos MDL (Mecanismos de Desenvolvimento Limpo).
• Plantio de cerca viva nas divisas abertas do aterro para amortecimento dos ventos que soprarem na Região, servindo de “filtro” natural.

Poluição Sonora 

A poluição sonora provocada pela movimentação de veículos, operação de máquinas e equipamentos pesados não deverá ser expandido para fora dos limites do aterro, devendo ser “abafado” dentro desses limites.

Qualidade das Águas 

O risco da degradação das águas superficiais e subterrâneas (lençol freático e profundo) deverá ser monitorado adequadamente, pois o percolado (chorume), águas superficiais contaminadas, efluentes de laboratório, casa de química, estação de tratamento e prédios da administração poderá afetar a qualidade destas águas. Para tanto, quando necessário deverão ser implantadas:

• rede coletora e tratamento de esgotos sanitários;

• impermeabilização de valas, células e bacias de contenção;

• rede coletora e tratamento de águas residuárias, bacias de contenção, pátios e estacionamento de veículos de carga;

• rede coletora de águas pluviais superficiais para lançamento adequado na r e d e hidrográfica;

• rede coletora e tratamento do percolado;

• poços de monitoramento de montante e jusante, de acordo com as Normas da ABNT;

• recirculação do efluente tratado ao corpo do aterro;

• fertirrigação do efluente tratado, quando recomendado pelo órgão ambiental responsável; 

• lançamento do efluente tratado para diluição na rede hidrográfica, quando recomendado pelo órgão ambiental responsável.

Controle do Solo

Aterros sanitários projetados nos moldes tradicionais e construídos de acordo com as Normas da ABNT e Resoluções CONAMA/SEMA-IAP, buscam diminuir ao máximo os processos erosivos e de deslocamento de massas. Para tanto, o sistema viário interno deverá obedecer o lançamento de um greide de tal forma que a movimentação do solo seja mínima, evitando-se cortes e aterros. Os cortes que se tornam necessários, devem obedecer técnicas em que os volumes resultantes sejam armazenados em áreas laterais, evitando-se o carregamento do solo aos sistemas de drenagem de águas pluviais superficiais. Os maciços construídos com o volume de resíduos aterrados deverão ter taludes auto-sustentáveis, evitando obras de contenção, sempre que possível.

As atividades a serem desenvolvidas são:

• Pavimentação dos acessos internos e pátios, tendo em vista a mínima movimentação do solo por cortes e aterros;

• Drenagem de águas pluviais superficiais para lançamento no talvegue inferior, com dissipador de energia quando necessário;

• Monitoramento dos taludes tendo em vista a estabilidade dos maciços construídos. 

Recomposição Vegetal

Deverá ocorrer pela preservação da mata nativa e o adensamento dos entornos das redes hidrográficas limítrofes.

Preservação da Fauna Terrestre

A expulsão da avifauna e mastofauna silvestre faz parte da natureza específica de um aterro sanitário. Por outro lado a infestação de vetores (urubus, garças, mamíferos e outros muitos da fauna terrestre) Representam falhas na cobertura diária do aterro, não devendo ocorrer. Caso ocorra, deverão ser localizadas e suprimidas rapidamente, restabelecendo-se o controle desses vetores para operação adequada do aterro.

Preservação de Ecossistemas Aquáticos 

A ocorrência de precipitações pluviométricas sobre a área do aterro produzirão escorrimento superficial das águas, transportando sedimentos, os quais atingirão, em último estágio, a rede hidrográfica superficial. Essas perturbações deverão ser nulas ou de pequena significância.

Controle do Efluente Tratado 

Em função do tipo de tratamento projetado para o chorume (percolado) o efluente tratado deverá sofrer um controle bastante eficiente tendo em vista a redução das cargas orgânicas presentes.

Ver detalhes, do projeto da Central de Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos Industriais e Urbanos, Classes-I, II-A e II-B 

1.4 Fechamento e Selagem

O projeto e a construção de aterros sanitários são uma atividade contínua que termina somente quando toda a capacidade disponível ou permitida na área tenha sido preenchida com resíduos sólidos. Quando isto acontece, o aterro deve fechar-se, identificando o momento final de uma instalação que não irá receber mais resíduos. Para assegurar o funcionamento dos controles ambientais no fechamento e durante o período posterior, deve-se desenvolver um plano que frequentemente se realiza durante a fase de projeto. O objetivo do plano é definir os passos que têm que ser adotados para fechar o aterro e os elementos de manutenção, após o fechamento, que sejam necessários.
Os aterros fechados ou abandonados apresentam diversos problemas potenciais para a comunidade, os quais podem ser mais graves e dispendiosos de solucionar que supervisionar e construir aterros novos, porque as práticas de vazamento de lixo do passado, normalmente não seguiam os critérios e normas atualmente em uso. Sem critérios de gestão, muitos aterros aceitavam resíduos que atualmente se excluem dos aterros de RSU.
Apresenta-se a seguir, os elementos básicos envolvidos nos planos de fechamento para vazadouros e/ou aterros sanitários, além das ações que se podem adotar para fechá-los e as linhas e diretrizes para a manutenção a longo prazo de aterros sanitários fechados ou em processo de fechamento. Tem que se assinalar que o fechamento de um aterro é uma atividade separada do projeto e da operação do mesmo.
Conceituação apresentada pela FIOCRUZ, Gestão Integrada de Resíduos Municipais e Impactos Ambientais 
A falta de planejamento e controle da operação de vazamento de resíduos sólidos, a pouca supervisão nas atividades industriais geradoras de importantes volumes de resíduos assimiláveis e urbanos ou de caráter perigoso, junto com uma disposição inadequada destes, originam áreas ambientalmente degradadas, que podem causar variados impactos nos núcleos de população próximos.
Os vazadouros/aterros fechados ou em processo de fechamento são um problema, quando existe um impacto sobre a saúde pública ou sobre o ambiente, produzido pelos resíduos ou subprodutos dos resíduos, tais como gases, percolados e outros. Em muitas situações, o aterro permanece como um vizinho benigno, sofrendo os processos naturais de decomposição sem gerar riscos. Não obstante, como o incremento da população tem produzido mudanças na utilização de terrenos, os aterros fechados e/ou abandonados podem chegar a produzir impactos sobre a atividade humana. Neste contexto, têm-se debatido muito sobre os impactos de aterros, reais ou percebidos e qual será o efeito sobre sua vizinhança.

Existem procedimentos que permitem responder estas perguntas como os seguintes: 

identificação do lugar, identificação e estudo dos caminhos que podem seguir os poluentes para afetar a população e ao ambiente, análise dos impactos pelo assentamento do aterro, os impactos visuais e as reações do público a respeito do problema.
A introdução de medidas corretivas em um local utilizado para a disposição de resíduos depende em grande parte das normas existentes sobre a saúde pública e o ambiente. Na maioria dos casos, as normas estão estruturadas para estabelecer limites para cada tipo de poluente, tendo os poluentes tóxicos, as normas mais restritivas quanto às quantidades permitidas no ambiente.
Entretanto, deve-se assinalar que as normas mais restritivas para os poluentes tóxicos são normas de referência. Embora não seja possível definir a quantidade de problemas de contaminação que poderiam surgir em um vazadouro ou aterro sanitário fechado, pode-se definir um procedimento a seguir para responder a um problema identificado.
Quando se identifica que um antigo vazadouro ou aterro sanitário origina problemas ambientais, é importante realizar trabalhos de campo para definir os tipos e quantidades de contaminação que provocam o problema. As investigações de campo para identificar o tipo e a quantidade de poluentes são caras e interrompem a utilização que se esteja dando ao lugar ou aos aterros afetados pelo caminho que possa seguir o movimento dos poluentes. Quantificar o movimento subterrâneo de poluentes desde um antigo vazadouro fechado é caro, porque normalmente se sabe pouco ou nada sobre os estratos inferiores. Portanto, é prudente fazer uma aproximação estruturada à coleta de dados de campo que desenvolvem a investigação através de uma série de passos, cada um dos quais, terá um objetivo concreto e um orçamento para levá-lo a cabo. Todas estas práticas constam da bibliografia especializada atual, porém são muito difíceis de serem efetuadas em sua totalidade e de forma coordenada, nos países subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento.
A classificação de um vazadouro fechado ou abandonado é importante para definir as soluções concretas mais adequadas. Uma vez que se tenha classificado o local, pode-se proceder com a ação corretiva. Os principais objetivos dos estudos são, inicialmente:

• Determinar se há emissão de poluentes do aterro em direção ao ambiente;

• Determinar se há algum perigo imediato para as pessoas residentes ou que trabalham nas imediações do lugar;

• Definir as principais recomendações para a clausura.

Quando um vazadouro ou aterro sanitário completa a sua vida útil, deve continuar funcionando eficazmente como uma unidade para o controle ambiental dos resíduos, durante um longo período de tempo no futuro. Atualmente, na América Latina, estão sendo impostos procedimentos mais rigorosos e se começa a exigir a inclusão de um plano de fechamento e selagem como parte do processo de aprovação de um projeto de aterro sanitário, antes de começar as operações de construção e descarga de resíduos sólidos. O plano de fechamento e selagem deve contemplar todas as características do lugar e identificar as entidades responsáveis pelo fechamento das instalações. Normalmente, os planos de fechamento e selagem desenvolvidos com o projeto de um aterro são modificados durante a operação. Portanto, é importante atualizar periodicamente o plano de fechamento e selagem.
Em um plano de fechamento e selagem, deve-se considerar os seguintes pontos:

• Projeto da camada de cobertura de selagem.

• Sistema de controle de águas superficiais e de drenagem.

• Controle dos gases do aterro.

• Controle do tratamento dos percolados.

• Sistema de monitoramento ambiental.

Corresponderá aos operadores do aterro sanitário, sejam estes municipais ou privados, a execução das tarefas e aos serviços de saúde e ao órgão ambiental responsável exercer as funções fiscais Correspondentes.
As instalações de coleta e tratamento de percolados se projetam e se constroem, quando o aterro começa a ser operado. Depois do fechamento, utilizam-se as mesmas instalações. Em um aterro fechado, durante a fase de decomposição denominada maturação, normalmente diminui a quantidade do percolado gerado, assim como a concentração de DBO5 e DQO.
Algumas recomendações são propostas, as quais deveriam ter caráter obrigatório para as autoridades responsáveis em realizar o fechamento e selagem do aterro sanitário, sejam estes operadores privados ou municipais. Para garantir seu cumprimento deveriam estar estabelecidas dentro de um marco legal e regulamentar, aprovados pela autoridade competente e encarregar a fiscalização a entidades capacitadas para isso.

As recomendações mais significativas são as relacionadas com:

• Orientações relativas ao controle de biogás gerado no aterro.

• Sugestões para implementar sistemas de monitoramento de gases e percolados.

• Rotinas gerais relacionadas com o manejo da água na superfície do aterro.

• Metodologia para registrar o comportamento das deformações do aterro.

Normalmente, na etapa de selagem se habilitam os sistemas para o controle das emanações do biogás e percolados que se geram na massa de resíduos assim como problemas causados por assentamentos do aterro e eventuais emergências. Estes sistemas têm o propósito de evitar riscos sanitários e ambientais que se poderiam produzir no aterro sanitário.

• A função de drenagem correta do biogás gerado no aterro, através das chaminés, deverá ser verificada mediante inspeções visuais e medições periódicas. O propósito destas inspeções é comprovar que os níveis de produção de biogás se mantenham baixos e que não exista perigo de combustão ou mal cheiro. Portanto, somente à luz dos resultados de um monitoramento contínuo de gases poder-se-á definir a frequência com que se devem realizar medições. Deve-se lembrar que em geral é muito difícil extrapolar resultados de um aterro sanitário a outro, devido a que as condições climáticas, o material de cobertura, o tipo e composição dos resíduos depositados e o nível freático, entre outras características, podem variar significativamente. Quando a geração de biogás é pequena, este praticamente se diluirá na atmosfera; caso esta quantidade seja alta, dever-se-á efetuar uma queima controlada ou nos casos que o biogás se apresente em níveis significativos, proceder-se-á uma perda de gás controlada. Em todo caso, ao observar-se qualquer aumento na produção de biogás, registrar-se-á no diário de obras do aterro fechado, além de solicitar a assessoria de pessoal especializado.
Um aterro em plena produção alcança volumes superiores a 180 metros cúbicos de biogás por tonelada de resíduos com um percentual próximo a 50% de metano. A medida que o aterro envelhece e seu conteúdo orgânico se degrada, em condições anaeróbias, tende a diminuir este volume de gás, encontrando-se cifras próximas a 5 metros cúbicos de biogás por tonelada de resíduos em processo de degradação biológica com percentuais de metano que não superam 10%, em aterros com mais de 20 anos. Estes dados referenciais, dadas as condições particulares de anaerobiose de cada aterro, permitem recomendar manter chaminés de ventilação passiva com tomadas de amostra quinzenais a mensais em aterros fechados com menos de 5 anos de idade, mensais a trimestrais em aterros entre 10 a 30 anos. Para isso, deve-se ter presente a variação que podem apresentar os aterros em quantidade e qualidade de biogás gerado, dada a diferença de densidade, umidade, temperatura, altura da massa, 

• A infraestrutura necessária para realizar um monitoramento é um laboratório que conte com um cromatógrafo e um equipamento que detecte gases no terreno. Também é necessário contar com o diário de obras, no qual devem constar as variações ocorridas na geração do biogás, assim como registrar outras incidências observadas no aterro fechado, que não tem necessariamente relação com a produção de gás. O responsável pela operação do aterro sanitário terá obrigação de manter um diário de obras que esteja à disposição da fiscalização.

Em todo caso, a respeito do cuidado com as chaminés, pode-se recomendar que:

• Em caso de observar alguma deterioração no duto de ventilação ou na área próxima ao mesmo, deve-se informar imediatamente ao pessoal encarregado da manutenção, com o objetivo de proceder o seu reparo. Considerar-se-á a manutenção pelo menos uma vez ao ano das chaminés existentes, já que podem deteriorar-se por oxidação, por assentamento ou por erosão do aterro.

• Deve ser levada em conta a colocação de pontos para a tomada das amostras nas chaminés de drenagem de gases, os quais devem ser mantidos em boas condições para facilitar as medições. Também deve-se assegurar que a água não escorra para o interior das chaminés, pois, ao ocorrer isto, seria gerado um aumento na produção de percolados e biogás, com um aumento no risco potencial de contaminação. Em caso de encontrar-se alguma anormalidade, esta deverá registrar-se no diário de obras mencionado anteriormente Isto implica que as chaminés deverão ser mantidas em ótimas condições.

 Por tal razão,deve-se impedir que pessoal não autorizado as manipule. Deve ser utilizado pessoal especializado, de forma obrigatória, para o manejo dos sistemas de segurança
• Os dutos de ventilação podem apresentar assentamentos pelo maior nível de degradação que pode ter o seu entorno. Frente a isto, deve-se proceder a um imediato nivelamento e assegurar a continuidade da tubulação.
No caso em que o aterro sanitário conte com um sistema de controle periférico de biogás, o mesmo deverá ser revisado periodicamente, além de mantido limpo com a finalidade de evitar emanações para as residências e áreas vizinhas que possam ser geradas por falha na drenagem e nas chaminés de exaustão.
Na área ocupada pelo aterro fechado, deve-se realizar uma inspeção visual diária com o objetivo de detectar possíveis focos de emissão de biogás. No caso de perceber emanações ou algum odor característico de biogás, dever-se-á comunicar de imediato aos encarregados do lugar, para que eles decidam se procede ou não chamar pessoal especializado e efetuar determinações mediante instrumentos específicos. Igual ação será empreendida se estas emanações são detectadas no exterior do local. Deverão ser realizados também registros e avaliações periódicas das emissões de biogás, entregando-se a informação aos encarregados do aterro fechado. A periodicidade dos registros e avaliações estará relacionada diretamente com a qualidade e vazão de biogás que se meçam. Deve-se levar em conta as recomendações expostas anteriormente em função da idade do aterro.

• Ainda que o aterro sanitário tenha sido projetado para manter sob controle os líquidos percolados, não se pode assegurar que não ocorram migrações para a superfície ou percolação para os níveis inferiores do terreno. Com o propósito de verificar possíveis infiltrações de percolados no terreno, é conveniente realizar controles periódicos da qualidade da água extraída de poços de monitoramento, que, caso não existam, devem ser instalados à montante e à jusante do aterro sanitário. O tipo, número e a localização destes poços dependerão de cada projeto de engenharia em particular. Em todo caso, é recomendável considerar os poços para monitoramento de águas em função da topografia e altura da massa. Em aterros com topografia plana, com espessura de aterro considerável e lençol próximo à superfície, recomenda-se instalar dois poços de monitoramento, um à montante e outro à jusante do aterro, para tomar as amostras respectivas. Podem-se incluir como pontos de amostra todos os poços de água que se encontrem em zonas próximas ao aterro. Deve-se considerar uma amostra no ponto de interseção com qualquer curso de água. As amostras de água serão submetidas a diferentes análises em laboratórios oficiais, para determinar-se de acordo à legislação vigente, se existe algum grau de contaminação. A periodicidade das amostras será mensal, trimestral em caso de aterros fechados com menos de 5 anos e semestral a anual em caso de aterros com mais de 5 anos desde a data de fechamento.

• Deverão ser realizadas medições periódicas de assentamento de terreno, com especial ênfase na manutenção do relevo da área. Isto permitirá também controlar o comportamento do aterro e introduzir as medidas corretivas, quando necessárias, para que as águas de chuva escorram sempre para fora do aterro e distantes das chaminés. Além disso, deve-se registrar e informar de imediato aos especialistas quando ocorrerem assentamentos bruscos, já que podem estar relacionados com a reativação dos processos de decomposição na massa do aterro, com a consequente geração de biogás. 
O conhecimento do comportamento de deformação da área permitirá introduzir medidas corretivas no aterro fechado. A periodicidade das medições estará determinada pela magnitude dos assentamentos registrados.
Dadas as características do aterro dependendo principalmente da composição de resíduos, altura e idade do aterro, é recomendável efetuar controles mensais até o segundo ano de fechamento, trimestrais até os cinco anos, semestrais até dez anos de idade e anuais até sua estabilização total.
É nesta etapa que se deve contar com planos de emergência para enfrentar possíveis problemas como incêndios, migração de gases ou percolados para o exterior do aterro sanitário, inundações, erosão da capa de selagem superficial e abertura de fissuras, entre outros. Estes planos de emergências devem estar projetados para cada caso em particular e, além disso, devem prever uma resposta rápida.
As ações destinadas a introduzir medidas corretivas e planos de emergência, deverão ser de cumprimento obrigatório por parte do responsável do fechamento e da selagem do aterro sanitário, devendo ser controlado pelo órgão fiscalizador, apoiado em normas específicas. Portanto deve-se contar com uma regulamentação específica para o fechamento e selagem do aterro sanitário.

1.5 Reinserção

Ainda segundo a FIOCRUZ, em seu "Manual de Gestão Integrada de Resíduos Municipais e Impactos Ambientais", transcrevem-se as recomendações a seguir.
Quando terminam os processos biológicos naturais produzidos pelo lixo, o aterro se estabiliza e o espaço que ocupa pode utilizar-se para outros fins comunitários.
Toda alternativa de reinserção de uma área impactada pelo lançamento de resíduos sólidos deve satisfazer o objetivo de proteger a saúde humana e o meio ambiente. Para orientar o estudo deverão ser estabelecidos os objetivos específicos. No Chile se registram experiências sobre recuperação e reinserção de antigos aterros sanitários, realizadas dentro de programas previamente determinados como o Programa de Florestamento Urbano do Ministério da Habitação e Urbanismo, que indica previamente o uso futuro do aterro, como parque.
Segundo La Grega et al. (1996) a dificuldade de selecionar a metodologia e o sistema de recuperação se explicam por quatro razões:

• As condições de assentamento podem ser muito complicadas.

• A recuperação não se produz imediatamente, senão em longo prazo de tempo, cobrindo um número de etapas independentes.

• Pode existir um grande número de alternativas de recuperação, cada uma com suas próprias características técnicas.

• Não existem ainda experiências suficientes que indiquem o melhor procedimento.

Os terrenos recuperados com as operações de lançamento de resíduos sólidos podem oferecer valiosas vantagens à cidade, já que podem ser destinados a usos recreativos como, parques, campos de esportes; usos comerciais como estacionamentos de veículos ou edificações industriais e comerciais ou usos agrícolas. No entanto, a utilização posterior que se dá a aterros sanitários deve estar condicionada pelo seu meio e, até certo ponto, pelo grau de assentamento e a estabilidade atingida pelo processo de degradação dos resíduos. Por exemplo, um aterro localizado a vários quilômetros de distância de uma área residencial não é adequado para campo de esportes ou estacionamento, e outro no qual se espera um assentamento rápido e desigual não é adequado sequer para pequenas edificações. Em todo caso, ainda que não seja a regra geral, se antes de começar o aterramento se decide qual será a utilização posterior do terreno, se pode planificar o método de operação e o grau de compactação dos resíduos sólidos de acordo com as necessidades da alternativa de reinserção escolhida.
A seguir se apresentam alguns critérios adotados em trabalhos de recuperação para ilustrar o básico de um desenvolvimento metodológico deste tipo de projeto e sua projeção.
Usos Recreativos
Entre as aplicações mais populares que se dão aos terrenos de aterros, depois que se completou sua vida útil estão os parques recreativos e os campos de esportes.
Existem numerosos trabalhos onde os aterros sanitários foram utilizados como áreas de recreação e serviços; no entanto, não existe uma informação final sobre o tipo de vegetação que pode adaptar-se sem problemas às condições adversas de um aterro sanitário.
Já em 1972 (DUANE) indica o sucesso na construção de campos de golf e jardins sobre aterros sanitários, usando também espécies de árvores para completar a paisagem. Dentro das espécies recomendam-se espécies leguminosas e gramíneas como o trevo branco e rosa, Festuca, Agrostis, Lupino, sp. e outros.
Em geral, as espécies com melhor desenvolvimento são:
• Eucalyptus globulus – Eucalipto.
• Acacia salina – Esponjeira.
• Acacia caven – Abricó.
• Parquisonia aculeata – Cina-cina.
• Robinia pseudoacacia – Acácia.
• Mesembryanthemum sp – Raio de sol.
• Gazania sp.
• Rosa sp – Rosa.
• Acer negundo.
• Fraxinus exelsior.
• Schinus molle – Pimentão.
• Liquidambar estratiflua.
• Bracatinga.
Em Paranaguá/PR, a mamona tem se apresentado como excelente cobertura vegetal nas áreas de remediação do lixão do Embocuí.

Usos Comerciais

A alternativa de dar um destino comercial aos aterros sanitários pode consignar-se como uma das mais utilizadas, sobretudo em países desenvolvidos onde antigos locais de aterro ficaram dentro do raio urbano. Existem vários casos que foram divulgados na literatura especializada, sobre a construção de diversas estruturas em antigos vazadouros ou aterros sanitários.
Da mesma forma que em outras alternativas para o uso posterior de um antigo vazadouro ou aterro sanitário, o manejo de gases e líquidos percolados, junto com aspectos geotécnicos, são os principais problemas a resolver. Manejo de gases e líquidos percolados se realiza de acordo com os sistemas convencionais utilizados habitualmente, porém os aspectos geotécnicos como a capacidade de suporte e os assentamentos necessitam especial atenção, para concretizar com sucesso esta alternativa de reinserção de aterros sanitários.
Dependendo do tipo de estrutura que se deseje implantar sobre o aterro, as soluções empregadas no mundo para resolver os problemas derivados dos assentamentos e a capacidade de suporte do aterro têm sido variadas, entre elas, são mencionadas:

• A remoção de parte ou a totalidade dos resíduos do antigo aterro e sua substituição por material de melhor qualidade, que se dispõe em condições controladas e sobre o qual se constrói a estrutura.

• Melhoramento do aterro de resíduos sólidos, recorrendo a práticas geotécnicas como a compactação do aterro, a consolidação dinâmica, a carga anterior ou aterros de sobrecarga.

• A construção profunda mediante pilotis.

• A disposição de uma camada de selagem superficial, de solo de boa qualidade, devidamente compactado e sobre o qual se assenta a estrutura.

Entre as estruturas de uso comercial que se assentaram sobre antigos aterros pode-se mencionar as de vias como estacionamentos e vias de comunicação, e as do tipo de edificações como galpões e outros tipos de edifícios leves. Nesses casos, o grau de assentamento que se pode alcançar é um parâmetro de grande importância em comparação com as outras alternativas.

Usos Agrícolas

Dentro das alternativas de utilização dos aterros sanitários, uma vez finalizados, se encontra a vegetação tanto de árvores quanto de arbustos, naqueles setores não urbanos.
Com as operações de fechamento e selagem do aterro e reinserção, além do monitoramento temporal dos parâmetros mais significativos, as operações nos aterros serão consideradas terminadas