O solo arenoso possui uma importância estratégica para a sustentabilidade, principalmente por sua facilidade de manejo e por representar uma nova fronteira agrícola quando submetido a práticas de manejo sustentável. Embora apresente desafios como a baixa capacidade de retenção de água e nutrientes, suas características físicas, se bem geridas, contribuem para a produção sustentável de alimentos e para a conservação ambiental. o solo arenoso não é um "defeito", mas sim um tipo de solo com características específicas que, quando compreendidas e manejadas com técnicas sustentáveis, podem ser altamente produtivas e contribuir para a preservação ambiental.
SOLO ARENOSO NO DESENVOLVIMENTO URBANO
O solo arenoso pode ser utilizado para o desenvolvimento urbano, mas requer planeamento e técnicas de engenharia específicas para garantir a estabilidade das fundações. As principais considerações envolvem a sua baixa capacidade de suporte de carga, a tendência a ceder sob peso e a alta permeabilidade, que pode levar à erosão e à instabilidade quando molhado.
SOLO ARENOSO MELHORA A DRENAGEM URBANA
O solo arenoso é altamente eficaz para melhorar a drenagem urbana devido às suas partículas maiores e espaços porosos (macroporos) que facilitam a infiltração rápida e eficiente da água. Isso ajuda a prevenir inundações e encharcamentos, que são problemas comuns em áreas urbanas com solos mais compactados ou argilosos. A estrutura granular do solo arenoso permite que a água da chuva escoe rapidamente através dele, reduzindo significativamente o escoamento superficial (runoff).
Aplicação Prática
Em projetos de desenvolvimento urbano ou paisagismo, a adição de areia a solos pesados e compactados, como os argilosos, pode transformar a capacidade de drenagem do local. A quantidade necessária de areia para atingir uma capacidade de infiltração ótima pode variar, mas estudos indicam que misturas com 70% a 85% de areia podem ser eficazes para soluções de tratamento de águas pluviais.
O uso de solo arenoso é uma estratégia eficaz para gerenciar as águas pluviais de forma mais natural e resiliente, especialmente em face das mudanças climáticas e da crescente urbanização.
CARACTERISTICAS DO SOLO ARENOSO E OUTRAS PRATICAS SUSTENTÁVEIS
Solos arenosos são aqueles que apresentam menos de 15% de argila. Estes solos possuem uma maior proporção de areia (70%), por isso secam mais rapidamente porque são porosos e permeáveis. Os espaços (poros) entre os grãos são maiores o que possibilita a passagem da água com mais facilidade entre eles e alcançando profundidades maiores. E nesta movimentação da água para as camadas mais profundas, ela carrega junto os nutrientes essenciais às plantas. Por isto, são solos que apresentam pobreza de nutrientes. A densidade aparente varia de 1,2 a 1,8 g/cm³. Quanto maior a densidade aparente, menor a porosidade.
São solos com limitações em relação à fertilidade natural. Estes solos possuem pH ácido, pobreza em nutrientes, baixos teores de matéria orgânica, baixa capacidade de troca de cátions, deficiências de cálcio, e toxidez por alumínio nas camadas mais profundas. Nestas condições, as plantas encontram dificuldade para desenvolverem um ótimo sistema radicular em extensão e em profundidade, causando sérios problemas na produção das culturas, além da toxidez do alumínio. Ao contrário dos solos argilosos, apresentam baixa retenção de água, muito sujeitos à erosão devido a sua baixa estruturação. O mau desenvolvimento do sistema radicular faz com que as plantas sofram estresse hídrico, principalmente nos períodos de estiagem, o que contribui para limitar a produtividade das lavouras. A acidez do solo deve ser corrigida com aplicação de calcário, com a incorporação do produto a profundidades maiores e com bastante antecedência do plantio. A pobreza de nutrientes, principalmente fósforo (P) e potássio (K) pode ser corrigida com aplicações, à lanço, de adubos fosfatados e potássicos, seguidas da adubação de manutenção, com aplicações de NPK, mais adubação de cobertura.
Agricultura com solo arenoso
Para uma agricultura nestes solos, à longo prazo, é preciso a adoção de práticas conservacionistas, a utilização do sistema de plantio direto, a integração lavoura pecuária, rotação de culturas, adubação verde, etc. A deficiência de cálcio e a toxidez por alumínio nas camadas profundas do solo podem ser combatidas com o uso do gesso agrícola. O gesso contribuirá para criar um ambiente propício ao desenvolvimento das raízes, o que permitirá às plantas atravessarem melhor um veranico e aproveitarem os nutrientes disponíveis na camada mais profunda do solo. O gesso, sulfato de cálcio, libera cálcio e o íon sulfato liga-se ao alumínio formando compostos menos tóxicos para as plantas. A reciclagem de nutrientes é importante nestes solos. A adubação verde, com o plantio de plantas em cobertura e depois incorporadas, favorecem a reciclagem de nutrientes das camadas sub superficiais para a superfície do solo. Outra vantagem da adubação verde, nestes solos, é o aumento do teor de matéria orgânica, que, originalmente, é muito baixo. Nos solos arenosos, as plantas, para mostrarem alta produtividade, necessitam de grande aporte de adubos orgânicos: bagaço de cana, bagaço de coco e estercos de animais.
Os solos arenosos se prestam para a irrigação, o que melhora a produtividade. Devido à grande profundidade e a drenagem são pouco propensos à salinização.
Os solos arenosos podem ser usados para a agricultura, desde que se pratique um bom "manejo". Os solos arenosos, por suas características, precisam de muitos cuidados quando se destinam à produção de alimentos. A erosão destes solos pode ser aliviada com a introdução do plantio direto ou a rotação de culturas. A baixa retenção de água pode ser compensada pelo maior desenvolvimento do sistema radicular, em área e em profundidade. A deficiência de nutrientes está associada à baixa CTC destes solos, promovendo uma maior lixiviação de cátions. Como grande parte da CTC está associada à matéria orgânica, o aumento do teor orgânico pode ser aumentado pela adição de resíduos vegetais, menor mobilização do solo e tempo de utilização do manejo.
A RESILIÊNCIA DO SOLO ARENOSO
Os solos arenosos têm, como característica, a sua "resiliência". O que é resiliência? Resiliência é a habilidade do solo de resistir ao estresse e recuperar-se depois de cessado o mesmo. Solos com baixa resiliência se degradam e se recuperam com mais facilidade, ao contrário dos solos com alta resiliência. Os solos com baixo teor de matéria orgânica são mais suscetíveis à degradação, são de baixa resiliência. O manejo nestes solos seria aumentar o teor de carbono (C) pelo incremento de resíduos vegetais incorporados (C x 1,72 = MO). No preparo do solo, quando for utilizado o arado e a grade, é necessário considerar 60 a 80% da capacidade de campo. No caso de escarificador e subsolador, a faixa ideal de umidade deve estar entre 30 e 40% da capacidade de campo. O uso do preparo convencional induz rápido decréscimo da agregação facilitando a erosão. A adoção do plantio direto promove um incremento da agregação do solo, dificultando a erosão, e possibilitando uma agricultura sustentável.

