15 junho 2012

SOCIOLOGIA, ESTRATIFICAÇÃO, CLASSES E MOBILIDADE SOCIAL

ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL 

A estratificação social indica a existência de diferenças, de desigualdades entre pessoas de uma determinada sociedade. Ela indica a existência de grupos de pessoas que ocupam posições diferentes.

SOCIOLOGIA, ESTRATIFICAÇÃO, CLASSES E MOBILIDADE SOCIAL
SOCIOLOGIA


São três os principais tipos de estratificação social:

Estratificação econômica: baseada na posse de bens materiais, fazendo com que haja pessoas ricas, pobres e em situação intermediária;
Estratificação política: baseada na situação de mando na sociedade (grupos que têm e grupos que não têm poder);
Estratificação profissional: baseada nos diferentes graus de importância atribuídos a cada profissional pela sociedade. Por exemplo, em nossa sociedade valorizamos muito mais a profissão de advogado do que a profissão de pedreiro.
A estratificação social é a separação da sociedade em grupos de indivíduos que apresentam características parecidas, como por exemplo: negros, brancos, católicos, protestantes, homem, mulher, pobres, ricos, etc.
A estratificação é fruto das desigualdades sociais, ou seja, existe estratificação porque existem desigualdades.

Podemos perceber a desigualdade em diversas áreas:

 Oportunidade de trabalho ;Cultura / lazer; Acesso aos meios de informação
Acesso à educação; Gênero (homem/mulher); Raça; Religião; Economia (rico/pobre)

A estratificação social esteve presente em todas as épocas: desde os primeiros grupos de indivíduos (homens das cavernas) até nossos tempos. Ela apenas mudou de forma, de intensidade, de causas. A Revolução Industrial e a transformação dos sistemas econômicos contribuíram para que as questões sobre a desigualdade social fossem melhor visualizadas, discutidas e percebidas, principalmente depois do advento do capitalismo, tornando-as mais evidentes. Umas das características fundamentais que distingue nossa sociedade das antigas é a possibilidade de mobilidade social. Diferentemente da sociedade medieval na qual quem nascesse servo, morreria servo, e na qual não era possível lutar por direitos e por uma oportunidade de mudar de classe. Na sociedade ocidental contemporânea, por exemplo, isto já é possível, e a mobilidade social se dá especialmente como consequência dos investimentos em educação, dos investimentos de formação e capacitação para o trabalho, que podem vir tanto do Estado quanto da própria iniciativa social. Em muitas ocasiões, a mobilidade social pode ser reivindicada por meio de movimentos sociais que, em sua maioria, reivindicam legitimidade diante da posição marginal de poder em que se encontram na sociedade.


ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL, MOBILIDADE SOCIAL E DESIGUALDADE SOCIAL


As desigualdades sociais são nitidamente perceptíveis no nosso cotidiano. Basta sairmos às ruas para notar, de um lado, uma grande massa de pessoas que, embora diferentes entre si, revelam certa semelhança e, de outro, uma minoria que se destaca claramente da grande massa. Essas diferenças aparecem, num primeiro plano, vinculadas às coisas materiais, ou seja, à roupa que se usa, ao modo de se locomover a pé ou de carro-, etc. Mas existem outras desigualdades que não se expressam tão claramente: as que estão relacionadas com a religião, com os conhecimentos, profissões, com o sexo ou a raça.

ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL

l. As castas


 O sistema de castas é uma das formas específicas de organização social em muitos lugares e tempos. No mundo antigo, temos uma série de exemplos da organização em castas (Grécia, China,etc.). Mas é na índia que, temos a expressão mais acabada desse sistema. Desde há muito, a Índia se organizou em um sistema de castas, em que a hierarquização se dá com base na hereditariedade e nas profissões. Esse sistema é muito rígido e fechado. Pode-se esquematizar a estratificação social indiana pela seguinte pirâmide social de casta:

• brâmanes, sacerdotes e mestres da erudição sacra. A eles compete preservar a ordem social sob a orientação divina.

• xátrias, guerreiros que formam a aristocracia militar; entre eles estão governantes de origem principesca, que têm a função de proteger a ordem social e o sagrado saber.

• váixás, a terceira grande casta, são os comerciantes, os artesãos, os camponeses.

• sudras executam os trabalhos manuais e as ocupações servis de toda espécie e constituem a casta mais baixa; é seu dever servir pacificamente às três castas superiores.

• parías (abaixo da pirâmide social), grupo de miseráveis, sem direito a quaisquer privilégios, sem profissão definida e que só inspiram asco e repugnância às demais castas; vivem da piedade alheia; por serem considerados impuros, não podem banhar-se no rio Ganges (o que épermitido às outras castas), nem ler os Vedas, que são os livros Sagrados dos hindus. Os párias aceitam o seu lugar na sociedade e se conformam
com a imutabilidade de sua situação (por mais desprezível e inferior que seja) por acreditar na transmigração da alma, isto é, acreditam numa outra vida, em que poderão ocupar uma posição social melhor.
O sistema de castas caracteriza-se por relações muito estanques, e a posição dos indivíduos é definida pela herança, isto é, quem nasce numa casta não tem como sair dela e passar para outra. Não há mobilidade nesse sistema. Assim, a hereditariedade (transmissão da situação), a endogamia (casamentos só no interior da casta), além da questão da alimentação (as pessoas só podem se alimentar junto com os membros da sua própria casta e com alimentos recomendados e preparados por ela mesma) e do fato de não poder haver contato físico entre membros das castas inferiores e superiores, são os elementos mais visíveis dessa relação.
Entretanto, há uma mudança. E isso acontece também no sistema de castas. Alguns costumes, os ritos e as crenças dos brâmanes, por exemplo, são adotados pelas castas inferiores.
Com a urbanização e a industrialização crescentes, e com a introdução de padrões comportamentais ocidentalizados, tem levado elementos oriundos de castas diferentes, os xátrias, os vaixás, a saírem da índia para negociar, assim eles não são vistos como pertencente a uma casta determinada, mas, com um indivíduo em negócio ou um diplomata.
O sistema de castas indiano sofreu algumas mudanças, e atualmente, em que a questão da riqueza não tem uma relação direta com a casta na qual se está inserido. Assim, um indivíduo de uma casta inferior pode ter muitas posses, mas esses bens não o introduzem numa casta superior nem lhe dão maior autoridade dentro do sistema de castas, embora confira poder econômico, trazendo-lhe outra forma de distinção(fora).
No final do século XX, os grandes centros, principalmente Nova Délhi e Calcutá, a abolição desse sistema vem sendo processada gradativamente. Entretanto, ele ainda é rígido nas aldeias. Por influência da religião, o sistema de castas está arraigado no íntimo de cada hindu,sendo difícil desmontá-lo.
Em teoria, o sistema de castas foi abolido oficialmente no país em 1947. Basta, porém, andar pela Índia para constatar que o decreto de 1947 nada significa socialmente. A lei das castas sociais persiste. Os indianos das castas superiores não aceitam perder o privilégio, submetendo os parias aos empregos mais subalternos, como limpadores de fossas e lavadores de cadáveres.

2. OS ESTAMENTOS OU ESTADOS


 Estamentos ou estado é uma camada social semelhante à casta, porém mais aberta. Na sociedade estamental a mobilidade social vertical ascendente é difícil, mas não impossível como na sociedade de castas.
Na sociedade feudal os indivíduos só muito raramente conseguiam ascender socialmente. Essa ascensão era possível em alguns casos: quando a Igreja recrutava, em certas ocasiões, seus membros entre os mais pobres; quando os servos eram emancipados por seus senhores; caso o rei conferisse um título de nobreza a um homem do povo; ou, ainda, se a filha de um rico comerciante se casasse com um nobre, tornando-se, assim, também membro da aristocracia. Eram situações difíceis de acontecer; normalmente as pessoas permaneciam no estamento em que haviam nascido.
A pirâmide social do estamento durante o feudalismo apresentava-se da seguinte maneira: (l. nobreza a alto clero, 2. comerciantes, adesões e baixo clero, 3. servos)
A possibilidade de mobilidade de um estamento para outro existia, mas era muito controlada, ainda que factível – alguns chegaram a conseguir títulos de nobreza, o que, no entanto, não significava obter o bem maior, que era a terra. Ela era à base de toda riqueza e poder na sociedade feudal, tornando os indivíduos livres e poderosos. A propriedade da terra definia o prestígio e poder dos indivíduos. Os que não a possuíam eram dependentes, econômica e politicamente, além de socialmente inferiores.
O que explica, entretanto, a relação entre os estamentos é sempre uma relação de reciprocidade. No caso da sociedade feudal, existia sempre uma série de obrigações dos servos para com os senhores (trabalho) e destes para com os servos (proteção), ainda que camponeses e servos estivessem sempre em situação de inferioridade.
Sem nenhuma dúvida, a organização social baseada em estamentos também produz, como na sociedade de castas, uma situação de privilégio para alguns indivíduos. No caso da sociedade estamental, os privilégios estavam diretamente ligados à honra e a terra. Aqueles que dominavam (a nobreza e o clero) eram os que se situavam melhor no código de honrarias que vigorava naquela sociedade.

3. AS CLASSES SOCIAIS

 As classes sociais expressam, no sentido mais preciso, a forma como as desigualdades se estruturam nas sociedades capitalistas. KarI Marx foi quem procurou colocar no centro de sua análise a questão das classes. Para ele, dependendo de cada situação histórica, pode-se encontrar muitas classes no interior dessas sociedades. Entretanto, pelo fato de serem capitalistas, isto é, de serem regidas por relações em que o capital e o trabalho assalariado são dominantes, em que a propriedade privada é o fundamento e o bem maior a ser preservado, pode-se afirmar que existem duas classes fundamentais a burguesia (que personifica o capital) e o proletariado (que personifica o trabalho assalariado). Essa desigualdade se explica porque são diferentes as relações que as pessoas mantêm com os elementos de produção (trabalho e meiosde produção). O prestígio social está associado às relações entre as pessoas e os elementos da produção: os proprietários dos meios de produção sempre gozam de maior prestígio social do que os trabalhadores.

MOBILIDADE SOCIAL

Mobilidade social é a mudança de posição social de uma pessoa num determinado sistema de estratificação social.
Em maio de 1953, Lourenço Carvalho de Oliveira, nascido na pequena aldeia de Vigia, no norte de Portugal, desembarcou no porto de Santos, depois de onze dias de viagem na terceira classe do Vera Cruz. Em sua terra deixara a mulher e três filhos pequenos, vivendo graças à solidariedade de parentes e vizinhos. Foi morar de favor na casa de um primo e arrumou emprego como ajudante num bar. Economizou muito, mandou buscar a família e conseguiu, depois de anos de trabalho e privações, abriu uma pequena venda em sociedade com um amigo. O negócio foi crescendo: primeiro uma mercearia, depois um mercado, a seguir outro e mais outro. Agora, 35 anos depois de chegar ao Brasil, o sr. Lourenço é dono de uma grande rede de supermercados, tendo se tomado um dos mais influentes membros da Associação Comercial. Seus filhos têm curso superior e um deles é professor na Universidade de São Paulo.
Esse caso mostra que os indivíduos, numa sociedade capitalista, estratificada em classes sociais, podem não ocupar um mesmo status durante toda a vida. É possível que alguns deles, que integram a camada de baixa renda (classe C), passem a integrar a de renda média (classe B). Por outro lado, alguns indivíduos da camada de alta renda (classe A), por algum acontecimento, podem ver sua renda diminuída, passando a integrar a camada B ou C.

Tipos de mobilidade social

Vertical poder ser:

- ascendente(subida) - quando a pessoa melhora sua posição no sistema de estratificação social, passando a integrar um grupo em geral economicamente superior ao de seu grupo anterior; - descendente(descida) - quando a pessoa piora sua posição no sistema de estratificação social, passando a integrar um grupo em geral economicamente inferior.
O filho de um operário que, pelo estudo, passa a fazer parte da classe média é um exemplo de ascensão social. A falência e o consequente empobrecimento de um comerciante, por outro lado, é um exemplo de queda social.

HORIZONTAL: Uma pessoa que muda de posição dentro do mesmo grupo social. Ex: Um jovem cientista (bolsista) que pretende ser um dentista(prestigio e mais rendimentos). A situação mostra uma pessoa que experimentou alguma mudança de posição social, mas que, apesar disso, permaneceu na mesma classe social.


FACILIDADES, OPORTUNIDADES E RESTRIÇÕES.

 O fenômeno da mobilidade social varia de sociedade para sociedade. Em algumas sociedades ela ocorre de maneira mais fácil; em outras, quase inexiste no sentido vertical ascendente. Em geral é mais fácil ascender socialmente em São Paulo do que numa cidade do Nordeste.
A mobilidade social ascendente também é mais comum na sociedade americana do que no Brasil. Esse tipo de mobilidade é mais intenso numa sociedade aberta, democrática - como os Estados Unidos -, do que numa sociedade aristocrática por tradição, como a Inglaterra.
Entretanto, é bom esclarecer que, numa sociedade capitalista mais aberta, dividida em classes sociais, embora a mobilidade social vertical ascendente possa ocorrer mais facilmente do que em sociedades fechadas, ela não se dá de maneira igual para todos os indivíduos. A ascensão social depende muito da origem de classe de cada indivíduo.
Alguém que nasce e vive numa camada social elevada tem mais oportunidade e condições de se manter nesse nível, ascender ainda mais e se sair melhor do que os originários das camadas inferiores. Isso pode ser facilmente verificado no caso dos pretendentes aos cursos universitários. Aqueles que desde o início de sua vida escolar frequentaram boas escolas e, além disso, estudaram em cursinhos preparatórios de boa qualidade têm mais possibilidade de aprovação no vestibular das universidades não pagas, federais e estaduais. É por isso que a maioria dos alunos das melhores universidades são originários da classe média e da classe alta.
Alguém que nasce e vive numa camada social elevada tem mais oportunidade e condições de se manter nesse nível, ascender ainda mais e se sair melhor do que os originários das camadas inferiores.
Fonte:sociologia-aplicada.blogspot.com.br