Reciclagem orgânica é a
transformação de resíduos de origem animal ou vegetal (restos de comida,
cascas, folhas) em recursos valiosos, como adubo natural (compostagem) ou
energia (biogás), através da decomposição controlada por microrganismos,
devolvendo nutrientes ao solo e reduzindo o lixo em aterros. É um processo
sustentável que fecha o ciclo da natureza, produzindo fertilizantes, diminuindo
o impacto ambiental e a dependência de fertilizantes minerais.
A compostagem de resíduos
orgânicos é um processo natural que transforma restos de alimentos, podas e
outros materiais orgânicos em adubo de alta qualidade através da ação de
microrganismos. Esse método reduz o volume de lixo enviado a aterros, minimiza a
emissão de gases de efeito estufa e produz um composto fértil que melhora a
estrutura do solo e fortalece o crescimento das plantas. Os resíduos orgânicos,
que representam cerca de 50% dos resíduos urbanos gerados no Brasil, tem a particularidade
de poderem ser reciclados por meio de processos como a compostagem, em qualquer
escala, desde a doméstica até a industrial. Além dessa abrangência de escalas,
a reciclagem de resíduos orgânicos não necessita de grandes exigências
tecnológicas ou de equipamentos para que o processo possa ser realizado com
segurança, de forma que a compostagem tem tido grande êxito em ações de
educação ambiental associadas com jardinagem e agricultura urbana, como forma
de empoderar pessoas na reprodução do ciclo da matéria orgânica e mudança de
sua visão e relação com resíduos de modo geral.
Compostagem não é exatamente
igual reciclagem tradicional (plástico, papel), mas é uma forma fundamental e
igual de reciclagem de matéria orgânica, transformando "lixo" (restos
de alimentos, folhas) em adubo natural (composto) e reduzindo o volume em
aterros, sendo um processo biológico de decomposição que retorna nutrientes ao
solo, diferente da reciclagem mecânica de outros materiais, mas igualmente
vital para a sustentabilidade.
Existem diferentes métodos, para a compostagem doméstica, comunitária ou em grande escala, e a
vermicompostagem, que utiliza minhocas para acelerar o processo.
Aqui vamos ver os métodos de
compostagens
Compostagem Doméstica - Os
principais métodos de compostagem doméstica são:
1 - A Composteira Doméstica
(Baldes) (com minhocas ou não, focada em resíduos de cozinha e jardim,
produzindo húmus e biofertilizante líquido): Uma composteira doméstica de
baldes é um sistema eficiente e sustentável para reciclar resíduos de cozinha e
jardim em casa, produzindo húmus (adubo sólido) e biofertilizante líquido. O
processo pode ser feito com ou sem minhocas, sendo a versão com minhocas
(vermicompostagem) mais comum para sistemas de baldes empilhados, pois elas
aceleram o processo e melhoram a qualidade do adubo.
Para fazer uma composteira de
baldes, você precisa de três baldes com tampa, furar o fundo dos dois primeiros
para drenagem e laterais para aeração, cortar o centro das tampas (exceto a de
cima) para encaixe e circulação de minhocas, instalar uma torneira no balde
coletor (o de baixo) e, no balde de compostagem, alternar resíduos orgânicos
com matéria seca (folhas, serragem), adicionando minhocas para acelerar o
processo.
A função principal da torneira
é permitir a coleta fácil e prática do chorume orgânico (ou biofertilizante),
que é o líquido resultante do processo de decomposição dos resíduos.
Detalhes do Modelo com
Torneira
Estrutura: Geralmente, o
sistema é composto por três baldes empilhados. Os dois baldes superiores contêm
os resíduos orgânicos e a matéria seca, e têm furos na base para permitir a
passagem do líquido e das minhocas (se for um minhocário). O balde inferior não
tem furos na base e é onde a torneira é instalada, próxima ao fundo, para a
drenagem do líquido.
Finalidade do Chorume: O
líquido coletado, quando proveniente de um processo aeróbico e equilibrado (sem
mau cheiro), é um excelente biofertilizante natural que deve ser diluído em
água (geralmente na proporção de 1 litro de chorume para 20 litros de água)
para ser usado na rega de plantas e jardins.
Kits Prontos e DIY: Existem
kits de composteiras de baldes disponíveis comercialmente que já vêm com a
torneira. Além disso, é muito comum as pessoas montarem suas próprias
composteiras usando baldes de plástico recicláveis e instalando uma torneira de
filtro comum (dessas usadas em bebedouros) na base do balde de coleta, como um
projeto "faça você mesmo" (DIY).
2 - A Compostagem em Leiras de
resíduos orgânicos: a compostagem em leiras é uma forma de compostagem
doméstica, mas também pode ser feita em escala comunitária ou industrial; ela
envolve empilhar resíduos orgânicos (restos de comida, folhas, serragem) para
que microrganismos os decomponham em adubo, sendo um método versátil que pode
ser adaptado para residências, utilizando estruturas como pilhas ou montes
(leiras) no quintal ou em áreas maiores, o que reduz o lixo e gera fertilizante
natural.
A ARQUITETURA DAS LEIRAS
A arquitetura da leira é de
extrema importância, pois é o principal fator que garante a aeração adequada do
processo. Podem ser operadas tanto manual (ou de forma artesanal) quanto
mecanicamente (por meio de tratores do tipo pá carregadeira, por exemplo). O
tipo de operação definirá a arquitetura da leira (formato e dimensões). As
dimensões da leira variam de acordo com a disponibilidade de espaço, mas é
importante que sua largura não ultrapasse 2 metros, para permitir a entrada de
ar no interior da leira. O comprimento será de acordo com o planejamento e
dinâmica do pátio de compostagem e de áreas disponíveis, geralmente variando
entre 1 e 20 metros. Com um formato preferencialmente retangular, as leiras são
pilhas regulares da mistura de material seco (rico em carbono) e material
orgânico (rico em nitrogênio).
A construção da leira se
inicia com as paredes de palha, podendo ter uma espessura de até 50 cm. A base
da leira será formada por galhos, podas, folhas de palmeiras, para criar um
local de fácil entrada de ar. Esse fluxo é importante pois quando a leira chegar
na fase termofílica o ar quente sairá sob forma de vapor d’água, sugando o ar
frio da base da leira, formando, assim, um fluxo de ar favorável para a
atividade microbiana. Sobre os galhos da base da leira pode ser feito um leito
com folhas, serragem ou materiais obtidos do picador de podas. Na primeira
montagem da leira, é necessário adicionar uma parte de composto pronto, chamado
inoculante. Este processo ocorreria naturalmente, mesmo sem a adição do
composto pronto, mas a inoculação reduz o tempo necessário para atingir a Fase
Termofílica, evitando, portanto, a atração de vetores de doenças, como ratos e
alguns insetos. Após a adição do inoculante, são então depositados os resíduos
orgânicos úmidos, isto é, os restos de comida, cascas de frutas e verduras,
carnes, etc. O inoculante é então misturado com os resíduos e é feita uma
cobertura com matéria seca com serragem, podendo ser acrescentadas folhas.
Posteriormente, cobre-se a
serragem com uma camada de palha, formando uma proteção e uma barreira física
contra a proliferação de moscas e diminuição da perda de água por evaporação.
No próximo passo, esta camada de palha superior será transformada em parede
lateral.
Após o fechamento da leira
por, no mínimo, 48 horas, pode-se então acrescentar mais resíduos orgânicos
frescos, realizando o procedimento padrão a seguir sempre que a composteira for
aberta:
1.1. Abre-se a cobertura de
palha, transformando-a em parede;
1.2. Mistura-se a serragem com
o material orgânico anterior;
1.3. Adicionam-se os resíduos
frescos, misturando novamente;
1.4. Cobre-se o material
misturado com serragem e folhas secas;
1.5. Refaz-se a cobertura da
leira com uma nova camada de palha.
As fases da leira de
compostagem são geralmente divididas em Mesofílica inicial, Termofílica,
Mesofílica de resfriamento e Maturação, marcadas por mudanças de temperatura e
atividade microbiana, transformando matéria orgânica em composto rico e estável
através da decomposição por bactérias, fungos e actinomicetos, com a etapa
final de maturação garantindo a qualidade do adubo.
Seguindo estes passos, mesmo
tendo-se acrescentado novos resíduos, é possível manter-se as fases Mesófila e Termofílica
sempre ativas onde evitando odores e vetores. Mas, para o sucesso desse manejo,
é necessário que o responsável pela operação do sistema conheça bem o processo
e esteja atento aos cuidados necessários
Fase Mesofílica: Onde acontece
a diminuição da temperatura pela redução da atividade dos microrganismos,
degradação de substâncias orgânicas mais resistentes e perda de umidade.
Enquanto a fase termofílica é dominada por bactérias, desta fase em diante os
fungos actinomicetos têm papel igualmente relevante.
Fase Termofilia: Se inicia no momento em que a temperatura se
eleva acima de 45°C, predominando a faixa de 50 a 65°C, quando se dá a plena
ação de microrganismos termófilos, com intensa decomposição de material e liberação
de calor e de vapor d’água. A aeração se intensifica, pois, o ar quente (mais
leve) se eleva, favorecendo a entrada de ar mais frio por baixo da leira
(processo de convecção).
3- Vermicompostagem: vermicompostagem é o
processo de reciclagem de resíduos orgânicos por meio da criação de minhocas,
sendo uma importante alternativa para resolver economicamente e ambientalmente
os problemas dos dejetos orgânicos. O húmus de minhoca é um excelente fertilizante,
capaz de melhorar atributos químicos (oferta, retenção e ciclagem de
nutrientes), físicos (melhoria na estruturação e formação de agregados) e
biológicos do solo (aumento da diversidade de organismos benéficos), podendo
ser utilizado como matéria-prima para a obtenção de substratos. na
vermicompostagem o processo ocorre com a inserção de minhocas na composteira
doméstica. Elas se alimentam dos resíduos e não geram odor. Nas composteiras,
as minhocas utilizadas são as californianas, que podem ser adquiridas em lojas
de artigos de pesca ou sites especializados.

Se você se interessou em
montar uma vermicomposteira doméstica, fique atento a nossas dicas: é
necessário ter três caixas plásticas escuras e uma delas deve estar tampada
(você pode utilizar também baldes plásticos, potes domésticos ou pallets),
folhas secas, galhos pequenos e ter por volta de cem minhocas. Aí é só seguir o
passo a passo: As caixas deverão estar empilhadas em três níveis, sendo as duas
superiores com pequenos furos e a inferior deve ser usada para coletar o
resíduo líquido orgânico;
Forre o fundo das caixas com
folhas secas e pequenos galhos. Em seguida, coloque a terra com as minhocas e,
em cima, o lixo orgânico;
Por fim, cubra os resíduos com
outra camada de folhas secas para evitar o odor.
Podem passar pelo processo de
compostagem restos de frutas, folhas, legumes, cascas de ovos, borra de café,
sementes, insetos mortos, pequenas quantidades de alimentos cozidos, restos e
farelos de alimentos processados, entre outros.
Para cobrir os resíduos podem
ser utilizadas folhas secas, gravetos, palhas, palitos de dente e espetos. Não
devem ser colocados carnes, papel higiênico usado, óleo, laticínios, gorduras,
pimenta, alho e cebola. O processo também pode ser feito sem minhocas, no
entanto, ele ocorre de forma mais lenta e com a produção de odor.
Os sistemas de
vermicompostagem doméstica geralmente possuem uma torneira na caixa coletora
inferior - A função principal dessa torneira é facilitar a extração do chorume
orgânico, também conhecido como biofertilizante líquido ou "chá de
minhoca" O líquido que escorre dos resíduos orgânicos (o biofertilizante)
acumula-se na caixa inferior. A torneira permite coletá-lo facilmente, sem a
necessidade de mover as caixas superiores. Esse líquido é um adubo natural
valioso e rico em nutrientes, que, após ser diluído em água (geralmente na
proporção de 1 parte de chorume para 10 partes de água), pode ser usado para
regar e nutrir plantas. Em alguns sistemas, deixar a torneira aberta (com um
recipiente por baixo) pode ajudar a melhorar a aeração da caixa coletora, o que
é importante para os organismos envolvidos no processo. Para quem utiliza um
sistema de compostagem em caixas sobrepostas, a torneira é um componente
essencial que agrega praticidade e funcionalidade ao processo, permitindo o
aproveitamento total dos subprodutos da vermicompostagem
Entre os benefícios
proporcionados pela compostagem estão a redução da erosão, a ativação da vida
do solo e reprodução de micro-organismos, além da supressão de doenças e pragas
nas plantas. A vermicompostagem é, portanto, uma prática sustentável e
eficiente para a gestão de resíduos e melhoria da qualidade do solo.