Do ponto de vista da Geologia, ela é entendida como um de seus ramos aplicados. Certamente este é o posicionamento disciplinar mais adequado ao propósito de resguardar e ressaltar como fundamentais para o trabalho do geólogo de engenharia, o instrumental metodológico e a base acumulada de conhecimentos da Geologia. Significa o ato maior do geólogo de engenharia perceber o desafio que lhe é colocado pela Engenharia, através dos olhos da Geologia e, mais aplicadamente, dos processos geológicos envolvidos. E, portanto, também perceber a importância profissional em não se afastar do contexto e da evolução dos conhecimentos no campo de sua ciência matriz. O esquema da Figura 1 expressa esse entendimento.
|
Do ponto de vista da ENGENHARIA, a Geologia de Engenharia é vista como um componente disciplinar da Geotecnia, entendida esta como o ramo da Engenharia que se ocupa da caracterização e do comportamento dos materiais e terrenos da crosta terrestre para fins de engenharia. Esse posicionamento disciplinar é especialmente oportuno no sentido de reforçar o caráter aplicado e as responsabilidades resolutivas, e inclusive legais, do trabalho do geólogo de engenharia.
Conceituação disciplinar da Geologia de Engenharia
Nesta abordagem, a Geologia de Engenharia tem como disciplinas parceiras, também formadoras da Geotecnia, a Mecânica dos Solos e a Mecânica das Rochas, conforme apresenta o esquema.
Disciplinas parceiras da Geologia de Engenharia
Ainda que com aplicações pontuais já bastante antigas, pode-se dizer que, do ponto de vista de sua personalização e sistematização científica, as três disciplinas são recentes. A hoje ISSMGE -International Society for Soil Mechanics and Geotechnical Engeneering foi fundada na ocasião de seu primeiro congresso internacional, em 1936, em Cambridge nos EUA; a ISRM - International Society for Rock Mechanics, fundada em 1962, organizou seu similar em 1966, em Lisboa, Portugal, e a hoje IAEG - International Association for Engineering Geology and the Environment, fundada em 1964, fez acontecer o seu primeiro conclave internacional em 1970, em Paris, França.
Por Terzaghi (1944) e Vargas (1977), podemos entender a Mecânica dos Solos como a disciplina responsável pelos estudos teóricos e práticos sobre o comportamento dos solos - materiais terrosos - naturais sob o enfoque de sua solicitação pela Engenharia.
A ISMR assim sugere a conceituação da Mecânica das Rochas em seus estatutos: "O campo da Mecânica das Rochas é voltado a incluir todos os estudos relativos ao comportamento físico e mecânico das rochas e maciços rochosos e a aplicação desse conhecimento para o melhor entendimento de processos geológicos e para o campo da Engenharia".
Importante observar nesse contexto epistemológico, que os fenômenos geotécnicos do âmbito da Geologia de Engenharia serão qualitativamente e dinamicamente explicados por essa disciplina, mas quantitativamente e mecanicamente somente equacionados pelas leis da Mecânica dos Solos e da Mecânica das Rochas. Ou seja, os fenômenos de Geologia de Engenharia desenvolvem-se segundo as leis da Mecânica dos Solos e da Mecânica das Rochas.
Fundamentos Filosóficos |
|
|
"Toda Ciência deve ter uma filosofia, e só esse caminho pode levar a progressos reais", afirmava categoricamente já em 1809 Lamarck, em sua histórica obra "Filosofia Zoológica".
Para Lamarck, que estabeleceu pela primeira vez, ordenadamente, as bases da teoria evolucionista, a filosofia de sua Ciência, qual seja a Zoologia, o estudo das espécies, fundava-se no conceito das analogias e semelhanças entre os seres e no conceito do sentido da complexidade no processo evolutivo.
A filosofia da Geologia de Engenharia funda-se, em minha percepção, em três conceitos essenciais:
|
Base Disciplinar de Apoio |
|
|
Além da própria Geologia, como ciência matriz, e da Mecânica das Rochas e da Mecânica dos Solos, como disciplinas correlatas na Geotecnia, a Geologia de Engenharia se vale de uma série de ciências e disciplinas conexas para seu integral exercício, conforme apresenta o esquema.
Geologia de Engenharia: ciências e disciplinas conexas
|
Campos Profissionais de Aplicação |
| . |
Ainda que o geólogo de engenharia possa adotar um perfil profissional eclético, é mais comum observar-se uma determinada especialização em um ou mais campos de atividade. A seguir, relacionamos, sem pretensão exaustiva, os campos profissionais de aplicação que se têm consolidado até hoje no país e no mundo. São determinados tanto por tipo de solicitação aos terrenos, como por tipos de fenômenos geotécnicos, técnicas de apoio, outras áreas de conhecimento e campos de atividade.
Fonte:geologiadobrasil.com.br/
|
|