A IMPORTANCIA E COMPARAÇÃO DAS MODALIDADES DE COLETA SELETIVA PORTA A PORTA E NOS ECOPONTOS/PEV'S - PONTO DE ENTREGA VOLUNTÁRIA

 COMPARAÇÃO ENTRE AS MODALIDADES DE COLETA SELETIVA 

É importante que as vantagens e desvantagens de cada modalidade da coleta seletiva sejam levantadas e analisadas quando houver a implantação de novos programas de coleta seletiva.

 

Visto que, de acordo com Grimberg e Blaught (1998) para melhorar na perspectiva da sustentabilidade ambiental, social, econômica, política e cultural na gestão de resíduos sólidos urbanos, é de extrema importância avaliar as diversas modalidades de coleta seletiva.

 

Abaixo serão descritas as vantagens e desvantagens da modalidade de coleta seletiva porta a porta e da modalidade através de PEVs/Ecopontos. Ademais, utilizando a pesquisa realizada pelos CEMPRE (2014) são também apresentadas quais as porcentagens de municípios que realizam cada uma das duas modalidades. Algumas considerações ainda são feitas para ambas as modalidades.

 

 Coleta seletiva porta a porta 

 

As vantagens relacionadas com essa modalidade de coleta seletiva são:

•  Comodidade para a população, dispensando o deslocamento do cidadão até um Ponto de Entrega Voluntária/Ecoponto, podendo resultar em uma maior adesão da comunidade quanto à participação na coleta seletiva (Grimberg e Blauth, 1998; Bringhenti, 2004; Lima, 2006; Fuzaro e Ribeiro, 2007);

•  Permitir mensurar através de controle realizado pelo órgão responsável pela execução da coleta seletiva porta a porta a participação da população no programa devido à facilidade de se identificar os domicílios e estabelecimentos participantes (Grimberg e Blauth, 1998; Bringhenti, 2004; Lima, 2006). 

 

 

COLETA SELETIVA PORTA A PORTA

  
 

Já as desvantagens dessa modalidade são:

 

•  Possibilidade de ação dos catadores que não estão associados à cooperativa da cidade, que percorrem os trechos de coleta antes dos veículos, apossando-se dos materiais de maior valor comercial (Fuzaro e Ribeiro, 2007). Esta ação prejudica o funcionamento da cooperativa de catadores responsável pela coleta seletiva que pode existir na cidade. É interessante sobre o ponto de vista social que haja uma cooperativa de catadores na cidade que funcione bem, pois uma cooperativa gera desenvolvimento social, com geração de emprego e renda através da comercialização dos materiais recicláveis; 

 

PRESENÇA DE CATADORES DE RECICLÁVEIS ANTES DA COLETA PORTA A PORTA

  

•  Exige maior infraestrutura de coleta, por exemplo, a necessidade de um maior número de caminhões (Grimberg e Blauth, 1998; Bringhenti, 2004; Lima, 2006; Monteiro et al., 2001);

•  Custos mais altos de coleta e transporte comparado com a modalidade através de PEVs/Ecopontos, já que o caminhão terá que percorrer um maior número de ruas (Grimberg e Blauth, 1998; Bringhenti, 2004; Lima, 2006; Monteiro et al., 2001); 

•  Maior presença de catadores na região onde está implantada (Grimberg e Blauth, 1998; Bringhenti, 2004; Lima, 2006). Uma desvantagem sobre o ponto de vista social, dado que, se estes catadores não estiverem associados ou cooperados pode haver uma marginalização dos mesmos.
  
   
  Além de se apresentarem as vantagens e desvantagens relacionadas com a modalidade de coleta seletiva porta a porta, é ainda necessário que algumas considerações sejam feitas. Por exemplo, quando essa modalidade for utilizada, é importante que a coleta seletiva ocorra em dias alternados à coleta de lixo, para que não ocorra mistura de materiais ou confusão por parte da população. Além disso, a modalidade de coleta seletiva porta a porta apresenta alto custo inicial, dado o baixo rendimento proporcionado aos veículos. Isto é, alta quilometragem desenvolvida com baixa recepção de carga, considerando o início da implantação do programa de coleta seletiva e quando não se tem uma grande participação da população. O que pode ser um desestímulo a expansão deste sistema (Massukado, 2004).
   
  De acordo com a pesquisa realizada pelo CEMPRE (2014), cerca de 80% dos municípios brasileiros que possuem programas de coleta seletiva utilizam esse tipo de modalidade, ou seja, é a forma mais utilizada pelos municípios.
   
  Coleta seletiva através de PEV'S/Ecopontos 
   

  Os principais aspectos positivos relacionados com a modalidade de coleta seletiva através de Pontos de Entrega Voluntária (PEVs)/Ecopontos são: 

   

  •  Maior facilidade e menor custo de coleta se comparado com a coleta seletiva porta a porta (Grimberg e Blauth, 1998; Bringhenti, 2004; Lima, 2006; Fuzaro e Ribeiro, 2007;Roviriego, 2005); 

   

  • Facilita a triagem posterior (Grimberg e Blauth, 1998; Bringhenti, 2004; Lima, 2006;Roviriego, 2005).

   

  

  PEV'S PONTO DE ENTREGA VOLUNTÁRIO EM SETOR PUBLICO
  

  
  
   

  Já os principais aspectos negativos da coleta seletiva através de PEVs/Ecopontos são: 

   

  • Questão relacionada com o dimensionamento da capacidade volumétrica dos contêineres. Ou seja, quando a adesão da população ao programa de coleta seletiva for maior do que a prevista na etapa de planejamento dessa capacidade volumétrica, ou deverá ser estabelecida uma maior frequência de coleta desses contêineres ou novos contêineres deverão ser instalados. Para que não haja a disposição de resíduos sólidos ao redor dos PEV'S/Ecopontos e o programa perca credibilidade; 

   

  

  PEV'S EM PRAÇAS PARA EVITAR DESCARTE IRREGULAR DE RESÍDUOS RECICLÁVEIS
  

  
  
  

  • Possibilidade de depredação dos PEV'S/Ecopontos por vandalismo, o que pode obrigar os PEVs a serem localizados em locais seguros, que podem, em determinados casos, não serem os locais mais adequados às operações de coleta (Fuzaro e Ribeiro, 2007; Roviriego, 2005; Grimberg e Blauth, 1998; Bringhenti, 2004; Lima, 2006); 

   

  • Necessidade de empenho da população em conduzir seus materiais recicláveis até os pontos predeterminados, podendo resultar num percentual de participação menor que o da coleta porta a porta (Fuzaro e Ribeiro, 2007; Grimberg e Blauth, 1998; Bringhenti, 2004; Lima, 2006);

   
  

   

  

   PEV'S FEITO COM TAMBORES REUTILIZÁVEIS PARA COLETA DE RESÍDUOS
  

   

  • Exige manutenção e limpeza periódica (Grimberg e Blauth, 1998; Bringhenti, 2004; Lima,2006); 

   
  

  • Necessidade, em alguns casos, de equipamento especial para coleta (Grimberg e Blauth,1998; Bringhenti, 2004; Lima, 2006); 

   

  • Não possibilita a identificação dos domicílios e estabelecimentos participantes e assim, dificulta a avaliação da adesão da comunidade ao programa (Grimberg e Blauth, 1998; Bringhenti, 2004; Lima, 2006).

   
  

  Em relação a esse tipo de modalidade de coleta seletiva, vale destacar que os PEV'S ou também chamados Ecopontos, devem ser instalados preferencialmente em lugares protegidos (Fuzaro e Ribeiro, 2007), para evitar atitudes de vandalismos. De acordo com Massukado (2004) a coleta seletiva através de PEV'S/Ecopontos é adotada em locais em que há grande produção de resíduos, fluxo intenso de pessoas ou quando se deseja aliviar o armazenamento doméstico semanal. Além do mais, certa atenção deve ser despendida com os PEV'S/Ecopontos quanto ao grau de confiança que se pode assumir na eficiência de separação dos resíduos pelos cidadãos, como por exemplo, na hipótese de se depositar resíduos que não podem ser reciclados ou que sejam perigosos (Massukado, 2004). Em relação aos custos de se comprar e instalar PEV'S/Ecopontos, os mesmos podem ser evitados através de parcerias com empresas privadas que podem, por exemplo, financiar a instalação dos contêineres e explorar o espaço publicitário no local (Monteiro et al., 2001; Grimberg e Blauth, 1998; Bringhenti, 2004; Lima, 2006).

  De acordo com a pesquisa realizada pelo CEMPRE (2014), cerca de 45% dos municípios brasileiros que possuem programas de coleta seletiva utilizam esse tipo de modalidade. 

   

  Considerações importantes sobre as duas modalidades 

   

  Segundo Roviriego (2005) a modalidade por PEVs/Ecopontos pode ser mais eficaz caso o custo de mão de obra seja mais elevado. Já a modalidade porta a porta, que tem seu ponto fraco na maior distância percorrida pelo veículo coletor, mostra-se eficiente em uma cidade de pequeno porte, onde as distâncias entre o depósito e a área de coleta, assim como as distâncias percorridas pelo veículo na operação de coleta não são muito expressivas. Ademais, com relação aos custos de implantação de cada modalidade, a modalidade com maior custo é a através de PEV'S/Ecopontos, devido o custo de aquisição dos contêineres. Para demandas mais elevadas, a modalidade porta a porta possui custo de implantação mais baixo.

   

  Ressalta-se que as modalidades de coleta seletiva não são excludentes, isto é, um município poderá ter ao mesmo tempo as duas modalidades de coleta seletiva. Na verdade, nota-se que os programas de coleta seletiva de maior êxito são aqueles em que há uma combinação das modalidades porta a porta e PEV'S/Ecopontos, visto que há uma maior participação da população em relação ao programa de coleta seletiva. Por exemplo, a cidade de Porto Alegre, município referência em relação à implantação do programa de coleta seletiva (Cândido et al., 2008), utiliza as duas modalidades para realizar a coleta seletiva (Bringhenti, 2004), conseguindo que seu programa de coleta seletiva atenda 100% da área urbana (CEMPRE,2014). 

   

  CONCLUSÕES DOS ITENS CITADOS A POLÍTICA DE RESÍDUOS SÓLIDOS QUANTO A COLETA SELETIVA
  

   

  Para se adequarem à nova Política Nacional de Resíduos Sólidos, todos os municípios brasileiros precisarão implantar programas de coleta seletiva. Logo, é interessante para as autoridades públicas dos municípios que as modalidades de coleta seletiva existentes sejam avaliadas quanto às vantagens e desvantagens de sua implantação, contribuindo para o aprimoramento e eficácia da implantação de novos programas de coleta seletiva.

   

  Com o intuito de se criar um conjunto de referências úteis para a implantação de novos programas de coleta seletiva, nesse artigo foi feita uma comparação entre duas modalidades de coleta seletiva, a modalidade porta a porta e a modalidade através de PEV'S/Ecopontos, listando as principais vantagens e desvantagens de cada modalidade, fazendo algumas considerações importantes sobre cada uma e apresentando as porcentagens de municípios que as utilizam, de acordo com a pesquisa realizada pelo CEMPRE (2014).

   

  VEJA O VÍDEO ABAIXO DEMONSTRANDO LIXEIRA VICIADAS E A FALTA DOS PEV'S
  

   

  
  

   NO DIA MUNDIAL DA LIMPEZA 2022 FOI MOSTRADO EM PASSOS MG AS LIXEIRAS VICIADAS E A FALTA QUE OS PEV'S ELIMINAR ESTE TERMO E AUMENTAR A EDUCAÇÃO AMBIENTAL DA POPULAÇÃO
  

   

  Conclui-se que as autoridades públicas devem avaliar principalmente duas questões chaves quando da escolha da modalidade para a implantação de um novo programa de coleta seletiva, os custos de implantação e a participação efetiva da população. Por exemplo, em uma cidade na qual a população já apresenta certo nível de responsabilidade ambiental e que há empresas com interesse em melhorar sua imagem ambiental, a modalidade de coleta seletiva através de PEV'S/Ecopontos pode ser a mais indicada, visto que os custos com a compra de contêineres poderão ser financiados por essas empresas e que o deslocamento até os PEV'S/Ecopontos pela população não será um problema, já que a mesma apresenta preocupação com a responsabilidade social. 

   

  Destaca-se ainda que a modalidade porta a porta possui alto custo de transporte comparado com a modalidade através de PEV'S/Ecopontos pois, o caminhão terá que percorrer uma distância maior para realizar a coleta. Em contrapartida, a modalidade porta a porta possibilita uma maior adesão da população ao programa de coleta seletiva do que a modalidade através de PEV'S/Ecopontos, possibilitando uma maior quantidade de material reciclável recolhido. 

   

  Logo, acredita-se que quando balanceados esses dois pontos, alto custo de transporte e quantidade de material recolhido, pode-se encontrar a melhor configuração para um programa de coleta seletiva, que no caso seria uma combinação das duas modalidades.
  

   

  FONTE DE PARTE DO TEXTO:Marcella Bernardo/Renato da Silva Lima