Construir cidades sustentáveis implica em pensá-las não apenas do ponto de vista econômico e social, mas também do ambiental.
Essa evolução resulta em opções criativas para diminuir as emissões de carbono, a degradação dos ecossistemas e a poluição da água, ar e solo.
Presentes em uma série de países, as soluções nesse sentido mostram a ligação entre preservação do ambiente, inclusão social e prosperidade econômica.
Ao escolher o caminho do equilíbrio, municípios acumulam benefícios, como a redução no tráfego de veículos e congestionamentos e no desperdício de energia elétrica, além da maior eficiência no aquecimento de residências em territórios frios.
COMO É UMA CIDADE SUSTENTÁVEL E COMO AJUDAR A SUA FICAR SUSTENTÁVEL - VEJA AS CARACTERÍSTICAS
Quer saber mais sobre essa estratégia, o que já é realidade e conhecer os eixos do Programa Cidades Sustentáveis? Então, é só continuar lendo.
Acompanhe os assuntos comentados a partir de agora:
- O que são cidades sustentáveis?
- Cidades sustentáveis e cidades inteligentes: são a mesma coisa?
- O que é preciso para uma cidade ser sustentável?
- O que é o Programa Cidades Sustentáveis?
- Os 12 eixos do Programa Cidades Sustentáveis
- Cidades sustentáveis e qualidade de vida
- Quais são as cidades mais sustentáveis do mundo?
- Quais são as cidades sustentáveis do Brasil?
Boa leitura!
O que são cidades sustentáveis?
Cidades sustentáveis são aquelas que alinham seus padrões de vida, produção e consumo com base em uma combinação entre aspectos econômicos e socioambientais. Em vez de promover um crescimento e consumo desordenados, adotam políticas públicas e ações que impactam positivamente a sustentabilidade.
Isso pode se dar com ações que envolvem mobilidade, matriz energética, educação e destinação de resíduos, entre outras áreas.
Lembrando que a sustentabilidade é um propósito para toda a humanidade, uma vez que hábitos como o consumismo estão levando recursos naturais ao esgotamento, além de destruir espécies da flora e fauna e provocar uma crise climática preocupante.
Diante desse quadro, a sustentabilidade virou alvo dos países que integram a Organização das Nações Unidas (ONU), que deverá ser alcançado a partir dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Divididos em 17 tópicos, os ODS estão fundamentados em 5Ps:
- Pessoas: expressa a intenção de acabar com a pobreza e a fome no mundo
- Planeta: compromisso com a preservação ambiental, através do consumo e produção sustentáveis e gestão sustentável dos recursos naturais
- Prosperidade: foca em garantir a realização pessoal de todos, contribuindo para o progresso econômico, tecnológico e social em harmonia com os ecossistemas
- Paz: promoção de sociedades pacíficas, inclusivas e justas
- Parceria: os ODS devem ser buscados por meio de parceria entre nações, governos, organizações da sociedade civil, empresas e cidadãos.
Essas metas requerem ações em nível global, regional e local para que sejam alcançadas, e a demanda local precisa incluir estratégias de desenvolvimento sustentável para as cidades.
Afinal, desde 2009 os centros urbanos já são o lar da maior parte da população mundial, carecendo de iniciativas que favoreçam a vida em harmonia com os ecossistemas, sem deixar de lado o progresso e a inclusão social.
Ao disseminar os ideais dos ODS em nível local, mobilizações como o Programa Cidades Sustentáveis ajudam a reverter os efeitos nefastos da exploração da natureza, enquanto criam uma sociedade mais consciente e com espírito de colaboração.
Cidades sustentáveis e cidades inteligentes: são a mesma coisa?
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Não exatamente.
A confusão entre os conceitos faz sentido, uma vez que as cidades inteligentes devem atentar à sustentabilidade, ao passo que as cidades sustentáveis tendem a se tornar inteligentes.
Calma que já vamos explicar melhor essa história.
Uma cidade inteligente emprega tecnologias da informação e comunicação (TIC) para otimizar os serviços ofertados para seus cidadãos, melhorando toda a sua infraestrutura.
Acontece que, nesses processos, é comum que seus governantes optem por ferramentas sustentáveis, pois elas agregam eficiência à rotina e ajudam a entregar mais qualidade de vida aos moradores.
É o que ocorre, por exemplo, quando os gestores municipais investem na despoluição de rios através de biotecnologia – solução que alinha os princípios de uma cidade inteligente e sustentável.
Afinal, ela contempla uma elevação do padrão de vida da população, que passa a contar com mais uma fonte de recursos hídricos, e ainda colabora para o desenvolvimento sustentável ao recuperar os rios.
É por isso que os estudos e rankings sobre cidades inteligentes costumam incluir indicadores de sustentabilidade, como poluição e gestão sustentável.
O que é preciso para uma cidade ser sustentável?
Não existe um padrão com ações para as cidades sustentáveis, sendo que as principais se destacam por diferentes iniciativas.
O importante é que haja uma atuação contínua em prol de um desenvolvimento sustentável, alinhando a prosperidade ambiental, econômica e social.
Para tanto, trazemos aspectos comuns, inspirados em cidades sustentáveis espalhadas pelo mundo.
Políticas públicas
Governos não são os únicos atores que impulsionam um município rumo à sustentabilidade – no entanto, sua participação é crucial.
Isso porque eles dispõem de mecanismos de incentivo a boas práticas e sanções para atividades que prejudiquem as comunidades e o meio ambiente, como as legislações.
Por meio dessas normas e do investimento em educação ambiental, é possível transformar ideias em realidade, sanando problemas de várias origens.
Mobilidade e acessibilidade
Um dos segmentos de destaque entre os territórios sustentáveis é a mobilidade urbana, com o reforço de hábitos que reduzem a emissão de carbono e outros gases de efeito estufa (GEE), vilões que estão por trás do aquecimento global.
Para reverter o cenário atual, caótico, há cidades que investem em infraestrutura para o transporte público, a fim de que seja priorizado por mais gente, e em meios alternativos como o uso de bicicletas e caminhadas.
Portanto, ruas e calçadas são adaptadas para facilitar a circulação de ciclistas e pedestres, o que beneficia pessoas com alguns tipos de deficiência, como a visual.
Desenvolvimento planejado
Contrariando a tendência desordenada que fez crescer metrópoles como São Paulo, as cidades sustentáveis planejam seu desenvolvimento, englobando demandas ambientais e sociais.
Assim, diminuem as chances de surgirem aglomerações desestruturadas, como as favelas, e ocupações irregulares de encostas ou outros locais de risco.
Arquitetura
Cidades mais avançadas no caminho da sustentabilidade já incluem esse ideal em suas construções, elevando a resiliência e colaborando para a recuperação em caso de desastres e acidentes.
É o caso das famosas edificações de Tóquio, Japão, cujos materiais e design são pensados para conferir flexibilidade e mitigar os efeitos de terremotos, comuns na região.
Áreas verdes
Se, em um primeiro momento, a urbanização destruiu matas e florestas, nos dias de hoje, os centros urbanos amargam os impactos dessa prática destrutiva.
Solos e rios ficaram desprotegidos, sendo degradados com maior facilidade.
A falta de áreas verdes também dificultou a captação da água da chuva, facilitando problemas como enchentes.
Por isso, a arborização e conservação da vegetação nativa devem fazer parte dos compromissos das cidades sustentáveis.
Produção e consumo energético
Como a ideia é reduzir a poluição do ar e o efeito estufa, é essencial cortar desperdícios e diminuir o consumo exacerbado de energia elétrica.
Outro ponto importante é a mudança na produção energética, alternando sua matriz e preferindo fontes de energia sustentável e renovável para dispensar o uso de combustíveis fósseis.
O que é o Programa Cidades Sustentáveis?
Programa Cidades Sustentáveis (PCS) é uma iniciativa criada para materializar os ODS das Nações Unidas, fornecendo conhecimento, instrumentos e metodologias para que os governos locais os apliquem à sua realidade.
Seu propósito é disponibilizar materiais de apoio à gestão pública e ao planejamento urbano integrado, incluindo medidas para a redução da desigualdade social e estímulo à participação dos cidadãos nas decisões que afetam o município.
Afinal, a sustentabilidade é um ideal que exige a participação popular, uma vez que o consumo deve ser feito de maneira mais responsável e consciente.
De acordo com o site oficial do programa, ele pode ser definido como uma
“Agenda de sustentabilidade urbana que incorpora as dimensões social, ambiental, econômica, política e cultural no planejamento municipal.”
Entre povoados e grandes metrópoles, mais de 200 territórios brasileiros participam da mobilização, estruturando ações em prol de um desenvolvimento sustentável.
Vale citar, dentre as principais funcionalidades da iniciativa:
- Agenda de sustentabilidade urbana para dar suporte ao planejamento
- Plataforma web para cidades sustentáveis
- Ações de treinamento
- Metodologia para levantamento de dados e elaboração do diagnóstico municipal
- Metodologia para elaboração do plano de metas municipal
- Metodologia para construção do mapa da desigualdade do município
- Banco de informações com cases bem sucedidos.
O programa conta, ainda, com uma estrutura de 12 eixos temáticos, monitorados por meio de 260 indicadores.
Os 12 eixos do Programa Cidades Sustentáveis
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Os temas reúnem ações locais, inseridas em uma estratégia de desenvolvimento sustentável pensada para as cidades.
Cada um funciona a partir de um aspecto geral, passando por objetivos específicos e chegando até os indicadores.
Por exemplo, o primeiro eixo – Ação local para a saúde – engloba iniciativas como saneamento básico para todos, acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS), coleta e destinação correta para o lixo, disponibilidade de locais e profissionais de saúde, etc.
Desnutrição infantil, excesso de peso em adultos, mortalidade materna e orçamento municipal de saúde per capita são alguns dos indicadores usados para acompanhar esse assunto.
Abaixo, veja a lista completa com os 12 eixos:
- Ação local para a saúde
- Bens naturais comuns
- Consumo responsável e opções de estilo de vida
- Cultura para a sustentabilidade
- Do local para o global
- Economia local, dinâmica, criativa e sustentável
- Educação para a sustentabilidade e qualidade de vida
- Equidade, justiça social e cultura da paz
- Gestão local para a sustentabilidade
- Governança
- Melhor mobilidade, menos tráfego
- Planejamento e desenho urbano.
Cidades sustentáveis e qualidade de vida
Além das vantagens ambientais e econômicas, as cidades sustentáveis apostam em soluções que melhoram a qualidade de vida de seus habitantes.
Na área de mobilidade, o incentivo para caminhadas e uso de bicicletas tem reflexos que superam a diminuição de gases de efeito estufa na atmosfera.
Há, ainda, redução na poluição do ar, resultando em prevenção de doenças respiratórias e de fatores de risco como a obesidade.
Diabetes, câncer e males cardiovasculares são exemplos de enfermidades desencadeadas ou agravadas pela obesidade, e a principal arma contra ela é a prática de atividades físicas.
Quando não há infraestrutura adequada, a população se vê obrigada a usar carros particulares para se locomover, e o raciocínio oposto também é verdadeiro.
A criação de espaços arborizados, como parques e praças públicas, é outra característica de territórios sustentáveis que contribui para uma vida mais ativa, menos estressante e mais divertida.
Em vez de buscar atrações em ambientes fechados e pagos, a população pode desfrutar de momentos prazerosos junto à natureza, recarregando as energias do corpo e da mente.
No campo alimentar, territórios que prezam pela sustentabilidade podem investir em produtores locais e iniciativas como as fazendas urbanas, a fim de aumentar a oferta de itens orgânicos e saudáveis a preços acessíveis nas cidades.
Quais são as cidades mais sustentáveis do mundo?
Há mais de uma resposta ou ranking com as cidades mais sustentáveis do planeta, dependendo dos requisitos avaliados e da instituição responsável pelas listas.
De qualquer forma, vale tomar como referência os territórios que fazem parte da Rede de Grandes Cidades para a Liderança Climática C40.
Atualmente, ela é formada por mais de 85 municípios focados no debate sobre mudanças climáticas e de que forma os centros urbanos podem responder às questões relacionadas a esse assunto.
Curitiba, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo participam dessa iniciativa.
Mas, se a ideia é elencar as cidades sustentáveis, vale observar o ranking do Sustainable Cities Index 2016, elaborado pela consultoria Arcadis e o Centro de Economia e Business Research, do Reino Unido.
Confira, abaixo, as 10 mais bem posicionadas.
Zurique (Suíça)
Com uma rede de transporte público eficiente e uma meta ambiciosa para o consumo energético até 2050 (2.000 watts per capita), a cidade ocupa a primeira posição da lista.
Singapura (República de Singapura)
Moderno e bastante arborizado, o território mostra a diferença de um planejamento sustentável, combinando ações privadas a políticas públicas que desfavorecem o uso de carros particulares.
Estocolmo (Suécia)
Capital sueca, Estocolmo se destaca por transformações promissoras, como circuitos fechados que fornecem eletricidade e água para o distrito ecológico Hammarby Sjöstad, que antes abrigava indústrias.
Viena (Áustria)
Qualidade de vida é um dos pontos fortes de Viena, que busca pela autossuficiência energética junto a soluções sólidas em moradia, segurança e transporte público.
Londres (Inglaterra)
Os famosos ônibus vermelhos da capital inglesa são adaptados para emitir menos gases poluentes, e há iniciativas de valorização da economia e cidadania.
Frankfurt (Alemanha)
Centro econômico no país, oferece vastas oportunidades de trabalho e lazer.
Seul (Coreia do Sul)
Em alta devido a suas políticas sociais bem-sucedidas, a capital da Coreia do Sul também investe na recuperação de rios e seus arredores, diminuindo a poluição.
Hamburgo (Alemanha)
A conscientização ambiental e as opções ecológicas de lazer fazem do município populoso uma boa opção em relação ao desenvolvimento sustentável.
Praga (República Checa)
É mais um centro econômico que ganhou sustentabilidade a partir do fomento a soluções de mobilidade urbana, melhorando o transporte público.
Munique (Alemanha)
Reconhecida pela qualidade de vida dos habitantes, Munique aposta na energia renovável como diferencial, tendo por meta se tornar a primeira cidade a ter a demanda energética totalmente suprida por fontes sustentáveis.
Quais são as cidades sustentáveis do Brasil?

COMO É UMA CIDADE SUSTENTÁVEL E COMO AJUDAR A SUA FICAR SUSTENTÁVEL - VEJA AS CARACTERÍSTICAS

No Brasil, o principal ranking que inclui o desenvolvimento sustentável é divulgado anualmente no evento Connected Smart Cities, por meio de relatório da consultoria Urban Systems.
Além do meio ambiente, o estudo avalia indicadores como saúde, educação, urbanismo e energia para determinar quais são os municípios mais inteligentes do país.
A seguir, trazemos detalhes sobre as 3 cidades mais bem classificadas em 2020: São Paulo (SP), Florianópolis (SC) e Curitiba (PR).
Campinas (SP), Vitória (ES), São Caetano do Sul (SP), Santos (SP), Brasília (DF), Porto Alegre (RS) e Belo Horizonte (BH) completam o top 10 de municípios brasileiros inteligentes e sustentáveis.
São Paulo
Com quase 12 milhões de habitantes, a capital paulista é a maior cidade da América Latina, fazendo frente a desafios como a preservação de áreas verdes e o transporte da população que, diariamente, atravessa o município para chegar ao trabalho.
Um marco para a promoção de mudanças ocorreu em 2014, quando o Plano Diretor Estratégico teve ampla participação cidadã, sendo aprimorado através de 114 audiências públicas e 10.147 contribuições, com mais de 25 mil pessoas envolvidas no processo.
Ônibus elétricos e expansão da área ferroviária são propostas que começaram a se tornar realidade nos últimos anos.
Florianópolis
A cidade catarinense conta com um plano detalhado rumo à sustentabilidade, além de implementar medidas como o IPTU sustentável.
O uso de tecnologias ecologicamente corretas é incentivado por meio de desconto no imposto, concedido para quem investe, por exemplo, em:
- Sistema de captação e utilização da água da chuva ou de reuso da água
- Aquecimento hidráulico ou solar
- Sistema de aproveitamento energético solar ou eólico;
- Material sustentável nas construções.
Curitiba
A capital paranaense possui mais de 30 locais de preservação da natureza, 64 m² de área verde por morador e índices baixos de poluição.
Conta, ainda, com uma rede de transporte público diferenciada, com corredores de ônibus e veículos confortáveis.
Conclusão
Cidades sustentáveis partem de esforços conjuntos entre governos, ONGs, iniciativa privada e cidadãos, que sugerem e aperfeiçoam soluções para o desenvolvimento sustentável.
Tomando os exemplos desses locais, observamos que é possível evoluir econômica e socialmente, em harmonia com a natureza para garantir a oferta de recursos indispensáveis para a qualidade de vida das próximas gerações.
Cabe a cada um de nós fazer a sua parte na busca por maior resiliência, inclusão social e preservação ambiental.
Fonte:fia.com.br
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