Gestão no Canteiro de Obras
A questão do gerenciamento
de resíduos está intimamente associada ao problema do desperdício de materiais
e mão-de-obra na execução dos empreendimentos. A preocupação expressa,
inclusive na Resolução CONAMA nº 307 com a não geração dos resíduos
deve estar presente
na implantação e
consolidação do programa
de gestão de resíduos.
Em relação à
não-geração dos resíduos,
há importantes contribuições
propiciadas por projetos
e sistemas construtivos
racionalizados e também por práticas de gestão da qualidade já consolidadas.
A gestão nos canteiros
contribui muito para não gerar resíduos, considerando que:
I - o canteiro fica mais
organizado e mais limpo;
II - haverá a triagem de
resíduos, impedindo sua mistura com insumos;
III - haverá possibilidade
de reaproveitamento de resíduos antes de descartá-los;
IV - serão quantificados e
qualificados os resíduos descartados, possibilitando a identificação de
possíveis focos de desperdício de materiais.
Os aspectos considerados na
gestão de resíduos abordados a seguir dizem respeito à organização do canteiro
e aos dispositivos e acessórios indicados para viabilizar a coleta diferenciada
e a limpeza da obra. No que se refere ao fluxo dos resíduos no interior da
obra, são descritas condições para o acondicionamento inicial, o transporte
interno e o acondicionamento final. Há considerações gerais sobre a
possibilidade de reutilização ou reciclagem dos resíduos dentro dos próprios
canteiros. Finalmente, são sugeridas condições contratuais específicas para que
empreiteiros e fornecedores, de um modo geral, formalizem o compromisso de
cumprimento dos procedimentos propostos.
Organização
do canteiro
Há uma profunda correlação
entre os fluxos e os estoques de materiais em canteiro e o evento da geração de
resíduos. Por conta disso é importante observar:
• Acondicionamento adequado
dos materiais
É extremamente importante a
correta estocagem dos diversos materiais, obedecendo a critérios básicos de:
I - classificação;
II - frequência de utilização;
III - empilhamento máximo;
IV - distanciamento entre as
fileiras;
V - alinhamento das pilhas;
VI - distanciamento do solo;
VII - separação, isolamento
ou envolvimento por ripas, papelão, isopor etc. (no caso de louças, vidros e outros
materiais delicados, passíveis de riscos, trincas e quebras pela simples
fricção);
VIII - preservação da
limpeza e proteção contra a umidade do local (objetivando principalmente a
conservação dos ensacados).
A boa organização
dos espaços para
estocagem dos materiais
facilita a verificação,
o controle dos
estoques e otimiza a utilização dos insumos.
Mesmo em espaços exíguos, é
possível realizar um acondicionamento adequado de materiais, respeitando critérios
de:
I - intensidade
da utilização;
II - distância entre estoque
e locais de consumo;
III - preservação do espaço
operacional.
Os materiais classificados
para a reutilização devem obedecer aos critérios acima relacionados. (FOTO 1)
• A organização do canteiro
e suas vantagens
A boa
organização faz com
que sejam evitados
sistemáticos desperdícios na
utilização e na
aquisição dos materiais para
substituição. Em alguns
casos, os materiais
permanecem espalhados pela
obra e acabam
sendo descartados como resíduos.
A dinâmica da
execução dos serviços
na obra acaba
por transformá-la num
grande almoxarifado, podendo haver “sobras” de insumos espalhadas e
prestes a se transformar em resíduos. A prática de circular pela obra
sistematicamente, visando localizar possíveis “sobras” de materiais (sacos de
argamassa contendo apenas parte do conteúdo inicial, alguns blocos que não
foram utilizados, recortes de conduítes com medida suficiente para
reutilização, etc.), para resgatá-los de forma classificada e novamente
disponibilizá-los até que se esgotem, pode gerar economia substancial. Isso
permite reduzir a quantidade de resíduos gerados e otimizar o uso da mão-de obra,
uma vez que não há a necessidade de transportar resíduos para o
acondicionamento. A redução da geração de resíduos também implica redução dos
custos de transporte externo e destinação final. (FOTOS 2 E 3)
![]() |
gestão ambiental de resíduos de construção civil |
• Planejar a disposição dos
resíduos
No âmbito da elaboração dos
projetos de canteiro, deve ser equacionada a disposição dos resíduos, considerando
os aspectos relativos ao acondicionamento diferenciado e a definição de fluxos
eficientes, conforme abordam os próximos itens.
Dispositivos
e acessórios
Dependendo da
finalidade, os seguintes
dispositivos são utilizados
na maioria dos
casos para o
manejo interno dos resíduos:
DISPOSITIVOS
|
DESCRIÇÃO
|
ACESSÓRIOS UTILIZADOS
|
BOMBONAS
|
Recipiente plástico,
com capacidade para
50 litros, normalmente produzido
para conter substâncias líquidas.
Depois
de corretamente lavado
e extraída sua parte
superior, pode ser
utilizado como dispositivo para
coleta.
|
1-Sacos
de ráfia
2-Sacos
de lixo simples
(quando forem dispostos
resíduos orgânicos ou outros passíveis
de coleta pública)
3-Adesivos
de sinalização
|
BAGS
|
Saco de
ráfia reforçado, dotado
de 4 alças
e
com capacidade
para armazenamento em
torno
de 1m³
|
1-Suporte de
madeira ou metálico
2-Plaquetas para
fixação dos adesivos
desinalização
3-Adesivos de
sinalização
|
BAIAS
|
Geralmente construída
em madeira, com dimensões diversas,
adapta-se às necessidades de armazenamento do
resíduo
e ao
espaço disponível em
obra.
|
1-Adesivos
de sinalização
2-Plaquetas
para fixação dos
adesivos de sinalização (em
alguns casos)
|
CAÇAMBAS
ESTACIONÁRIAS
|
Recipiente metálico
com capacidade volumétrica de
3, 4 e 5m
|
Recomendável o
uso de dispositivo
de cobertura, quando disposta
em via pública.
|
Tabela formatada por Frank e Sustentabilidade
Limpeza
- Aspectos gerais
As tarefas de limpeza da
obra estão ligadas ao momento da geração dos resíduos, à realização simultânea
da coleta e triagem e à varrição dos ambientes. A limpeza preferencialmente
deve ser executada pelo próprio operário que gerar o resíduo. Há a necessidade
de dispor com agilidade os resíduos nos locais indicados para acondicionamento, evitando
comprometimento da limpeza
e da organização
da obra, decorrentes
da dispersão dos resíduos.
Quanto maior for
a freqüência e
menor a área-objeto
da limpeza, melhor
será o resultado
final, com redução do
desperdício de materiais
e ferramentas de
trabalho, melhoria da
segurança na obra
e aumento da produtividade dos operários. Um exemplo: É
melhor fazer a limpeza “por ambiente” do que fazê-la por pavimento.
FONTE DO TEXTO: gestão ambiental de resíduos de construção civil - cuiaba.mt.gov.br/upload/arquivo/Manual_Residuos_Solidos.