Os Secos & Molhados
nasceram através do líder João Ricardo, principal
compositor da banda, em setembro de 1970. No ano seguinte, em
abril, a banda ganha dois novos integrantes: Antonio Carlos (Pitoco)
e Fred. Pitoco tocava violão
de 12 cordas e harmônica de boca, enquanto Fred, uma viola
de 10 cordas e percussão.
Inspirados em Vinícius
de Moraes, Cassiano Ricardo e Fernando Pessoa, o grupo faz um
temporada no Kurtisso Negro, no bairro do Bexiga, em São
Paulo, e logo atraem uma multidão interessada em coisas
novas. Uma das primeiras fãs seria Luli, com quem João
Ricardo escreveria alguns dos maiores sucessos da banda, como
"O Vira" e "Fala".
Mas Pitoco e Fred logo
desistem do grupo e João Ricardo sai à caça
de um vocalista. Acaba conhecendo Ney de Souza Pereira, futuro
Matogrosso, que entra pro grupo, embora morasse no Rio de Janeiro.
Alguns meses depois, Ney muda-se para São Paulo, entrando
de forma definitiva pro Secos & Molhados, no mês de
novembro. No mesmo dia, gravam a música "Vôo",
para montagem teatral de Corpo a Corpo, dirigida
por Antunes Filho.
Os dois começam
a ensaiar e, em janeiro de 1972, fazem ensaios com vários
músicos e convidam, somente, o flautista Sérgio
Rosadas, o "Gripa" e também Gerson Conrad, vizinho
de João. A banda ensaia durante todo o ano, até
estrearem no teatro do Meio, do Ruth Escobar, um misto de casa-noturna,
bar e restaurante de nome Casa de Badalação &
Tédio, onde conseguem um sucesso inesperado.
Em
janeiro do ano seguinte, recebem um convite para gravarem no Rio,
através do jornalista Moracy do Val. Saem procurando músicos
para a empreitada.
Ficam dois meses na capital
fluminense, enquanto não recebem sinal da gravadora Continental
para entrarem em estúdio.
Finalmente, montam uma
banda composta de Gripa (flauta), John (guitarra), Willy (baixo)
e Marcelo (bateria) e ensaiam durante os meses de março,
abril e maio, quando começam as gravações,
no dia 23.
As músicas são
finalizadas em quinze dias. Entregam o master para a
Continental, enquanto começam a trabalhar na confecção
da capa.
No dia 6 de agosto, fazem
o primeiro show de divulgação do LP, no Teatro Aquarius,
em São Paulo. Chamam a atenção pelo visual,
com rostos pintados, muita produção.
O
LP logo se torna um sucesso comercial espantoso, vendendo mais
de 300 mil cópias em dois meses, e, em pouco tempo, passam
a casa do milhão de cópias. E não é
por menos.
Além das belas composições
de João Ricardo, os Secos & Molhados ousa incorporar
elementos de brasileiros com o rock dos Rolling Stones, numa mistura
extremamente inteligente e divertida. O primeiro LP leva apenas
o nome da banda e conta com as seguintes músicas:
Lado 1
1. "Sangue Latino"
(João Ricardo/Paulinho Mendonça) – 2:07
2. "O Vira" (J. Ricardo/Luli) – 2:12
3. "O Patrão Nosso de Cada Dia" (J. Ricardo) – 3:19
4. "Amor" (J. Ricardo/João Apolinário) – 2:14
5. "Primavera nos Dentes" (J. Ricardo/J. Apolinário) – 4:50
6. "Assim Assado" (J. Ricardo) – 2:58
7. "Mulher Barriguda" (J. Ricardo/Solano Trindade) – 2:35
2. "O Vira" (J. Ricardo/Luli) – 2:12
3. "O Patrão Nosso de Cada Dia" (J. Ricardo) – 3:19
4. "Amor" (J. Ricardo/João Apolinário) – 2:14
5. "Primavera nos Dentes" (J. Ricardo/J. Apolinário) – 4:50
6. "Assim Assado" (J. Ricardo) – 2:58
7. "Mulher Barriguda" (J. Ricardo/Solano Trindade) – 2:35
Lado 2
1.
"El Rey" (Gerson Conrad/J. Ricardo) – 0:58
2 . "Rosa de Hiroshima" (G. Conrad/Vinicius de Moraes) – 2:00
3 . "Prece Cósmica" (J. Ricardo/Cassiano Ricardo) – 1:57
4 . "Rondó do Capitão" (J. Ricardo/Manuel Bandeira) – 1:01
5 . "As Andorinhas" (João Ricardo/C. Ricardo) – 0:58
6 . "Fala" (J. Ricardo/Luli) – 3:13
2 . "Rosa de Hiroshima" (G. Conrad/Vinicius de Moraes) – 2:00
3 . "Prece Cósmica" (J. Ricardo/Cassiano Ricardo) – 1:57
4 . "Rondó do Capitão" (J. Ricardo/Manuel Bandeira) – 1:01
5 . "As Andorinhas" (João Ricardo/C. Ricardo) – 0:58
6 . "Fala" (J. Ricardo/Luli) – 3:13
Participaram
desse histórico registro:
Ney Matogrosso: vocal
João Ricardo: violões de 6 e 12 cordas, harmônica de boca e vocal
Gerson Conrad: violões de 6 e 12 cordas e vocal
Marcelo Frias: bateria e percussão
Sérgio Rosadas: flauta transversal e flauta de bambu
John Flavin: guitarra e violão de 12 cordas
Zé Rodrix: piano, ocarina e sintetizador
Willi Verdaguer: baixo
Emilio Carrera: piano
João Ricardo: violões de 6 e 12 cordas, harmônica de boca e vocal
Gerson Conrad: violões de 6 e 12 cordas e vocal
Marcelo Frias: bateria e percussão
Sérgio Rosadas: flauta transversal e flauta de bambu
John Flavin: guitarra e violão de 12 cordas
Zé Rodrix: piano, ocarina e sintetizador
Willi Verdaguer: baixo
Emilio Carrera: piano
Em setembro, viram sensação
nacional, ao se apresentarem no programa Fantástico,
da Rede Globo. Essa é uma das grandes causas do tremendo
sucesso comercial do LP, além, claro, de músicas
como "O Vira", "Rosa de Hiroshima", entre
outras.
O sucesso é tão
grande, que na primeira apresentação no Rio de Janeiro,
no Teatro Thereza Raquel compareceu o triplo de pessoas que comportava
o local, sendo necessário a intervenção policial.
O
sucesso segue imenso, com shows por todo o país, sempre
com lotação esgotada.
Em fevereiro de 1974, resolvem
agradecer o carinho do povo fluminense, com um show no ginásio
do Maracanãzinho, com nova confusão, por causa dos
fãs, que não conseguem entrar. Posteriormente, esse
show seria lançado em LP.
Após uma pequena
viagem promocional ao México, voltam ao Brasil, e nos meses
de abril e maio, começam as gravações do
segundo LP, que seria lançado no mês de agosto, no
mesmo programa Fantástico, onde haviam se consagrado.
Ironicamente, o lançamento culminaria com o fim dos Secos
& Molhados original.
Também
batizado de Secos & Molhados - como vários,
aliás - o LP não faz o mesmo sucesso do primeiro,
o que era compreensível e trazia as seguintes canções:
Lado 1
1. "Tercer Mundo" (João
Ricardo/Julio Cortázar) – 2:362. "Flores Astrais" (J. Ricardo/João Apolinário) – 3:51
3. "Não: Não Digas Nada" (J. Ricardo/Fernando Pessoa) – 1:37
4. "Medo Mulato" (J. Ricardo/Paulinho Mendonça) – 2:18
5. "Oh! Mulher Infiel" (J. Ricardo/) – 1:30
6. "Vôo" (J. Ricardo/J. Apolinário) – 2:34
7. "Angústia" (J. Ricardo/J. Apolinário) – 2:45
1.
"O Hierofante" (J. Ricardo/Oswald de Andrade) –
2:15
2 . "Caixinha de Música do João" (J. Ricardo) – 1:04
3 . "O Doce e o Amargo" (J. Ricardo/P. Mendonça) – 1:52
4 . "Preto Velho" (J. Ricardo) – 1:01
5 . "Delírio" (Gerson Conrad/P. Mendonça) – 2:39
6 . "Toada & Rock & Mambo & Tango & Etc." (J. Ricardo/Luli) – 2:08
2 . "Caixinha de Música do João" (J. Ricardo) – 1:04
3 . "O Doce e o Amargo" (J. Ricardo/P. Mendonça) – 1:52
4 . "Preto Velho" (J. Ricardo) – 1:01
5 . "Delírio" (Gerson Conrad/P. Mendonça) – 2:39
6 . "Toada & Rock & Mambo & Tango & Etc." (J. Ricardo/Luli) – 2:08
Após o disco, João
Ricardo desmonta o grupo e parte para uma irregular carreira-solo.
Ney Matogrosso faz o mesmo, com resultados bem superiores.
Após
quase três anos sumidos, João reforma a banda para
o lançamento de um terceiro LP, em 1978, sempre mudando
os músicos.
Neste trabalho participam
Lili Rodrigues (vocais) Vander Taffo (guitarra) João Ascensão
(baixo) e Gel Fernandes (bateria). O novo LP faz sucesso, graças
à canção "Que fim levaram todas as flores?"
A partir daí, João
se dividiria em discos solos e com o grupo, onde seria o único
músico original e dando todas as cartas.
Em
1980, é editado o disco do show do Maracanãzinho,
Secos & Molhados - Gravado ao vivo no Maracanãzinho.
No mesmo ano, com os irmãos
César e Roberto Lempé, lança o quarto disco
dos Secos, que já havia virado uma caricatura do som feito
dos anos 70.
Em fevereiro de 1987, João
conhece Tôto e junto de Edinho (guitarra), Fernando (baixo)
e Ninho (bateria) e, no dia 30 de junho, fazem o espetáculo
De Volta Para o Futuro. No ano seguinte, lançam um novo
LP, chamado A Volta do Gato Preto, no mês
de maio. Em setembro, começam uma série de 15 espetáculos,
no Teatro Ipanema, no Rio.
Em
1999 lança um novo disco solo, mas com o nome de Secos
& Molhados, Teatro?.
No mesmo ano, é
editado uma série de 2 em 1 (Secos & Molhados
- Série Dois Momentos) colocando os dois primeiros
discos dos Secos & Molhados. A produção é
coordenada pelo baterista dos Titãs, Charles Gavin, para
ódio de João Ricardo, que odiou a iniciativa, principalmente
porque Gavin realizou algumas edições nas canções,
sem consultá-lo. Ao menos, serve para apresentar o grupo
às novas gerações e compensar a falta de
ter algo da banda em CD.
oão
segue em carreira, lançado discos com o nome da banda e
solo, mas jamais conseguiu voltar a ter o antigo sucesso.
Ainda assim, os Secos &
Molhados é um patrimônio da música brasileira.
Há quem jure que eles foram inspiração para
o grupo KISS.
Alguns juram que o grupo
de Gene Simmons e Paul Stanley teria visto algumas apresentações
da banda - não se sabe como - e copiado as pinturas no
rosto e algumas atitudes. Se isso é verdade ou não,
só perguntando aos membros da banda norte-americana que,
provavelmente, negarão.
Deixo vocês com a
discografia do grupo. Um abraço e até a próxima
coluna.
Discografia
Secos & Molhados (1973)
Secos & Molhados (II) (1974)
O melhor de Secos & Molhados (1976)
Secos & Molhados (III) (1978)
Secos & Molhados (IV) (1980)
Secos & Molhados - Gravado ao vivo no Maracanãzinho (show de 1974, lançado em 1980)
A Volta do Gato Preto (1988)
Teatro? (1999)
Secos & Molhados - Série Dois Momentos (1999)
Memória Velha (2000)
Secos & Molhados - Série 25 Anos Warner (2001)
Ouvido Nu (2003)
Secos & Molhados - Série 30 Anos Warner (2006)
Secos & Molhados - Nova Série (2007)
Secos & Molhados (II) (1974)
O melhor de Secos & Molhados (1976)
Secos & Molhados (III) (1978)
Secos & Molhados (IV) (1980)
Secos & Molhados - Gravado ao vivo no Maracanãzinho (show de 1974, lançado em 1980)
A Volta do Gato Preto (1988)
Teatro? (1999)
Secos & Molhados - Série Dois Momentos (1999)
Memória Velha (2000)
Secos & Molhados - Série 25 Anos Warner (2001)
Ouvido Nu (2003)
Secos & Molhados - Série 30 Anos Warner (2006)
Secos & Molhados - Nova Série (2007)
Fonte do texto: beatrix.pro.br - mofo