SUSTENTABILIDADE NEGÓCIOS SOCIAIS EM CADEIA
A sustentabilidade financeira é um dos pontos mais críticos para a maioria dos negócios sociais.
É comum que estes negócios tardem mais para alcançar seu ponto de equilíbrio do que uma empresa tradicional. Entre as inúmeras razões, destaca-se o fato de estarem desenvolvendo novos mercados:
-novos produtos ou serviços, novos processos ou novos públicos sobre os quais ainda existe pouca referência. Isso lhes obriga a desenvolver e testar modelos novos, seja na produção, promoção ou distribuição do produto ou serviço. Em outros casos, o negócio tem foco no envolvimento e inclusão de comunidades de baixa renda na criação ou gestão dos negócios. Isso, muitas vezes, requer investimento em mobilização e capacitação prévias, afetando a rentabilidade do negócio na sua fase inicial.
Uma questão polêmica no universo dos negócios sociais é a distribuição ou não de lucro. No campo de negócios sociais hoje, existem duas correntes.
A primeira, liderada por Muhammad Yunus, defende que, em um negócio social, os investidores só podem recuperar o capital investido, sem direito a lucro e dividendos. Os lucros devem ser totalmente reinvestidos na empresa e destinados à sua expansão, melhoria do produto ou serviço, maior eficiência de
processos, pesquisa e desenvolvimento (P&D), introdução de novas tecnologias, inovações no marketing e distribuição ou acesso a camadas ainda mais pobres.
Outra corrente mais ampla, representada, entre outros, por Stuart Hart e Michael Chu, defende a distribuição de lucro por entender que esta abordagem possibilita atrair mais investidores e permite a criação de novos negócios sociais na velocidade necessária para superar os desafios sociais existentes no mundo. Além disso, alega que a comunidade empresarial não aceita a ideia de criar negócios sem lucro.
Por tratar-se de um novo campo, precisaremos de algum tempo para observar quais são as implicações e resultados de cada um dos modelos.
Em qualquer um dos casos, o importante é assegurar que, em um negócio social a prioridade seja sempre o impacto social e não a maximização do lucro.
Outro tema interessante diz respeito ao potencial de crescimento do negócio social e, consequentemente ao seu potencial de geração de impacto social
e de lucro. Nos modelos existentes, ela ocorre de duas formas diferentes: pela
expansão do negócio a partir de uma estrutura própria, ou pela replicação do modelo para outros parceiros, sócios ou franqueados.
A escolha tem muita relação com o perfil do empreendedor e sua capacidade/intenção de gerenciar um grande negócio versus seu desejo de consolidar o modelo e transferi-lo para outros para, muitas vezes, iniciar um novo empreendimento.
Os resultados apresentados pela ASEMBIS nos seus 18 anos de existência demonstram que sua empreendedora optou por expandir o negócio, num modelo de gestão centralizada. Já a comercializadora El Arca tem como pressuposto a consolidação de seu modelo em âmbito local e sua posterior replicação para outras regiões do país, por meio da identificação e capacitação de outras organizações locais.
Neste caso, a escala se dá, como gosta de dizer seu empreendedor fundador Pablo Ordoñez, “pela soma de vários pequenos parceiros e não pelo crescimento de uma única instituição”. Por último, é importante falar da governança nos negócios sociais.
É importante lembrar que um negócio social não deve apenas servir a pessoas de
baixa renda, mas sim buscar trabalhar com elas para promover mudanças no mundo.
O campo dos negócios sociais é fértil para o surgimento de novos modelos de governança, porque trabalha com um novo pressuposto: que a criação de negócios deve distribuir poder entre mais e diferentes pessoas.
Ao mesmo tempo, o negócio social deve evitar criar estruturas organizacionais
muito complexas que tornem a tomada de decisões lenta e pouco eficiente, inviabilizando seu desenvolvimento.
Fonte:http://inei.org.br/Introducao_ao_Universo_de_Negocios_Sociais