Novos materiais reduzem impacto e contribuam para o conforto térmico e redução do consumo de energia
A SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL E SEUS BENEFÍCIOS |
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Uma das inovações resultantes de pesquisa são os Materiais de Mudança
de Fase (PCM, na sigla em inglês), ou materiais termo-ativos, que atuam
no isolamento térmico e armazenamento de energia, por meio da
utilização de parafinas microencapsuladas que podem ser dispersas em
rebocos de revestimento, a fim de garantir o conforto térmico e reduzir o
consumo de energia nas edificações. Isso é possível a partir do acúmulo
energético da fusão das parafinas. Para Vanessa Gomes, professora da
Faculdade de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), essa tecnologia, atualmente, apresenta ganhos ambientais e
econômicos. “Ela começou muito cara, mas já há pesquisas que conseguem
baratear os custos”, aponta.
Outro exemplo de como a sustentabilidade pode trazer benefícios ao
meio ambiente urbano e a seus habitantes são as coberturas verdes,
construções em que as tradicionais coberturas de telhas são substituídas
por vegetação. Esse tipo de construção proporciona o combate às ilhas
de calor urbano, absorvendo gases do efeito estufa emitidos por veículos
e melhorando a qualidade do ar nos centros urbanos; diminui parte das
águas de chuva que poderiam alagar bueiros; e torna-se habitat para
pássaros e borboletas. Os “tetos verdes”, como o mostrado no Blog Casa e Energia,
são uma febre em países de primeiro mundo e têm sido utilizados em
larga escala nos Estados Unidos e na Alemanha. “Existem áreas do Brasil
que podem ser muito apropriadas à utilização de coberturas verdes. Elas
ajudam a combater enchentes e outros problemas ocasionados por
temporais, pois não são impermeáveis”, explica a pesquisadora da
Unicamp.
Economia e meio ambiente
Vanessa Gomes relembra os primórdios das discussões sobre questões
ambientais para explicar que a economia e o meio ambiente devem andar
juntos quando o assunto é a utilização de tecnologias que minimizem os
impactos ao meio ambiente. “As primeiras conversas sobre o assunto meio
ambiente foram claramente relacionadas à energia, impulsionadas pela
falta do petróleo. Tinha uma questão econômica muito presente no consumo
de energia. A Conferência das Nações Unidas sobre o Homem e o Meio
Ambiente, que aconteceu em Estocolmo, em 1972, deixou claro que, além do
desenvolvimento econômico, era preciso pensar na questão ambiental”,
reforça. Ela lembra que a temática “construção civil” esteve presente em
outras duas conferências das Nações Unidas, no Rio de Janeiro, em 1992,
e em Joanesburgo, em 2002.
ECONOMIA E MEIO AMBIENTE |
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José Kós, da UFRJ, concorda que o meio ambiente e os aspectos
econômicos devem sempre caminhar juntos. “É muito mais caro limpar do
que não sujar, em curto, médio e longo prazos. Mais importante do que
implementar soluções tecnológicas ditas mais sustentáveis é alterar
nossos hábitos e nossa visão do que é sustentável”, explica. “A
construção civil é, atualmente, e especialmente em países como o Brasil,
um dos ramos de maior potencial na redução do impacto ambiental. Isso
porque existem muitas possibilidades de evolução tecnológica e de
comportamento, para uma relação melhor com o meio ambiente e que também
geram economia nas contas no final do mês”, avalia.
De acordo com a pesquisadora da Unicamp, o principal papel do
marketing verde na construção civil está na conscientização. “Ele pode
ter um papel educativo capaz de esclarecer ao consumidor leigo que
existem mecanismos que podem ser aplicados para aumentar a
sustentabilidade de um determinado empreendimento sem adicionar custos”,
afirma Gomes. Contudo, a pesquisadora diz que é preciso ficar atento,
pois a questão da sustentabilidade está sendo banalizada. “Às vezes o
pessoal do marketing utiliza informações equivocadas, que confundem
propositalmente o consumidor, criando a chamada ‘maquiagem verde’”,
alerta. Kós, da UFRJ, acredita que o marketing verde pode contribuir
para reduzir os impactos que causamos ao meio ambiente, mas pondera:
“Ele não é a solução que necessitamos para obter resultados concretos”.
Mas, afinal, como essas ideias sustentáveis têm penetrado no mercado?
De acordo com Gomes, da Unicamp, uma pesquisa envolvendo vários países
concluiu que 18% dos consumidores aceitariam pagar a mais por produtos
sustentáveis. “No Brasil, quando se fala que vai custar mais caro, a
adesão é menor de pessoas que vão optar pelas tecnologias sustentáveis”,
complementa. Porém, ela comenta que, quando se explica os benefícios
ambientais e nos casos em que o valor é o mesmo das construções
convencionais, as pessoas costumam aderir a essas tecnologias. “Tudo
depende do nível de sensibilização do consumidor. Se ele estiver
esclarecido e sensibilizado, ele aceitará bem”, aponta.
Grandes eventos dedicados a arquitetura, decoração e paisagismo têm
sido espaços significativos para esse tipo de sensibilização. Em 2009,
no Casa Cor Campinas, as arquitetas Renata Marangoni e Eloisa Kempter
apresentaram o projeto de uma casa infantil sustentável, a “Casa Sapo”,
utilizando apenas materiais reciclados ou recicláveis. Para realizar o
projeto, elas usaram madeira reciclada no piso, telhas de fibra vegetal
na cobertura da casa e caixas Tetrapack no revestimento.
As certificações verdes
O consumidor tem como saber se um projeto é de fato sustentável ou se
o marketing verde o está levando a comprar “gato por lebre”? Segundo
Gomes, da Unicamp, há algumas formas de se atestar que determinado
material utilizado na construção é sustentável ou não. Um modo de saber
os impactos ambientais de um certo material é analisando o seu ciclo de
vida. “Você deve colocar na ponta do lápis desde a extração de material
até a implementação nas construções e a vida útil que eles têm. É
preciso ver também quais foram os impactos para produção de um certo
material”, explica.
CERTIFICADO LEED |
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Outras formas eficientes de certificar a sustentabilidade ou não dos
materiais é através das normas ISO. “Esse selo é o ideal porque, mesmo
que o público leigo não entenda, os projetistas vão saber o que é melhor
em termos de sustentabilidade e saberão como melhor utilizar um
determinado material. Isso é fundamental para orientar um projeto”,
acredita. Todavia, na opinião de Kós, da UFRJ, é preciso aumentar o
leque de informações aos usuários. “A certificação de materiais não
possui a profundidade ou mesmo o alcance necessários”, afirma. Vale
salientar que, no Brasil, certifica-se que determinada construção é ou
não sustentável a partir do selo LEED (Leadership in Energy and
Environmental Design), concedido pelo Green Building Council (GBC)
Brasil.
Fonte do texto: dicyt.com