02 outubro 2015

MERCADO DA COLETA SELETIVA E RECICLAGEM DE ENTULHOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA AS PREFEITURAS E O EMPREENDEDOR

De acordo com dados da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição- ABRECON, o segmento da reciclagem de resíduos da construção e demolição no Brasil ainda é incipiente. A reciclagem deste resíduo é um mercado desenvolvido em muitos países da Europa, em grande parte pela escassez de recursos naturais desses países.

Conforme os dados apresentados em 2010 pelo Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil (elaborado e publicado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – ABRELPE, a geração de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) no Brasil registrou um crescimento expressivo de 2009 para 2010 (de 57.011.136 t/ano para 60.868.080 t/ano).

A comparação da quantidade total gerada em 2010 com o total de resíduos sólidos urbanos coletados, mostrou que 6,7 milhões de toneladas de RSU deixaram de ser coletados no ano de 2010 e, por consequência, tiveram destino impróprio.

MERCADO DA COLETA SELETIVA E RECICLAGEM DE ENTULHOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA AS PREFEITURAS E O EMPREENDEDOR
MERCADO DA COLETA SELETIVA E RECICLAGEM DE ENTULHOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA AS PREFEITURAS E O EMPREENDEDOR

Seguindo tendência já revelada em anos anteriores, o estudo mostrou que houve um aumento de 7,7% na quantidade de RSU coletados em 2010, conforme demonstrado pela comparação com o total coletado em 2009 (em 2009 de 50.258.208 t/ano e em 2010 de 54.157.896 t/ano). Na comparação entre o índice de crescimento da geração de RSU com o índice de crescimento da coleta, percebe-se que este último foi ligeiramente maior do que o primeiro, o que demonstra um discreto aumento na cobertura dos serviços de coleta de RSU no país.

O panorama ainda assinala que, em termos percentuais, houve uma discreta evolução na destinação final adequada dos RSU em 2010, em comparação ao ano de 2009 (56,8% em 2009 contra 57,6% em 2010). Contudo, a quantidade de RSU destinados inadequadamente cresceu e quase 23 milhões de toneladas de RSU seguiram para lixões ou aterros controlados, trazendo consideráveis danos ao meio ambiente.

Esse conjunto de dados mostra claramente o potencial da atividade para a economia brasileira. Além de pertencer a cadeia produtiva da construção civil, cujo crescimento econômico tem sido ascendente nos últimos anos, o negócio de reciclagem dos resíduos sólidos se enquadra em uma outra categoria que tem chamado a atenção das autoridades públicas nos últimos anos: a da preservação ambiental.

A ABRECON afirma que uma característica vital para a reciclagem de resíduos sólidos no país é o entrosamento com as questões ambientais e a abordagem preservacionista que a atividade agrega. Ser sustentável garante ao setor um crescimento acima do esperado e ainda facilita as negociações com órgãos públicos, iniciativa privada e com potenciais parceiros.

O mercado consumidor de uma empresa de coleta e reciclagem de resíduos sólidos da construção civil pode ser extenso. Dentre os potenciais clientes, podemos destacar:
MERCADO DA COLETA SELETIVA E RECICLAGEM DE ENTULHOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA AS PREFEITURAS E O EMPREENDEDOR
MERCADO DA COLETA SELETIVA E RECICLAGEM DE ENTULHOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA AS PREFEITURAS E O EMPREENDEDOR

  • Órgãos Públicos, Governo, Secretaria de Habitação, Prefeitura: parceiros prioritários no desenvolvimento da empresa, pois toda obra pública gera resíduos, que devem ser adequadamente destinados. Além disso, os agregados reciclados têm muita aplicabilidade em obras de infraestrutura, pavimentação, saneamento, etc., que são em geral responsabilidade do poder público. Por fim, por ter custo reduzido, com a mesma qualidade em várias aplicações, a utilização de agregado reciclado pode incentivar a construção de habitações para população de baixa renda;
  •  Construtoras e Demolidoras: parceiras prioritárias de uma empresa de reciclagem de RSU, são grandes geradoras de resíduos e enfrentam dificuldade na implantação do gerenciamento de resíduos sólidos segundo a Resolução Conama 307/02. A parceria com as construtoras pressupõe a venda casada do material (agregado reciclado), mediante retirada dos resíduos sólidos produzidos, reduzindo assim custo e facilitando a logística;
  •  Consumidores de Madeira: parcerias importantes para uma empresa de reciclagem de RSU pelo valor agregado da madeira;
  • Fabricantes de chapa MDF que utilizam o cavaco de madeira no compensado.Empresas que utilizam a madeira como combustível (biomassa) para fornos industriais (desde que sejam fornos controlados, não gerando gases tóxicos oriundo da queima de madeira contaminada com tintas e vernizes);
  •  Empresas: muitas empresas possuem departamentos de engenharia, para construir suas filiais, agências, estações operacionais, etc. Conhecendo os usos e benefícios do agregado reciclado, estas empresas passariam a reduzir custos de compra de matéria prima. Empresas de saneamento básico podem utilizar o material para envelopar tubulações;
  •  Escritório de Arquitetura: o relacionamento com escritórios de arquitetura possibilita a divulgação do trabalho e dos produtos da empresa de reciclagem de RSU dentre a parcela de construções e reformas fora dos grandes geradores, o que possibilita uma abrangência maior do mercado;
  •  Administradoras de Imóveis e Condomínios: o relacionamento com Administradoras de Imóveis e Condomínios possibilita a divulgação do trabalho e dos produtos da empresa de reciclagem de RSU dentre a parcela de construções e reformas fora dos grandes geradores, o que possibilita uma abrangência maior do mercado;
  •  Fabricantes de Blocos e Argamassas: importante público tanto no relacionamento para a venda de agregado reciclado mas, principalmente, na identificação de parceiros que conjugam dos mesmos princípios e ideais para testar novas aplicações para os produtos gerados;
  •  Lojas de Materiais: após uma maior divulgação e difusão da cultura do agregado reciclado, as Lojas de Materiais tornam-se importantes parceiros na distribuição do material para o consumidor final (pessoa física).
 Fonte: informações concedidas pela ABRECON

Oportunidades: preocupação governamental, benefícios ambientais, econômicos e sociais

Em setembro de 2011 o Ministério do Meio Ambiente publicou uma versão preliminar do documento intitulado “Plano Nacional de Resíduos Sólidos” - consulte o site

 O plano apresenta conceitos e propostas que refletem a interface entre diversos setores da economia compatibilizando crescimento econômico e preservação ambiental com desenvolvimento sustentável.

 A elaboração deste documento mostra uma preocupação em todas as esferas governamentais (Federal, Estadual e Municipal) no sentido de estabelecer uma política voltada para o tratamento sustentável dos resíduos sólidos no Brasil. A existência do envolvimento governamental significa, sem dúvida, uma oportunidade para novos empreendedores que pretendam ingressar neste tipo de negócio .

 No aspecto ambiental, não podemos esquecer que essa atividade constitui uma forte ação para garantia da sustentabilidade na cadeia produtiva da construção civil, apresentando diversos benefícios:

 i) Diminuição de demanda e retirada da matéria-prima da natureza;

ii) Disposição adequada de resíduos sólidos;

iii) Redução de despesas públicas com resíduos sólidos;

iv) Redução de exploração de jazidas;

v) Redução do desperdício de material nobre, reutilizável;

vi) Redução do envio de resíduos da construção civil para aterros, aumentando sua vida útil;

vii) Criação de produtos alternativos de menor custo;

viii) Minimização de riscos e danos ambientais.

Portanto, acredita-se que essa atividade possa contribuir para o desenvolvimento sustentável do País, com a redução de impactos socioambientais, minimização da utilização de recursos, fomento a economia com novas opções de produtos, incentivo por novas tecnologias e aumento da vida útil de aterros, bem como contribuindo para a criação de alternativas tecnológicas de menor custo a serem utilizadas também por populações de baixa renda.

Ameaças: o desafio da “construção civil informal” e a insuficiência de capacitação técnica voltada para o meio ambiente

 Em alguns municípios brasileiros, mais de 75% dos resíduos de construção civil são provenientes de construções informais (obras não licenciadas), enquanto 15% a 30% são oriundas de obras formais (licenciadas pelo poder público) (PINTO, 2005). Essa constatação nos leva a pensar que existe um grande desafio em termos de fiscalização das obras e regularidade das mesmas, sem falar na questão da consciência ambiental que é muitas vezes
inexistente.

Um outro grande empecilho ao avanço da construção sustentável no país é a falta de capacitação técnica. “De uma forma geral, a capacidade técnica dos engenheiros e arquitetos brasileiros não inclui conhecimento e ferramentas mais avançadas na área de construção sustentável. Não adianta discutir o assunto sem conseguir fazer com que engenheiros e arquitetos que estão no mercado atualizem seu conhecimento”, diz o professor e pesquisador Vanderley John, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).
Fonte: Ideias Sustentáveis Sebrae