Destinação dos resíduos de uma obra da construção civil
A tabela abaixo permite a identificação de algumas das soluções de destinação para os resíduos, passíveis de utilização pelos construtores.
As soluções para a destinação dos resíduos devem combinar compromisso ambiental e viabilidade econômica, garantindo a sustentabilidade e as condições para a reprodução da metodologia pelos construtores.
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DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS DE UMA OBRA DA CONSTRUÇÃO CIVIL |
Os fatores determinantes na designação de soluções para a destinação dos resíduos são os seguintes:
I - possibilidade de reutilização ou reciclagem dos resíduos nos próprios canteiros;
II - proximidade dos destinatários para minimizar custos de deslocamento;
III - conveniência do uso de áreas especializadas para a concentração de pequenos volumes de resíduos mais problemáticos, visando à maior eficiência na destinação.
Fluxo dos resíduos
A tabela abaixo permite a identificação de algumas das soluções de destinação para os resíduos, passíveis de utilização pelos construtores.
TIPOS DE RESÍDUO
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CUIDADOS REQUERIDOS
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DESTINAÇÃO
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Blocos de concreto, blocos
cerâmicos, argamassas, outros
componentes cerâmicos,
concreto, tijolos e assemelhados.
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Privilegiar soluções de destinação
que envolva a reciclagem dos resíduos, de modo a permitir seu aproveitamento
como agregado.
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Áreas de
Transbordo e Triagem, Áreas para Reciclagem ou Aterros de resíduos da
construção civil licenciadas pelos órgãos competentes; os resíduos
classificados como classe A (blocos,
telhas,
argamassa e concreto em geral) podem ser
reciclados para uso em pavimentos e concretos sem função estrutural
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Madeira
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Para uso em caldeira, garantir
separação da serragem dos demais resíduos de madeira.
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Atividades econômicas que
possibilitem a reciclagem destes resíduos, a reutilização de peças ou o uso
como combustível em fornos ou caldeiras.
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Plásticos (embalagens, aparas de
tubulações etc.)
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Máximo aproveitamento dos materiais
contidos e a limpeza da embalagem.
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Empresas,
cooperativas ou associações de coleta seletiva que comercializam ou
reciclam estes resíduos.
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Papelão (sacos e caixas de embalagens)
e papéis (escritório)
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Proteger de
intempéries.
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Empresas, cooperativas ou
associações de coleta seletiva que comercializam ou
reciclam estes resíduos.
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Metal (ferro, aço, fiação revestida,
arames etc.)
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Não há.
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Empresas,
cooperativas ou associações de coleta seletiva que comercializam ou
reciclam estes resíduos.
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Serragem
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Ensacar e
proteger de intempéries.
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Reutilização dos resíduos em
superfícies
impregnadas com óleo para absorção
e
secagem, produção de briquetes
(geração de energia) ou outros usos.
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Gesso em placas acartonadas
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Proteger de intempéries.
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Possível a
reciclagem pelo fabricante ou
empresas de reciclagem.
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Gesso de revestimento e artefatos
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Proteger de
intempéries.
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É possível o aproveitamento pela
indústria gesseira e empresas de reciclagem.
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Solo
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Examinar a caracterização prévia
dos solos
para definir destinação.
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Desde que não
estejam contaminados, destinar a pequenas áreas de aterramento ou em aterros
de
resíduos da
construção civil, ambos devidamente licenciados pelos órgãos competentes.
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Telas de fachada e de proteção
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Não há.
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Possível reaproveitamento para a
confecção de bags e sacos ou até mesmo por recicladores de plásticos.
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EPS
(poliestireno expandido - exemplo: isopor)
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Confinar, evitando dispersão.
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Possível destinação para empresas,
cooperativas ou associações de
coleta
seletiva que comercializam,
reciclam ou
aproveitam para enchimentos.
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Materiais, instrumentos e
embalagens contaminados por
resíduos perigosos (exemplos:
embalagens plásticas e de
metal, instrumentos de
aplicação como broxas,
pincéis, trinchas e outros
materiais auxiliares como
panos, trapos, estopas etc.)
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Maximizar a utilização dos
materiais para a redução dos resíduos a descartar.
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Encaminhar para aterros licenciados
para recepção de resíduos perigosos.
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Formalização dos procedimentos
A formalização da destinação dos resíduos deve ser iniciada por meio da identificação e do cadastramento
dos destinatários. Estas são algumas informações relevantes que devem fazer parte deste cadastro:
• Data do cadastramento;
• Razão Social do destinatário;
• CNPJ;
• Nome do responsável pela empresa;
• Telefone;
Segue exemplo de modelo de ficha cadastral para melhor organização das informações relativas aos
destinatários de resíduos.
Uma vez cadastrado o destinatário, cada coleta deverá implicar emissão do documento CTR (Controle de
Transporte de Resíduos), que registrará a destinação dos resíduos coletados. Neste documento deverão constar,
necessariamente, as seguintes informações:
- Dados do gerador (Razão social / nome, CNPJ / CPF, endereço para retirada e identificação da obra);
- Resíduos destinados, com volume ou peso e unidades correspondentes;
- Dados do transportador (Razão social / nome, CNPJ / CPF, inscrição municipal, tipo de veículo e placa);
- Termo de responsabilidade para devolução de bags da obra: quantidade, nome e assinatura do responsável;
- Dados do destinatário (Razão social / nome, CNPJ / CPF, endereço da destinação);
- Assinaturas e carimbos (gerador, transportador e destinatário).
Modelo de formulário que atende às NBR 15112:2004 a 15114:2004 e que deve ser emitido em três vias
( 1ª via – para gerador; 2ª via – para transportador; 3ª via – para destinatário):
Feita a remoção dos resíduos, as três vias deverão ser apresentadas ao destinatário para coleta de assinaturas e carimbos. A primeira via deve ser devolvida à obra, a segunda via fica com o transportador e a terceira via é retida pelo destinatário. É recomendável que o pagamento ao transportador seja feito só depois da apresentação da primeira via devidamente assinada e carimbada pelo destinatário.
Especificações técnicas dos dispositivos e acessórios
a. Bombona: recipiente com capacidade para 50 litros, com diâmetro superior de aproximadamente 35 cm após o corte da parte superior. Exigir do fornecedor a lavagem e a limpeza do interior das bombonas, mesmo que sejam cortadas apenas na obra. (FOTO 1)
(FOTO 1)
(fechado em sua parte inferior), dotado de saia e fita para fechamento, com quatro alças que permitam sua colocação em suporte para mantê-lo completamente aberto enquanto não estiver cheio. (FOTO 2).
b. Bag: recipiente com dimensões aproximadas de 0,90 x 0,90 x 1,20 metros, sem válvula de escape
b. Bag: recipiente com dimensões aproximadas de 0,90 x 0,90 x 1,20 metros, sem válvula de escape
(FOTO 2)
c. Baia: recipiente confeccionado em chapas ou placas, em madeira, metal ou tela, nas dimensões convenientes
ao armazenamento de cada tipo de resíduo. Em alguns casos a baia é formada apenas por placas laterais
delimitadoras e em outros casos há a necessidade de se criar um recipiente estilo “caixa”, sem tampa. (FOTO 3)
(FOTO 3)
d. Caçamba estacionária: recipiente confeccionado com chapas metálicas reforçadas e com capacidade
para armazenagem em torno de 4 m³. A fabricação deste dispositivo deve atender às normas ABNT. (FOTO 4) caçambas usadas foras do padrão.
(FOTO 4)
e. Sacos de ráfia: dimensões 0,90 x 0,60 cm. Normalmente são reutilizados os “sacos de farinha” confeccionados
em ráfia sintética. Os sacos de ráfia deverão ser compatíveis com as dimensões das bombonas, de forma a
possibilitar o encaixe no diâmetro superior.
f. Etiquetas adesivas: tamanho A4-ABNT com cores e tonalidades de acordo com o padrão utilizado para a
identificação de resíduos em coleta seletiva. (FOTO 5) com a altura de 29,7cm; e largura de 21,00 cm.
(FOTO 5)
Avaliação de resultados
Check-list:
O check-list é uma ferramenta fundamental para avaliar o desempenho da obra em relação à gestão dos resíduos.
Nele estão organizados três blocos de informações para a descrição das características dos canteiros de obras.
A avaliação deve se dar pela designação de pontos para cada aspecto analisado (níveis da pontuação:
Péssimo = 1,0 a 2,9; Fraco = 3,0 a 4,9; Regular = 5,0 a 6,9; Bom = 7,0 a 8,9 e Ótimo= 9,0 a 10).
QUADRO A
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Destinação dos resíduos de uma obra da construção civil |
O quadro A tem que apresentar os espaços avaliados e respectivos fatores de ponderação, associando cada espaço
às notas de limpeza e segregação de resíduos. À direita das notas atribuídas estão apresentadas as quantidades
de dispositivos (bombonas) presentes em cada pavimento. Na parte inferior deste quadro são apresentadas as
médias ponderadas de limpeza e segregação na fonte.
QUADRO B
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Destinação dos resíduos de uma obra da construção civil |
No quadro B sera tabulados os problemas mais freqüentes que ocorrem em relação à limpeza e à segregação
dos resíduos, devendo ser assinalados aqueles observados nos respectivos espaços avaliados. A primeira coluna
destina-se aos registros numéricos fotográficos e a última, às observações gerais em relação aos itens avaliados.
QUADRO C
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Destinação dos resíduos de uma obra da construção civil |
O quadro C apresenta os itens para avaliação do acondicionamento final dos resíduos com respectivos fatores
de ponderação utilizados no cálculo da média, feito a partir das notas parciais atribuídas. Há colunas específicas
para a identificação dos resíduos acondicionados em bags ou baias e também para registro dos problemas mais
comuns observados na utilização dos dispositivos de acondicionamento final.
Relatório
O relatório além de expressar de forma sintética os resultados obtidos através do check-list, também avalia
e dá ênfase ao registro da destinação compromissada dos resíduos. São consideradas, num intervalo de tempo,
as destinações adotadas, as quantidades de resíduos gerados, os custos ou as remunerações atual e anterior para
efeito de comparação e nota da avaliação.
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Destinação dos resíduos de uma obra da construção civil |
Preparação do Projeto de Gerenciamento de Resíduos
O Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil é um documento que, conforme a Resolução CONAMA nº 307, deverá ser elaborado pelos geradores de grandes volumes de resíduos, devendo ser apresentado ao órgão competente juntamente com o projeto da obra.
O Projeto de Gerenciamento deve, de forma sumária, antecipar as orientações já descritas nos itens anteriores sobre a Gestão Interna no canteiro, a remoção e a destinação dos resíduos, dando atenção, explicitamente, às exigências dos seguintes aspectos da Resolução CONAMA nº 307:
• Caracterização: identificação e quantificação dos resíduos;
• Triagem: preferencialmente na obra, respeitadas as quatro classes estabelecidas;
• Acondicionamento: garantia de confinamento até o transporte;
• Transporte: em conformidade com as características dos resíduos e com as normas técnicas específicas;
• Destinação: designada de forma diferenciada, conforme as quatro classes estabelecidas.
Os projetos de gerenciamento de empreendimentos e atividades sujeitos ao licenciamento ambiental deverão ser apresentados aos órgãos ambientais competentes.
Dados obtidos no manual : Gestão Ambiental de Resíduos da Construção Civil A experiência do SindusCon-SP / 2005
Trabalho realizado por Frank e Sustentabilidade