Conceitos (sociologia urbana, Geografia Urbana e Arquitetura)
Sociologia urbana
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Geografia urbana
| Arquitetura definição moderna |
ARQUITETURA E ESPAÇO URBANO |
Sociologia urbana
É o ramo da Sociologia que trata do estudo das relações sociais (entre indivíduos, grupos e agentes sociais) dentro do espaço urbano. Constitui-se de forma geral como a base dos estudos sobre as Cidades. A sociologia urbana é usada como disciplina de fundamentação para profissões e matérias diversas, como o planeamento urbano, a arquitetura, o urbanismo, a Geografia e a economia. E Escola de Chicago é a maior influência no estudo da sociologia urbana e ainda que tenha estudado cidades no início do séc. XX, continua sendo reconhecida como importante fonte para a análise dos centros urbanos.
Geografia urbana
Tem como objeto de estudo principal das cidades e os seus processos de produção urbana. Isto é: como a cidade se reproduz, como as pessoas se aglomeram sob determinadas lógicas sociais, produzindo assim tecidos urbanos. A sucessão dos tempos faz com que diversas lógicas sobrepostas estejam presentes em um mesmo espaço. Há lógicas dominantes, mas estas possuem uma historicidade, intensidade e duração. Cada nova lógica encontrará a resistências de todas as outras anteriores que ainda conseguirem deixar rastros físicos. "A cidade é uma sucessão de tempos desiguais." (mais ou menos isso), dita por Milton Santos. É esta sucessão de tempos desiguais que permite falar em diferentes fases de crescimento urbano. Fases estas que acompanham a evolução da economia do respectivo pais em que se encontram, moldando desta forma a sua rede urbana consoante o grau de desenvolvimento atingido.
Arquitetura
A arquitetura manifesta-se de dois modos diferentes: a actividade (a arte, o campo de trabalho do arquiteto) e o resultado físico (o conjunto construído de um arquitecto, de um povo e da humanidade como um todo). A arquitetura enquanto atividade é um campo multidisciplinar, incluindo em sua base a matemática, as ciências, as artes, a tecnologia, as ciências sociais, a política, a história, a filosofia, entre outros. Sendo uma atividade complexa, é difícil conceituá-la de forma precisa, de forma que a palavra tenha diversas acepções e a actividade tenha diversos desdobramentos. Atualmente, o mais antigo tratado arquitectónico de que se tem notícia, e que propõe uma definição de arquitetura, é o do arquiteto romano Marco Vitrúvio Polião . Em suas palavras:
"A arquitetura é uma ciência, surgindo de muitas outras, e adornada com muitos e variados ensinamentos: pela ajuda dos quais um julgamento é formado daqueles trabalhos que são o resultado das outras artes."
A definição de Vitrúvio, apesar de inserida em um contexto próprio, constitui a base para praticamente todo o estudo feito desta arte, e para todas as interpretações até a atualidade. Ainda que diversos teóricos, principalmente os da modernidade, tenham conduzido estudos que contrariam diversos aspectos do pensamento vitruviano, este ainda pode ser sintetizado e considerado universal para a arquitectura (principalmente quando interpretado, de formas diferentes, para cada época), seja a actividade, seja o patrimônio. Vitrúvio declara que um arquiteto deveria ser bem versado em campos como a música, a astronomia. A filosofia, em particular, destaca-se: de fato quando alguém se refere à "filosofia de determinado arquitecto" quer se referir à sua abordagem do problema arquitetônicos. O racionalismo, o empirismo, o estruturalismo, o pós- estruturalismo e a fenomenologia. São algumas das direções da filosofia que influenciaram os arquitetos.
Arquitectura – (definição moderna)
Uma definição precisa de arquitetura é impossível, como já foi ressaltado, dada a sua amplitude. Como as demais artes e ciências, ela passa por mudanças constantes. No entanto, o excerto a seguir, escrito por Lúcio Costa, costuma gozar de certa unanimidade quanto à sua abrangência.
"Arquitetura é antes de mais nada construção mas, construção concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e visando a determinada intenção. E nesse processo fundamental de ordenar e expressar-se ela se revela igualmente Arte Plástica, porquanto nos inumeráveis problemas com que se defronta o arquiteto, desde a germinação do projecto, até a conclusão efetiva da obra, há sempre, para cada caso específico, certa margem final de opção entre os limites - máximo e mínimo - determinados pelo cálculo, preconizados pela técnica, condicionados pelo meio, reclamados pela função ou impostos pelo programa, - cabendo então ao sentimento individual do arquitecto, no que ele tem de artista, portanto, escolher na escala dos valores contidos entre dois valores extremos, a forma plástica apropriada a cada pormenor em função da unidade última da obra idealizada. “
("A intenção plástica que semelhante escolha subentende é precisamente o que distingue a arquitetura da simples construção." COSTA, Lúcio 1902/1998. Considerações sobre arte contemporânea (1940). In: Lúcio Costa, Registo de uma vivência. São Paulo: Empresa das Artes, 1995. 608p.il.)
Esta definição é entendida como um consenso pois ela resume praticamente toda uma metade de século de pensamento arquitetônico: a visão de Lúcio Costa sintetiza as várias teorias propostas por arquitetos pertencentes à arquitetura moderna. Dado que o moderno procurou se colocar não como mais um entre vários estilos, mas como efetivamente a arquitetura, e sua visão de mundo tornou-se predominante, ela tornou-se por fim um consenso. A teorização proposta pela arquitetura moderna engloba, no entanto, também toda a arquitetura produzida antes dela, já que ela manifesta claramente que a arquitetura surge de um programa, incorporando as variáveis sociais, culturais, econômicas e artísticas do momento histórico. Na medida em que os momentos históricos são heterogêneos, a definição moderna da arquitectura não ilegítima nenhuma outra manifestação histórica, mas ativamente combate a cópia de outros momentos históricos no momento contemporâneo.
Fonte:Pessoas-coisa-lugares.blos.sapo.pt/ Manuel Oliveira