22 junho 2017

A RACIONALIZAÇÃO COMO FERRAMENTA PARA A REDUÇÃO DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS

A construção civil hoje assume seu papel de indústria competitiva que registra os maiores índices de capacidade de emprego. Porém, ao contrário das outras indústrias de transformação, a construção civil possui peculiaridades que ao mesmo tempo em que dificultam o emprego de metodologias específicas, estimulam o sentimento de “engenhar” na busca de soluções mais econômicas e mais rápidas. Alie-se a isto a necessidade do setor de adequar-se às novas tendências industriais no que diz respeito à capacidade de reduzir-se ao mínimo o consumo dos recursos naturais e os resíduos gerados nos processos.
A RACIONALIZAÇÃO COMO FERRAMENTA PARA A REDUÇÃO DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS
A RACIONALIZAÇÃO COMO FERRAMENTA PARA A REDUÇÃO DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS

É preciso a conscientização de que o desperdício gerado na construção civil, seja por exigências de clientes, seja por planejamento inadequado, resulta em prejuízo para toda a sociedade. Os recursos naturais utilizados na fabricação dos insumos são limitados, sendo inadmissível que estes insumos sejam devolvidos em forma de resíduos, descontroladamente ao meio ambiente, criando cada vez mais situações desfavoráveis no sistema.

Racionalizar, portanto, é palavra de ordem hoje no meio industrial e a construção civil empenha-se em contribuir como um setor de fundamental importância na economia do país.

A racionalização da construção tem como objetivo a otimização do processo de construção (aumento de produtividade, rentabilidade e qualidade) através da aplicação de alguns princípios de economia. De acordo com Gehbauer (2004) a racionalização pode ser definida como sendo um “estudo do sistema de produção estabelecido com base na realidade, com o objetivo de defi nir melhorias”.

A racionalização visa principalmente:

• melhorar as inter-relações: homem – homem e homem – máquina;

• melhorar o fluxo de materiais e produtos;

• melhorar o fluxo de informações; e

• melhorar a organização do processo de produção.

É importante desmistificar a ideia que para que aconteça a racionalização dos processos é necessário um grande investimento financeiro por parte da organização, com a introdução de novas tecnologias construtivas ou implementação de novos equipamentos no canteiro. A racionalização muitas vezes acontece com ações simples, com pequenas alterações na rotina de trabalho dos operários que produzirão frutos no tocante a melhoria do processo construtivo, economia de tempo, material e mão-de-obra, além de se evitar muitas vezes, a geração de resíduos.

No livro Racionalização na Construção Civil: como melhorar processos de produção e de gestão de Fritz Gehbauer é apresentada uma metodologia para promoção da racionalização no canteiro de obras. A metodologia foi desenvolvida pelo autor no âmbito do Projeto Competir e já foi implementada em mais de 100 obras em várias cidades do Nordeste do Brasil.

Este autor destaca que a produção na construção civil é marcada por uma série de particularidades: produto individual, para cada produto tem-se um novo local de produção, projetos de curta duração, local de trabalho sujeito às variações climáticas, cliente interferindo no processo de produção, entre outros. Este ambiente faz com que o gerente de obras esteja ocupado em manter os trabalhos em andamento e em administrar os problemas que surgem de forma reativa. Com estas dificuldades, resta pouco tempo para analisar os processos e introduzir melhorias. É neste ponto que os métodos desenvolvidos por este autor e que serão apresentados na sequência pretendem fornecer subsídios para se promover a racionalização.

Segundo este autor, a dinâmica da racionalização acontece em três níveis distintos, a saber:

• racionalização do tipo 1 (R1) g esforços de racionalização que visam o fluxo de material, a minimização das distâncias de transporte, a otimização das máquinas empregadas e a melhoria do fluxo de informações e da capacitação das pessoas envolvidas, ou seja, estudos de racionalização voltados para fatores que colocam efetivamente o processo de produção e do canteiro de obras no centro das atenções;

• racionalização do tipo 2 (R2) g esforços de racionalização que visam os processos gerais de uma empresa, representados na figura pela moldura que circunda a empresa. Incluído dentro dessa moldura está o gerenciamento das funções de apoio: aquisição, logística, novas tecnologias, disponibilização de recursos, gestão da informação, administração de pessoal, desenvolvimento de pessoal, estratégias, dentre outras;


• racionalização do tipo 3 (R3) g procura organizar a cadeia produtiva e suas interferências no foco da empresa.

Níveis Distintos da Racionalização.
Níveis Distintos da Racionalização.


A racionalização tipo R1 (canteiro de obras), que será o foco deste trabalho, na maior parte das vezes pode ser implantada com recursos disponíveis na própria obra. O objetivo maior é proporcionar condições para que o processo construtivo suprima os tempos de espera e de ociosidade nas equipes e nas interfaces entre sucessivas equipes de trabalho.

Observa-se deficiências nestas áreas muitas vezes causadas pela falta de conscientização de que vale a pena estudar os diferentes passos do trabalho detalhadamente e identificar possibilidades para pequenas ou grandes melhorias (GEHBAUER, 2004).

Com o aumento da mecanização dos processos de construção tornando os canteiros industriais, maior é a possibilidade de empregar métodos modernos de análise dos processos de construção. Apesar da singularidade de cada obra, é possível padronizar-se determinadas tarefas que invariavelmente são interligadas por uma sequência tecnológica. Detalhes da organização do trabalho muitas vezes são negligenciados, daí existir neste campo as grandes reservas de racionalização.

Em toda racionalização, se torna importante levar sempre em conta o fluxo contínuo de trabalho. Podem se utilizar de “amortecedores“ para que o ciclo subsequente não sofra interrupções, mesmo que o ciclo anterior tenha sido sujeito a variação de produção.

Outra fonte de possibilidades de racionalização é a ocorrência permanente de “retrabalho” causadas por erros e defeitos, além de execução incompleta de trabalho que ocorre em muitas obras causando um aumento exagerado nos custos para sua conclusão. Esta execução incompleta, ou seja, a falta de terminalidade na execução dos serviços, muitas vezes é causada por um planejamento inadequado que também propicia a falta de materiais necessários no momento da execução.

Outra causa da alta incidência de retrabalho nas obras está relacionado ao repetido manuseio de materiais que chegam às obras antes do prazo previsto para sua aplicação ou “antes do planejado” e aí o conceito de just in time 14 pode ser aplicado.

Vários níveis de Racionalização são envolvidos, porém o ponto de partida é o canteiro de obras onde precisa ser medido o dispêndio de horas e de onde precisam partir sugestões para a racionalização que, quando implementadas, trarão as melhorias.....Na próxima publicação será postado os procedimentos gerais!!! 
Fonte do texto:fieb.org.br/Adm/Conteudo/uploads/Livro-Gestão-de-Resíduos