Impactos Gerados pelo Setor de
Construção Civil
Desde o início da década de
1990, o setor da construção civil empenha-se em desenvolver mecanismos para
minimizar os impactos ambientais, por meio de posturas proativas, com estudos mais
sistemáticos e resultados mensuráveis, como reciclagem de resíduos e redução de
perdas de energia (OLIVEIRA, 2002).
A indústria da construção
civil, em seu processo produtivo, gera perdas estimadas em 150 quilos de
resíduos por metro quadrado (AGOPYAN, 2000). O impacto em áreas urbanas é bastante
significativo, provocando deterioração no meio ambiente, originando deposições irregulares,
bota-foras ou aterros inertes, que se esgotam rapidamente.
Impactos Gerados pelo Setor de Construção Civil |
A fim de traçar um paralelo
com os resíduos gerados na construção civil, segue abaixo uma tabela
ilustrativa do volume de resíduos sólidos urbanos gerados em um município de grande
porte.
Tabela - Tipos de
resíduos sólidos urbanos gerados em alguns municípios do Estado de São Paulo (PINTO,
1999).
Município (1996)
|
Resíduos sólidos
Domiciliares (t/dia)
|
Entulho (RCD)
(t/dia)
|
Campinas
|
700
|
1800
|
Jundiaí
|
314
|
712
|
São José do Rio Preto
|
302
|
687
|
Santo André
|
674
|
1013
|
Na tabela acima, os RCD
designados como entulho equivalem a praticamente o dobro dos resíduos sólidos
domiciliares coletados diariamente. Trata-se de uma quantidade expressiva, capaz
de trazer grandes impactos ambientais em todas as etapas do processo produtivo,
desde o processo de extração de matérias-primas até a produção de materiais
durante a execução da obra, no uso da edificação e da demolição.
As quantidades típicas dos
resíduos gerados nas atividades de construção, manutenção e demolição
encontram-se entre 400 a 500 kg/hab. ano, quantidade muito superior à massa de resíduo
domiciliares. As estimativas internacionais apontaram geração superior a 130
kg/hab. ano - 9 - (JOHN & AGOPYAN, 2000). Esses números são estimativas
muitas vezes questionadas pelos pesquisadores, pois não existe uma metodologia
única que possa dar validade aos dados nacionais tão diversificados. Tal
diversidade pode ser apreciada na tabela abaixo:
País
|
Quantidade anual (kg/hab)
|
Fonte
|
Suécia
|
130-680
|
TOLSTOY, BORKUND & CARLSON
(1998); EU (1999).
|
Holanda
|
820-1300
|
LAURITZEN(1998),
EU (1999);
BROUWERS
& VAN KESSEL (1996)
|
EUA
|
463-584
|
EPA (1998); PENG, GROSSKOPF, KIBERT(1994)
|
Reino Unido
|
880-1120
|
DETR
(1998); LAURITZEN (1998)
|
Bélgica
|
735-3359
|
LAURITZEN (1998), EU (1999)
|
Dinamarca
|
440-2010
|
LAURITZEN
(1998), EU (1999)
|
Itália
|
600-690
|
LAURITZEN (1998), EU (1999)
|
Alemanha
|
963-3658
|
LAURITZEN
(1998), EU (1999)
|
Japão
|
785
|
KASAI (1998)
|
Portugal
|
325
|
EU
(1999)
|
Brasil
|
230-660
|
PINTO (1999)
|
A Tabela ACIMA mostra dois
grupos distintos: os países que possuem uma média da quantidade anual próxima à
do Japão − 785 kg/hab. − e os países cuja média anual encontra-se acima de 1
060 kg/hab., como Holanda, Reino Unido, Bélgica, Dinamarca e Alemanha.
É nesse sentido que
Pinto (1999) argumenta que há um grande desconhecimento dos volumes gerados de
RCD, além dos impactos causados ao meio ambiente e dos custos sociais envolvidos.
O autor ressalta ainda a necessidade de criação de ações públicas e privadas
para que recursos naturais não renováveis sejam usados com racionalidade,
buscando a preservação do meio ambiente e a eliminação da disposição aleatória
de resíduos com elevado potencial de aproveitamento. Propõe uma metodologia
para a Gestão Diferenciada de Resíduos da Construção e Demolição, a fim de
minimizar e valorizar os resíduos. Essa metodologia está baseada na captação
máxima dos resíduos gerados, na reciclagem dos resíduos captados e na alteração
de procedimentos e culturas. Entre os objetivos gerais, estão a preservação
ambiental, com a redução dos impactos por má deposição, e a redução da
exploração de jazidas naturais de agregados para construção civil. Enfatiza
também o incentivo às parcerias para reciclagem de RCD, substituindo a solução
dos “bota-foras” emergenciais por Centrais de Reciclagem, buscando a
transformação dos resíduos em nova matéria-prima a ser utilizada em obras da
construção civil.
Fonte do texto:.ietsp.com.br/ UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS/Nelma Almeida Cunha