24 janeiro 2014

ENGENHARIA RACIAL

“ENGENHARIA RACIAL ” OFICIAL MANIPULA DADOS SOBRE A AIDS


MANIPULA DADOS
Engenharia Racial

Faz dez anos, na preparação do lançamento do Programa Nacional de Direitos Humanos do governo FHC, o tema da “saúde da população negra” entrou na agenda política oficial. Mas um novo período foi aberto com a 3ª Conferência da ONU de Combate ao Racismo, em Durban (África do Sul), em 2001, e com a implantação da Secretaria da Igualdade Racial (Seppir) pelo governo Lula, em 2003. Depois disso, no rastro das políticas de Ação Afirmativa, as “raças” invadiram de uma vez o campo da saúde pública.
Em agosto do ano passado constituiu-se o Comitê Técnico da Saúde da População Negra, formado por representantes do Ministério da Saúde e da Seppir. As estatísticas de saúde, que há alguns anos são coletadas e também a partir do item “raça/cor”, passaram a servir a finalidades de “engenharia racial” – ou seja, de construção de uma classificação racial da população brasileira.
O Boletim Epidemiológico da Aids 2004 organizou os dados de modo a sugerir correlações estatísticas entre a Aids e as “raças” (pesquise a  Tabela boletim Mundo Nº 6 Ano 13). A tabela oficial tem um deliberado efeito sedutor, clamando por interpretações “raciais” da doença. O senso comum conduz a duas hipóteses interpretativas:
1) A análise do “retrato de 2004” em números leva a crer que o vírus da Aids “prefere” a “raça branca”, que perfaz cerca de 54% da população mas concentra 56,7% (mulheres) e 62% (homens) dos casos da doença.
2) A análise das curvas evolutivas leva a crer que o HIV alterou sua “preferência” na direção da “raça negra” nos últimos anos, pois a incidência relativa de casos aumentou tanto entre homens negros quanto, com maior intensidade ainda, entre mulheres negras.
Estatísticas servem para esclarecer ou para iludir. Aqui, a tabela do Ministério da Saúde funciona como uma trapaça pois – como admitem até mesmo os responsáveis pelo novo produto estatístico! – não há correlação entre a incidência do vírus e a cor da pele. Atualmente, a Aids dissemina-se sobretudo por contágio heterossexual. Por isso, vai adquirindo uma distribuição demográfica normal. Ou seja: à medida em que se espraia entre as camadas mais pobres da população, tende a apresentar incidência proporcional à distribuição dos grupos de cor da pele.
Raças humanas não existem, do ponto de vista biológico.
As doenças não se distribuem segundo padrões de cor da pele ou outras características que, no passado, serviam para descrever as “raças”. Algumas doenças têm incidência maior sobre determinados grupos de ancestralidade geográfica. O exemplo mais significativo é a anemia falciforme, que mantém uma relação com uma mutação genética de adaptação à malária. Por isso, descendentes de indivíduos de certas regiões onde a malária é endêmica (como a África ocidental) têm probabilidade maior de sofrer da moléstia. Isso não significa que a anemia falciforme seja uma “doença de negros”: ela se manifesta também entre brancos. E nada tem a ver com a cor da pele: descendentes de indivíduos do sul da Índia e da Grécia, onde a malária foi endêmica, também têm maior probabilidade de sofrer da moléstia.
O brasileiro Sérgio D. J. Pena, um dos maiores especialistas do mundo em estudos de ancestralidade genética, publicou há pouco, na revista do Instituto Manguinhos, um ensaio intitulado “Razões para banir o conceito de raça da medicina brasileira”. Referindo-se à cor da pele e outros tradicionais “indicadores raciais”, o ensaio conclui o seguinte: “Temos de tomar cuidado para não dar legitimidade a falsos indicadores e, também, fazer todo o esforço para abandonar essas tênues correlações, atacando com firmeza as verdadeiras variáveis genéticas e ambientais que afetam saúde e doença”. O que ele quer dizer é que a carga genética dos indivíduos ajuda a explicar a saúde e a doença, mas os sinais exteriores que o racismo usou para inventar as “raças” praticamente nada dizem sobre a carga genética dos indivíduos. Ele quer dizer, portanto, que produzir estatísticas de saúde baseadas nesses sinais exteriores (como a cor da pele) não tem sentido científico.
As estatísticas “raciais” patrocinadas pelo Ministério da Saúde e pela Seppir não têm finalidades científicas, mas políticas. Elas se enquadram num empreendimento ideológico mais amplo, que se utiliza também das cotas “raciais” nos vestibulares, de construir identidades raciais e uma classificação racial oficial no Brasil.
No rastro do Boletim Epidemiológico da Aids, a Seppir firmou convênio com os ministérios da Saúde e da Educação para implantar um programa de pesquisa que se propõe a relacionar a epidemia de Aids com “questões socioeconômicas e culturais dos afro-descendentes”.
Os encarregados de estabelecer tais relações são 500 jovens negros e cotistas de universidades públicas, agraciados com bolsas de pesquisa.
Esse é um triste exemplo de manipulação da pesquisa universitária com finalidades políticas. A hipótese original é que existem correlações significativas entre a Aids e a cor da pele. E, ainda por cima, o patrocinador da pesquisa, que paga as bolsas dos pesquisadores, tem interesse ideológico em afirmar que a saúde pública deve orientar-se por critérios “raciais”. Nessas condições, é razoável esperar que os jovens universitários, que não são cientistas profissionais, produzam uma estranha “ciência” na qual o comportamento das doenças subordina-se à “raça” dos indivíduos.
Um século atrás, o racismo apoiou-se numa ciência pervertida para “provar” a superioridade da “raça branca”.
Atualmente, no Brasil, uma nova versão de racismo, oculta sob o manto das políticas de Ação Afirmativa, tenta perverter a ciência para reinventar as raças humanas.

Dados podem ser visto na tabela Boletim Mundo Nº 6 Ano 13

Fonte:http://jesuinogeografic.blogspot.com.br/2011/12/engenharia-racial-oficial-manipul-dados.html